sábado, 30 de setembro de 2017

OS BONS E... OS OUTROS

«Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos; e são muito bons;
Porém, há os que lutam toda a vida,
Estes são os imprescindíveis».

** Bertold Brecht **

À CUSTA DE MUITO TEMPO E TRABALHO, TEMOS UM AUTOR MILIONÁRIO

Segundo notícias divulgadas recentemente pelos jornais, os livros escritos pelo também jornalista José Rodrigues dos Santos, já facturaram mais de 100 milhões de euros. Agora compreendo o facto do homem ser tão criticado pela 'inteligentzia' doméstica. Muita inveja... Por acaso eu até sou insuspeito em relação ao autor; porque não o conheço (a não ser da TV, naturalmente), nem alguma vez li os seus livros. Mas, está prometido, qualquer dia faço-o. E se calhar até gostarei, como muitos dos seus leitores...

BENDITO PECADO !

Com sorrisos glamorosos, música e... vinho quinado da casa Ramos Pinto, tentam estas desnudadas ninfas seduzir um santo homem. Eu já vi criaturas caírem no 'pecado' por muito menos que isto... Que benditos sejam os prazeres da vida !

(Antiga publicidade a uma conhecida e reputada marca de vinho do Porto).

EMISSÃO FILATÉLICA HISTÓRICA

No passado ano de 2016, os correios do Reino Unido editaram este bonito conjunto, onde figura uma série de 6 selos editados para comemorar os 500 anos de distribuição postal no país. Ideia feliz, que vem confirmar -para além do seu lado lúdico- o interesse histórico e cultural da filatelia. (Clicar com o rato na imagem, para a ampliar).

MOMENTO DESPORTIVO

Segundo os jornais :

Ontem, na Assembleia Geral do Benfica, o reforço policial não pôde evitar uma contestação ruidosa ao presidente Vieira, nem outros incidentes que nada abonam a favor das pessoas presentes, que estão na sua origem; pois fala-se de agressões, de cadeiras no ar e de outros actos menos próprios. E que nem o mau momento da equipa de futebol pode justificar e ainda menos desculpar. Apesar disso, o orçamento do clube foi aprovado pela maioria dos presentes. E se eu, enquanto simples adepto dos encarnados, tenho alguma coisa a dizer é isto : calma ! Porque momentos difíceis como este atingem todos os clubes. Que o digam os rivais das águias...

Também ontem, o presidente do Sporting ameaçou cortar nas modalidades (curiosamente numa área onde o clube de Alvalade ainda vai ganhando alguns troféus) se, num futuro muito próximo, os verde e brancos não conseguirem angariar 175 000 sócios, que paguem regularmente as suas cotizações. Soube-se, igualmente no dia de ontem, que os accionistas do Sporting decidiram aumentar o ordenado mensal do presidente para 10 500 euros. B. de C. passa assim (e isso sou eu que o afirmo) a ser o artista de circo (com presença permanente nas TV's) mais bem pago do mundo.

No Porto, enfim, 'no pasa nada', como diria o Casillas. O Buda já sorri, o que é bom sinal para os 'dragões', atletas e adeptos. Veremos o que acontecerá na próxima jornada, quando os tripeiros afrontarem, em campo alheio, a única equipa nacional que é, hoje (quanto a mim), capaz de lhes resistir; e que, num momento de inspiração, até será capaz de os recambiar para a Invicta sem o mínimo ponto. A ver vamos...

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Isto dito, fico à espera que os Portugueses (que podem votar), saibam conjugar, no próximo domingo, o seu interesse pelo desporto-rei com o direito e a obrigação de ir às urnas. Para que não se acuse a malta 'que anda atrás da bola', de ser uma cambada de irresponsáveis, uns coitadinhos.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

MARAVILHAS DOS OCEANOS

O peixe-palhaço ganhou celebridade graças a um recente filme de desenhos animados; fama essa que não o protegeu, antes pelo contrário. A sua popularidade fez disparar as vendas (e consequentes capturas) para satisfazer os caprichos dos amadores de aquarofilia. Conclusão : a popularidade nem sempre é coisa boa.

A MALTA DA ARMADA


De cima para baixo : Remador das galés (século XVIII); Marinheiro (fins do século XIX); Marinheiro da armada republicana (inícios do século XX).

-ONDE É A NÂMBIA ?

