quinta-feira, 30 de setembro de 2010

CLASSE 'ZARA'


Estes são os perfis (longitudinais) dos quatro cruzadores pesados da classe 'Zara', construídos para a marinha de guerra de Mussoulini no início dos anos 30. Receberam os seguintes nomes de baptismo : «Zara», «Gorizia», «Fiume» e «Pola». À excepção do segundo da lista, o «Gorizia», foram todos afundados no dia 29 de Março de 1941 -no decorrer da batalha naval do cabo Matapan- pelas forças britânicas do almirante Andrew Cunningham. Que era mais competente e melhor estratega que o comandante da esquadra italiana -almirante Angelo Iachino- e dispunha da vantagem que lhe concedia o facto de dispor de um porta-aviões (o HMS «Formidable») e também de ter os seus velhos navios equipados com sistemas de detecção por radar


O «Gorizia» escapou à carnificina do cabo Matapan (na costa grega), mas não teve um fim mais glorioso do que o dos seus irmãos. Seriamente danificado, em 1943, por um bombardeamento da R. A. F. -quando se encontrava ancorado no porto de La Maddalena- este cruzador foi reparado e juntou-se às unidades da frota italiana que se renderam aos Aliados, após o colapso do regime fascista. Foi desmantelado em 1946


Peças de artilharia de 203 mm (dos reparos de vante) de um dos navios da classe 'Zara'

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

OS FILMES DA MINHA VIDA (48)


«O OIRO DA DISCÓRDIA»

FICHA TÉCNICA
Título original : «Carson City»
Origem : E. U. A.
Género : Western
Realização : André de Toth
Ano de estreia : 1952
Guião : Sloan Nibley e Winston Miller
Fotografia (c) : John Boyle
Música : David Buttolph
Montagem : Robert Swanson
Produção : Daniel Weisbart
Distribuição : Warner Bros.
Duração : 87 minutos

FICHA ARTÍSTICA
Randolph Scott .................................................. Jeff Kincaid
Lucille Norman ………………………………………………... Suzan Mitchell
Raymond Massey ……………………………………………… Jack Davis
Richard Webb ………………………………………………….. Alan Kincaid
James Millican ……………………………………………….... Jim Squires
Don Beddoe ………………………………………………………. Zeke Mitchell
Larry Keating ……………………………………………………. William Sharon
George Cleveland ……………………………………………… Dodson
William Haade ………………………………………………….. Haggerty
Thurston Hale …………………………………………………… Charles Crocker

SINOPSE
Contratado para construir a linha férrea que ligará Carson a Virginia City, o engenheiro Jeff Kincaid é alvo da má vontade de certas figuras públicas da região, em particular da incompreensão do director do jornal «Carson City Clarion» e de Jack Davis, proprietário de uma mina de ouro.
Após o enigmático assassínio de Zeke Mitchell (o patrão do jornal), a ‘vox populi’ acusa os responsáveis pelas obras do caminho-de-ferro de serem os secretos comanditários do hediondo crime e obriga Alan, o irmão de Jeff, e Suzan, a filha da vítima, a romperem as amistosas relações que mantinham com o engenheiro.
Depois de uma avalanche ter bloqueado –num túnel em construção- alguns trabalhadores da via férrea (acidente que acaba por provocar um abnegado movimento de solidariedade por parte dos habitantes de Carson City), Jeff Kincaid vai desmascarar a famosa ‘quadrilha do champanhe’, que está por detrás de todas as malfeitorias cometidas na região : assaltos a diligências, morte violenta do pai de Suzan, derrocada que provocou o enclausuramento dos empregados da companhia ferroviária e o premeditado ataque ao comboio da linha Carson City-Virginia City, que deve transportar, aquando da sua viagem inaugural, um valioso carregamento de ouro.

