sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A FONTE DA VIDA

O excesso de chuva, que tivemos ao longo deste ano (mesmo na estação estival) acabou por ser prejudicial à nossa agricultura. Pelo menos a diversos sectores. O azeite produzido em 2014, sofrerá , por exemplo, quebras que podem ir até aos 70 %. Isto no dizer de certos olivicultores de Trás-os-Montes, cujos olivais foram fustigados pela queda de granizo e por fortes e persistentes chuvadas. Também aqui na minha região do Alentejo setentrional as perdas são elevadíssimas. Pelas mesmas razões.  E aqui constato eu próprio (que sou, por essência, um citadino) a dimensão dos prejuízos... No domínio da fruticultura a situação é semelhante. As chuvas extemporâneas e as rijas ventanias atiraram abaixo muitos citrinos (já na fase final da sua maturação, que deveria chegar a termo lá para finais de Dezembro)  e estragaram, aqui, praticamente toda a produção de romãs. É assim ! A Natureza tem caprichos destes. Sobretudo, quando o bicho homem a desrespeita e a agride, esquecendo-se que ela -a mãe-natura- é a fonte da vida.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

ESPÉCIE AMEAÇADA

Seriamente ameaçado no seu habitat natural -a região árctica- pelas consequências do aquecimento global, o urso branco (ou urso polar) é, ali, uma das espécies mais ameaçadas. Até onde nos levará a inconsciência do homem na sua relação com a Natureza ?...

terça-feira, 28 de outubro de 2014

MAS QUE RICA SELECÇÃO !

Esta fotografia da selecção portuguesa de futebol foi tirada no dia 26 de Janeiro de 1947, por ocasião de um jogo particular -disputado em Lisboa- com a sua homóloga espanhola. Os nossos venceram o desafio por 4-1... Isso faz-me lembrar que eu já sou tão velho, tão velho, que ainda vi jogar alguns destes rapazes. Que entretanto, já terão morrido quase todos... Esta 'malta' é gente de um tempo em que quase não havia mercenários no chamado 'desporto-rei' (porque também não havia dinheiro), e que todos eles se batiam, renhidamente, por amor à camisola; que era a do clube da sua terra ou da sua afeição. E, naturalmente e quando a ocasião se apresentava, a da selecção das quinas. Belos tempos ! Salvo seja; porque deles só tenho saudades, porque eram os da minha juventude. Que eu vivi, digo-o em abono da verdade, uns anitos mais tarde...

CONTRATORPEDEIRO

Este navio da 2ª Guerra Mundial é o contratorpedeiro «Fletcher» da armada dos Estados Unidos. Este tipo de navio ligeiro tinha por missão habitual a escolta e protecção das unidades mais pesadas da frota -porta-aviões e couraçados- e, como o seu nome indica, a luta contra submarinos. Também chamados 'destroyers', nos países de língua inglesa, eram navios rápidos (37 nós neste caso preciso), com um longo raio de acção e equipados com uma artilharia (nomeadamente antiaérea) respeitável. O «Fletcher» foi cabeça de uma classe (à qual foi dada o seu nome) que compreendeu 175 navios. Deslocava 2 100 toneladas, media cerca de 115 metros de comprimento por 12 metros de boca e tinha uma guarnição de 273 oficiais, sargentos e praças. O «Fletcher» (cujo nome prestava homenagem ao almirante norte-americano Frank F. Fletcher) foi construído em 1942 e prestou serviço até 1969, ano em que foi desactivado.  Este tipo de contratorpedeiro foi exportado para 15 países, incluindo o Brasil.

ASSIM VAI O MUNDO...

Li num dos jornais de hoje, que aqui ao lado, em Espanha, umas 50 pessoas foram -nestes últimos dias- parar com os costados à cadeia; onde aguardam o julgamento em tribunal por crimes de corrupção. São, na sua quase generalidade, políticos (entre os quais está um figurão, que foi nº 2 do governo) e funcionários regionais e municipais. Que confundiram o dinheiro público com a sua própria carteira. Isto dá que pensar, num país onde impera a corrupção e onde, lamentavelmente, ninguém é responsabilizado pelas ladroeiras fenomenais que comete. Ainda há poucos dias a imprensa lusa se referiu à partilha de muitos milhões de euros por 'cavalheiros' implicados no sujo negócio dos submarinos. Mas que eu saiba ainda ninguém foi preso. E porquê, se esses indivíduos que lesaram o Estado estão perfeitamente identificados ? -O mesmo acontece com aqueles que pilharam, de maneira indecorosa, o B.P.N.  e o B.E.S.. Que, como todos sabem,  causaram a ruína de tantos particulares e de tantas empresas e contribuíram para o agravamento dos impostos dos portugueses. Que, geralmente, são quem paga -de uma ou de outra maneira- a factura apresentada pelos vigaristas de colarinho branco que pululam neste país. A proceder assim, deixando impune a ladroagem, não vamos a lado nenhum. Porque esta forma de agir da nossa justiça é de molde a encorajar a gatunice e a multiplicar o número daqueles que a praticam.


Dilma Rousseff ganhou as eleições presidenciais do Brasil por uma unha negra. Espero que a presidenta (como ela gosta que lhe chamem) tire desse quase desaire as ilações que a levem a prestar uma maior atenção aos casos de corrupção que atingiram o seu próprio partido e que foram aproveitados pelos seus adversários para denegrir a sua pessoa (que, estou certo, não os promoveu) e o P.T., o seu partido. E que esteja também mais atenta aos problemas que afectam a população brasileira no seu quotidiano; que são muitos e diversificados, como os relativos à saúde, à habitação, à violência, etc, etc. Eu confesso que fiquei contente com a sua reeleição, porque sei que nunca o Brasil evoluiu tanto (e em tão pouco tempo) como nos anos do seu mandato e nos de Lula da Silva, o seu predecessor. E essa evolução é visível, a todos os níveis, como o podem testemunhar muitos milhares de brasileiros residentes em Portugal e que a têm observado aquando de viagens recentes à sua pátria. Só que, de um país com as potencialidades do Brasil, há que esperar mais. Muito mais. Confiemos...

«GRACE» - UM FILME SEM GRAÇA

No passado sábado desloquei-me a Nisa para assistir a uma sessão do cinema local, que exibiu o filme «Grace». Uma coprodução franco-americana, que pretende relatar os primeiros anos de vida de Grace Kelly no seu papel (a sério) de princesa do Mónaco. E, depois de ter visto a fita, percebi porque razão se insurgiu a família Grimaldi contra a dita; que, como é sabido, abriu ('hors concours') o Fstival de Cannes de 2014. É que o filme é uma chachada completa. É de uma inépcia e de uma inverosimilhança que chega a roçar o ridículo. Não é que eu seja um perito em biografias de príncipes e de reis. Nem, tampouco, da História do Mónaco. Mas quando se aventa -em certo altura deste filme de Olivier Dahan (com Nicole Kidman, no principal papel) a ameaça francesa de bombardear o 'Rochedo' e de para lá enviar os tanques do seu exército, por causa de um conflitozinho financeiro ocorrido em 1962/1963, está tudo dito. Mas que estupidez ! Mas que maneira miserável de relatar os factos e de abusar, assim, da boa fé e da natural ignorância (nesta matéria) dos espectadores ! Eu cá só não me senti defraudado, porque durante a projecção da fita me vinguei, adormecendo por duas vezes e, também, porque me é possível contestar e denunciar, aqui, a burrice dos fazedores deste «Grace», que não tem graça alguma. Em boa verdade, e a propósito deste filme perfeitamente dispensável, estou inteiramente de acordo com o que disse um crítico do jornal Le Figaro», depois de ter visto este trabalho absurdo de Dahan : «Neste filme, tão esperado (...), tudo é falso ! Historicamente, politicamente, sociologicamente e humanamente. Não há uma cena, nem uma réplica em conformidade com a realidade dos factos, nem que se aproxime dela». ///////// Quero, porém, terminar estas linhas dando os parabéns aos membros da gerência do Cine-Teatro de Nisa, que -em boa hora- retomaram a programação de filmes. Atitude louvável numa região da qual o cinema (aliás como outras artes e espectáculos) foi praticamente banido. Continuem ! Porque não é a programação de filmes como este (que são, aliás e em geral, muito bem recebidos pelo grande público) que desvaloriza o vosso trabalho. Como dizem os franceses : «il faut de tout pour faire un monde».

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

MULHERES DE ARMAS


Este poster (com um falso ar de cartaz de cinema) representa uma 'soldadera'. Uma das mulheres que, durante a revolução mexicana (dos tempos de Villa, de Zapata e de outros chefes rebeldes), seguiam maridos, filhos e irmãos nas suas deslocações entre zonas de combate; e que -muitas vezes- pegavam, elas próprias, em armas para atirar sobre os soldados do exército regular. O papel destas heroínas, durante tanto tempo menosprezado, começa agora a ser estudado, compreendido e glorificado. Como diz o outro : vale mais tarde do que nunca.


E esta fotografia -de uma mulher perfeitamente identificada- é a de uma 'sniper' do Exército Vermelho. Chamava-se Roza Chanina e foi várias vezes medalhada pela sua acção na frente de guerra. Viu oficialmente confirmado o abate letal de 54 oficiais e soldados hitlerianos. Importante é saber que, durante o 2º conflito generalizado (e depois da invasão da U.R.S.S.), milhares e milhares de mulheres integraram unidades de todas as armas -exército, marinha e aviação- e representaram um papel de grande relevo na vitória final sobre o nazismo.

PETISCOS DO ALENTEJO


Pão e vinho sobre a mesa... E se houver umas rodelas de chouriço (preferencialmente de porco preto), umas lascas de presunto ou um queijito curado também não se lhes vira a cara. Não faltava mais nada ! No Alentejo, a petisqueira faz parte de uma forma de estar há muito instituída. À qual os alentejanos e as suas visitas não querem, de modo algum, renunciar. Porque esse (e outros dos seus 'vícios') são o sal da vida...

AS MINHAS CANÇÕES PREFERIDAS

Vim morrer a Gondarém
Pátria de contrabandistas.
A farda dos bandoleiros
Não consinto que ma vistas.
Numa banda a Espanha morta
Noutra Portugal sombrio
Entre ambos galopa um rio
Que não pára à minha porta.
E grito, grito: Acudi-me.
Ganhei dor. Busquei prazer.
E sinto que vou morrer
Na própria pátria do crime.
Vou morrer a Gondarém
Pátria de contrabandistas
A farda dos bandoleiros
Não consinto que ma vistas.
Por mor de aprender o vira
Fui traído. Mas por fim,
Sei hoje, que era a mentira
Que então chamava por mim.
Nada haverá que me acoite
Meu amor, meu inimigo,
E aceito das mãos da noite
A memória por castigo.
Vim morrer a Gondarém
Pátria de contrabandistas
A farda dos bandoleiros
Não consinto que ma vistas.

Poema : Pedro Homem de Mello
Música : Alain Oulman
Voz : Amália Rodrigues

Porque razão gosto eu tanto desta melodia ? -Confesso que não sei... Pela violência e exotismo do texto da autoria de um dos grandes poetas portugueses do século XX ? -Pelo tom lancinante, a roçar o trágico, da música de Oulman ? -Pela voz mágica e insubstituível de Amália ? -Talvez pelo todo, envolvido pelo virtuosismo da guitarra de Fontes Rocha e da viola de Martinho d'Assunção.

Ouvir aqui :

https://www.youtube.com/watch?v=eIkSU_O9090



 

DAR MAIS VIDA ÀS VELHAS FOTOGRAFIAS...

Avançadas técnicas de computador permitem, agora, obter milagres como o que aqui deixo à vossa apreciação : a colorização de fotografias antigas, como esta, tirada nos anos 60 do século XIX, durante a Guerra Civil americana. Aqui o 'colorista' deu literalmente vida a um 'clichet' tirado a preto e branco e envelhecido pelo tempo. Neste retrato de grupo, vemos alguns militares nortistas (fiéis a Lincoln e à União) convivendo num momento de acalmia dos combates... (Clique sobre a imagem para a ampliar e melhor observar os detalhes).

«MÍNIMO SOU...»

/////////////// Mínimo sou,
Mas quando ao Nada empresto
A minha elementar realidade,
O Nada é só o resto.

*** Reinaldo Ferreira ***

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

PÁGINAS DE HISTÓRIA

///////////////// A conquista de Ceuta ocorreu no dia 21 de Agosto de 1415. Essa cidade do norte de África foi tomada por el-rei D. João I e pelos seus filhos, após uma luta esforçada e sangrenta contra a guarnição e população locais. Os reis de Portugal (da dinastia de Avis) guardaram essa cidade estratégica do estreito de Gibraltar durante 165 anos. Mais 60 com os Filipes. Mas, em 1580, em consequência da união dos dois reinos ibéricos, a cidade recebeu (como contributo para a sua defesa) contingentes militares espanhóis e um acréscimo de população europeia proveniente de Espanha. Assim, quando em 1640 os Portugueses se rebelaram contra a autoridade de Madrid e proclamaram D. João IV como único rei de uma nação soberana, tornou-se impossível reaver essa praça que simboliza o arranque luso para a expansão ultramarina. As ilustrações mostram (a primeira) um painel de azulejos assinalando a conquista da cidade pelos Portugueses, representando a figura central o Infante D. Henrique, que ali recebeu as suas esporas de cavaleiro. A seguinte mostra um ginete espanhol (de 1584) pertencente à Compañia de Lanzas de Ceuta. E a terceira é uma representação do brasão de armas da cidade, tal como ainda existe nos nossos dias. Em relação à soberania de Ceuta, existe, como se sabe, um conflito diplomático entre os reinos de Espanha e do Marrocos; exigindo este a sua integração definitiva (assim como a de Melilla) no seu território. Esta cidade carregada de História, ocupa uma superfície de 18,5 km2 e tem uma população (maioritariamente espanhola) superior a 82 000 habitantes. A imprensa internacional têm-se referido, amiúde, nestes últimos anos, a Ceuta, devido aos muitos emigrantes africanos que a assediam diariamente, com o intuito de alcançarem a Europa comunitária.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

RECORDAÇÕES DO «HORTENSE»... E OUTRAS COISAS

Este belo veleiro é o lugre «Hortense»; que eu conheci, durante muitos anos, integrado na frota da Parceria Geral de Pescarias (casa Bensaúde). Este navio tinha por base a seca de bacalhau da Azinheira Velha, na Telha (concelho do Barreiro), onde invernava na companhia do «Gazela Primeiro» (recuperado e preservado pelo Museu Marítimo de Filadélfia), do «Creoula» (Navio de Treino de Mar que todos conhecem) e do «Árgus», que, depois de uma segunda vida a fazer cruzeiros de luxo nas Caraíbas, foi adquirido pela empresa Pascoal para ser restaurado. O «Hortense» foi, pois, o único bacalhoeiro dessa saudosa frota do rio Coina que desapareceu. Depois de Henrique Tenreiro ter exigido -dos legítimos proprietários- a sua entrega à Junta Central da Casa dos Pescadores, para nele ser constituído, ao que parece, um museu flutuante sobre a temática da faina nos Grandes Bancos. Este lugre com casco de madeira e com 3 mastros, foi construído, em 1929, nos laboriosos estaleiros da família Mónica da Gafanha da Nazaré (Aveiro) e -coisa extraordinária- participou em 31 campanhas consecutivas de pesca longínqua. Finalmente, desprezado por aqueles que por ele deveriam ter zelado, o «Hortense» foi encalhar numa praia do Lavradio (Barreiro), na sequência de uma tempestade, e ali ardeu no ano de 1970. Ingloriamente ! Hoje já não temos indústria naval. Já não temos pesca. Já não temos nada que ligue a nossa economia ao mar. Mercê das políticas desastrosas levadas a cabo (nestes últimos 40 anos) por gente ignara e irresponsável. Assim sendo, pergunto : que nos vale ter a mais vasta Z.E.E. da Europa ? -Só para ir a banhos ?   ///////////////////////  As fotografias abaixo anexadas pertencem aos navios, aqui referidos, da frota da Azinheira Velha. Por ordem : o «Gazela Primeiro», o «Creoula» e o «Árgus».

CITATION

«Mieux vaut chanter en bon chardonneret, qu'en piètre rossignol».

«KRZYZACY» : PROCURA-SE


Há anos que procuro adquirir (sem sucesso) uma cópia de editor do filme «Os Cavaleiros Teutónicos», realizado -em 1960- pelo cineasta polaco Aleksander Ford. Cópia essa que, naturalmente, deverá ser legendada (preferencialmente) ou dobrada numa língua que eu domine bem. Vi esta fita, pela primeira vez, em França. Por volta dos anos 70/80 (do passado século, obviamente), aquando, presumo eu, de um dos famosos 'Dossiers de l'Écran'; que combinavam, geralmente, Cinema, História e Entrevistas. Uma maravilha de emissão cultural, que a TV pública portuguesa deveria copiar, em vez de persistir em programar banalidades, sem o mínimo interesse para o telespectador. Este filme -«Os Cavaleiros Teutónicos- tem acção decorrente no século XV e relata a epopeia da resistência polaco-lituana à toda poderosa ordem militar-religiosa alemã. E centra-se, muito especialmente, na famosa batalha de Grunwald, que é um dos momentos altos da História da Europa do norte. Recordo-me, apesar dos muitos anos passados, que o filme me fascinou pela sua espectacularidade e pelo facto de abordar um tema que não nos é (gente do sul do continente) muito familiar. Tenho um outro filme que se debruça, também ele, sobre o assunto da guerra contra os Teutónicos. Estou-me a referir, como já adivinharam, à consagrada película (soviética) «Alexandre Nevski», realizada -em 1938- pelo genial Serguei Eisenstein.

sábado, 18 de outubro de 2014

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (19)


Esta foto foi tirada nos Estados Unidos, no ano de 1916. O retratado -que tinha, então, 27 anos de idade- era inglês, chamava-se Charles Spencer Chaplin e estava longe de imaginar (apesar de já ter criado a extraordinária e consensual personagem de Charlot) que se iria tornar numa lenda do cinema mundial. Porventura, no maior génio que a chamada 7ª Arte conheceu. Eclético, Charles Chaplin -que seria um dos fundadores da companhia United Artists- fez de tudo : foi realizador, actor, guionista, compositor produtor, etc, etc. Fixado na América do norte desde muito cedo (1913), Chaplin, que era filho de um casal de pobres artistas de circo, adoptou um modo de vida pouco em conformidade com o puritanismo local. Comprometido em vários casos de natureza sexual, o artista foi alvo de processos judiciais muito mediáticos e de humilhantes campanhas de difamação. E, quando -nos anos 40/50 do século passado- o McCarthysmo começou a dominar a política americana -sobrepondo-se aos princípios democráticos da nação- e ele foi acusado de ter simpatias comunistas, Chaplin preferiu abandonar definitivamente os 'states', para fixar residência, com a sua família, em Vevey, na Suíça. Onde viria a falecer em 1977, com 88 anos de idade. A sua vida atribulada (e, para os mais sensíveis, algo pecaminosa) não nos impede de admirar o artista; o génio que ofereceu ao Mundo obras como «Vida de Cão», «O Emigrante», «O Garoto de Carlot», «A Quimera do Ouro», «As Luzes da Cidade», «O Grande Ditador», «Luzes da Ribalta», «Tempos Modernos» e tantas outras fitas sublimes e imorredouras.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

CADA VEZ SOMOS MAIS RICOS... EM POBRES

Por muito que me custe (e a verdade é que me dói muito fazê-lo)  é importante denunciar, aqui e por todo o lado, as vilanias que continuam a fazer-se a este povo, que é o nosso. Segundo informação -publicada nos jornais de hoje- a miséria continua a crescer no nosso país a um ritmo acelerado. Criando situações de fome (sim, de fome !) escandalosas, inaceitáveis. Porque são particularmente inadmissíveis neste tempo e neste recanto desenvolvido do planeta Terra. No início do ano em curso, a pobreza atingia 1/5 dos portugueses. E agora, segundo informação do Instituto Nacional de Estatística, já aflige 1/4 da população.  É um escândalo ! Do qual qualquer homem político no poder (ou qualquer outro decidor) deveria envergonhar-se. Há crianças a passar fome neste país. Há pais desesperados, porque mandam, de manhã, os filhos para a escola sem uma migalha na boca ou um banal copo de leite no estômago. Pergunto : e não há ninguém que assuma a responsabilidade desta calamitosa situação ? E não há ninguém por aí que tenha vergonha na cara para reconhecer erros de governação (de hoje e de ontem), que estão na origem desta miséria desesperante e ignominiosa ? Juro que não me quero armar em justiceiro mascarado, tal um Zorro de pacotilha; mas que há gente neste país (onde os banqueiros roubam à fartazana e os milionários se multiplicam com a crise) que merecia ir parar com os costados à cadeia, lá isso é que há. E muitos, se houvesse justiça. Mas face a isto e na urgência, que fazer ? Eu, por agora, só vejo duas maneiras : sermos solidários (activos) com quem sofre e -nas próximas eleições- escorraçar os profissionais da arbitrariedade. Correr com aqueles detestáveis  tipos (dos partidos do chamado arco da governação) que estão na política para servirem os seus próprios interesses (e os da sua casta) e que, na realidade, 'trabalham' para acentuar as desigualdades entre portugueses.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

FEIRA DOS CEREAIS DE GAVIÃO

É já no próximo domingo -dia 19 de Outubro- que se desenrola a tradicional Feira dos Cereais no Gavião. Uma boa oportunidade para se visitar este recanto do Alto Alentejo e de conviver com as gentes da terra.  Que são, por natureza, boas pessoas. Venham todos ! Eu cá vou...

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

GRANDES FIGURAS DA EXPANSÃO LUSA (2)

Desta feita quero evocar a figura de Diogo de Teive, um navegador da época henriquina. Que, em meados do século XV, residia na ilha açoriana de Jesus Cristo -hoje chamada ilha Terceira- onde ele era ouvidor do Infante de Sagres. Em 1451/1452, realizou duas viagens para o Ocidente, durante as quais descobriu as ilhas Foreiras. Que são as mais distantes do arquipélago e às quais se dão hoje os nomes de Corvo e de Flores. Dizem certas fontes, que Diogo de Teive não se terá ficado por ali e que -seguindo ordens do Infante- terá explorado uma porção da costa do Canadá actual, na expectativa de encontrar uma passagem para a Ásia. Homem do Atlântico, Diogo de Teive estabeleceu -em data do 5 de Dezembro de 1452- um contrato comercial com D. Henrique, que lhe permitiu levar para a ilha da Madeira um dos primeiros engenhos hidráulicos de açúcar que ali funcionou. Instalados na Ribeira Brava desde 1572, este pioneiro e o seu filho João de Teive, desenvolveram economicamente esse lugar da futuramente chamada 'Pérola do Atlântico', até que os direitos sobre as suas terras nessa ilha foram comprados (em 1474) por D. Fernão Teles de Meneses. Resta a memória de ele ser um dos homens de confiança do Infante D. Henrique -o grande promotor das viagens de descoberta- e de ter sido uma das figuras gradas dos primórdios da expansão lusa no mar oceano. Embora, como a maioria dos navegadores desse tempo, o seu nome nada diga, hoje, à maioria dos Portugueses.

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS

/////////////////////////////// O FUTURO         

Aos domingos, iremos ao jardim.
Entediados, em grupos familiares,
Aos pares,
Dando-nos ares
De pessoas invulgares,
Aos domingos iremos ao jardim.
Diremos, nos encontros casuais
Com outros clãs iguais,
Banalidades rituais,
Fundamentais.
Autómatos afins,
Misto de serafins
Sociais
E de standardizados mandarins,
Teremos preconceitos e pruridos,
Produtos recebidos
Na herança
De certos caracteres adquiridos.
Falaremos do tempo,
Do que foi, do que já houve...
E sendo já então
Por tradição
E formação Antiburgueses
- Solidamente antiburgueses -,
Inquietos falaremos
Da tormenta que passa
E seus desvarios.

Seremos aos domingos, no jardim,
Reaccionários.

*Reinaldo Ferreira, poeta português (1922-1959) in «Um Voo Cego a Nada»*

LINHO, PLANTA MILENAR

Muita gente ignora que o linho é a planta têxtil que há mais tempo se cultiva no mundo : há mais de 30 000 anos, segundo afirmam os estudiosos. Nos territórios actuais da França nortenha e da Bélgica (antigamente ocupadas por tribos gaulesas), essa planta fibrosa já ali era semeada e tratada muito tempo antes da sua conquista pelas legiões de Júlio César. A minha mãe conheceu, na Normandia -região grande produtora de linho, onde ela residiu uns vinte e tal anos- uma família de agricultores belgas, que ali cultivava linho em grande escala, destinado a abastecer as fábricas do seu país de origem. E que, um dia a quis surpreender mostrando-lhe uma flor dessa planta e perguntando-lhe, ingenuamente, se ela sabia o que era. Mas quem deixou os belgas pasmados foi a minha progenitora (que vai fazer 92 anos de idade dentro de poucas semanas), que reconheceu imediatamente a característica florinha azul e lhes disse que, na sua meninice, seu pai (igualmente agricultor) também cultivou essa útil planta têxtil. Isso, no Alto Alentejo, das primeiras décadas do século XX, numa altura em que por aqui havia (na minha aldeia) muitas senhoras, que viviam da arte de preparar o linho; desde a sua colheita até obterem um produto final (panos, que elas próprias teciam) de altíssima qualidade. Enfim, velhos tempos, velhas tradições. Que os belgas desconhecem e que nós quase esquecemos...

ASSIM VAI O MUNDO...


As capas dos jornais de hoje encheram-se com a notícia (e fotografias) da vitória da nossa selecção A de futebol no jogo contra a Dinamarca. E, praticamente, desprezaram a 'performance' dos jovens da formação sub-21, que ontem terminaram a primeira ronda de acesso ao Campeonato da Europa só com triunfos. É compreensível a atitude da imprensa ? Não sei. Só sei é que segui o desenrolar dos dois 'matchs' de ontem e que gostei muito mais de ver aquele em que os 'subs' - num jogo exaltante contra a equipa homóloga dos Países-Baixos- me reconciliaram (uma vez mais) com o espectáculo futebolístico. Foi, na verdade, um gozo assistir a um desafio -com 9 golos- durante o qual houve entrega total dos atletas portugueses, houve técnica, houve ganas de superação, houve mais futebol. Quanto à atitude das 'stars' da selecção A, foi a habitual. Esta praticou, quase sempre, um futebol sem brilho, morno e desinteressante. Apesar da vitória obtida nos últimos segundos, digo-o com toda a sinceridade : há que reconhecer que o adversário não merecia perder o jogo. Não tanto pelo que fez entre as quatro linhas, mas pelo que Portugal não fez... ///////////// Sou, francamente, contra as praxes. Aqui há dias, numa cidade da minha região, assisti involuntariamente (enquanto almoçava num restaurante vizinho) a um cerimonial do género, no qual os caloiros eram mergulhados nas águas sujas e frias de um lago de jardim, perante o regozijo do presumível 'dux' e de uma forte matilha de estudantes veteranos. E achei aquilo degradante e sem pés nem cabeça. É verdade que tudo aquilo se desenrolou sem a violência extrema que tem causado os dramas e os traumas de casos recentemente ocorridos; mas, ainda assim, aviltantes a meu ver. Não vejo como é que 'cerimónias' desta natureza podem contribuir para a integração dos jovens nas comunidades estudantis. Francamente, não percebo. Ainda a propósito das famigeradas praxes, li -num dos jornais do dia- que as autoridades municipais e a população de Coimbra apreendem as que, na cidade, se vão desenrolar brevemente. É que, em 2013, durante as 'brincadeiras' de gente já com idade de ter juízo, mais de 200 carrinhos de compras (abusivamente retirados dos parques de supermercados) foram atirados às águas do Mondego. Assim, só para gáudio dos senhores e das meninas da capa e batina. E sabem quem paga a factura desta imbecilidade ? Acertaram. Somos nós os contribuintes deste país. ///////////// A Ébola, febre hemorrágica de consequências fatais e que vitimou mais de 4 000 infectados na África ocidental, também já matou na Europa e nos Estados Unidos. Enquanto, todos os dias, morria gente às centenas na Serra Leoa, na Libéria ou na Guiné Conacri, tudo bem. Os estados 'civilizados' não se preocuparam muito com o problema. Que, de toda evidência, não era nosso. Agora, perante a ameaça de propagação da terrível doença pelo 'nosso mundo', parece soprar -por cá- um vento de pânico. Segundo os jornais, os laboratórios de vários países desenvolvidos estão a fazer estudos que conduzirão à elaboração de vacinas capazes de lutar eficazmente contra o flagelo. Vacinas que estarão prontas a ser utilizadas daqui a 6 meses !!! Mas, porque inconfessável razão só agora se tomou essa decisão ? Quando a Ébola já havia matado, em anos passados, centenas de africanos... Faço votos para que o egoísmo e o cinismo reinantes (subordinados ao poder do dinheiro) não conduzam a Humanidade a uma catástrofe sanitária de dimensão planetária. Com as trágicas consequências que se adivinham.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O QUE AS TÉCNICAS EVOLUIRAM EM 70 ANOS...