O presidente dos EUA não perde uma oportunidade para fazer a demonstração pública da sua 'imensa coltura'. Aqui há dias, durante uma recepção a líderes africanos, gabou o sistema de saúde da Nâmbia (nome de um suposto país do Continente Negro), que citou por duas vezes. Na transcrição do discurso de Donald Trump pelos serviços de tradução da Casa Branca, lá se emendou 'aquilo' para Namíbia; cujo presidente, Hage Geingob, se encontrava entre os presentes, mas que não protestou, nada disse que pudesse contrariar o Senhor do Mundo. E porque tal atitude seria tomada, certamente, por um acto ofensivo, um acto hostil para com o sucessor de Obama. Esta manifestação de azelhice só tem paralelo com a pergunta que, um dia, ao receber um político brasileiro de alto nível, Bush Jr. lhe fez : «-No Brasil também há pretos» ? Hilariante !!!

O NOSSO MUNDO É BELO (140) : BURUNDI

AS NUVENS...

«As nuvens, meu irmão,
são leviandades da criação».

** Dixit Millôr Fernandes (1923-2012), prosador, poeta, jornalista, pensador, desenhador e humorista brasileiro **

HOMENAGEM A PEDRO TEIXEIRA

Estas tropas de elite do exército brasileiro pertencem ao 2º Batalhão de Infantaria de Selva e foram investidas na missão de defender a Amazónia. Território sensível da mais vasta nação de toda a América Latina (e também do hemisfério sul) e o quinto país mais extenso do mundo. Esta unidade é também conhecida pelo nome de Batalhão Pedro Teixeira (outra das suas designações oficiais), em homenagem ao capitão-mor do mesmo nome; um militar português, natural de Cantanhede, que chegou ao Brasil em 1607 e por lá serviu e por lá morreu. Pedro Teixeira ilustrou-se, muito particularmente, na luta contra os Franceses e Holandeses (que chegaram a ocupar o norte do Brasil, aquando da União Ibérica) e, sobretudo, por ter chefiado a mais importante expedição que alguma vez explorou territórios amazónicos. A dita viagem, que o levou até Quito (no actual Equador, mas, ao tempo, integrada no vice-reino do Peru) à cabeça de uma coluna de mais de 2 500 elementos -essencialmente índios- durou dois anos e percorreu mais de 10 000 quilómetros de rios, trilhas e floresta nunca antes desbravados. Foi Teixeira quem praticamente desenhou as fronteiras do Oeste brasileiro, contribuindo, assim, para dar (como, aliás, o movimento bandeirante) a esse país-irmão a sua dimensão continental. Pedro Teixeira foi nomeado Capitão-Mor do Grão Pará e recebeu (por serviços prestados) o título de marquês de Aquella Branca. Faleceu a 6 de Janeiro de 1641 na cidade de Belém (do Pará), onde foi solenemente sepultado. É pena que os Portugueses continuem a ignorar este grande homem, este construtor de impérios. Ou, pelo menos, não o conheçam tão bem como os brasileiros. Sobretudo os da região do Amazonas.


Estátua de Pedro Teixeira na sua terra-natal : Cantanhede.

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (66)

Esta fotografia foi tirada em ano indeterminado(*) de finais da década de 30 (do século transacto, obviamente) e mostra-nos o chanceler da Alemanha Adolf Hitler na companhia do seu ministro da propaganda Josef Goebbels, da esposa (deste) e de alguns dos seus filhos; que foram, se a memória não me falha, seis. Este retrato fez-me lembrar daquele filme alemão «A Queda : Hitler e o Fim do Terceiro Reich» (realizado por Oliver Hirschbiegel, em 2004). Um filme que relata os últimos dias do ditador nazi, entrincheirado no seu 'bunker' e rodeado pelos seus derradeiros fiéis, entre os quais se contavam os esposos supracitados. Ora, na cena, quiçá, mais dramática dessa excelente película, inspirada por factos atestados como sendo absolutamente verídicos -por testemunhas presenciais do drama e pelos historiadores- assiste-se ao suicídio colectivo de toda a família Goebbels, inclusivamente ao frio envenenamento (com pastilhas altamente venenosas) de todos os seus filhos pela mãe Magda. Uma sequência de horror, mas muito em conformidade, afinal, com a natureza daquelas monstruosas criaturas, que foram capazes -como é do conhecimento geral- de planear e de perpetrar o martírio de milhões de seres humanos nos campos de extermínio nazis. Que isto seja dito e recordado para que o género humano não esqueça. Nunca mais !

