sábado, 29 de julho de 2017

'ARCOS DE VALDEVEZ, ONDE PORTUGAL SE FEZ'

O chamado recontro de Arcos de Valdevez -um dos actos fundadores da nossa nacionalidade- teve lugar (segundo alguns historiadores), em data incerta da Primavera de 1141, no sítio da Portela do Vez, junto à vila de Arcos. Depois do rompimento da paz de Tui (firmada entre si e seu primo Afonso VII de Leão e Castelo, no ano de 1137), D. Afonso Henriques invadiu a Galiza e apoderou-se de alguns castelos e lugares pertencentes ao imperador. Na riposta que já se esperava, as numerosas hostes de Afonso VII entraram no condado portucalense e obrigaram o futuro D. Afonso I de Portugal a aceitar negociações. Parece que, com o intuito de poupar  a vida de guerreiros necessários à reconquista do território ibérico aos mouros, foi combinado que as hostilidades se resumiriam a um torneio (ou bafordo, como também se dizia naquele tempo), para o qual cada um dos príncipes escolheria um número limitado (e igual) de campeões. Que se afrontariam segundo as regras há muito definidas pelo código de honra da cavalaria medieval. Os Portugueses levaram a melhor e os seus rivais ficaram (temporariamente e tal como previsto) reféns de Afonso Henriques. Príncipe que aproveitou este excêntrico triunfo dos seus guerreiros, para -através da mediação de D. Peculiar, bispo de Braga- contactar o papa (então Inocêncio II) e lhe pedir para que aceitasse a sua vassalagem a Roma, em troca de 4 onças de ouro por ano. Sabendo que a aceitação pelo Supremo Pontífice lhe valeria, finalmente, o título de rei. A ilustração aqui anexada mostra um dos magníficos painéis de azulejos que decoram (desde 1916) as paredes da estação de caminhos-de-ferro de São Bento, no Porto. Representa, obviamente, o recontro de Arcos de Valdevez e é da autoria do notável ceramista (e ilustrador) Jorge Colaço. Em Arcos de Valdevez e na sua região existem, igualmente, outros testemunhos artísticos que lembram este evento histórico; como, por exemplo, o célebre grupo escultórico realizado pelo artista José Rodrigues, falecido no passado ano. Ou, ainda, o Padrão Comemorativo do Recontro de Valdevez, inaugurado -em 1940- pelo então ministro das Obras Públicas, engenheiro Duarte Pacheco. (Clicar com o rato na imagem de topo para a ampliar).

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