sábado, 31 de maio de 2014

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS

///////////////// RESPIRO E VEJO

Respiro e vejo. A noite e cada sol
vão rompendo de mim a todo o instante,
tarde e manhã que são tecido tempo,
chuva e colheita. O céu, repouso e vento.

Vergel de aves. Vou entre viveiros,
a caçar com o olhar, passarinhagem
dos pequeninos sóis e das estrelas
que emigram neste céu de goiabeiras.

mas sigo a jardinagem, podo o tempo,
o desgosto do espaço, a sombra e o fogo,
as florações da luz e da cegueira.

E, no dia, suspensa cachoeira,
neste jogo sagrado, vivo e vejo
o que veio em meus olhos desenhado.

Alberto da Costa e Silva, in 'A Linha da Mão'

(Alberto Vasconcellos da Costa e Silva, poeta, ensaísta, memorialista, historiador e diplomata brasileiro, natural da cidade de São Paulo, foi galardoado em 2014 com o Prémio Camões).

O FITO DELES É FINTAR AS LEIS DA NAÇÃO

«A desigualdade de tratamento não pode ser excessiva. Tem de obedecer a um certo equilíbrio, que foi ultrapassado»

(dixit Joaquim Sousa Ribeiro, presidente do Tribunal Constitucional)

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Uma vez mais, o Tribunal Constitucional chumbou as medidas tomadas pelo (des)governo passista e declarou ilegais os cortes nos subsídios de desemprego, de doença e nas pensões de sobrevivência. Quem ainda tinha dúvidas sobre a vontade deste executivo de agir à margem da legalidade, que se desengane de uma vez por todas. Enquanto esta escandaleira se repete, o presidente da República mantém-se, como é seu hábito, quedo e mudo. Com democratas deste quilate, o nosso país não necessita de ter partidos extremistas, nem políticos radicais...

sexta-feira, 30 de maio de 2014

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (9)

A embarcação representada nesta antiga e estafada fotografia é um vapor de roda à popa chamado «Far West». Como tantos outros barcos do seu tipo e do seu tempo, o «Far West» assegurou o transporte de passageiros e de mercadorias na vasta rede hidrográfica do Mississippi-Missouri; que compreende, para além desses dois gigantescos cursos de água, inúmeros rios e riachos, outrora  só navegáveis por estes vapores de fundo chato e com um insignificante calado. Mas o «Far West» não é uma embarcação qualquer. Em 1876, este vapor foi mobilizado pelo exército norte-americano para apoiar (enquanto transporte de tropas e posto de comando móvel) o general Alfred H. Terry na sua campanha contra os pele-vermelhas da Grande Pradaria. Campanha essa, que se saldaria, essencialmente, pela inesperada derrota de um dos subordinados de Terry -o tenente-coronel George A. Custer- e do 7º Regimento de Cavalaria dos Estados Unidos, diante de uma coligação de tribos Sioux, Cheyennes e Arapahos. Esse triunfo dos ameríndios teve lugar no território de Montana, nas margens de um riacho chamado Little Big Horn, no dia 25 de Junho desse mesmo ano de 1876. Na sequência desse desaire, que deixou os 'states' em estado de choque, foi o «Far West» que recebeu a incumbência de se aproximar do campo de batalha e de repatriar tropas que nem sequer chegaram a participar nos combates contra os guerreiros de Crazy Horse, que superiormente chefiou os temíveis adversários de Custer. Assim sendo, o supracitado vapor logrou chegar perto do sítio onde se dera o confronto, embarcar os militares referidos e regressar a Fort Abraham Lincoln, através de uma navegação arriscada nas águas dos rios Little Big Horn, Yellowstone e Missouri; forte onde a sua tripulação e passageiros deram detalhes sobre o aniquilamento do 7º de Cavalaria e sobre a morte do seu comandante. Depois desta sua missão oficial, que custou ao governo de Washington a soma (muito importante para a época) de 350 dólares/dia, o «Far West» voltou à sua actividade civil. Até que, no dia 30 de Outubro de 1883, se perdeu por encalhe numa ilha fluvial do Missouri. Mas, antes de desaparecer fisicamente, o seu nome já ganhara lugar na História da Conquista do Oeste.

«O BAPTIZADO»

Esta sugestiva tela, intitulada «O Baptizado», é da autoria do notável pintor português Carlos Reis (1863-1940). Natural de Torres Novas, este artista pertenceu ao movimento naturalista e pintou, sobretudo, cenas da vida rural, como esta que aqui deixo à vossa apreciação. Foi, igualmente, pintor dos últimos reis de Portugal, que muito apreciavam o seu talento. Sobretudo D. Carlos I, que também dominava a arte pictural. Carlos Reis tem obras dispersas por vários museus nacionais e estrangeiros. Algumas das suas telas pertencem ao espólio do museu ao qual -na sua terra natal- foi dado o seu nome. (Pode ampliar a imagem com um clique do rato).