(*) Há quem afirme que esta fotografia foi tirada em 1938, durante um encontro de reconciliação do casal apadrinhado por Hitler. Com efeito, Josef Goebbels era useiro e vezeiro na 'arte de dar facadas no casamento' e, entre 1936 e 1938, manteve mesmo uma relação íntima e continuada com a actriz checa Lida Baarova. Sendo, nessa altura, necessária a intervenção do 'führer' para que o casamento com Magda se recompusesse. Mas, segundo os biógrafos desta última, também ela teve vários amantes durante a sua união marital com o ministro nazi, conhecendo-se até a identidade de dois deles. Cambada !

HISTÓRIAS SANGRENTAS DE PORTUGAL


«Grandes Vinganças da História de Portugal», da autoria de Ricardo Raimundo, foi lançado, em 2017, pela Manuscrito Editora. Nesse livro, e tal como é dito no texto de lançamento, «o historiador reúne mais de 40 episódios de traições e vinganças da História de Portugal, desde o início da nacionalidade até ao século XX»... Esta obra é «um retrato curioso da nossa História feito à lei do olho por olho, dente por dente». Leia, se for alguém de curioso, que está interessado em aprofundar os seus conhecimentos sobre factos que mancharam as páginas da História de Portugal com o sangue de mártires e de vilões, dos quais, por vezes, só e vagamente conhecemos um nome : Humberto Delgado, Sidónio Pais, Inês de Castro, Duque de Aveiro, D. Maria Teles, os Távoras, etc. Eu ainda não li, mas tenho a intenção de o fazer brevemente.

ONTEM VI «ONDE MORRE O VENTO». GOSTEI, MAS...


Ontem à noite, deu-me para ver um filme de 1954, que já não visionava há muitos anos.  Um melodrama realizado por Allan Dwan, em 1954, e cuja acção decorre na Alta Califórnia, quando esse território do Oeste americano ainda fazia parte da geografia do México. Antes, pois, dessa rica região lhe ter sido roubada pelos EUA, na sequência da guerra americano-mexicana de 1848; que foi planeada nos salões da Casa Branca para isso mesmo. Para materializar a ideia do 'Destino Manifesto', que faria estender o território das antigas treze colónias (da coroa britânica), das margens do Atlântico até às águas do longínquo oceano Pacífico. Enfim, mas isso é outra história, que pouco terá a ver com aquilo que justifica o alinhavar destas linhas. A película em questão -com produção de Benedict Bogeaus e marca da distribuidora RKO- recebeu, no nosso país, o poético título de «ONDE MORRE O VENTO» (t.o. : «Passion»), embora eu, até hoje, ainda não tenha percebido o porquê dessa escolha. Mas isso também é secundário, sem grande interesse... O importante é saber que esta fita se tornou um clássico do cinema hollywoodiano, não tanto pela excelência da história contada (que é a banalíssima narrativa de uma vingança, que não foi levada até às suas últimas consequências), nem, tampouco, pelas interpretações 'inesquecíveis' dos actores principais, que foram : Cornel Wilde, Yvonne de Carlo (mais bela do que nunca), Raymond Burr, Lon Chaney Jr., Rodolfo Acosta, John Qualen e Anthony Caruso. Mas, estou convencido que o seu classissismo se deve ao facto de ser um filme pouco convencional, que fixou a acção numa terra e num tempo algo exóticos e que soube criar uma atmosfera menos em conformidade com o modelo habitual ao carimbado com a marca 'made in Hollywood'. Gostei ! Mas confesso que me senti incomodado com anacronismos que eu (cada vez mais chato) detectei ao longo do filme. E desde as primeiras imagens. Que mostram o herói da fita à frente de uma manada de bovinos que não deveriam encontrar-se ali no tempo da Califórnia ainda mexicana. Esse gado é, com efeito, constituído por animais de raça 'Hereford', de origem inglesa, que (na primeira metade do século XIX) ainda não haviam sido introduzidos naquela região. Outro detalhe que me incomodou foi ver nas mãos de algumas das personagens da história (nomeadamente nas mãos da polícia que persegue Juan Oberon) armas que só seriam fabricadas em... 1858, como os reconhecíveis revólveres Remington 'New Model Army' de calibre 44. E que, de 1861 até 1865 tiveram um uso exclusivamente militar, nas fileiras do exército federal e nas do exército da Confederação dos Estados do Sul. Pena que a cronologia das coisas não tenha sido respeitada... .Mas enfim, reconheço também, e facilmente, que coisas destas só interessam aos coca-bichinhos. Raios partem os velhos !