O MEU COMENTÁRIO
Rodado por André de Toth na melhor tradição do western clássico, «O Oiro da Discórdia» é um bem ritmado filme de aventuras, que tem como ponto de partida a construção de uma linha férrea. Tal como «Aliança de Aço» (realizado por Cecil B. DeMille em 1939), referência obrigatória deste subgénero e paradigma de muitas histórias de ambiente ferroviário.
A acção do filme é presidida por Randolph Scott, que, no melhor da sua forma, protagoniza aqui o herói de um dos incontáveis westerns da sua carreira, dominada, largamente, por películas desta natureza. De notar ainda, na ficha artística de «O Oiro da Discórdia», a presença do canadiano Raymond Massey, um outro figurão do cinema western, que terminou a sua carreira de actor em 1969, desempenhando um dos papéis secundários da fita de J. L. Thompson «O Ouro de McKenna».
Quanto à realização de André de Toth, é sóbria, mas ostenta a marca de um bom profissional da época, que sabia ‘fabricar’ uma fita movimentada e agradável com o orçamento restrito atribuído a toda a fita de série B. «O Oiro da Discórdia» fica-se, no entanto e na minha modesta opinião (isto em termos puramente qualitativos), muito aquém do real valor de «O Caçador de Índios» e de «Homens de Gelo», dois inesquecíveis westerns que este cineasta (de origem húngara) rodou, respectivamente, em 1955 e 1959.
Embora os canais da TV portuguesa tenham difundido (sobretudo o canal RTP Memória) com alguma frequência este agradável filme de comboios (e não de cowboys !), a verdade é que o dito já merecia ter sido editado em DVD no nosso país; como o fez recentemente a vizinha Espanha. Essa falha é lamentável, porque esta fita é uma boa amostra do que era o cinema popular ‘made in Hollywood’ dos saudosos anos 50 do século XX.

(M.M.S.)


Pequeno cartaz promocional da fita «O Oiro da Discórdia» (norte-americano)


O engenheiro Jeff Kincaid (Scott, à direita), que deve dirigir os trabalhos de construção da via férrea Carson City-Virginia City, não é apreciado (assim como o não são os seus operários) por toda a gente da cidade onde vai iniciar-se a obra...


Cartaz francês


...mas, quando uma derrocada o aprisiona num túnel com vários outros trabalhadores dos caminhos-de-ferro, toda a população de Carson City se mobiliza para os salvar


Cartaz italiano


Jeff e Suzan (Lucille Norman) amam-se...


...mas esse amor só é possível, depois da captura da 'quadrilha do champanhe', que matara o pai da jovem (crime maldosamente imputado ao engenheiro), provocara a derrocada e se dedica a assaltar diligências e comboios, provocando a instabilidade na região


Outro cartaz original da película de André de Toth

AS MINHAS LEITURAS


Estou a terminar a leitura de «Corsários e Piratas Portugueses - Aventureiros nos Mares da Ásia», da autoria da Dra. Alexandra Pelúcia, perita (e docente) em História da Expansão Portuguesa e História da Ásia. As minhas primeiras impressões sobre este livro, é que se trata de uma obra de indispensável leitura para todos os amantes de História pátria. Porque, sem ser iconoclasta, veio deitar abaixo muitas das ideias feitas sobre aquelas grandes e intocáveis figuras –que nós sempre considerámos sem medo e sem mácula- que se chamaram Gamas, Cabrais, Albuquerques, etc, etc. Afinal, e a exemplo dos tão criticados Drake, Duguay-Trouin ou Surcouf, também esses nossos heróis, não hesitaram cometer actos de pura pirataria ou actos de ladroagem autorizada pelos reis de Portugal, com os quais eles partilhavam os frutos da chamada guerra de corso. O livro revela-nos, além disso, personagens até aqui completamente desconhecidas (ou esquecidas), como Sebastião Gonçalves Tibau, soldado desertor das armadas da Índia, que -no início do século XVII- chegou a chefiar uma verdadeira república pirata implantada nas costas e mares de Bengala; onde os seus mais de 3 000 homens (e os seus inúmeros e bem artilhados navios) fizeram reinar a violência e o terror. Esta obra foi, recentemente, editada pela ‘Esfera dos Livros’ e, obviamente, recomenda-se


Medalha lembrando a acção do corsário português António Faria nos mares da China

PARA M., COM AMOR


Estas «Rosas num copo de champanhe» (pintadas por Manet em 1882) são para M., a minha amada companheira, que perfez agora 64 anos de idade. São para ela, por tudo o que me deu -sem contrapartidas- ao longo de uma caminhada (a dois) de mais de quatro décadas de vida. Obrigado M., e perdoa-me por nunca ter conseguido dizer-te, verdadeiramente, o infindável carinho que por ti sentia (e sinto), nem ter sabido oferecer-te tudo aquilo que tu sempre mereceste. E que eu continuo a dever-te...

ALTER REAL


Esta belíssima estátua de equídio decora uma rotunda da vila de Alter do Chão. Da autoria de Maria Leal da Costa e de Luís Valadares, foi inaugurada em Outubro de 2005e presta homenagem ao cavalo -o Alter Real- que fez conhecer este concelho do Alto Alentejo no mundo inteiro

ADEUS ANA KIRO


Faleceu -há quatro dias- em Mera, Oleiros (Galiza), a maior e mais simpática cançonetista galega de sempre : Ana Kiro. Era natural de Castañeda, Arzúa, mas iniciou a sua actividade artística em Barcelona, para onde os seus pais emigraram quando ela era menina. Fez uma carreira brilhante, tanto a nível nacional como internacional, tendo gravado uma trintena de discos. O amor que nutria pela Galiza -a sua 'Terra Meiga'- fê-la aproximar-se do torrão natal e a cantar, com grande sucesso, temas folclóricos da sua região. Onde, até ao seu passamento, foi alvo de um carinho intenso e sem precedentes por parte dos seus conterrâneos, que, por várias vezes, a homenagearam publicamente. Trabalhou também na televisão galega como apresentadora e em séries muito populares de produção local, tais como «Pratos Combinados», «A Miña Sogra e Mais Eu» e «Os Atlánticos». Abandonou a carreira em finais dos anos 80 e retirou-se para a sua região de nascimento, onde foi agora vítima (aos 68 anos de idade) de uma doença incurável do foro oncológico. Infelizmente, era pouco conhecida no nosso país (vizinho da sua terra e com tantas afinidades...); mas, eu conheci-a e admirava-a. Por isso, aqui lhe faço uma sentida e admirativa reverência. Até sempre Ana !

terça-feira, 28 de setembro de 2010

À ESPERA DO DILÚVIO


França, anos 40 : dois soldados alemães do exército de ocupação posam diante do monte Saint Michel, a chamada «Maravilha do Ocidente». Sorridentes, juntos de um camião Citroen tomado ao inimigo gaulês, os hitlerianos ainda nem sequer imaginavam que, nessa região da Normandia, onde eles se exibiam para uma 'photo-souvenir', as poderosas forças tudescas iriam sucumbir sob um dilúvio de fogo e de metralha num certo dia 6 de Junho de 1944... E que esse dia (o famoso 'D Day'), seria o princípio do fim da aventura nazi, de triste memória

DIÁLOGO CÉLEBRE


-Romeiro, quem sois ?
-Ninguém...

Este breve diálogo, entre duas personagens do filme «Frei Luís de Sousa», é uma das cenas mais pungentes do cinema português. É travado entre Telmo Pais, o velho criado dos Coutinhos (João Vilaret, à direita) e um romeiro de passagem pelo paço dos ditos fidalgos (Barreto Poeira, à esquerda). O filme foi realizado, como é sabido, em 1950, por António Lopes Ribeiro, que se inspirou, com notável rigor, na obra homónima de Almeida Garrett. Ah, que saudades do bom cinema nacional desses tempos !...

