É (mau) hábito nosso falarmos da civilização que nos foi inculcada em remotos tempos, por Gregos, por Romanos e por Árabes; como se esses povos fossem responsáveis pela exclusividade da herança que recebemos. Quando, na realidade, outra gente contribuiu para que sejamos reconhecidos por aquilo que somos e, sobretudo, por aquilo que fomos. Porque, entretanto e como é natural, forjámos a nossa identidade com outras influências... Estou-me a lembrar, por exemplo, dos Fenícios, que parecem ter sido dos primeiros povos civilizados a chegar a este distante rincão da península Ibérica, a esta 'Finis Terra' que se chama agora Portugal. Segundo os historiadores, esse povo semita (que vivia em parte da região costeira hoje ocupada pelo Líbano e pela Síria) aportou por aqui há 3 000 anos. E deixou marca. -Quem sabe que, entre outras coisas, foram os Fenícios que ensinaram aos nossos antepassados Ibéricos as técnicas da salga do peixe, da mineração, da metalurgia do ferro, da olaria, da tinturaria, da vitivinicultura e do emprego do azeite na alimentação ? Pois tudo isso é verdade. E é também provável que tenha sido esse povo de grandes navegadores, que nos tenha iniciado na construção de navios capazes de afrontar os perigos do oceano; que acabaram por ter importância determinante na nossa História. Os Fenícios inventaram um dos primeiros alfabetos a ser usados pela Humanidade e um dos primeiros povos a usar o papiro para escrever. Sabe-se que fundaram por cá colónias (Alcácer do Sal e Portimão foram duas delas) e que comerciaram, com os nossos ancestrais, metais úteis como o estanho, o cobre e a prata. Diz-se que foram os primeiros 'invasores' a chegar à nossa actual capital, à qual chamaram Alis-Ubbo (que na sua língua significava 'enseada amena'), vocábulos dos qual parece derivar o nome de Lisboa.
Navio fenício vogando ao largo do mais tarde chamado rochedo de Gibraltar. Os Cartagineses -que também por cá passaram e deixaram algo da sua cultura- eram de descendência fenícia.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário