domingo, 30 de novembro de 2014

ASSIM VAI O MUNDO...


Nestes últimos 5 meses, nos mercados internacionais, o preço do petróleo sofreu uma baixa de 45 dólares por barril e as previsões dos peritos apontam para uma descida que o fixe (temporariamente, é certo) nos 70 dólares. Há muito tempo, pois, que o valor do chamado ouro negro não estava as estes níveis. Que deveriam favorizar, naturalmente, a economia dos países consumidores e também, e por via de consequência, os automobilistas. Que estão entre os principais consumidores de carburantes refinados. Mas por cá, em Portugal, os preços da gasolina e do gasóleo continuam inflacionados -como se nada tivesse acontecido- e o (des)governo que temos já preveniu os Portugueses que, no início do ano que se avizinha, os preços dos carburantes vão subir em flecha. Os distribuidores deste país (que têm, como é sabido, agido como autênticos cartéis) esfregam as mãos de contentes com mais esse maná que lhes é prometido. E o Estado prepara-se para encaixar parte substancial da receita provocada por esse aumento, sob forma de mais taxas; para a lançar no buraco sem fundo da dívida pública. Paga Zé ! E não bufes...


Segundo a imprensa nacional, inclusivamente a de hoje, já foram 'enxotados' de Portugal mais de 200 jovens médicos. Profissionais da saúde necessários ao nosso país, cuja formação académica de 6 anos (em média) custou ao erário público (quer dizer a nós todos) qualquer coisa como 101 milhões de euros. Continuo a não perceber -num tempo em que centenas de milhar de compatriotas nossos não têm médico de família e esperam anos por consultas de especialistas e/ou por intervenções cirúrgicas- a política da equipa Passos Coelho/Portas em matéria de saúde. É que 'isto' não dá mesmo para entender... Muitos dos jovens clínicos que debandaram para o estrangeiro, interrogados pelos jornais, afirmam não sentirem vontade de regressar a Portugal, país onde são discriminados a todos os níveis (nomeadamente salarial) e onde não existem condições para progredirem na carreira. Dentro de muito pouco tempo, quando o desastre da falta de médicos nos começará a afectar com mais acuidade, eu estou para ver a quem se vai pedir contas pelo previsível descalabro...


Noticiaram os jornais de ontem, que Duarte Lima, ex-barão do PSD, foi condenado a 10 anos de prisão efectiva, devido ao seu comprometimento em ilegalidades (burla qualificada e branqueamento de capitais) no chamado 'Caso Homeland'. Isto no que respeita a escândalos desta natureza e que atingiram o auge, na passada semana, com a inesperada e espectacular detenção de um ex-Primeiro Ministro socialista, está pela hora da morte; o que revela (talvez) o estado de putrefacção a que chegou este desgraçado país. Perante todos estes casos que comprometem pessoas que evoluem (ou evoluiram) nos corredores do poder, o homem da rua questiona-se, interroga-se sobre se 'isto' não será somente (e apenas) a ponta emersa de um titanesco icebergue. Eu, francamente, tenho vergonha que esta gente continue a salpicar de lama o bom nome do meu país. E, sem mais comentários, ainda direi, que é urgente que se investigue e que se leve à barra dos tribunais todos os facínoras engravatados que, visivelmente, enriqueceram ilicitamente à custa de vergonhosas negociatas (facilitadas pela sua posição em lugares chave da governação ou próxima dela) e ou/à conta da pilhagem do erário público.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

STEVE McQUEEN COWBOY ?

Esta fotografia do actor Steve McQueen foi-lhe tirada no quadro da campanha de promoção de uma série televisiva chamada por cá «EM NOME DA LEI»; e que se intitulou no original «Wanted : Dead or Alive». Por causa da série em questão -que teve 3 temporadas e compreendeu 94 episódios- o saudoso Steve McQueen (1930-1980) ganhou fama de herói de westerns. O que é absolutamente falso. Na realidade, o supracitado actor protagonizou apenas (se excluirmos alguns filmes ambientados no Oeste, mas extemporâneos, já que a acção dos ditos decorre em pleno século XX) três (3) verdadeiras películas de cowboys; como por cá se continua a chamar aos filmes que deram fama a John Ford, a Anthony Mann ou a Budd Boetticher. Foram eles : «Os Sete Magníficos» (de John Sturges, 1960), «Nevada Smith» (de Henry Hathaway, 1965) e «Tom Horn, o Cowboy» (de William Wyard, 1980). O que, obviamente, é pouco para identificar o actor Steve McQueen com as populares fitas do Oeste, onde reinam os Colt 'Peacemaker' e as carabinas Winchester. Para que se saiba. Esta série estreou no canal CBS em 1958 e foi programado até 1961. Cada episódio tem uma duração de 26 minutos e as histórias contadas são independentes (pelo enredo) umas das outras. Por sinal, tenho a colecção completa de «EM NOME DA LEI», numa edição espanhola, com legendas em língua portuguesa. Vale, sobretudo, pela saudade que desperta nas pessoas da minha idade...

DELICIOSOS ABACATES

Geralmente considerada uma árvore  tropical -o que até é verdade- o abacateiro dá-se, no entanto, muito bem no nosso país, em regiões de clima temperado. Tenho um amigo de Tomar, que plantou na sua quintinha dos arrabaldes da Cidade Templária, uma dessas árvores, que produz -todos os anos, sem excepção- centenas de frutos. Tantos, que esse tal meu amigo se vê obrigado a oferecê-los às cestadas. A semana passada passei pela sua propriedade, de onde trouxe umas boas duas dúzias desses deliciosos frutos originários (segundo dizem os entendidos) do México e de outras regiões das Américas central e do sul. Hoje vou deliciar-me com alguns deles; que vou preparar da seguinte maneira :

1- Depois de cortar os frutos ao meio e de extrair os caroços, retirar a polpa (com o auxílio de uma faca ou de uma colher) e reservar; depois de a reduzir em pedacinhos.

2- Abrir duas latas de conserva de atum em óleo vegetal; retirar todo o óleo e esmiuçar o peixe; reservar.

3- Misturar tudo num recipiente e juntar-lhe maionese, sumo de 1/2 limão, sal e pimenta quanto baste.

4- Encha umas taças individuais e sirva como entrada. Pode também reservar as cascas dos frutos e enchê-las com a mistura.

5-Pode, se assim o entender, substituir o atum por camarões; ou por fiambre, por ovos cozidos ou por tudo o que lhe der na real gana.

6-Acompanhar com um vinho branco português, ligeiro e frutado.

Bom apetite !

MEIO CAMINHO ANDADO...

Referindo-se aos extraordinários 'Clippers' da Pan American, a publicidade desta extinta companhia aérea dizia que os seus afamados hidroaviões -que voavam da Califórnia para a Ásia- eram «meio caminho andado para atravessar o oceano Pacífico». Com efeito, no seu tempo, os 'Clippers' eram as mais rápidas, as mais confortáveis e as mais seguras aeronaves a cruzar os céus. E também as únicas a dispor de um raio de acção suficiente (com ou sem escalas técnicas) para poder ligar a América aos outros continentes. Em Portugal foram presença assídua na Horta (Açores) e em Lisboa-Cabo Ruivo.

A ARTE DE SILVA PORTO

Esta bonita tela do artista Silva Porto (1850-1895) pertence ao rico espólio do Museu Nacional de Soares dos Reis; que, como toda a gente sabe, pode ser visitado na Cidade Invicta. O seu autor intitulou-o «A Colheita», mas também há quem lhe chame «As Ceifeiras», pelo facto de mostrar duas dessas mulheres que, antes da mecanização dos nossos campos, procediam ao desbaste das searas com o auxílio de foices. Assim, à primeira vista, a paisagem parece ser a do Alentejo, essa Planície Heróica onde outrora se cultivaram muitos e muitos hectares de cereais, nomeadamente de trigo. António Carvalho da Silva (verdadeiro nome do autor) estudou pintura na sua cidade natal, na Academia Portuense de Belas Artes, mas também em Paris e em Itália, onde estagiou e aperfeiçoou a sua técnica. Foi um dos fundadores da corrente naturalista em Portugal e fez parte do chamado Grupo do Leão, que reuniu alguns dos maiores artistas do seu tempo.

OS NÉCTARES DE PANTELÁRIA

/// Os vinhos de Pantelária (ilha situada entre a Sicília, à qual está ligada administrativamente, e as costas da Tunísia) foram reconhecidos -ao mesmo tempo que o Cante Alentejano- Património Imaterial da Humanidade. Tendo passado férias na Sicília (nos derradeiros anos do século passado), tive ali a ocasião de provar (graças à minha curiosidade, que me espicaça a experimentar tudo o que é de comer e de beber, mesmo as coisas mais insólitas) um Moscato autóctone. E, confesso, que me soube muito bem. Embora continue a achar que, em matéria de vinhos moscatéis licorosos, nenhum chega aos calcanhares do Moscatel Roxo, que se produz na península de Setúbal. Isto dito, achei bem que a UNESCO tenha consagrado os néctares de 'Pantelleria', essa pequena ilha vulcânica do Mediterrâneo (dez vezes mais pequena que a Madeira), agora a braços com o trágico problema do afluxo de refugiados em proveniência das costas africanas. Problema que ali está a criar perturbação (pelo seu peso dramático superdimensionado) e para o qual a Europa comunitária ainda não conseguiu (ou não quis) achar solução. Ainda em relação aos vinhos de Pantelária (é assim que, na nossa língua, se deve escrever o seu nome), imagino que quem deve estar muito contente é a 'star' francesa Carole Bouquet (que foi uma das 'James Bond Girl' e modelo da casa Chanel), que ali possui uma vinha e produz uma já prestigiosa (passe a publicidade) marca de 'passito' : os vinhos Sangue d'Oro.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

GIRASSOL

Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu,
O girassol
Fica um gentil
Carrossel.

*** Vinícius de Moraes ***

O ALENTEJO ESTÁ DE PARABÉNS

Hoje, em Paris, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) declarou oficialmente o Cante Alentejano como Património Imaterial da Humanidade. Este reconhecimento é o culminar de uma campanha de defesa e de promoção dessa singular expressão polifónica, que é uma verdadeira bandeira da alma transtagana. Enquanto alentejano, isso deixa-me muito orgulhoso; e, enquanto português, também. Viva o Alentejo, a sua cultura e a maneira de estar na vida do seu povo !

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

BARROS ARTÍSTICOS

Este bonito pote (com testo) pintado à mão, é típico da olaria de S. Pedro de Corval (Reguengos de Monsaraz), Alentejo. Se passar por lá, não esqueça de adquirir uma destas vistosas lembranças. Que, para além de ser uma bonita peça decorativa, também pode ser utilizado -com utilidade- na vida quotidiana.

CINE-SAUDOSISMO (4)


Revi ontem, pela enésima vez, aquela engraçadíssima comédia de Billy Wilder (estreada em 1959) intitulada «QUANTO MAIS QUENTE MELHOR» («Some Like it Hot»). E, obviamente, mais uma vez me diverti com as atribulações daqueles dois músicos de Chicago -representados pelos actores Tony Curtis e Jack Lemon- perseguidos pela mafia (por terem involuntariamente assistido ao inaudito massacre do dia de São Valentim), que só logram salvar a pele travestindo-se e integrando uma orquestra feminina com contrato para Miami. Outra figura inesquecível desta memorável película é a encarnada por Marilyn Monroe, que aqui responde pelo doce nome de Sugar e toca cavaquinho. Esta história, cuja acção decorre nos conturbados tempos da lei seca e dos 'jazz band', é uma das mais deleitosas da cinematografia de Wilder e, também, uma das películas que mais contaram nas carreiras das acima referidos 'stars'. Confesso que me emocionei, sobretudo, com a participação da saudosa Marilyn. num papel (de uma loiraça pseudo-burra) de grande sensualidade; mas daquela sensualidade pura e cândida, que só ela sabia passar para o público. Grande e divertido filme !

BESTAS DE GUERRA

Na conquista das Américas pelos espanhóis, foram usados -para além dos cavalos, que tanto surpreenderam e atemorizaram os Aztecas- outros animais adestrados para a guerra. Foi o caso dos mastins, cães possantes e agressivos, que os conquistadores do país vizinho revestiram com couraças e armaram com lâminas altamente cortantes e com coleiras de acerados aguilhões. A sua acção bélica e/ou psicológica não foi determinante nesses conflitos, mas contribuíram, também e sem dúvida, para a vitória dos guerreiros ibéricos sobre  os povos pré-colombianos do Novo Mundo; que, tecnologicamente, estavam pouco desenvolvidos, desconhecendo, por exemplo, a roda, as armas de fogo ou os navios de grande porte, como as naus dos invasores.

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (24)


O pastor da Igreja Baptista Martin Luther King (aqui com seu filho) arranca da sua propriedade uma cruz queimada pelos sinistros e intimidantes esbirros do Ku-Klux-Klan. Esta foto foi tirada em 1960, aquando do clímax das reivindicações da comunidade afro-americana pela igualdade de direitos. Como é sabido (eu ainda me lembro disso...), nesse tempo, os direitos cívicos dos negros eram muito reduzidos, apesar de consagrados pela Constituição dos Estados Unidos da América. Sobretudo no sul do país, onde os crimes de sangue contra os descendentes de escravos eram, por ali, moeda corrente e até encorajados por muitos dos políticos locais. O próprio F.B.I., de J. Edgar Hoover, chegou a pressionar King, enviando-lhe uma carta ameaçadora e na qual o aconselhava a... suicidar-se. Martin Luther King -Prémio Nobel da Paz, em 1964- foi um dos grandes promotores e animadores (pacíficos) das campanhas de emancipação dos negros norte-americanos e pagou com a vida a sua corajosa militância. Foi cobardemente assassinado na cidade de Memphis, no dia 4 de Abril de 1968, sem ver realizado o seu sonho de construção de uma sociedade mais justa para com o seu povo. Mas a sua luta acabou por dar frutos e -em 2009- Barack Obama foi empossado como 44º presidente dos E.U.A.. Era a primeira vez que um membro da comunidade afro-americana ascendia a tal cargo.

DAS VIRTUDES DO MARMELEIRO

Bonita, suave, inspiradora dos melhores sentimentos, a flor do marmeleiro nada tem a ver com a imagem projectada pelo pau da mesma árvore ('Cydonia oblonga'), que todos nós costumamos associar à chamada 'justiça de Chaves' e às violentas brigas dos trauliteiros de outros tempos. Árvore algo desprezada em Portugal (mercê dos seus frutos praticamente incomestíveis ao natural), o marmeleiro entrou, no entanto, nas boas graças das religiosas dos nossos mosteiros e conventos que, outrora, fabricaram, com os seus ásperos frutos, marmeladas excelentes. Receitas depois adoptadas pela generalidade das população rurais. Na minha aldeia, ainda há hoje muitas senhoras que, às marmeladas industriais, preferem aquelas que elas próprias fabricam em suas casas. E têm muita razão ! Pauliteiros de outras eras aplicando-se naquele (doloroso) jogo, a que alguns também chamaram esgrima nacional. Quando eu era miúdo, ainda assisti a alguns «jogos do pau». Que se praticavam, de preferência (e ao que me disseram), com bordões de marmeleiro, devido à sua elasticidade. Mas nesse tempo, tal jogo já era sujeito a regras e praticava-se sob a égide (e controlo) das federações da modalidade. Reconheço que era algo de espectacular e que exigia muita ligeireza e destreza por parte dos praticantes. Hoje, por cá, está quase extinto. Penso eu...

MARINHEIRO REPUBLICANO

Marujo da Armada Portuguesa segurando a bandeira verde-rubra da República. Em cuja implantação -a 5 de Outubro de 1910- essa instituição militar teve papel relevante. Assim como, diga-se de passagem, em várias movimentações contra a ditadura salazarista; tal como a famosa e abortada Revolta dos Marinheiros de 1936, que levou muita gente da Marinha para as prisões e para o campo de concentração do Tarrafal.

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS

//////////////// É PRECIDO AVISAR TODA A GENTE
É preciso avisar toda a gente.
Dar notícia, informar, prevenir
Que por cada flor estrangulada
Há milhões de sementes a florir.

É preciso avisar toda a gente.
Segredar a palavra e a senha,
Engrossando a verdade corrente
Duma força que nada a detenha.