O TEMPO... (2 PROVÉRBIOS)


1- «A maior parte do nosso tempo, passa-se a passar tempo»

2- «O tempo vai-se e com ele vamos nós»

«APENAS O AMOR»


Gosto muito de ouvir cantar Aldina Duarte, que é, já aqui o disse, uma das minhas fadistas preferidas. Faltava-me o seu primeiro cd, que acabei agora por encontrar numa loja de Lisboa. Estou contente com a compra, porque esta sua primeira obra gravada tem a qualidade esperada e que eu já conhecia através dos seus mais recentes trabalhos : «Crua» e «Mulheres ao Espelho». Aldina é a autora de oito das dozes letras de fados contidos no cd «Apenas o Amor». E que bonitas letras são ! Deixo aqui, à apreciação dos amigos (e inimigos) que têm a paciência de visitar este meu blog, um exemplo :

«Lírio Quebrado»

Entreguei ao vento a morte
Para ver se me esquecia
Nem mais som nem movimento
Acalmaram o mau tempo
No deserto em que vivia

Corri praças roubei flores
Em jardins cheios de gente
Cruzei as rosas com lírios
Numa teia de martírios
Quase leve e transparente

A chorar a tua ausência
Adivinho a tempestade
Meu amor sem fantasia
Entristece dia a dia
Porque morre de saudade

(Aldina Duarte canta estes seus versos com música do «Fado Bailado», de Alfredo Duarte. É acompanhada por dois músicos excepcionais : José Manuel Neto, à guitarra portuguesa, e Carlos Manuel Proença, à viola. O cd, editado em 2004 pela EMI, tem apresentação de Carlos do Carmo)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

NO MOMENTO DO BOTA-ABAIXO


Estados Unidos da América, 1923 : os técnicos e operários de um estaleiro movimentam-se nos minutos que precedem o bota-abaixo de um navio. Tendo estado ligado durante alguns anos à indústria naval (em França, na Bélgica e na Suécia), também eu conheci essa atmosfera de entusiamo e de expectativa que antecede o lançamento à água de mais um navio; fruto do engenho e do labor de muita gente, especialistas em áreas de conhecimento diversificadas. E comovo-me ainda quando vejo, ancorado num porto qualquer do vasto mundo, um desses objectos gigantes que eu ajudei (muito modestamente) a construir. A última vez que isso me aconteceu foi -há muitos anos- em Lisboa, ao ter-me deparado com um navio de guerra da armada real marroquina (um 'batral'), em cuja realização eu havia participado nos extintos estaleiros Dubigeon-Normandie, de Grand Quevilly, em França...

OS FILMES QUE EU VI (OU REVI) ESTA SEMANA :


«HISTÓRIA DE UM DETECTIVE» (tv)

Excelente película dirigida, em 1951, por William Wyler, o cineasta que realizou «Ben Hur». Como há muito anos não punha a vista em cima deste filme (que eu sabia ser muito interessante), aproveitei a ocasião para o ver e gravar aquando de uma feliz programação da nossa televisão por cabo/satélite. E não me arrependi, porque «História de um Detective» é uma daquelas obras indispensáveis na videoteca de qualquer cinéfilo. Tanto mais se o dito for, como eu, um ‘fan’ do cinema hollywoodiano dos anos 40/50. «História de um Detective» é um drama (de raiz policial) que nos conta o percurso de um profissional da polícia -marcado por uma infância difícil- que, de tão intransigente e violento, acabará por se destruir a si próprio. O papel principal foi confiado a Kirk Douglas (então no auge da sua longa carreira), que tem na interpretação do papel do detective James McLeod um dos seus trabalhos mais meritórios. A vedeta feminina da fita é a bela Eleanor Parker, que aqui encarna a figura de uma esposa amante, mas dilacerada pela dureza de carácter do seu marido; cuja inflexibilidade redundará numa irreversível ruptura e num drama tão esperado, quanto redentor...