Na fotografia acima anexada, pode ver-se (parcialmente) à cinta do actor Anthony Caruso -que neste filme encarna a personagem do sargento Muñoz- a coronha e parte do mecanismo de um revólver Remington. Uma marca rival da fábrica de armas de Samuel Colt, que, com certos modelos, chegou a suplantá-la comercialmente.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

PARTICULARIDADES CURIOSAS DA NOSSA LÍNGUA : 'CHAMAR-LHE UM FIGO'


A expressão portuguesa 'chamar-lhe um figo' parece não ter equivalência noutras línguas. Mesmo nos mais próximos idiomas, como o castelhano e/ou o francês, também eles de raiz latina. Como todos sabem, essa expressão quer dizer 'comer sofregamente uma coisa que se considera deliciosa' ou (e ainda) 'servir-se de algo com grande prazer'. Podendo utilizar-se, pois, em situações que nada têm a ver com os supraditos frutos ou com o prazer de comer. O que é bom saber, porque se tal fosse o caso, eu estaria lixado (passe o palavrão), porque nunca apreciei figos. Nem frescos, nem secos.

MAGNÍFICA BIBLIOTECA

Esta é uma das sumptuosas salas da Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra; que, funciona no 4º piso da ala nascente do famoso convento mandado erigir, naquela vila, pelo rei D. João V de Portugal. Ocupa um dos espaços mais nobres e de maior volume do monumento, que, fisicamente, é uma peça em forma de cruz, de tecto abobadado e com as seguintes dimensões : 85 metros de comprimento por 9,50 metros de largura por 13 metros de altura. O dito espaço é, todo ele, pavimentado em pedra lioz(*) de várias cores e, nas suas estantes -em estilo Rococó- conservam-se 36 000 volumes, sendo alguns desses livros de grande raridade, tal como uma segunda edição de «Os Lusíadas». Esta é, sem dúvida alguma, uma das mais belas bibliotecas do nosso país. Que vale a pena ser visitada.

(*) A pedra lioz é uma espécie mais ou menos rara de calcário, fácil de trabalhar (daí ser considerada uma rocha ornamental), que, em Portugal, teve as suas mais importantes jazidas na região de Lisboa /Sintra. De vários tons, a pedra lioz foi muito utilizada na construção e adornos de monumentos, tais como a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos, o Convento de Mafra (como já se referiu), o pedestal do monumento a D. José I (no Terreiro do Paço), a Estação do Rossio, etc.

TESOURO ENTERRADO NA COSTA ALENTEJANA

-Sabia que, algures nos areais da costa alentejana, entre o istmo de Tróia e a lagoa de Melides, repousam (enterrados) os restos do galeão espanhol «Nuestra Señora del Rosario», que por ali se afundou (na sequência de forte temporal) em 7 de Dezembro de 1589 ? Pois acredite, que é verdade. Como autêntico é esse navio do século XVI transportar, no momento do seu naufrágio, 22,7 toneladas de ouro ! Este acontecimento é atestado por arqueólogos internacionais (nomeadamente portugueses), que, para chegarem a resultados credíveis, se têm socorrido de documentos existentes nos arquivos do país vizinho, que consultaram exaustivamente. O problema para desenterrar esse fabuloso tesouro é, primeiramente, localizá-lo numa área de costa relativamente vasta e, depois, conseguir os meios (técnicos, entre outros) para poder resgatar navio e carga; que poderão, devido ao movimento das marés e dos fundos marinhos, estar sepultados a grande profundidade. Há um projecto (que, provavelmente, não será único) para tentar encontrar o famoso 'galeão do ouro', que é coordenado pelo arqueólogo português Alexandre Monteiro e apoiado pelo Instituto de Arqueologia e Paleontologia da Universidade Nova de Lisboa, pela Câmara Municipal de Grândola e pela Universidade do Algarve; que trabalham sobre o assunto. Mas que, só por milagre (feito, por exemplo, pela patrona do galeão castelhano), obterá resultados a breve ou médio prazo. E é até possível que, na tentativa para encontrar o «Nuestra Señora del Rosario» e o seu fabuloso espólio, as equipas arqueológicas acabem por descobrir o rasto de uma outra velha embarcação. De um dos mais de 15 navios que, naquela costa, se perderam entre 1551 e 1650. O que não seria de todo improvável...

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

«MADRE PAULA» ACABA HOJE

Termina hoje, ao que me foi dito, a série «Madre Paula» transmitida pelo 1º canal da RTP. Confesso que apreciei esta quase-ficção, que foi interessante em muitos aspectos. Espero é que aqueles que se interessaram pela figura do magnânimo (leia-se o leviano e o perdulário) rei  D. Pedro V, sejam espicaçados na sua curiosidade e queiram saber algo mais sobre esse soberano do século XVIII; que, para além de ter dilapidado os milhões proporcionados pelo ouro e pelos diamantes do Brasil (com a Igreja, nomeadamente, que lhe comeu os olhos), construído o faraónico convento de Mafra, etc. também fez alguma coisa útil. Como, por exemplo, ter mandado erguer o aqueduto das Águas Livres, que permitiu matar a sede aos lisboetas. Se quiserem aceitar um conselho desinteressado, leiam «O João V, o Homem e a sua Época», da autoria de Mário Domingos; um livro fácil de ler e repleto de informações sobre essa figura polémica da nossa História e sobre o Portugal do seu tempo.

FILOSOFIA BARATA


Lembro-me perfeitamente de Isabel II de Inglaterra nos seus primeiros anos de reinado. Era uma 'lady' graciosa e simpática, que até granjeava as boas graças de gente que se assumia como partidária intransigente da República. Não os contei, embora pudesse fazê-lo, mas parece que, em anos, esta soberana já ultrapassou o longo reinado da sua tetravó, a rainha-imperatriz Vitória. E isto faz-me pensar quão velho já sou; que sou um ancião (sem barbas), cujo prazo de validade está próximo do fim. Coisa que eu encaro -e digo-o sincera e serenamente- com a maior das naturalidades. Porque mesmo que o tempo da existência de um homem se pudesse comprar, eu não tinha dinheiro (nem crédito nos bancos) para adquirir um suplementozinho de vida... E o que me consola, afinal, é saber que as cabeças coroadas, os milionários e os homens mais sábios do mundo também vão, chegada a sua hora, desta para melhor, como sói dizer-se. Essa é, pois, a única justiça que a Natureza pode fazer. Nivelar as coisas e instruir-nos que, na morte, somos todos iguais... como os grãos de areia do deserto.

COM RIOS DE LÁGRIMAS, NÃO !


Gosto muito de ouvir cantar o fado. Mas, assim, choradinho desta maneira, nem tanto. Já bastam as desgraças que nos atormentam no dia-a-dia, o rol de misérias que nos envenena a vida...

-SABIA QUE...

-Sabia que, aquando do consulado de Marcelo Caetano -o delfim de Salazar, deposto pela Revolução do 25 de Abril- esteve em circulação, em Portugal, uma moeda de 1 tostão (ou seja de 10 centavos de Escudo), à qual o povo dava, indiferentemente, o nome de 'marcelinho' ou de 'caetaninho' ? Pois é verdade. Essa moedinha era também designada pelo depreciativo nome de 'moeda flutuante', porque era tão insignificante, tão ligeira, tão ligeira que, quando colocada, de face, à superfície da água (ou de qualquer outro líquido) não se afundava. Nota final : na imagem anexada, os 'marcelinhos' são as moedas de topo.

AS MINHAS CRÓNICAS (12)

Esta minha crónica, baptizada «QUANDO OS ZEPPELINS BOMBARDEAVAM A INGLATERRA...», foi publicada na revista «M. A.» (órgão oficial da F.A.P.), em Março/Abril de 1990. Reproduzi-mo-la aqui na íntegra.

