terça-feira, 29 de novembro de 2011

OS FILMES DA MINHA VIDA (91)


«A ÚLTIMA CARAVANA»

FICHA TÉCNICA
Título original : «The Last Wagon»
Origem : E . U. A.
Género : Western
Realização : Delmer Daves
Ano de estreia : 1956
Guião : James E. Grant, Delmer Daves e Gwen B. Gielgud
Fotografia (c) : Willfrid Cline
Música : Lionel Newman
Montagem : Hugh S. Fowler
Produção : William B. Hawks
Distribuição : 20th. Century-Fox
Duração : 99 minutos

FICHA ARTÍSTICA
Richard Widmark …………………………………………… Todd
Felícia Farr ……………………………………………………… Jenny Putman
Susan Kohner ………………………………………………….. Jolie Normand
Tommy Rettig ………………………………………………….. Billy Putman
Stephanie Griffin ……………………………………………. Valinda Normand
Ray Stricklyn ……………………………………………………. Clint
Nick Adam …………………………………………………………. Ridge
Carl Benton Reid ………………………………………………. general Howard
Douglas Kennedy ………………………………………………. coronel Normand
James Drury ……………………………………………………… tenente Kelly
George Mathews ................... Bull Harper

SINOPSE
1873, no território do Arizona. Depois de uma longa perseguição, Bull Harper -xerife da pequena localidade de Oak Crek- acaba por capturar o fora-da-lei Comanche Todd, assassino dos seus três irmãos.
Temendo um ataque dos Apaches, Harper e o seu prisioneiro juntam-se a uma caravana de pioneiros que se dirige para a cidade de Tucson. A brutalidade com a qual o xerife trata o detido, acaba por dividir os viajantes. Jenny e Benny Putman tomam partido pelo acorrentado Todd e exigem do agressivo xerife que lhe seja permitido nutri-lo, já que o prisioneiro está privado de alimentos há três dias. Mas só forçado é que Bull Harper cede a esse pedido humanitário.
Aproveitando um momento de distracção do seu algoz e dos membros da caravana, Todd (que se encontra parcialmente acorrentado à roda de um carroção) apodera-se de um machado e lança-o ao peito do xerife, matando-o.
A caravana prossegue o seu caminho. Mas, durante uma cálida noite, seis jovens ausentam-se sorrateiramente do acampamento para irem mergulhar nas águas frescas de uma torrente das proximidades. Ao regressarem desse seu furtivo banho nocturno, os jovens verificam, horrorizados, que todos os seus companheiros e familiares haviam sido massacrados pelos Apaches. Todos, salvo Comanche Todd, que jaz no fundo de uma ravina atado aos destroços de um carroção.
Depois de um breve conciliábulo, os sobreviventes acabam por reconhecer que só Todd (que vivera muitos anos entre os pele-vermelhas) os poderá salvar da situação desesperada em que se encontram.
Com alguma sorte, mas também graças aos conhecimentos de Todd, todos os jovens acabam por sair ilesos da aventura. Mas, o ex-prisioneiro do falecido xerife de Oak Creek é recapturado, desta vez pela autoridade militar, que o submete ao julgamento do general Howard, um homem severo, mas justo. Todd vai revelar ao tribunal as razões da sua sanha contra os irmãos Harper, os violadores da sua defunta mulher comanche e os assassinos de toda a sua família : da esposa e dos dois filhos menores do casal.
Instado por Jenny Putman (apaixonada pelo detido), o general Howard, presidente do tribunal, acaba por tomar em consideração as vidas salvas por Todd, além de lhe reconhecer alguma legitimidade para matar os irmãos Harper. Absolvido, o réu é devolvido à liberdade; e parte com Jenny e Billy (que exultam !) fundar uma nova família.

