quarta-feira, 12 de julho de 2017
CINE-NOSTALGIA (69)
É provável que «MORT D'UN POURRI» -um filme de George Lautner, que o realizou em 1977- nunca tenha sido exibido nas salas de cinema portuguesas. Faço esta suposição, porque não encontro traços desta fita em fontes de informação especificamente nossas. Sei que foi projectado no Brasil com o título «Morte de um Corrupto», mas, por cá, não me cheira... Se assim for, digo que é uma pena, pois trata-se de uma obra de grande qualidade, algo original pelo tema e que oferece formidáveis interpretações das vedetas convidadas; que são imensas. Senão vejamos : Alain Delon, Ornella Muti, Maurice Ronet, Stéphane Audran, Klaus Kinski, Michel Aumont, Daniel Ceccaldi, Jean Bouin, Mireille Darc, etc. Com acção a decorrer em França, durante o consulado do presidente Giscatd d'Estaing, «MORT D'UN POURRI» é um filme político-policial com muito mistério e agitação quanto baste. A história contada é a de um empresário, Xavier Maréchal, a quem um amigo deputado (Philippe Dubaye, envolvido num perigoso jogo de influências) confessa ter assassinado um chantagista, pertencente a uma rede de poderosos homens de negócios e de políticos; que, no país, tudo controlam e todos manipulam. Depois da morte violenta do seu amigo, e sem outro móbil a não ser o de honrar os laços fraternais que os uniam, Xavier vai mentir à polícia e investigar por conta própria o assassínio de Philippe. E começa a perceber, depois de ter deitado a mão a um comprometedor dossiê, que, também ele se deixara enlear numa teia mortal; na qual a sua sobrevivência só é, temporariamente, assegurada, pelo facto de ter escondido em lugar seguro o embaraçoso porta-documentos... Revi este filme há relativamente pouco tempo (graças a um DVD emprestado) e confesso que com um enorme prazer. Os diálogos são da autoria do inexcedível Michel Audiard, que demonstrou aqui -e uma vez mais- toda a maestria da linguagem cinematográfica que lhe é reconhecida. A atmosfera da França dos anos 70 e des 'affaires' de corrupção nas altas esferas do mundo dos negócios e da finança e das suas interferências nas esferas políticas também dão crédito à realização de Lautner, que resta um dos grandes mestres do cinema francês do nosso tempo. Por tudo isto e pelo resto que aqui fica por dizer, vale bem a pena ver ou rever esta fita. Que nos foi proposta pela Adel Pructions, foi filmada a cores e tem uma duração de 2 horas. Existe em França (como aliás já referi) um DVD com cópia deste filme. Único inconveniente : não tem legendagem em língua portuguesa.
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