PRATO NÓRDICO

Estamos a apenas três semanas do início do Verão e o tempo continua instável. O que, na nossa terra, é algo de surpreendente. A chuva tem alternado com os dias ensolarados e uma certa frescura (sentida sobretudo à noite) com os calores próprios deste fim de Primavera. Enquanto todos esperamos pelo ardor característico da época estival, aqui deixo a ilustração de um prato típico da cozinha nórdica. Fácil de preparar, fresca, apetitosa e dietética, esta refeição é ideal para quem quer manter a linha e/ou perder alguns quilitos supérfluos. Faz-se com uma salada verde (à escolha), batata (assada), beterraba (cozida), peixes fumados, queijo, rodelas de chouriço (dispensáveis), pepininhos avinagrados, molho neutro e limão. Se aceitar a sugestão, desejo-lhe bom apetite !

A BELEZA IDEAL

////////// «A beleza ideal está na simplicidade calma e serena».

(Dixit Johann Goethe, poeta alemão dos séculos XVIII e XIX)

«A SOMBRA DO CAÇADOR»

Na passada terça-feira passei o dia em Lisboa. Cidade onde já não ia há largos meses. Nas minhas deambulações pelas 'Cidade de Ulisses' (cujas ruas íngremes são fatais para as minhas articulações), entrei numa loja da FNAC (passe a publicidade), onde adquiri vários DVD's a preços abordáveis para os meus fracos recursos. Um desses videogramas -pelo qual paguei uns míseros 5 euros- continha uma excelente cópia de «A Sombra do Caçador» («Night of the Hunter»), filme realizado em 1955 por Charles Laughton e que é uma obra que entra, sem favor, no 'top 20' das minhas preferências cinematográficas.  Exultei com a compra de um filme de qualidade; sobretudo porque esse DVD veio substituir na minha colecção uma velha cópia, gravada na TV (francesa) há muitos, muitos anos e que, naturalmente, já não tinha a qualidade desejada. Gosto (e muito) deste filme por variadas razões : primeiramente porque é, incontestavelmente, uma obra-prima da 7ª Arte. Que combina uma história fascinante com uma pureza técnica realmente notável. O que não deixa de ser extraordinário, se pensarmos que «A Sombra do Caçador» foi a primeira e única obra do seu autor. Um artista que se distinguiu, sobretudo, como actor. A fotografia, a preto e branco (de Stanley Cortez), impressiona pelo expressionismo que transmite a este filme, acentuando, como disse o crítico Jean Tulard, o seu «lado simbólico e poético». Depois, também adoro neste filme, o trabalho dos actores. Sobretudo o de Robert Mitchum -que aqui interpreta o papel de um assassino psicopata- e o da veterana Liliane Gish, na encarnação de uma velha senhora, que se assume como anjo protector de um grupo de crianças maltratadas pela vida. Excelente. Mil vezes excelente ! Só por me ter sido dada a oportunidade de comprar este DVD, dou por bem passado o tempo que estive em Lisboa; apesar do sofrimento (suportável) que a subida e descida das suas ruas impõem à gente da minha idade. Idade que já é respeitável...

DESPORTO E GUERRA

Quem reside em Lisboa (ou por lá perto) ainda tem o dia de hoje para poder assistir ao III Congresso de História e Desporto promovido pela Universidade Nova. Este evento enquadra-se nas comemorações do centenário da Grande Guerra, que irão decorrer, no nosso país, até finais deste ano. Não falhem.

CAPITÃES DO IMPÉRIO (SÉCULO XVI)

Nesta sua rica ilustração, o artista Carlos Alberto dos Santos (notável 'cartoonista' e autor de banda desenhada) presta homenagem a cinco famosos capitães da Índia. Que são, de cima para baixo e da esquerda para a direita : 1- DUARTE PACHECO, cognominado o «Aquiles Português». Ficou na memória a sua acção na defesa de Cochim (1504), quando resistiu a milhares de inimigos, apenas com 77 soldados portugueses e 1000 naires. Também conhecido como homem de ciência, Pacheco escreveu a obra «Esmeraldo de Situ Orbis», um tratado sobre cosmografia e marinharia. 2- LOURENÇO DE ALMEIDA, jovem e bravo guerreiro, que baqueou na batalha naval de Chaul, travada em 1508  contra uma esquadra inimiga (turco-egípcia) muito superior em número. Fora o iniciador das relações luso-cingalesas. 3- FRANCISCO DE ALMEIDA, pai do precedente e primeiro vice-rei da Índia. Administrador notável e capitão invicto. Vingou o seu filho único na renhida e decisiva batalha naval de Diu (1509). Quando já estava de regresso a Portugal, morreu a combater os Cafres do cabo da Boa Esperança (1510). 4- JOÃO DE CASTRO, administrador, guerreiro, cientista e cronista. Um autêntico modelo de justiça e de probidade. Foi outro dos grandes vultos do Oriente português, sendo ele o homem que empenhou as barbas para poder contrair um empréstimo, que lhe permitisse reconstruir a fortaleza de Diu, muito danificada pelo ataque turco de 1546; ataque que ele próprio ajudou a repelir, colocando-se à frente de um pequeno exército. Morreu pobre, apesar de ter sido vice-rei da Índia. 5- AFONSO DE ALBUQUERQUE, outro governador da Índia Portuguesa. Porventura o maior de todos os homens que serviram nessas paragens. Um génio administrativo, militar e diplomático. Alguém lhe chamou o «Leão do Oriente», tal era o temor que ele inspirava aos seus inimigos. Impôs o poder do rei de Portugal, desde Malaca (que tomou no ano de 1511) até Ormuz (que conquistou em 1514). Encorajou os casamentos mistos, entre portugueses e mulheres autóctones, de modo a compensar os seus diminutos recursos humanos e facilitar alianças. Morreu, doente e cansado, numa nau à vista de Goa, em 1515. /////// Durante muito tempo, a lusa gente teve vergonha do seu passado histórico, sem que eu compreendesse muito bem porquê. Isso foi um erro ! Sobretudo, face a nações endinheiradas que hoje nos querem humilhar; mas que nunca nos chegarão aos calcanhares, apesar de alguns episódios pouco reluzentes do nosso passado colectivo e que nós também devemos assumir sem complexos. Uma coisa é certa : nós, Portugueses, nunca exterminámos, sistematicamente, industrialmente, milhões e milhões de seres humanos, pelo facto de acharmos que essa gente pertencia a uma 'raça inferior'...