O MEU COMENTÁRIO
Richard Widmark considerava «A Última Caravana» como um dos melhores westerns da sua carreira e disse dele (numa entrevista concedida, em 1968, à revista francesa «Positif») que era «um bom filme, simples e emocionante».
Rodada inteiramente em exteriores no Arizona, a fita «A Última Caravana» é também considerada por muitos historiadores do cinema e por muitos críticos, como «a mais acabada, a mais atraente e aquela que melhor caracteriza a arte da paisagem e a técnica da dramatologia de Delmer Daves».
André Moreau, redactor da revista «Télérama» (outra publicação francesa), sublinhou a qualidade do retrato psicológico das personagens deste filme e a importância que Daves concedeu ao quadro natural, à paisagem. Elementos que, segundo este crítico, haviam transformado aquele que deveria ser apenas «mais um banal western», num filme sensível e belo. No qual se fez, acrescento eu, o processo do racismo (essa chaga aberta da sociedade norte-americana) e a apologia da coragem.
Note-se a presença no elenco deste filme, além do supracitado Richard Widmark (um actor com pergaminhos no género western), da excelente actriz Felicia Farr, uma senhora que, no mesmo ano de 1956, já trabalhara com Delmer Daves na rodagem de ««Jubal» (outra fita ambientada no Faroeste) e haveria de participar no ano seguinte, sempre sob a orientação do referido cineasta, na magnífica película «O Comboio das 3 e 10», que é, na minha modesta opinião, a obra-prima do realizador e um dos melhores westerns jamais produzidos por Hollywood.

(M.M.S.)


Cartaz belga de promoção desta fita


Comanche Todd (Richard Widmark, à direita na imagem) é o sofrido herói desta história 'mise'en-scène' por Delmer Daves, um dos mestres do cinema western


Cartaz francês


O xerife Bull Harper (o actor George Mathews, à direita) brutaliza o seu prisioneiro Comanche Todd (Richard Widmark)


Cartaz espanhol


Jenny Putman (Felicia Farr) e o seu jovem irmão Billy (Tommy Rettig), levantam-se contra o tratamento desumano infligido a Todd


Cartaz alemão


Amarrado à roda de um carroção, Todd (Richard Widmark) é alimentado pelo jovem Billy Putman (Tommy Rettig)


Capa do DVD editado nos E. U. A.


O xerife Harper (George Mathews) dá, a contragosto, de beber a Todd (Widmark)


Mais um cartaz original da fita «A Última Caravana»


Depois do ataque mortífero dos Apaches (ao qual ele próprio sobreviveu), Comanche Todd assume o papel de protector dos jovens pioneiros


«A Última Carroça» é o título brasileiro deste clássico do cinema western



No final feliz de «A Última Caravana», Jenny Putman (Felicia Farr, em primeiro plano) é a mulher que promete uma vida nova ao corajoso e abnegado Todd

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

VALHA-NOS O FADO !


Depois de horas expectantes, o Fado lá foi (muito justamente !) elevado, pela UNESCO, à categoria de Património Imaterial da Humanidade. Aqui fica o meu obrigado (e sem dúvida o de todos aqueles que apreciam esta expressão popular da nossa cultura e da nossa tradição) a todos aqueles que lutaram pela sua promoção internacional. Bem hajam !!!

HOMENAGEM A JOÃO DA NOVA, MARINHEIRO GALEGO AO SERVIÇO DE PORTUGAL


João da Nova nasceu em Maceda, Ourense (Galiza), por volta de 1460. Os seus pais mandaram-no para Portugal quando ele era ainda menino, para o pouparem às guerras dos Irmandiños. Foi educado e formado na arte da marinharia em Lisboa, cidade da qual chegou a ser alcaide, por graça de el-rei D. Manuel I, que muito o estimava


Foi também o rei 'Venturoso' que, em 1501, lhe confiou o comando de uma armada composta por 5 naus e o mandou à Índia para comerciar especiarias e para participar nas guerras do Malabar


A 13 de Maio desse mesmo ano de 1501, João da Nova descobriu a ilha de Ascensão, hoje sob administração britânica. Um pouco mais tarde, durante a mesma navegação para a Índia, o capitão galego topou com a ilha de Santa Helena, para onde, três séculos decorridos, os Ingleses haveriam de desterrar Napoleão Bonaparte


Essas ilhas, sem grande importância económica, serviram de aguada aos navios portugueses durante algum tempo, nas suas longas carreiras para o Oriente


Belíssima praia da ilha João da Nova (4,4 km2 de superfície), situada no canal de Moçambique. O navegador galego descobriu-a também no ano de 1501, durante a sua movimentada e já referida viagem para a Índia. Esta ilha está, actualmente, sob administração francesa e depende do governo territorial da Reunião. A ilha não tem população permanente, a não ser uma guarnição de fuzileiros navais franceses e um 'gendarme', que protegem uma pista de aviação e uma estação de meteorologia ali existentes


João da Nova foi, reconhecidamente, um dos grandes capitães do Portugal de início do século XVI. No Oriente, participou das guerras que a gente lusa travou contra o Samorim de Calecute e fundou a feitoria portuguesa de Cananor. Depois de ter regressado ao Reino e de por cá ter passado um temporada, o intérprete navegador galego voltou -em 1505- à Índia na companhia de D. Francisco de Almeida. Sabe-se que, em 1506, capitaneou a poderosa nau «Flor de la Mar», que chegou a ser o maior navio do seu tempo. Teve desentendimentos com Afonso de Albuquerque, que o chegou a mandar prender, ao que parece, por actos de rebelião. Mas o 'Leão do Oriente' acabou por reabilitá-lo depois de João da Nova se ter comportado com singular valentia no ataque a Mascate (Omã). Este intrépido capitão originário da Galiza faleceu em Cochim (na Índia) em 1509, quando teria uns 50 anos de idade. Afonso de Albuquerque esteve no seu enterro, ao qual assistiu «com sinais de grande sentimento»

DA 'VESPA' AO PÓPÓ DE 86 000 EUROS


Com o país à beira da bancarrota e com os Portugueses a sofrerem as agruras da crise que os banqueiros e os políticos engendraram, o governo continua a fazer a demonstração de estar -como prometeu- a cortar nas gorduras do Estado. A imprensa de hoje refere a compra de um automóvel, para uso de um senhor ministro, pela módica quantia de 86 000 euros ! -Além de ser uma manifestação ridícula e ultrajante de novorriquismo, a verdade é que também se poupa; porque aos irresponsáveis que colocámos no poleiro podia-lhes dar para adquirir um Rolls-Royce. Que, obviamente, nos custaria (a nós Portugueses) muito mais dinheiro...

ANDAM SELVAGENS À SOLTA !


Depois da derrota (normal) da sua equipa num jogo contra o Benfica, uma cáfila de energúmenos da claque sportinguista deitou o fogo a uma bancada do Estádio da Luz, provocando estragos já avaliados em 500 000 euros. Esta gente, que desvirtua o espectáculo desportivo e até atenta contra o bom nome do seu próprio clube, já foi identificada pela P. J. como pertencendo a um grupelho chamado 1143, que é uma ramificação do movimento neonazi a operar no nosso país. Porque razão esperam a polícia e a justiça para meter esta cambada na cadeia ? Nos tempos difíceis que correm, a populção portuguesa não pode, nem quer aturar as bestices de terroristas desta espécie; portanto, jaula com eles !

domingo, 27 de novembro de 2011

ENQUANTO DURA O 'SUSPENSE'...


Enquanto dura o 'suspense' que precede a integração do Fado (pela UNESCO) no espólio imaterial da Humanidade, aqui deixo o retrato de duas grandes figuras da canção lisboeta, que, ao longo dos anos, se tornou património de todos os Portugueses : Alfredo Duarte, o Marceneiro (alfacinha de gema) e Lucília do Carmo, natural da cidade alentejana de Portalegre; intérpretes inesquecíveis de fados como «A Casa da Mariquinhas», «Cabelo Branco», «Amor é Água que Corre» / «Maria Madalena», «Tia Dolores», «Foi na Travessa da Palha»

LAGO TAHOE


O lago Tahoe banha território de dois estados do Oeste americano : a Califórnia e o Nevada. É um vasto plano de água (cerca de 500 km2 de área), com paisagens paradisíacas, que -tanto no Verão, como no Inverno- atrai muitos milhares de turistas; que para ali vêm passar férias agradáveis e praticar vários desportos, tais como o nautismo, o hipismo, a pesca, o esqui, a natação, as caminhadas e muitos outros mais. Eu confesso que, quando ouço pronunciar o nome deste lago, me acode logo ao 'celebro' a lembrança da família Cartwright, de «Bonanza», a famosa série televisiva da NBC. Isto, pelo facto da propriedade do referido clã -o rancho 'Ponderosa'- se situar numa margem do Tahoe; como é mostrado no genérico de cada um dos seus 430 episódios