70 anos de evolução tecnológica separam estes dois submersíveis. O primeiro é um submarino alemão da Segunda Guerra Mundial do tipo VII C. Era uma máquina de guerra deslocando 769 toneladas (à superfície) e dotada de propulsão diesel-eléctrica. Estava armado com 2 canhões (1 de 88 mm e 1 outro 20 mm) e com 5 tubos lança-torpedos de 533 mm, municiados com 14 engenhos explosivos. Tinha uma guarnição de 44/52 homens e um raio de acção que não superava as 8 500 milhas náuticas. /////// O segundo é um submarino de concepção e construção recentes. Trata-se de um navio da classe 'Yassen', da armada russa. A sua propulsão é assegurada por 1 reactor nuclear. Desloca (também em emersão) 8 600 toneladas e está armado com 8 lançadores verticais para mísseis de cruzeiro 3K10 'Granat', 4 tubos de 533 mm, municiados com 24 torpedos Chkval ou com mísseis anti-navio RPK-7 'Vorobel' e com 4 tubos de 650 mm para mísseis de cruzeiro P-800 'Oniks'. Desconhece-se o número de membros de equipagem e o seu raio de acção é, apenas, limitado pelas reservas de mantimentos embarcados e pela necessidade de deixar repousar a guarnição. Que pode ser imediatamente substituída por uma segunda equipagem.

PENSAMENTO...



«Aquele que não está ocupado a viver, está ocupado a morrer». //////////// Dixit Bob Dylan - Artista norte-americano, nascido em 1941. Letrista, compositor e intérprete de canções 'Folk'.

ARROZ DOCE, SOBREMESA INTERNACIONAL

Embora a maioria esmagadora dos portugueses esteja convencida do contrário, a verdade é que o popular arroz doce é uma sobremesa tradicional de muitos países do mundo. A começar pelos do Extremo Oriente, onde, provavelmente, terá nascido em tempos imemoriais. E até aqui na Europa esse pospasto é muito comum. Com efeito, no chamado Velho Mundo, receitas de arroz doce coexistem, desde a vizinha Espanha até à nórdica Dinamarca. Eu, por exemplo, já tive a oportunidade de provar o 'arroz con leche', no país aqui do lado, o 'riz au lait' em França ou o 'risolatte' italiano; que, em boa verdade, pouco diferem do nosso. No mundo árabe, essa iguaria é também muito comum, assim como em toda a América Latina, para onde os povos ibéricos a exportaram bastante cedo. É igualmente verdade que, nesses exóticos territórios, o arroz doce sofreu, por vezes, transformações profundas; que, à primeira vista, não nos permitem identificá-lo. Porque pode ser enriquecido com frutos secos e frescos, com leite de coco, com chocolate, com especiarias (que não a canela) ou até com produtos tão estranhos (para nós) como a folha de 'pandano', numa sobremesa típica das ilhas Maldivas. Todas essas receitas têm, no entanto, a base comum do 'nosso' arroz doce; que, afinal, é preparado e apreciado por tantos e diferentes povos do mundo...

domingo, 12 de outubro de 2014

DOIS MARCOS DO CINEMA POLICIAL

Aqui há dias, vali-me de uma promoção comercial que os colocou a menos de 10 euros a unidade, para adquirir os DVD's de dois filmes vistos, há muitos anos, dos quais eu guardei uma grata e duradoura recordação. Coisa natural, pois são, ambas, excelentes películas; facto reconhecido universalmente, já que figuram, hoje, naquela galeria de clássicos imperdíveis. A dos filmes que, como diz o outro, todos os cinéfilos terão «de ver antes de morrer». Estou-me a referir às fitas «QUANDO A CIDADE DORME» («The Asphalt Jungle»), realizada, em 1950, por John Huston e  «SÁBADO TRÁGICO» («Violent Saturday»), dirigida, em 1955, por Richard Fleischer.


O primeiro, com uma gloriosa fotografia a preto e branco, é um 'film noir' puro e duro, que nos conta a história de meia dúzia de 'maus rapazes' (já com idade para terem juízo), que se associam a um advogado corrupto e ambicioso, que os vai trair na hora da verdade. Brilhante a todos os níveis, mas, sobretudo, pelo humanismo que Huston emprestou às suas personagens, nomeadamente à de Dix Handley (papel soberbamente interpretado por Sterling Hayden), um 'gangster' de segunda linha, que nutre a ambição de abandonar a cidade grande e os seus vícios, para regressar ao seu Kentucky natal e à antiga propriedade familiar, consagrada à criação de cavalos de corrida... De referir é ainda a presença, nesta película produzida pela companhia Metro Goldwyn-Mayer, de Marilyn Monroe (no auge da sua beleza, mas ainda uma insignificante 'starlette'), num papel menor, de início de carreira.


Quanto à outra película, «Sábado Trágico», é uma curiosa mescla de melodrama e de filme policial, onde se entrelaçam as histórias de um casal sentimentalmente desavindo e à beira da ruptura e a preparação de assalto ao banco de uma cidadezinha do Arizona. Assalto que aborta devido à acção de um cidadão ordinário, cuja coragem fora posta em causa por um dos seus fedelhos. Suspense espesso, de cortar à faca, esta produção da 20th. Century Fox é muitas vezes apontada como sendo a obra-prima do seu realizador. Que, no entanto, tem outras excelentes películas na sua rica filmografia... Com Victor Mature, Richard Egan, Lee Marvin, etc.

COISAS DE NAVIOS...

///////// Este belíssimo navio foi um daqueles que, já em finais do século XIX, assegurou o transporte de passageiros e carga diversa entre o arquipélago das Baleares e a costa espanhola do mar Mediterrâneo. Como se pode facilmente observar, esta embarcação usou propulsão mista : a força eólica -por isso dispunha de mastros e de velas- e a força gerada por uma máquina a vapor, daí a existência da altaneira chaminé e das rodas laterais de paletas. Estas subsistiriam até ao aparecimento do hélice, que viria a proporcionar, aos navios, mais velocidade e mais facilidades de manobra. (Clicar sobre a imagem para a ampliar).