terça-feira, 27 de maio de 2014

O REGRESSO DE GRACE

Bela e sofisticada, a actriz norte-americana Grace Kelly teve uma carreira de luxo, durante a qual trabalhou sob a direcção dos melhores realizadores hollywoodianos do seu tempo (Hathaway, Zinneman, Ford, Hitchcock, etc) e contracenou com alguns dos mais prestigiados comediantes :  Gary Cooper, Clark Gable, Cary Grant... Mas, em 1956, a actriz abandonou os papéis que, até aí, havia interpretado na chamada Meca do Cinema, para se matrimoniar com Rainier de Mónaco e colocar-se na pele de uma verdadeira princesa, que reinou nos luxuosos salões de Monte Carlo. Quis o destino que tivesse morte trágica, na sequência de um desastre de automóvel ocorrido em 1982. Que, tanto ao gosto dos filmes realizados pelo mestre do 'suspense' que a dirigira em várias películas, ainda agora guarda o seu quê de misterioso... Hoje, passados que são mais de 30 anos sobre a sua morte, Grace de Mónaco voltou a colocar-se sob os projectores da fama; porque é a figura central de um filme polémico e que, por essa razão, tem feito correr rios de tinta na imprensa cor-de-rosa europeia, mas não só. Estou expectante em relação a essa película, que foi apresentada ao público durante o último Festival de Cannes. E espero vê-la proximamente, para, também eu, poder ter a minha própria opinião e poder expressá-la livremente e com conhecimento de causa. Embora, digo-o em abono da verdade, nunca tenha tido grande apetência por histórias da carochinha...

segunda-feira, 26 de maio de 2014

CURIOSIDADES LINGUÍSTICAS

Sabia que a expressão idiomática «comer o pão que o diabo amassou» se 'traduz' em França por «puxar o diabo pela cauda» ('tirer le diable par la queue') ? -Que «ter macaquinhos no sótão» se diz no país de Molière «ter uma aranha no tecto» ('avoir une araignée dans le plafond') ? -E que «contar com o ovo no cu da galinha» tem na expressão «vender a pele do urso, antes de o ter matado» ('vendre la peau de l'ours avant de l'avoir tué') o seu equivalente ? -Pois é verdade ! E muitas outras expressões populares têm, em francês, versões surpreendentes. Mas isso é que faz (também) a originalidade e a riqueza das línguas.

A LOCOMOTIVA TIPO 12 'ATLANTIC'

A produção desta curiosa locomotiva começou em 1939; mas foi limitada a apenas seis exemplares. De fabrico belga, foi concebida pelo engenheiro Raoul Notesse, que se inspirou numa máquina em serviço nos Estados Unidos. Era quase, toda ela, envolvida por uma carena aerodinâmica, que lhe dava um ar futurista. O seu construtor foi a sociedade Cockerill, de Serain, e o seu operador a S. N. C. B., os caminhos-de-ferro nacionais; que a colocaram, prioritariamente, na linha Bruxelas-Ostende. A 'Atlantic' foi uma das mais rápidas locomotivas da sua época. Uma única destas máquinas escapou à voragem do tempo, foi restaurada e deverá integrar, proximamente, as colecções de material rolante do museu ferroviário de Schaerbeek.

Peso total da máquina, sem o 'tender' : 89,5 toneladas;
O 'tender' podia carregar 24 m3 de água e 8 toneladas de carvão;
Potência da máquina : 2 500 cv;
Velocidade máxima : 165 km/h;
Podia rebocar composições até 250 toneladas a 150 km/h, em terreno plano;
A locomotiva tipo 12 'Atlantic' foi definitivamente retirada do serviço em 1962. /////// Amplie com um clique do rato.

POR FALAR EM PETISCOS...

Muito apreciadas em Espanha -o país das tapas- mas não tanto em Portugal, as anchovas (tradicionalmennte vendidas em filetes estentidos ou enrolados à volta de uma alcaparra) são ideais para dar gosto a saladas, para enriquecer pizzas, para preparar pastas de peixe e para confeccionar mil e uma variedades de 'amuse-gueules'. Eu cá gosto, apesar do excesso de sal que as caracteriza me obrigar, muitas vezes, a evitar tal petisco. 

domingo, 25 de maio de 2014

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (8)


Esta fotografia foi tirada nos anos 30 do passado século, durante a horrenda Guerra Civi Espanhola. Na qual morreram centenas de milhar de pessoas, militares e civis. Nela se pode ver (à esquerda) o escritor norte-americano Ernest Hemingway com combatentes republicanos da frente de Aragão. Foi junto destes homens da facção legalista, que o futuro laureado com o Prémio Pulitzer (1953) e com o Prémio Nobel (1954), colheu matéria e inspiração para a escrita do seu livro «Por Quem os Sinos Dobram»; que foi publicado, pela primeira vez, em 1940 e que é apontado, por muitos dos seus leitores, como a sua obra-prima. Hemingway foi correspondente de guerra em Espanha (país que ele muito admirava) e era um notório e activo simpatizante do governo republicano de Madrid. Depois do final da Segunda Guerra Mundial, viveu alguns anos em Cuba, onde ainda hoje é gratamente recordado. Este grande escritor faleceu em 1961 (por suicídio com arma de fogo), quando se encontrava muito diminuído pela doença.

O REAL MADRID CONQUISTOU (FINALMENTE !) 'LA DÉCIMA'

Que extraordinária final da Liga dos Campeões foi ontem disputada no Estádio da Luz, em Lisboa. ! Por duas fabulosas formações madridistas; que ambas teriam merecido guardar o prestigioso troféu em disputa. Se tal fosse possível... Primeiro o Atlético pelo melhor jogo que praticou atá ao término do tempo regulamentar. Depois o Real, pelo esforço que fez durante os minutos de compensação (esforço que lhe valeu o tento do empate) e, mais ainda, pela garra demonstrada durante os 30 minutos do prolongamento, durante os quais fez a cabal demonstração de que o seu colectivo também funciona. Quanto à vedeta da companhia -o nosso compatriota Ronaldo- teve uma tarde apagada, talvez pelo facto de ter saído de uma perniciosa lesão, que lhe retirou capacidades físicas. Contentou-se com a transformação de uma grande penalidade, juntando mais um golo (o 17º) ao seu 'palmarés', impar na história da competição. De qualquer modo, a tão cobiçada taça lá seguiu para a capital espanhola, onde uma multidão -mais de duas vezes superior aquela que assistiu ao jogo em directo- viu o desafio, em ecrãs gigantes, nos estádios dos rivais de Madrid. Força espantosa, esta do futebol profissional de alto nível, que mobiliza multidões no mundo inteiro. Só é pena que tantas dessas pessoas seja gente desmiolada, que leva a sua paixão pelo desporto-rei e o seu facciosismo clubista atá ao ponto de tomar atitudes extremistas, intoleráveis num mundo que se quer civilizado. A não ser que para essas criaturas o futebol seja apenas um pretexto para dar vazão a ressentimentos recalcados... Se for isso, aqui lhes deixo um conselho : vão-se tratar. Nota final : a equipa madridista aqui retratada é, na realidade, aquela que representou o Real durante a temporada 2012-2013. Aqui fica a precisão.

EDITH PIAF E O ACORDEONISTA

«L'ACCORDÉONISTE»

La fille de joie est belle/ Au coin de la rue là-bas/ Elle a une clientèle/ Qui lui remplit son bas/ Quand son boulot s'achève/ Elle s'en va à son tour/ Chercher un peu de rêve/ Dans un bal du faubourg/ Son homme est un artiste/ C'est un drôle de petit gars/ Un accordéoniste/ Qui sait jouer la java/ /// Elle écoute la java/ Mais elle ne la danse pas/ Elle ne regarde même pas la piste/ Et ses yeux amoureux/ Suivent le jeu nerveux/ Et les doigts secs et longs de l'artiste/ Ça lui rentre dans la peau/ Par le bas, par le haut/ Elle a envie de chanter/ C'est physique/ Tout son être est tendu/ Son souffle est suspendu/ C'est une vraie tordue de la musique/ /// La fille de joie est triste/ Au coin de la rue là-bas/ Son accordéoniste Il est parti soldat/ Quand y reviendra de la guerre/ Il prendront une maison/ Elle sera la caissière/ Et lui sera le patron/ Que la vie sera belle/ Ils seront de vrais pachas/ Et tous les soirs pour elle/ Il jouera la java/ /// Elle écoute la java/ Qu'elle fredone tout bas/ Elle revoit son accordéoniste/ Et ses yeux amoureux/ Suivent le jeu nerveux/ Et les doigts secs et longs de l'artiste/ Ça lui rentre dans la peau/ Par le bas, par le haut/ Elle a envie de chanter/ C'est physique/ Tout son être est tendu/ Son souffle est suspendu/ C'est une vraie tordue de la musique/ /// La fille de joie est seule/ Au coin de la rue là-bas/ Les filles qui font la gueule/ Les hommes n'en veulent pas/ Et tant pis si elle crève/ Son homme ne reviendra plus/ Adieux tous le beaux rêves/ Sa vie, elle est foutue/ Pourtant ses jambes tristes/ L'emmènent au boui-boui/ Où y a un autre artiste/ Qui joue toute la nuit/ /// Elle écoute la java.../ ...elle entend la java/ ...elle a fermé les yeux/ ...et les doigts secs et nerveux.../ Ça lui rentre dans la peau/ Par le bas, par le haut/ Elle a envie de gueuler/ C'est physique/ Alors pour oublier/ Elle s'est mise à danser, à tourner/ Au son de la musique/ /// ... ARRÊTEZ !/ Arrêtez la musique !