Belíssimo cartaz dos anos 40/50 promovendo a beleza do lago Tahoe e das regiões circundantes. As montanhas que se avistam, ao longe, pertencem à serra Nevada, cadeia montanhosa que separa a Califórnia do estado do Montana


Foto satelitar que mostra a integralidade do Tahoe; que tem 35 km de comprimento


Os contrafortes da serra Nevada no lado californiano do lago Tahoe

sábado, 26 de novembro de 2011

«FADO MARAVILHAS»


Fui num domingo a Cacilhas
Mais o Chico Maravilhas
Comer uma caldeirada.
A gente não nada em taco
Mas vai dando pró tabaco
E para regar a salada.
É porque isto é mesmo assim
A gente morre e o pilim
Não vai para a cova com a gente
E antes gastá-lo no tacho
Do que na farmácia, eu acho
Isto é que é principalmente.
Terminada a refeição
Ao entrar na embarcação
Começou a grande espiga
Um mangas abriu o bico
Pôs-se a mandar vir com o Chico
E o Chico arriou a giga.
Eu para acalmar a tormenta
Ainda disse oh Chico 'auguenta'
Mas o mangas insistiu
E o Chico sem intenção
Deu-lhe um ligeiro encontrão
Atirou com o tipo ao rio.

Um sócio de outro meco
Quis-se armar em malandreco
A gente já estava quentes
Veio para mim desnorteado
Eu dei-lhe com penteado
E pu-lo a cuspir os dentes.
Veio outro, veio outra ideia
De sarnelha e plateia
Mais outro fui-lhe ao focinho
E o Chico pelo seu lado
Só para não ficar parado
Aviou quatro sozinho.
Fez-se uma grande molhada
Desatou tudo à estalada
Eu e o Chico no centro
Daquela calamidade
Apareceu a autoridade
E meteu-nos todos dentro.
Não tenho vida para isto
E de futuro desisto
De me meter noutra alhada
Nunca mais vou a Cacilhas
Mais o Chico Maravilhas
Comer uma caldeirada!

*O saudoso Raúl Solnado -que não era propriamente um fadista- provou com esta rábula chamada «Fado Maravilhas», que a mais típica canção de Lisboa, não foi, nem é, forçosa e fatalmente, mensageira de desgraças e de tristeza*

**Homenagem ao fado -que está em vias de ser classificado, pela UNESCO, Património Imaterial da Humanidade, e a todos aqueles que o amam e defendem**

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O «POURQUOI PAS ?» NA TORMENTA


O navio francês de exploração polar «Pourquoi Pas ?», do comandante Charcot, enfrentando um temporal nas águas gélidas do Atlântico norte, com a agreste costa islandesa à vista. Esta tela é da autoria do grande pintor Marin Marie, que foi tripulante desse quase lendário veleiro

SÁVEL, SÁVEIS...

Muito apreciados pelos gastrónomos portugueses (mas não só), os sáveis ainda não estão ameaçados de extinção no nosso país, mas são aqui considerados vulneráveis, aliás como no resto da Europa onde ainda subsistem. A população de sáveis tem diminuído, de maneira visível em Portugal, sobretudo no curso de alguns rios do sul, como o Tejo, o Sado e o Guadiana. O sável é uma espécie migratória da família dos clupeídas, que vive no mar (onde se alimenta exclusivamente de zooplancton) e vem morrer nos rios da Europa, onde desova. É durante essa viagem fluvial a contracorrente (efectuada por volta do mês de Março), que o sável é capturado por pescadores desportivos e/ou por populações que vêem na captura desse peixe um importante recurso económico, um tradicional e indispensável ganha-pão. Essa pesca faz-se, essencialmente, junto de açudes e barragens, que constituem obstáculos, muitas vezes intransponíveis para os sáveis. Alguns destes 'bichos' podem, excepcionalmente, medir 70 cm de comprimento e atingir o peso de 4,5 kg. Em Portugal, para além da população migradora, existem populações lacustres, nomeadamente nas albufeiras de certas barragens onde indivíduos dessa espécia ficaram retidos durante a construção dessas gigantescas represas