«W.» (dvd)

Esta fita do categorizado (embora polémico) cineasta Oliver Stone pretende oferecer ao espectador comum uma crónica sobre aquele que foi o 43º presidente dos Estados Unidos da América : George W. Bush. A película alterna episódios da atribulada e irresponsável juventude de ‘Junior’, com factos protagonizados pela controversa personagem, quando já era dona do poder e se viu confrontada com situações que acabaram por marcar uma década de política nacional e internacional do seu país. Esta fita não nos oferece nada de realmente marcante ou de apaixonante, mas é, sem dúvida (como tudo o que fez o seu autor), curiosa e instrutiva. O dvd de «W.» custou-me menos de 2 euros, o que, talvez, não ajude a dignificar a figura invocada. O papel do presidente Bush (filho) foi confiado a um credível Josh Brolin, que aqui contracenou com Richard Dreyfuss, Elizabeth Banks, James Cromwell, Thandie Newton, etc.

'DOLCE VITA' (1944)


Longe da guerra que ensanguentava o planeta, onde já havia causado muitos milhões de mortos e destruições calamitosas, esta família de lisboetas petisca durante um piquenique em Carnide, aquando da realização da feira da Luz... Aproveitando-se do facto do nosso país não ter real importância estratégica no desenrolar do conflito mundial e do jogo diplomático ambíguo de Salazar (que manobrou para agradar a gregos e a troianos) os Portugueses beneficiaram de uma acalmia relativa, 'só' perturbada por carências de toda a ordem e pela acção dos esbirros do Estado Novo

TROFÉU 'RAMÓN CARRANZA'


(Seis elementos da equipa do S. L. Benfica, de 1971, carregam o troféu conquistado contra o forte 'team' do Peñarol de Montevideu)

O valioso troféu Ramón Carranza foi instituído em 1955, como uma das formas de financiar o pagamento do recém inaugurado estádio do mesmo nome, da cidade de Cádiz. Disputa-se anualmento, em finais do mês de Agosto. O primeiro torneio (e respectivo troféu) foi conquistado pelo Sevilla F. C., numa final disputada contra o Atlético Clube de Portugal, que evoluía, então, na 1ª divisal nacional. Além do Benfica, que o conquistou brilhantemente por duas vezes -em 1963 e 1971- só seis outros emblemas estrangeiros (todos do Brasil) cometeram a proeza de o arrancar de Espanha. Eusébio e Gento (ambos com 9 tentos) foram os goleadores mais eficazes deste torneio que se disputa, sem interrupção, há 56 anos. O vencedor da última edição foi o clube Espanyol, de Barcelona

QUE PEIXÃO !!!


Com um exemplar destes, devidamente amanhado e conservado na arca frigorífica, torna-se dispensável ir à praça todos os dias da semana...

OS FILMES DA MINHA VIDA (47)


«WOMAN THEY ALMOST LYNCHED»

FICHA TÉCNICA
Título original : «Woman They Alost Lynched»
Origem : E. U. A.
Género : Western
Realização : Allan Dwan
Ano de estreia : 1953
Guião : Steve Fisher
Fotografia (p & b) : Reggie Lanning
Música : Stanley Wilson
Montagem : Fred Allen
Produção : Herbert J. Yates
Distribuição : Republic Pictures
Duração : 90 minutos

FICHA ARTÍSTICA
John Lund .................... Lance Horton
Brian Donlevy ................ William Quantrill
Audrey Totter ................ Kate Quantrill
Joan Leslie .................. Sally Maris
Ben Cooper ................... Jesse James
Nina Varela .................. Delilah Courtney
James Brown .................. Frank James
Ellen Corby .................. uma mulher
Minerva Urecal ............... senhora Stewart
Jim Davis .................... Cole Younger
Ann Savage ................... Glenda
Nacho Galindo ................ John Pablo

SINOPSE
Está-se na primavera de 1865, último ano da guerra civil. Sally Maris chega de diligência a Border City, localidade de uma zona neutra, enclavada entre os estados do Arcansas (nortista) e o do Missouri (sulista).
Sally viera juntar-se ao irmão, um indivíduo de moralidade pouco recomendável, que gere o saloon «Lead Dollar», o maior e mais movimentado estabelecimento comercial da terra. Mas, no decorrer de uma rixa que envolvera alguns membros do bando de Quantrill, o irmão de Sally é abatido a tiro por Lance Horton, que agira em estado de legítima defesa.
Embora Sally não o queira ouvir e lhe tenha manifestado a sua antipatia, Horton oferece-lhe a sua protecção; até porque Kate Quantrill (actual mulher do guerrilheiro, mas que fora, outrora, a companheira do defunto irmão de Sally) lhe dirigira várias e indissimuladas ameaças.
Sally retoma a gerência do negócio do irmão, pagando as pesadas dívidas de jogo que este contraíra. E acaba, também, por sucumbir ao charme de Horton, que é, na realidade, um oficial do Sul em missão de espionagem em Border City.
Um diferendo com Quantrill, a quem Horton recusa vender chumbo para o fabrico de munições, acaba por estalar e por desmascarar o agente secreto da Confederação. Para o salvar, Sally forja documentos falsos, que acabam por conduzi-la à forca. Mas a execução aborta, graças à providencial intervenção de Kate Quantrill, que apesar do rancor que nutre por Sally, lhe reconhece uma grande coragem física e uma infinda generosidade.
O tempo passa e Lance Horton, que se ausentara da cidade, aparece ali fardado de capitão do exército confederado para anunciar o fim da gurra. Notícia que é jubilosamente festejada, tanto pelos partidários dos rebeldes sulistas, como pelos simpatizantes dos vencedores ianques.
Nesse contexto, Sally e Lance podem, desde logo, dar largas ao amor que sentem um pelo outro. Sentimento que a separação forçada e os perigos da guerra haviam sublimado.

O MEU COMENTÁRIO
Esta modesta fita de Dwan foi inspirada numa novela de Michael Fessier publicada, pela primeira vez, nas páginas do «Saturday Evening Post». História banal que, uma vez mais, oferecia protagonismo a algumas das mais conhecidas figuras do banditismo norte-americano do século XIX : os irmãos James e os Younger, por exemplo. O vedetismo desta película era, no entanto, proporcionado aqui a duas mulheres, sendo uma delas a arrependida esposa (inventada para a circuntância) do célebre guerrilheiro Quantrill, o ignóbil chacinador da cidade de Lawrence.
Esta fita, sem grandes atractivos cinematográficos, é, apenas, mais um banalíssimo trabalho do incansável Allan Dwan, cineasta que embora nos tenha oferecido algumas obras meritórias, realizou, sobretudo, séries B como «Woman They Almost Lynched» em quantidades verdadeiramente industriais. A ausência de título nacional revela que este filme nunca chegou a ser estreado nas salas portuguesas.
O casting do filme não contém vedetas. Facto que, por essa época, permitia poupar muito dinheiro à companhia produtora -a Republic Pictures- que visava um público popular, notoriamente conhecido pela modéstia das suas exigências. E ao qual bastava, na verdade e para ficar plenamente satisfeito, meia dúzia de cenas de pancadaria ou de atroadoras trocas de tiros de revólver.
Note-se, todavia, a presença no elenco deste pequeno western, de Brian Donlevy e de Jim Davis. E diga-se que o primeiro chegou a ser um actor bem cotado em Hollywood, antes de ser vítima do seu gosto exagerado pelo álcool, que rapidamente deitou por terra a esperança de o ver construir uma carreira compatível com o seu real talento. Donlevy viria a falecer em 1972, em consequência de um cancro na garganta.
Quanto a Jim Davis, refira-se que a sua participação na famosa série de televisão «Dallas», onde ele encarnou a personagem de Jock Ewing, que lhe ofereceu o estatuto de star mundial (além de muito dinheiro), depois de ter feito uma carreia modestíssima no grande écran.

(M. M. S.)


Outro cartaz promocional de origem norte-americana


A bonita Joan Leslie foi a 'vedeta' do filme, apesar do seu nome só aparecer em quarto lugar no genérico


Cartaz editado na Bélgica, país (bilingue) onde o filme recebeu os títulos seguintes : «La Femme qui Faillit Être Lynchée» e «De Vrouw Die Aan De Galg Ontsnapte»


Joan Leslie (a quem foi oferecido o papel de Sally Maris no filme em apreço) era senhora de uma certa popularide em Hollywood, onde chegou a contracenar com alguns dos melhores e mais conhecidos actores do seu tempo, como Gary Cooper, Humphrey Bogart, Fred Astaire, James Cagney e outros. Daí a conceituada revista «Life» lhe ter consagrado uma capa


Sally (Joan Leslie) toma conhecimento da morte de seu irmão...


Cartaz turco. Este filme nunca foi exibido nas salas de cinema portuguesas. No Brasil o filme intitula-se «A Renegada»


Confronto armado entre Sally (Joan Leslie) e Kate Quantrill (Audrey Totter)



Outro cartaz oriundo de um país anglo-saxónico

domingo, 19 de setembro de 2010

PARA REGALO DOS OLHOS


Este veículo -um camião Citroen U23- foi alvo de um restauro impecável. Aqui fica o seu 'retrato', para regalo dos olhos dos amadores de viaturas de outras eras

CASTELO DE VIDE


Castelo de Vide - Esta é, sem a sombra de uma dúvida, uma das mais belas terras do meu distrito. Os dias mais clementes do Outono convidam a uma visita (sempre instrutiva) a esta vila que viu nascer algumas figuras ilustres da nossa História : Garcia de Orta, Mouzinho da Silveira, Salgueiro Maia...

OS FILMES QUE EU VI (OU REVI) ESTA SEMANA :


«PODER DIABÓLICO» (dvd)

Western de factura clássica, realizado em 1961 por Herbert Coleman. O herói é um ex-pistoleiro que se tornou xerife de uma localidade do Oeste, após o assassínio do seu melhor amigo e que, por fidelidade à sua memória, vai mover uma caça implacável a um grupo de perigosos bandoleiros. O papel foi oferecido a Audie Murphy, que não desilude numa situação igual a tantas outras que ele já havia ‘vivido’ ao longo de uma carreira profissional quase toda ela consagrada ao chamado cinema de cowboys. Uma das outras figuras essenciais da fita é encarnada por John Saxon, actor que aqui dá protagonismo a um ‘sugarfoot’, um dandy novaiorquino envolvido involuntariamente numa aventura sangrenta, que decorre numa região selvagem (mas muito fotogénica) do faroeste. Região onde a brutalidade é uma virtude e a força é lei. Este filme raro, que se intitula, no original, «Posse from Hell», está agora ao alcance dos cinéfilos que dominem o inglês ou o idioma de Victor Hugo, línguas oferecidas pela banda sonora da cópia –remasterizada- que acaba de ser lançada no mercado francês dos DVD’s.


«A VINGANÇA DE KIT CARSON» (dvd)

Filmezito datado de 1940, sacado dos inesgotáveis baús da produção hollywoodiana para satisfazer a curiosidade, ou avivar a memória, dos westernófilos sobreviventes da Época de Ouro. Kit Carson, figura dúbia da chamada conquista do Oeste, dá aqui uma mãozinha ao oficial do exército John Fremont a alargar o império americano, conquistando a Califórnia aos mexicanos. Chicanos que são os mauzões desta fita (realizada por George B. Seitz), ao lado dos pele-vermelhas emplumados e ululantes da nação Shoshone. O filme foi talvez excitante há 70 anos atrás, mas envelheceu muito e, hoje, já não suscita entusiamo. Vê-se, como já acima referi, apenas como uma curiosidade de tempos idos… O herói da historieta é encarnado por Jon Hall, um actor também ele totalmente esquecido e devolvido agora à nossa lembrança pelo milagre da indústria videográfica. O DVD que eu visionei foi editado em Espanha no ano em curso. A cópia (com fotografia a preto e branco, como o original) não é de qualidade excepcional, apenas satisfatória.


«O FORTE DAS MULHERES REBELDES» (tv)

Esta película é, muito provavelmente, o western mais fraquinho de toda a filmografia de Audie Murphy. Foi realizada em 1957 por George Marshall (cineasta com pergaminhos na área do cinema de aventuras e não só), que se inspirou numa novela assinada por C. Williams Harrison. A história decorre durante a guerra civil e conta-nos a aventura (pouco credível) de um oficial que deserta do seu posto no exército nortista, para poder ir salvar a população feminina de uma região do Texas, ameaçada pelos índios. O filme foi reexibido esta semana pelo canal Hollywood. E eu, considerando o facto de o dito ter beneficiado de uma remasterização, aproveitei a ocasião para fazer uma gravação que substituísse a cópia já cansada que figurava na minha extensa colecção de westerns. Pura desilução. Pois se, na verdade e a nível das imagens eu encontrei a qualidade esperada, a mesma coisa já não sucedeu com o formato do filme. Que começou por ser projectado no formato panorâmico de origem, para passar ao execrável formato ‘pan & scan’ e, depois, a um formato intermediário. É pena que o canal Hollywood se preste a estas ‘habilidades’, que degradam as obras fílmicas programadas (mesmo aquelas que, como esta, não têm grande valor artístico) e que são indignas de uma entidade que afirma ser «uma televisão para quem gosta de cinema». Lamentável !


«THE GREAT BANK ROBBERY» * (dvd)

Divertida comédia de Hy Averbak ambientada no velho Oeste. História : a cidadezinha de Friendly é dirigida por um banqueiro pouco convencional e pouco honesto, que tem, no seu estabelecimento, uma caixa-forte considerada inexpugnável. Três quadrilhas de malfeitores, animados pelo princípio de que «ladrão que rouba a ladrão, etc e tal», vão aproveitar-se dos tradicionais festejos do dia 4 de Julho para provar que nada resiste a um plano bem arquitectado e a uma boa carga de dinamite. O filme conta com alguns nomes conhecidos no seu elenco (Kim Novak, Clint Walker, Zero Mostel, Claude Akins, Akim Tamiroff), que garantem muita acção e também muitas gargalhadas. DVD adquirido em Espanha. Naturalmente…

sábado, 18 de setembro de 2010

LÁ NO ALTO, O CASTELO...


«O meu castelo iluminado
Dá gosto vê-lo
É relíquia do passado
Mas de verdade, doa a quem doa
Tem mocidade
E foi berço de Lisboa...»

TERNURA ÀS RISCAS


Palavras para quê ?

PAPAROCA PERUANA


É quase meio-dia e assalta-me o apetite. Ainda não sei o que vou almoçar, mas se me apresentassem (o que eu duvido) este 'Lomo Saltado' -um dos grandes trunfos da gastronomia peruana- eu não diria que não. Só a bebida, de cor verde, que aqui é proposta como acompanhamento líquido desta refeição é que me suscita dúvidas... Acho que optaria por um bom vinho tinto da minha terra. Que é o Alentejo, um rincão quente e ensolarado que produz 'pomadas' mundialmente conhecidas e apreciadas

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS


CANTATA DA PAZ

Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar

Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror

A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças

D'África e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados

Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado.

** Sophia de Mello Breyner Andresen **
(in CD «Canções com Aroma de Abril»)