Sou fã de Édith Piaf desde a primeira vez que a ouvi cantar. Figura frágil e sofrida, esta artista era dotada de voz poderosa e inimitável. Francesa(1915-1963), nascida num bairro pobre de Paris, ela tinha o dom raro de emocionar até as pessoas menos impressionáveis que a escutavam; e que ainda a escutam (no mundo inteiro), graças à vasta obra discográfica que 'la môme' nos legou. A sua dramática canção «L'ccordéoniste», cuja letra aqui deixo para apreciação de quem vai passando por este blogue, é uma das suas mais arrepiantes criações e uma das minhas preferidas do seu reportório. E é uma canção que qualquer pessoa pode escutar no 'you tube'. Datada de 1940, esta canção é da autoria do excelente letrista-compositor Michel Emer, nascido em São Petersburgo (Rússia) no ano de 1906 e falecido em Neuilly-sur-Seine em 1984.

sábado, 24 de maio de 2014

BELOS TEMPOS...

Símbolos do progresso técnico-industrial de uma França vencedora e em plena expansão, o birreactor comercial 'Caravelle' (construído pela Sud Aviation) e o automóvel desportivo 'Floride' (produzido pela Renault) deixavam orgulhosos todos aqueles que por lá viviam no início dos anos 60 do passado século. Inclusivamente os membros das comunidades de emigrantes, que sabiam que desenvolvimento do país do presidente Charles De Gaulle (que os acolhera de braços abertos), também se fazia com a sua preciosa contribuição. Belos tempos esses, que não deixavam prever a crise que -40 anos mais tarde- iria avassalar a Europa em que vivemos. Onde vivemos aborrecidos e preocupados quanto ao futuro...

VOCÊ JÁ FOI À BAÍA ?

A culinária baiana é assim : colorida, apetitosa, opulenta. Um regalo para os olhos e para o palato. Você já foi à Baía ? -Então vá !... Senão, pode procurar a magia dos seus pratos em restaurantes de cidades portuguesas onde vivam importantes comunidades brasileiras. Como Lisboa, entre outras.

VOTAR SIM, MAS REFLECTIDAMENTE

Outro acontecimento (muito importante) que nos espreita é o voto para eleger - amanhã, dia 25 de Maio- os representantes de Portugal no parlamento europeu. Hoje, neste modesto blogue, a única coisa que eu peço encarecidamente aos meus compatriotas, é que não caiam na esparrela da abstenção e que compareçam, em grande número, diante das urnas. E para que, antes de votarem, tenham um momento de reflexão. Porque do seu voto depende o seu próprio destino e o destino de todos nós. Não se pode continuar a passar cheques em branco aos que fazem da política um veículo de promoção pessoal; porque isso tem feito de Portugal o que está à vista de todos, dentro e fora das nossas fronteiras : um país empobrecido, desigual, injusto. Votar sim, mas reflectidamente...

GRANDE NOITE !

Para as muitas centenas de milhões de adeptos de futebol, esta noite (a partir das 20 h) será o momento de ver e viver um dos mais importantes eventos da temporada. Estou a falar, naturalmente, do embate entre os dois mais ilustres clubes da capital espanhola -o Real e o Atlético- que, hoje vão disputar, no Estádio da Luz, a final da Liga dos Campeões. O acontecimento está a trazer a Lisboa, não só dezenas de milhar de sócios e simpatizantes dos dois clubes (vindos do mundo inteiro) e a mobilizar as atenções de gente que vive nos 200 países para onde a televisão transmitirá o jogo. Mas, também e indirectamente, a promover a bela cidade de Lisboa; na qual vão ficar qualquer coisa como uns 46 milhões de euros de receita; nos hotéis, nos restaurantes, nas lojas de 'souvenirs', etc, etc. Daí a necessidade absoluta que têm os portugueses de se mobilizar para receber toda essa gente que nos visita como convém : com simpatia e com respeito. O futebol é, verdadeiramente, um dos raros espectáculos capazes de mobilizar meio mundo e de gerar tamanhas expectativas. Esperamos que este acontecimento seja uma festa. Que se desenrole pacificamente, sem que o entusiasmo dos adeptos transborde para situações que envergonhem quem quer que seja e que não haja necessidade de recorrer à acção da força policial para apaziguar os ânimos. Eu cá, que na minha aldeia do Alentejo profundo vou ver o jogo através da TV, fico a torcer para que assim seja. E para que, finalmente, ganhe a equipa mais meritória e com mais garra. Porque o resto (para mim, que não sou adepto de nenhum dos emblemas envolvidos neste formidável duelo desportivo), tudo o resto é secundário.

terça-feira, 20 de maio de 2014

ASSIM VAI O MUNDO...