O naturalista sueco Karl Lineu deu ao sável o nome científico de 'Alosa alosa'


O sável é considerado uma bela presa pelos nossos pescadores desportivos


Na minha terra -situada à beira Tejo, ali onde o Alto Alentejo, o Ribatejo e a Beira Baixa se tocam- o sável é servido assim : em postas finas, bem fritas e com um acompanhamento de açorda de ovas


Sáveis fresquinhos apresentados à clientela de um restaurante de Bordéus


Os Franceses têm muitas maneiras de preparar o sável; que, geralmente, é servido sob forma de lombos nas receitas mais apuradas


Embalagem de 'rillettes' de sável com cominhos, preparada e embalada numa região do vale do rio Loire, França; onde esse peixe (por lá chamado 'alose') é capturado

«OS SAPATOS VERMELHOS»


Aqui há dias referi (neste blogue) a revista inglesa «Empire», que acabara de estabelecer a lista classificativa dos 100 melhores filmes britânicos de sempre; lista essa que colocava o filme «Os Sapatos Vermelhos» (1948) numa lisongeira terceira posição. Eu cá por mim, acho esse filme de Emeric Pressburger e de Michael Powell muito superior ao segundo classificado pela supracitada publicação, mas também o acho menos meritório do que certas películas que aparecem em lugares subalternos da tal lista. Facto que é revelador da subjectividade desse tipo de exercício. Mas essa 'verdade' não retira à película em causa -«Os Sapatos Vermelhos- as qualidades (e muitas são elas) que a caracterizam. Vem todo este palavreado a propósito de ter sido agora lançada em França uma cópia remasterizada deste filme, cujo guião se inspirou num conto de Hans Christian Andersen e que tem Moira Shearer no principal papel. A comunidade cinematográfica doméstica e internacional reconheceu «Os Sapatos Vermelhos» como sendo uma fita excepcional, ao atribuir-lhe numerosas recompensas; entre as quais constam 2 Óscares : os da Melhor Direcção Artística e do Melhor Som. Conto comprar o referido DVD. Não só pelo facto de se tratar de uma obra-prima, mas também porque a cópia que possuo (um registo da TV) ser de muito má qualidade


No Brasil, este filme intitula-se «Os Sapatinhos Vermelhos»; e já foi alvo de merecida edição em DVD

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

OS FILMES DA MINHA VIDA (90)


«BRUTALIDADE»

FICHA TÉCNICA
Título original : «Brute Force»
Origem : E . U. A.
Género : Policial
Realização : Jules Dassin
Ano de estreia : 1947
Guião : Richard Brooks
Fotografia (p/b) : William Daniels
Música : Miklos Rozsa
Montagem : Edward Curtiss
Produção : Mark Hellinger
Distribuição : Universal International
Duração : 96 minutos

FICHA ARTÍSTICA
Burt Lancaster …………………………………………… Joe Collins
Hume Cronyn ………………………………………………. capitão Munsey
Charles Bickford ……………………………………….. Gallagher
Sam Levene …………………………………………………. Louie
Howard Duff ………………………………………………. ‘soldier’
Yvonne de Carlo ………………………………………….. Gina
Ann Blyth ……………………………………………………… Ruth
Ella Raines ……………………………………………………. Cora
Anita Colby ………………………………………………….. Flossie
Art Smith …………………………………………………….. Dr. Walters