Depois do primeiro bombardeamento estratégico realizado contra a Alemanha -que foi, lembramos, levado a cabo em 8 de Outubro de 1914 por duas equipagens do Royal Naval Air Service e que se saldou, concretamente, pela destruição do moderno Zeppelin LZ-25- o Estado-Maior do 'kaiser' não descansou enquanto não pôde provar ao seu congénere britânico que a Inglaterra, apesar da sua privilegiada situação geográfica, não estava ao abrigo de uma riposta similar e imediata.
Autorizado, em Janeiro de 1915, por Guilherme II a empregar os zeppelins contra o inimigo, o capitão-de-fragata Peter Strasser (comandante do corpo de dirigíveis da marinha imperial) arquitectou, logo para a noite de 13 de Janeiro, um plano de bombardeamento que deveria levar à destruição de equipamentos portuários implantados no curso inferior do Tamisa e à neutralização de instalações militares do adversário, situadas nas costas britânicas do mar do Norte.
A operação, desencadeada na data prevista, foi, porém, abandonada, antes dos aparelhos alemães terem atingido o território inimigo, devido às péssimas condições atmosféricas verificadas nessa noite, caracterizadas por ventos violentos e por chuvas torrenciais.
Assim, só alguns dias mais tarde, na manhã de 19, foi, de novo, possível aos LZ-24, LZ-27 e LZ-31 largar da sua base de Fuhlsbuttel com destino às ilhas britânicas. O comandante Strasser, que tomara lugar a bordo do LZ-31, e que deveria chefiar o histórico ataque, viu-se constrangido a abandonar a missão já nas proximidades do objectivo (quando se encontrava a apenas 145 km do Tamisa), devido a uma grave avaria no sistema propulsor do seu dirigível, que lhe paralizou um dos três motores de bordo. A partir de então, o êxito da operação iria depender unicamente da perícia e da coragem das tripulações dos restantes aparelhos.
O primeiro deles, o LZ-24, colocado às ordens do capitão-tenente Fritz, que tinha recebido instruções para bombardear o complexo-portuário-industrial do estuário do rio Humber, viu-se forçado por uma inclemente nortada a desviar do seu rumo, acabando por largar os seus projécteis (seis bombas explosivas e sete incendiárias) sobre Great Yarmounth, cujo céu acabou, aliás, por deixar precipitadamente, devido à virulenta acção da artilharia antiaérea inimiga. O LZ-24, depois de um cruzeiro que durou cerca de 23 horas, regressou,  sem ter sofrido danos, à sua base, na manhã de 20 de Janeiro.
O LZ-27, quanto a ele, também não conseguiu o sucesso esperado e teve de contentar-se com alvos de importância ainda mais modesta. Efectivamente, depois de ter lançado algumas bombas sobre as pequenas localidades de Snettisham e de Sandringham, este dirigível alemão finalizou a sua missão sobre a Inglaterra, largando o essencial da sua carga de guerra (constituída por sete bombas explosivas e por seis engenhos incendiários) sobre a aldeia de Kings Lynn; que, das alturas, a sua tripulação havia tomado por uma importante metrópole.
O raide germânico, que causou apenas dois mortos e alguns desgastes materiais, teve, no entanto, uma grande importância do ponto de vista psicológico, visto ter demonstrado, categoricamente, a vulnerabilidade das ilhas britânicas face ao ataque dos dirigíveis do inimigo; que não tardariam, aliás, em repetir as suas agressões nocturnas.
Com efeito, cinquenta outros ataques de zeppelins seriam programados e levados a cabo pelos tudescos contra a velha e orgulhosa Albion, tendo-se verificado o último deles em 1 de Agosto de 1918, quer dizer três meses antes da assinatura do armistício que poria cobro aos combates da Grande Guerra.
Esses bombardeamentos realizados pelos dirigíveis, custaram à Inglaterra 157 mortos, alguns milhares de feridos e prejuízos materiais importantíssimos.
Quanto aos dirigíveis construídos pela firma fundada pelo conde Zeppelin, ainda dariam que falar, uns anos mais tarde (na década de 30), quando, ostentando as cores e insígnias do sinistro regime hitleriano, se ilustraram num número incontável de viagens comerciais e de propaganda, que os conduziram às Américas e os levaram a efectuar várias e espectaculares voltas ao mundo.

(M.M.S.)