Segundo dados recentemente revelados pela reputada revista (de ciências médicas) «Lancet», Portugal está entre os 10 países mais seguros para os recém-nascidos. Nesse campo, Portugal deixa para atrás muitas nações ricas e superdesenvolvidas, tais como, por exemplo, os Estados Unidos ou Canadá, a Suíça ou o Reino Unido. Entre os 10 lugares mais perigosos para nascer, estão a Serra Leoa (útimo classificado entre os 162 países apreciados), mas também e infelizmente, a Guiné-Bissau e Angola, todos eles com taxas de mortalidade superores a 45 por 1000. Outra boa notícia para nós portugueses, é a de que o nosso país continua a manter-se na lista de estados com melhor taxa de mortalidade infantil, que faz referência a crianças com menos de 5 anos de idade. Eis, pois, uma notícia que nos deixa imensamente satisfeitos e esperançados ! /////// O maior drama industrial da História da Turquia terminou, há dois ou três dias, com a revelação oficial do número de mortos na mina de carvão de Soma. 301 ! Mais de trezentas vidas ceifadas para proveito dos patrões. Para quem, na sua avidez, os dólares que embolsam têm muito mais importância do que a segurança das pessoas que eles empregam e exploram. Os mortos de Soma vêm juntar-se a uma lista de vítimas, na qual já estão referenciados -desde 1941- 3 700 nortos e 370 000 feridos. Só no sector mineiro ! E isso, devido (segundo os sindicatos locais) à ausência de segurança no local de trabalho, à falta de inspecções independentes e à contratação de pessoal temporário e sem experiência. Algo de errado se passa nesta sociedade, onde muita gente se expõe a mil perigos por meia-dúzia de tostões (que mal dão para sobreviver) e onde, paralelamente, engorda um grupinho de especuladores, que vai enchendo os bolsos à custa do sangue, do suor e das lágrimas de uma maioria de sacrificados. /////// Neste país passam-se coisas verdadeiramente prodigiosas. A presidente da Assembleia da República acaba por empossar os membros da Comissão de Inquérito ao chamado 'Caso dos Submarinos'. Caso no qual esteve directa ou indirectamente implicado um senhorito que, quando se fez essa ruinosa negociata com os alemães da empresa Ferrostaal, era ministro (CDS) da defesa; indivíduo em quem sempre recairam desconfianças, segundo os jornais, sobre a limpidez da compra dos submersíveis. E sabem quem foi nomeado para dirigir a tal comissão de inquérito, que deve apurar toda a verdade ? -Pois nada mais, nada menos do que Telmo Correia, que é uma das figuras gradas do já referido partido. Eu tenho um amigo na serra do Marão que é pastor e que tem sérios problemas com os predadores de ovelhas. Vou aconselhá-lo a por um lobo no redil... para guardar o rebanho.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

VEÍCULOS (MUITO) CURIOSOS

Este mini-autocarro circulou em França nos anos 30 do século passado; numa época que antecedeu a eclosão do segundo conflito generalizado. O veículo fotografado pertenceu a uma empresa de Lourdes (sudoeste de França) especializada na organização de excursões . Era de marca Panhard, uma firma do ramo automóvel que eu ainda conheci a fabricar carros de turismo. Em Portugal, a Panhard ficou conhecida, essencialmente, por ter fornecido autometralhadoras ao exército. Porque autos dessa marca gaulesa (reputados pela sua robustez e fiabilidade) poucos por cá apareceram.   ///////

Este, era um estúdio móvel da Emissora Nacional. Concebido para as reportagens no exterior, este veículo, de marca que confesso desconhecer, era utililizado por uma equipa de especialistas (jornalistas, técnicos de som, etc) e percorria o país de lés a lés para transmitir reportagens em directo de grandes acontecimentos que por cá ocorriam. Recordo-me de o ter avistado (nos anos 50 do passado século) por ocasião de jogos de futebol. Cujos relatos eram transmitidos em directo para todo o país.   ///////

Este monumental autocarro é uma versão bastante modificada do Aerocoach. Marca norte-americana pouco conhecida fora dos 'states'. Foi baptizado «Pacemaker» ('Pacificador'). Nos Estados Unidos a sua silhueta é algo familiar, porque percorre, há anos, as estradas de quase todo o território nacional. É propriedade de uma instituição religiosa de nome «Os Doze Apóstolos» ('Twelve Tribes'), que o utiliza para organizar encontros entre correligionários e promover as suas ideias doutrinais. Por vezes também transporta uma equipa médica, que prodiga consultas gratuitas a quem delas necessita.   ///////

LA POÉSIE FRANÇAISE QUE J'AIME



«LE DORMEUR DU VAL»

C'est un trou de verdure où chante une rivière
Accrochant follement aux herbes des haillons
D'argent ; où le soleil, de la montagne fière,
Luit : c'est un petit val qui mousse de rayons.

Un soldat jeune, bouche ouverte, tête nue,
Et la nuque baignant dans le frais cresson bleu,
Dort ; il est étendu dans l'herbe sous la nue,
Pâle dans son lit vert où la lumière pleut.

Les pieds dans les glaïeuls, il dort. Souriant comme
Sourirait un enfant malade, il fait un somme :
Nature, berce-le chaudement : il a froid.

Les parfums ne font pas frissonner sa narine ;
Il dort dans le soleil, la main sur sa poitrine
Tranquille. Il a deux trous rouges au côté droit.