'PRESERVAR PARA NÃO FALTAR'

Em Portugal, o negócio da água -esse bem precioso e cada vez mais raro- está a ser entregue, pouco a pouco, pelos nossos (des)governantes às grandes empresas monopolistas. Que, nalgumas zonas do nosso território, já praticam os preços que querem. Preços, por vezes, escandalosos, exorbitantes, incomportáveis para o nível de vida da maioria dos nossos empobrecidos compatriotas. Eu sou daquelas pessoas que pensam que bens desta natureza não podem sair da esfera do Estado; que deve nomear profissionais competentes para gerir reservas e assegurar uma distribuição criteriosa às populações. Ao justo preço. Populações que, também elas, devem ser consciencializadas para a importância -presente e futura- desse fluído inestimável e que a todos pertence. Por isso, temos de nos levantar todos e já (organizados em associações de defesa dos bens vitais) contra a política destes governantes de pacotilha, que ambicionam vender o país a retalho. Por vezes a poderosos consórcios estrangeiros, que não estão minimamente interessados em que Portugal e os seus filhos sobrevivam às crises. Porque o seu único objectivo é ganhar milhões e milhões à custa dos nossos sacrifícios. Nada mais !!!

sábado, 11 de outubro de 2014

GRANDES FIGURAS DA EXPANSÃO LUSA (1)

Quer se queira ou não, os Portugueses percorreram -por pura curiosidade intelectual ou em busca de riquezas- o Mundo inteiro. Quase sempre antes que os demais europeus lhes seguissem as pisadas. Os nossos antepassados palmilharam os 5 continentes habitados do planeta Terra e, quase sempre antes dos outros terráqueos, revelaram ao mundo a existência de povos de longínquas paragens e divulgaram o cunho civilizacional de gentes ignotas. Esse pioneirismo é um mérito do qual ninguém nos pode despojar. Até porque em todas essas paragens nós deixámos -para o bem e para o mal- testemunhos indeléveis da presença lusa. É pena que o nome e os feitos dos nossos maiores tenham sido gomados da memória dos nossos compatriotas de hoje. Sobretudo dos mais novos, aos quais a escola não conta (por desleixo ou por vergonha ?) a nossa História. E, no entanto, essa tarefa seria de grande utilidade. Nem que fosse para espicaçar a sua sã curiosidade e a sua autoestima. Nesta secção que hoje aqui inauguro, vou lembrar o nome de heróis esquecidos, que se erguendo de entre a gente comum, engrandeceram este país que é o nosso. Que tem 1 000 anos de História e que merece mais (muito mais !) do que aquilo a que o reduziram os medíocres dirigentes que temos tido. Essa gente miudinha, deslumbrada pelos jogos do dinheiro e do poder. Hoje falarei sucintamente (sem saudosismo, mas com legítimo orgulho) do alentejano D. Pedro de Mascarenhas (um português dos séculos XV e XVI, que foi militar, diplomata e administrador colonial), e que terminou a sua carreira, exercendo o alto cargo de 6º vice-rei da Índia Portuguesa. Natural da vila de Mértola, onde nasceu por volta de 1484, D. Pedro de Mascarenhas (que era filho do 1º Senhor de Lavre e Estepa) foi capitão de ginetes e passou toda a sua mocidade nas praças de Arzila e Safi, no norte de África. Onde, integrado nas Armadas do Estreito, combateu a pirataria berberesca. Em 1531 foi chamado à corte de D. João III, nomeado estribeiro-mor do rei e requerido para desempenhar várias missões de cariz diplomático. Algumas delas de grande importância, já que foi embaixador de Portugal em Bruxelas e em Roma, onde reinava então o Papa Paulo III. Em proveniência da 'Cidade Eterna' D. Pedro regressou a Portugal (em 1540) na companhia de São Francisco Xavier, o Apóstolo do Oriente. Depois de nova missão em África e de ter sido aio do príncipe, esta grande figura da nossa História foi escolhida (em 1554) para ir para Goa exercer as funções de vice-rei; distinto cargo que ele ocupou até à sua morte, ocorrida a 16 de Junho do ano seguinte, quando contava mais de 70 anos de idade.  A administração de D. Pedro de Mascarenhas, na Índia, caracterizou-se pela justiça e honestidade com que foi exercida.

A ARTE DE JOÃO BARCELOS

Físico e astrónomo de formação (depois de ter sido militar de carreira), o artista brasileiro (contemporâneo) João Barcelos dedica-se também à pintura, ramo artístico que cultiva desde menino, com grande sensibilidade e refinado bom gosto. Com uma apetência especial pela paisagem, são de sua autoria os dois trabalhos aqui reproduzidos. Que, espero eu, despertem a curiosidade dos visitantes deste modesto blogue para um artista plástico de grande mérito. ///// As peças aqui mostradas intitulam-se «Praia e Igreja de Santa Luzia» (tal como o pintor a imaginou no século XIX) e o «Arco do Teles», que fazem parte do património da cidade do Rio de Janeiro.

O CAOS NAS ESCOLAS PORTUGUESAS CONTINUA...

Será que o ministro Nuno Crato é assim tão cegueta e falho de inteligência, que ainda não percebeu que os seus serviços no ministério a que preside são, mais do que nunca, dispensáveis ? Oh ! homem, tenha coragem e demita-se. E, já agora, confesse que não é minimamente capaz de resolver os problemas que -um mês após a abertura oficial das escolas- continuam a afligir alunos (primeiramente), professores e encarregados de educação. Ainda há, neste preciso momento, milhares de alunos sem docentes, professores sem posto e pais que não sabem o que fazer à vida para cuidar dos filhos; que deveriam estar nas salas de aula, em vez de andarem a deambular da escola para casa e desta para a escola. Numa situação indefinida e que, francamente, não se sabe até quando vai durar. O ministro Crato deve reconhecer já que não tem (e terá de futuro ?) condições para assegurar o bom funcionamento de coisas que são primordiais para o futuro dos estudantes deste país. De modo que, terá de ser corajoso e de ir fazer, no sector privado, alguma coisa de que perceba realmente. Já chega de teimosia. Apre !!!