PUBLICIDADE COM MAIS DE UM SÉCULO


Neste seu bonito cartaz de cariz publicitário, a companhia de navegação britânica Cunard Line gaba os serviços prestados pelos seus paquetes «Lusitania» (aqui apresentado como sendo 'o maior, o mais luxuoso e o mais rápido navio do mundo') e «Mauretania», na linha transatlântica Liverpool-Nova Iorque-Boston. Esta mensagem comercial foi, forçosamente, transmitida ao público antes de do afundamento do primeiro navio citado -o «Lusitânia»- que soçobrou ao largo das costas da Irlanda, no dia 7 de Maio de 1915, depois de ter sido torpedeado pelo submarino alemão «U-20». No naufrágio deste navio registaram-mais mais de 1 200 mortos, de entre os quais 128 eram de nacionalidade norte-americana. Isso bastou para que os EUA declarassem guerra à Alemanha Imperial e entrassem em força no primeiro conflito generalizado da História. Disse-se (e escreveu-se) que o ataque ao paquete inglês foi justificado pelo facto do «Lusitania» ter sido carregado com munições, destinadas a reforçar o poder de fogo das tropas britânicas já envolvidas no conflito...

Nota : o navio representado no cartaz pode ser um ou outro dos transatlânticos citados, visto serem 'sister ships'. Isto é navios com idênticas características. A imagem pode ser ampliada com um clique do rato.

O HUMOR (SÉRIO) DE MILLÔR FERNANDES

Citação :

«Com muita sabedoria, estudando muito, pensando muito, procurando compreender tudo e todos, um homem consegue, depois de mais ou menos 40 anos de vida, aprender a ficar calado».

OS BONS PRODUTOS DA NOSSA TERRA

A broa (ou boroa) de milho foi, no nosso país e durante séculos, o alimento-base das famílias pobres. Que lhe preferiam (por vezes sem lhe poder chegar) o alvo pão de trigo. Lembro-me que, em casa da minha avó materna, já lá vão mais de seis décadas, se cozia semanalmente uma fornada de pão. Essencialmente de pão de trigo, mas que incluía sempre algumas das famosas broas de milho. E da minha antepassada desafiar o meu avô a degustá-las, porque, segundo ela e daquela vez, tinham saído «mesmo boas» ! Ao que o meu avô João respondia, invariavelmente, o seguinte : -Pois é Alice, é precisamente quando elas estão «mesmo boas», que eu prefiro comer pão branco. Recusando, assim, meter o dente numa broa que lhe havia sido imposta (devido, pela certa, a constrangimentos económicos) durante toda a sua juventude. Eu cá gosto de broa, sobretudo quando a dita é bem confeccionada e ainda nos é proporcionada quentinha, a sair do forno. Mesmo que este seja eléctrico. De vez em quando compro uma para matar saudades e para quebrar a monotonia do pão nosso de cada dia, feito com farinha de trigo... Utilizo-a, também e por vezes (a broa de milho), esfarelada para colocar sobre uma posta de bacalhau, de polvo ou de qualquer outro petisco que aceite bem essa união. Que, aliás, eu acho deliciosa !

LENDÁRIO «ARGO»

Este selo postal grego (com um valor facial de 5 dracmas) mostra-nos o «Argo», um navio da mitologia helénica que, segundo a lenda, terá levado Jasão e os seus companheiros (os argonautas, está bem de ver) a uma terra longínqua e misteriosa -a Cólquida, que, ao que parece, corresponde à actual Geórgia- em busca do Velo de Ouro. Ou da Tosão de Ouro, como também é conhecida essa presa. Argo era, igualmente e segundo a tradição, o nome do construtor e piloto do fabuloso navio, capitaneado por Jasão, o herói.

TRANSPORTES DO PASSADO

Este autocarro dos Claras -conhecida empresa de transportes colectivos com sede em Torres Novas- ainda operava nos anos 50 do passado século. E eu ainda os conheci a calcorrear as poeirentas e esburacadas estradas do país. Devido ao estado lamentável da rede viária nacional, era impossível exigir conforto a veículos, que, naquelas circunstâncias, se degradavam rapidamente. Mas, ainda assim, tomar a 'carreira' (dos Claras ou das empresas concorrentes) era um 'luxo' muito apreciado pelas populações, nomeadamente de origem rural; para as quais o comboio nem sempre constituía uma alternativa...