* Arthur Rimbaud, 1870 *

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (7)

Esta é uma das terríveis fotografias tiradas após a execução de Benito Mussolini e de alguns dos seus seguidores. A morte do 'Duce' teve lugar numa pequena aldeia das margens do lago Como -Bonzanigo, próxima da localidade de Mezzegra- a 28 de Abril de 1945. O líder fascista, promovido pelos alemães a presidente da efémera República Social Italiana (também chamada República de Salò) fora capturado na véspera pelos resistentes, quando fugia para a Áustria sob escolta militar germânica. Sumariamente julgado (assim como alguns dos seus seguidores), Mussolinini foi fuzilado e o seu corpo conduzido a Milão, onde foi exposto numa praça da cidade (a Piazzale Loreto) e, depois, pendurado pelos pés. Esta fotografia foi tirada no dia 29 de Abril e os corpos de todos os supliciados estão devidamente identificados. São eles (da esquerda para a direita) os de Nicola Bombacci, Benito Mussolini, Clara Petacci, Alessandro Pavolini e Achille Starace. A primeira figura do fascismo, que arrastou a Itália para o turbilhão da 2ª Guerra Mundial, acabou, assim, miseravelmente, vaiado (depois de morto) por muitos daqueles que o haviam idolatrado. No que respeita à sua amante, Clara Petacci, diz-se que os 'partizans' italianos a pouparam; e que ela só morreu por não ter querido abandonar Mussolini no momento crucial em que o pelotão de fuzilamento o baleou. E que acabou por atingi-la, também a ela, mortalmente. Enfim, uma verdadeira tragédia italiana...

domingo, 18 de maio de 2014

A TAÇA DE PORTUGAL DE FUTEBOL É DO BENFICA

Estádio do Jamor, final da Taça de Portugal : no decorrer de um jogo renhido (sobretudo na segunda parte), o Benfica venceu o Rio Ave por 1-0 e conquistou um troféu que lhe fugia há vários anos. Isso apesar da fatiga acumulada pela equipa encarnada no término de uma temporada desgastante e com lutas em todas as frentes. Gostei da maneira como as 'águias' conseguiram gerir o jogo e do inesperado e fenomenal golo de Nico Gaitán. Mas também admirei o espírito combativo dos atletas de Vila do Conde, que deixaram o terreiro de luta de cabeça levantada. Com um pouco de sorte, até poderiam (na fase final do 'match') ter invertido o resultado e dobrar o Benfica. Quiseram, porém, os deuses dos estádios que tal não acontecesse e o Benfica não tem que envergonhar-se por, desta vez, a fortuna lhe ter sorrido... Parabéns !

ESPECTACULAR !

Este magnífico e gigantesco veleiro é (ou melhor, foi) o «Preussen», construído na Alemanha em 1902 para a famosa companhia marítima F. Laeisz, de Hamburgo. Deslocava 11 150 toneladas e media 147 metros de comprimento fora a fora por 16,40 metros de boca. O seu aparelho vélico comportava 47 panos (30 dos quais redondos), que equipavam 5 altaneiros mastros. Tinha 50 homens de equipagem; que até 1910 (último ano de actividade do navio) faziam viagens entre a Europa e os portos do Chile -via cabo Horn- onde iam buscar guano. Alcunhado 'o Rei dos Reis do Mar', o «Preussen» perdeu-se por encalhe no canal da Mancha, perto de Dover, depois de ter sido abalroado por um navio a vapor. Foi um dos maiores veleiros jamais construídos. Se quiser saber mais detalhes sobre este navio (e mais 1 400 outros), consulte ALERNAVIOS, o meu outro blogue. /////

SOBRE O CONFORTO QUE PROCURA A PAZ DE ESPÍRITO

//////////// «Um pedaço de pão comido em paz, é melhor do que um banquete comido com ansiedade».

* Dixit Esopo, fabulista da Antiguidade Grega (séculos VII e VI a. C.) * ///////////// Para reflexão daqueles (políticos, banqueiros e quejandos) que, nos nossos dias, enchem os bolsos e têm vida regalada, ao arrepio da mais elementar decência e dos direitos dos seus semelhantes.

PAU-BRASIL, ÁRVORE SIMBÓLICA

A primeira riqueza exportável das terras de Vera Cruz foi, incontestavelmente, o pau-brasil. Uma essência muito apreciada pela indústria europeia de tinturaria do século XVI e posteriores. Daí a sua exploração (até quase aos limites da extinção) ter começado logo após o achamento das terras de Vera Cruz; pelos Portugueses, mas também por Franceses e Holandeses. «Caesalpinia echinata', de seu nome científico, esta árvore era uma das principais essências da Mata Atlântica original. Mede, geralmente, até uns 15 metros de altura e caracteriza-se pelo cerne vermelho do seu tronco, do qual se extrai a substância colorante. O pau-brasil (que tem muitos nomes no seu país de origem, tanto portugueses, como indígenas) é uma árvore protegida e já considerada salva da extinção que chegou a ameaçá-la. Embora milhões de brasileiros nunca tivessem visto um pau-brasil na sua vida, a verdade é que, em 1978, através da Lei nº 6 607, o governo federal a designou oficialmente como 'árvore símbólica do país' e instituiu a data de 3 de Maio como 'Dia do Pau-Brasil'. As imagens anexadas mostram a árvore em questão e um aspecto da recolha de pau-brasil num mapa antigo.