SINOPSE
Joe Collins, que purga uma longa pena de detenção na penitenciária de Westgate, é o líder incontestado da cela R17. Mas Joe quer evadir-se desse lugar sinistro, dominado pela crueldade e pelos instintos sádicos do capitão Munsey, o ambicioso chefe dos guardas.
Para tanto, o presidiário vai solicitar a ajuda de Gallagher, um velho prisioneiro, que vive na esperança de obter um próximo indulto e que, por essa razão, lhe nega o seu apoio. Mas, a recusa da direcção da cadeia em soltá-lo antes de ter cumprido a integralidade da pena, vai levar Gallagher a reconsiderar a sua atitude e a alinhar na tentativa de evasão planeada por Joe Collins.
Essa fuga colectiva é antecipadamente descoberta pelas autoridades prisionais, graças às informações fornecidas pela sua rede de bufos. Apesar de ter sido avisado pelo velho e alcoólico Dr. Walters, Joe põe, finalmente, em prática o planeado e, com a ajuda dos companheiros de prisão, lança-se num suicidário ataque aos guardas; que vão utilizar armas, incusivé metralhadoras, para acabar com a rebelião.
Na sua luta desesperada pela liberdade, os presos são dominados pela guarda prisional de Westgate; que acaba por dizimar os cabecilhas da revolta e por
dissuadir os outros a continuar o motim.
Mas, no entendimento dos presos sobreviventes, justiça acabou por ser feita, quando o moribundo Joe Collins reúne forças suficientes para levar o abominável capitão Munsey com ele para o inferno...

O MEU COMENTÁRIO
Excelente fita policial de Jules Dassin, já com cheirinho a clássico. O tema de «Brutalidade» é recorrente no cinema norte-americano de meados do século passado, pois as películas ambientadas no universo carceral dos 'states' e tendo por tema o relacionamento conflituoso entre guardas e detidos (que podia conduzir à revolta destes últimos) foi, por essa época, tema de variadíssimos filmes.
A história, inspirada por um livro de Robert Patterson, pretende fazer a demonstração de quanto -naquele tempo e naquele lugar- era ténue a linha moral que se entrepunha entre os criminosos detidos e os seus carcereiros, gente brutal (até ao sadismo) e de obediência cega. O argumentista (Richard Brooks) e o realizador apostaram nessa ambiguidade para colocar os espectadores do lado dos reclusos; embora se adivinhe que muita daquela tropa fandanga é constituída por canalhas da pior espécie.
Fita violentíssima para o tempo, «Brutalidade» tem algumas cenas choque, como aquela em que assistemos à morte de um bufo, empurrado para uma prensa hidráulica por co-detidos empunhando maçaricos; ou como aquela , já no fim do filme, em que assistimos à morte do ignóbil capitão Mansey, lançado do alto de uma torre de vigilância por um Joe Collins (Burt Lancaster) vingador.
Outra curiosidade de «Brutalidade» é o facto do elemento feminino só aparecer na fita mercê de periódicos 'flash backs'; que vão, de certo modo, atenuando o ímpeto e a crueza das cenas que se vão desenrolando na sinistra penitenciária de Westgate.
No que respeita o trabalho dos actores, distingo o profissionalismo de Burt Lancaster, que, no papel que lhe foi distribuído -o principal- esteve impecável. Isto, apesar de «Brutalidade» ser o segundo filme em que participou.
«Brutalidade» já foi editado em Portugal sobre suporte DVD.

(M.M.S.)


Burt Lancaster no papel de Joe Collins, é o chef incontestado da cela R17 da penitenciária de Westgate


Outro cartaz norte-americano


Munsey, o chefe dos guardas (Hume Cronyn) e o presidiário Joe Collins (Burt Lancaster) assistem ao funeral de um detido brutalizado...


Cartaz francês


Companheiros de cela...


Novo cartaz norte-americano


O capitão Munsey (Hume Cronyn), chefe os guardas da penitenciária de Westgate, é um ser ambicioso e cruel...


O meu DVD. É uma edição portuguesa (Filmes Unimundos II) da película de Jules Dassin


Cena choque de «Brutalidade» : um bufo morre às mãos dos seus companheiros de prisão


Mais um cartaz promocional em língua inglesa


Este grupo de presos revoltados é conduzido por Galagher (Charles Bickford)


Durante a revolta dos prisioneiros, Joe Collins (Lancaster) dá ao chefe dos guardas (Hume Cronyn) o 'prémio' do seu sadismo, atirando-o do alto de uma torre vigilância


O cineasta norte-americano Jules Dassin (1911-2008), realizador de «Brutalidade», foi alvo das perseguições do senador fascista Joseph McCarthy. Exilou-se, nos anos 50 do século pasado, na Grécia. Foi casado com a grande actriz Melina Mercouri, que, mais tarde, viria a ser ministra grega da Cultura