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A BABEL DOS TÍTULOS DE FILMES

Este cartaz promocional do filme «A Desaparecida» («The Searchers»), que John Ford realizou em 1956, foi editado em Itália; onde a referida película -obra-prima do cineasta supracitado e referência máxima do género western- se intitula «Sentieri Selvaggi» (que se pode traduzir por 'Trilhas Selvagens»). A propósito da diversidade dos títulos dos filmes, sempre lamentei o facto de não se traduzir à letra (na medida do possível, obviamente) o original. Já viram que, tomando o exemplo desta fita, nenhum deles se parece com o dos países vizinhos ou... longínquos ?  E que isso dá azo a confusões inadmissíveis ? Em Espanha, esta fita chama-se «Centauros del Desierto» ('Centauros do Deserto'); em França e na Bélgica francófona, temos «La Prisonnière du Désert» ('A Prisioneira do Deserto'); na Alemanha, «Der Schwarze Falke» ('O Falcão Negro'). Na América Latina é o mesmo problema, não há consenso : no Brasil o título do filme em questão é «Rastros de Ódio» e na Argentina, Chile e México este western é conhecido por «Más Corazón que Odio» ('Mais Coração do que Ódio'). E podia-se continuar assim durante muito tempo. Para, finalmente, constatarmos que é muito difícil o entendimento entre cinéfilos. Que até podem estar a falar durante muito tempo de uma película, até se aperceberem que, em fim de contas, o tema da conversa é mesmo «THE SEARCHERS», aquela maravilha engendrada pelo mestre dos mestres.

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (18)

////////// Esta fotografia foi tirada em 1925 a bordo do transatlântico «Drottningholm». O navio (propriedade da companhia armadora Swedish-American Line) navegava da Europa para a costa leste dos Estados Unidos. Nela (na foto) podemos ver -numa atitude francamente descontraída- a famosa 'star' Greta Garbo e Mauritz Stiller, um cineasta (e também actor de cinema) que, tal como a diva, tinha nacionalidade sueca. Nessa época, como é óbvio, ainda não havia aviões a assegurar voos comerciais sobre as rotas do Atlântico; de modo que a gente endinheirada -como os astros de Hollywood- viajavam entre o Novo Mundo e a Europa (e vice versa) nos paquetes das inúmeras companhias marítimas que asseguravam esse serviço. Geralmente, e por razões que prestigiavam a sua terra de origem, esses ricaços davam preferência aos navios hasteando a bandeira dos seus países. Mas, por vezes, eram as condições luxuosas oferecidas por certos e afamados navios, que decidiam da escolha feita pelas elites endinheiradas. Porque navios como, por exemplo, os paquetes da Cunard, por exemplo, eram o sítio ideal para mostrar 'toilettes', jóias e para expor-se às indiscretas máquinas fotográficas dos repórteres dos jornais mundanos. Enfim, esses palácios flutuantes eram uma verdadeira feira de vaidades, muito útil para quem necessitava de vender permanentemente a sua imagem e fazer a cabal demonstração da sua opulência. ///// A propósito de navios de luxo, talvez seja curioso referir que o paquete «Drottningholm» (em cujo convés foi tirada esta fotografia) se chamou, antes de ser vendido aos suecos, «Virginian». Foi construído num estaleiro de Glásgua, na Escócia, e ficou na História por ter sido um dos navios que resgatou náufragos do malogrado «Titanic». O tal paquete novinho em folha e considerado inafundável, que soçobrou no Atlântico norte -durante a sua viagem inaugural- depois de ter chocado com 'iceberg'...

terça-feira, 7 de outubro de 2014

A TV QUE TEMOS...

Segundo notícia lida, hoje, num jornal de referência, os três canais generalistas portugueses emitiram -no passado ano- 2 022 horas de telenovelas. O que corresponde a um pouco mais de 84 dias plenos de transmissão. Quer isto dizer, em concreto, que foram impingidos aos 'tugas', e por igual período, mais 650 horas de telenovelas do que no Brasil (o país-rei dessa indústria) e mais 296 horas do que em Espanha. Nestas circunstâncias, pergunto eu : isto não será campanha de estupidificação de massas ? Eu cá, que me seja perdoada a sinceridade, acho que sim ! Sobretudo, quando se sabe que nas nossas TV's não sobra espaço nem tempo para a programação cultural (bom cinema, literatura, história, língua portuguesa, etc, etc) ou para emissões que espevitem a nossa curiosidade sobre a natureza (e sua protecção) e sobre as ciências que lhe estão ligadas. Enfim, eu acho (sem querer armar-me em desmancha-prazeres) que os espectadores lusos têm de ser mais exigentes e não contentar-se com telenovelas, futebol e discursos de baixa política; que, a todo o preço, as televisões que temos nos querem impor . É necessário, e já, dizer basta !!!

O FILHO DILECTO DE TRÊS CORAÇÕES

Este postal ilustrado (com selos consagrados à FIFA pela administração postal brasileira) mostra uma praça da cidade de Três Corações (hoje com 76 mil habitantes), um município do estado de Minas Gerais. A estátua é uma homenagem dos tricordianos (nome dado aos seus habitantes) ao mais famoso dos seus conterrâneos : um tal Edson Arantes do Nascimento, que ali nasceu no dia 23 de Outubro de 1940. E que todo o mundo conhece pela singela alcunha de Pelé. Na foto inferior, não resistimos à tentação de mostrar 'o Rei' ao lado de outro deus dos estádios : o luso-moçambicano Eusébio Ferreira da Silva, velha e nostálgica glória do Benfica e da selecção das quinas.