IR AO RESTAURANTE

Aqui há dias, passando por um quiosque de jornais, não pude furtar-me ao habitual prazer de dar uma rápida vista de olhos aos títulos dos quatro ou cinco quotidianos expostos. E, na capa de um deles, surpreendeu-me uma notícia, que referia o fecho (nestes últimos anos) de 8 000 (!!!) restaurantes portugueses. Não comprei o jornal em questão e, por conseguinte, limito-me apenas a registar esse número, que acho extraordinário. Que me deixou banzado. Presumo que a crise que lavra por todo o país e o IVA a 23% sejam as principais causas desse descalabro, que não poupou ninguém : nem os proprietários de estabelecimentos reputados pela qualidade da sua cozinha, nem os outros. E quando falo dos outros, estou a considerar (no seu todo) aquelas casas de pasto (honestamente não se lhes pode dar outro nome), onde se enche a barriga e nada mais. Restaurantes que existiam em todas esquinas das vilas e cidades deste país e que, em troca de um mau bife com batatas fritas, de uma garrafinha de zurrapa e de um pudim de caramelo, nos sacavam, com o maior dos descaros, 14 ou 15 euros por cabeça. Quero dizer com todo este palavreado, que muitas dessas casas não tinham um mínimo de qualidade para funcionarem e que será bom, passada a crise, que não voltem a abrir portas. Constatei que muitas pessoas que eu conheço, já preferem ir menos vezes ao restaurante, para poderem optar, quando o fazem, por uma visita a um estabelecimento de qualidade. Onde se é servido com competência por verdadeiros profissionais do ramo e onde a cozinha (que pode até nem ser requintada) tem aquele toque gastronómico que a distingue do 'comer' das criticadas casas. A começar pela apresentação do empratamento. Confesso que, para mim (que frequento os restaurantes com muito menos assiduidade do que num passado recente), isso se reveste da maior importância. Porque o tempo das pratalhadas já lá vai. É com muito prazer que aqui deixo três imagens do que de melhor se faz, actualmente, a esse nível. Pratos deliciosos, servidos quantitativamente nas doses certas e com aquela aparência que é mais do que isso. Talvez estes restaurantes sejam mais caros (e são-o, seguramente), mas oferecem-nos, em contrapartida, um prazer impagável; porque transformam cada uma das nossas visitas num acto civilizacional.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O MAIS BIZARRO DOS CARROS DE COMBATE

O tanque FCM 2C do exército francês, que ilustra este 'post', era um verdadeiro autocarro. A sua guarnição era constituída por nada menos do que 13 homens, que aqui foram fotografados (imagem de topo) diante do singular engenho. O 2C foi concebido durante a Grande Guerra, mas os primeiros exemplares construídos -pela empresa Forges et Chantiers de la Méditerranée- só integraram as unidades militares em 1921, já depois da vitória dos Aliados. Em 1939, quando rebentou na Europa o segundo conflito generalizado, a França possuía 10 destas gigantescas máquinas, que foram reagrupadas no 51ª Batalhão de Tanques. Nunca chegaram, todavia, a entrar em combate. Algumas delas foram (em Julho de 1940) destruídas ou seriamente avariadas pelas aviações inimigas -alemã e italiana- e as outras foram sabotadas pelas suas próprias equipagens; que, devido à enorme visibilidade (e vulnerabilidade) desse material, temeram a sua aniquilação ou captura pelas tropas adversas. Mas, apesar desses cuidados, um desses bizarros carros de combate acabou por ser capturado, intacto, pelas tropas alemãs de invasão, que o levaram para Berlim, onde o C2 esteve exposto como troféu. Parece que o dito veículo foi apreendido pelos soviéticos em 1945 -após a conquista da capital do 'Reich' pelas tropas do marechal Jukov- e levado para a Rússia. O FCM 2C pesava 69 toneladas e media 10,30 metros de comprimento, 3 metros de largura e 4,10 metros de altura. A sua blindagem podia atingir os 45 mm e o seu armamento era constituído por 1 canhão de 75 mm e por 8 metralhadoras de 8 mm. Movia-se graças a 2 motores de 500 cv, que lhe proporcionavam uma velocidade máxima de 15 km/h e que lhe garantiam uma autonomia, de 150 km. Refiro, a título comparativo, que o moderno tanque alemão Leopard 2A6 (que equipa, entre outros, o exército português) pesa 'só' 62 toneladas. É tripulado por 4 militares, pode deslocar-se à velocidade máxima de 72 km/h e dispõe de um raio de acção de 550 km. (Imagem abaixo).

quinta-feira, 15 de maio de 2014

JUSTAPOSIÇÃO DE PROPÓSITOS SOBRE A AMIZADE E... O DESERTO


«Não há solidão mais triste do que a do homem sem amizades. A falta de amigos faz com que o mundo pareça um deserto».

* Dixit Francis Bacon (1561-1626), político, filósofo e ensaista inglês *

«O pior deserto é viver sem amigos. A amizade multiplica as coisas boas e divide as más»

* Dixit Baltasar Gracián Morales (1601-1658), teólogo, prosador e filósofo espanhol *

«Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo»

* Dixit Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), aviador, ilustrador e prosador francês *