A ARTE E A MANEIRA : OS DRAGÕES VENCERAM NO MÓNACO

Ontem à noite, no seu desafio contra a equipa monegasca, o F.C. Porto venceu (por 0-3) e... convenceu. Esperemos pelos próximos jogos dos tripeiros, que, no estádio Luís II, parecem ter confirmado a sua grande forma e, afirmado, indirectamente, a sua firme intenção de se lançar em voos ambiciosos, nomeadamente no que respeita aquele que poderá levar à conquista do mais ambicionado troféu do futebol português. O próximo jogo em Alvalade, com os donos da casa, será a prova real, cujo resultado se espera para confirmar (ou não) a forma exuberante e ganhadora do seu jogo. De qualquer forma, e a continuarem assim, será muito difícil ao Sporting e ao Benfica baterem tal equipa. A ver vamos...

BORDÉUS : A PONTE DE PEDRA

Esta obra de arte, que permite a travessia do rio Garonne, em Bordéus (rio que, a partir dali, e até à foz, passa a chamar-se Gironda), foi concebida pelos engenheiros de obras públicas Deschamps e Billaudel e abriu à circulação em 1822. Foi a primeira obra do género a servir a cidade de Bordéus (no seu espaço urbano) e assim se manteve durante mais de 130 anos. Para realizar e financiar as obras dessa ponte de 17 arcos e com um comprimento de 486 metros, foi constituída a Compagnie du Pont de Pierre, cujos accionistas foram reembolsados do capital investido pelo estabelecimento de portagens. De qualquer modo, esta ponte (que apresentou grandes dificuldades de construção, devidas às fortes correntes do rio) trouxe à cidade um incremento (nomeadamente industrial) notável, assim como à sua região. Eu ainda conheci esta ponte (nos anos 60 do passado século) como meio singular para atravessar aquele obstáculo natural constituído pelo Garonne. Situação incómoda para quem vinha para Portugal (por exemplo) e que era ali obrigado (sobretudo nos meses de Verão) a pacientar, com os seus carros, em longas filas, antes de atingir -por vezes, horas mais tarde- a margem esquerda do referido rio. Até que, em finais dos já referidos anos 60, foi aberta à circulação automóvel a moderna ponte suspensa ('Pont d'Aquitaine') e, pouco tempo depois, as autoestradas e respectivas alcântaras, que permitiram dar mais fluidez ao trânsito. Que, desde então, deixou de ser problemático, à excepção (obviamente) das horas de ponta. Actualmente, suporta também o metro de superfície local.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

ANNO DOMINE DE 1096

Raramente nos lembramos do facto de Portugal ter nascido (com o nome de Condado Portucalense) no contexto do movimento das Cruzadas. 1096 foi, com efeito, o ano em que o nobre cavaleiro borgonhês D. Henrique recebeu (por vontade do rei Afonso VI de Leão) as terras de Entre-Douro-e-Minho, em recompensa pelos serviços prestados à cristandade aquando da Reconquista. Por outro lado, também data desse ano, o início da 1ª Cruzada contra os 'infiéis'. E lembramos que foram os cruzados, vindos do norte da Europa (Ingleses, Normandos, Flamengos, Alemães e outros) quem, em diversas ocasiões, ajudou os nossos primeiros reis a conquistar castelos, vilas, cidades e a dilatar o nosso território nacional. Que, rapidamente, se estendeu até Coimbra. Há, no entanto, referências (e é útil lembrá-las) datando do ano de 868, que atestam a fundação e administração -por Vímara Peres, um chefe de guerra galego- de um território denominado Portugália. A nossa nação é, pois, muito mais antiga -enquanto entidade política autónoma- do que o Tratado de Zamora, que reconheceu, em 1143, a realeza de D. Afonso Henriques. Figura que a História consagrou como primeiro soberano deste Reino.

LOGO À NOITE HÁ FUTEBOL

Logo à noite vou ver -na TV- o jogo de futebol que se vai disputar entre as equipas da A.S. Mónaco e do F.C. Porto. Acontecimento que, hoje, enche (e que amanhã, certamente, encherá) páginas inteiras de jornais e ocupa e ocupará um tempo exagerado nas programações dos nossos canais da rádio e da televisão. De tal modo, que é fácil estar de acordo com esta 'sentença' do humorista brasileiro Millôr Fernandes, que um dia disse : «O futebol é o ópio do povo e o narcotráfico dos média». Pelo menos no seu país e em Portugal, isso é uma verdade incontestável !