É preciso avisar toda a gente
Que há fogo no meio da floresta
E que os mortos apontam em frente
O caminho da esperança que resta.

É preciso avisar toda a gente
Transmitindo este morse de dores
É preciso, imperioso e urgente
Mais flores, mais flores, mais flores.

**João Apolinário**
Poeta português nascido em Belas (Sintra) no ano de 1924 e falecido em 1988 na admirável vila alentejana de Marvão, onde elegera domicílio. Resistente à ditadura salazarista, foi preso e torturado. Esteve alguns anos exilado no Brasil, onde escreveu parte da sua obra. Deixou-nos vasto espólio literário, no campo da poesia, do teatro, da reportagem e da canção (enquanto letrista).

NATUREZA MORTA... QUE DÁ VIDA

Sem comentários...

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

HOMENAGEM AO 'PALHINHAS'

Muito abundantes nos tempos da minha juventude, os garrafões de 5 litros -para vinhos e/ou águas- ainda eram revestidos de verga. E não em plástico como os seus congéneres da actualidade. Eram os populares 'palhinhas', que o pessoal levava nas excursões organizadas pelo clube recreativo lá do bairro ou para a praia, onde a famílias se reuniam (em piquenique, depois de molhar o cabedal) nos domingos quentes do estio. O exemplar que figura neste cartaz publicitário conteve vinho verde. E proclamava simplesmente : «Beba CASALINHO... que bebe vinho». Toma !

domingo, 23 de novembro de 2014

ESCÂNDALOS : NOVO ESTOIRO !

A notícia da prisão de José Sócrates -antigo 1º ministro de Portugal- caiu, entre nós, como uma bomba de 1 000 kg e perturbou o nosso dia a dia, geralmente ocupado entre aqueles pequenos actos que nos garantem a sobrevivência e as telenovelas da TVI ou os extractos (também eles televisivos) das vitórias do Benfica. E como é hábito por cá, ainda sem nada se saber sobre os contornos de mais este caso, já se conta tudo sobre o fadário de um homem acusado de corrupção, branqueamento de capitais e falsificação de documentos. Isso, porque os jornais (pelo menos alguns deles) querem vender papel, os canais da TV e os emissores de rádio querem aumentar audiências e porque o povo português é dado ao falatório como nenhum outro; e também porque não gosta (nem com molho de tomate) daqueles que (pensa ele) engordam à custa da política, ao mesmo tempo que os seus salários e pensões de reforma (assim como o seu acesso à saúde, à educação, à segurança) vão minguando, minguando... Nestas circunstâncias o povo parece exultar com os vexames de gente que não estima e pela qual ele até vai alimentando alguns odiozinhos de estimação. Sócrates não foge à regra e o seu julgamento já está a fazer-se na praça pública, como por cá é habitual. Eu confesso que não gosto deste ex-governante, que eu considero responsável (tanto como aqueles que hoje estão no poleiro) pela crise económica, social e moral que Portugal está a atravessar e que todos estamos a viver. Mas acho que é do mais elementar bom senso -antes de lhe atirar pedradas ou de mergulhá-lo no amargo caldo da ignomínia- esperar pela apresentação pública das provas que o condenem. Ou que o ilibem. De qualquer modo, o homem já está ('à tort ou à raison') por terra e é indecente e algo desumano continuar a bater no ceguinho...

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

'CULTURA' DE ALMANAQUE

Para aqueles que agora descobrem este blogue, é importante 'explicar' que «invitaminerva45» não existe para dar lições a quem quer que seja. Até porque o escrevinhador de serviço é homem de poucas letras... A 'cultura' de almanaque que ele por aqui vai explanando, explica-se pelo facto do bloguista sentir a necessidade de largar umas larachas em língua portuguesa, depois de ter passado mais de 40 anos em terra estrangeira e de -por via de consequência- ter sido obrigado a secundarizar a língua dos seus avós a favor de um outro idioma. Por outro lado e pelo facto de já «ter uma certa idade», esta é a melhor maneira que ele encontrou para prevenir doenças (como a de Alzheimer) próprias da velhice e da falta de ginástica cerebral. Outro (e último) factor que o motiva : é que ele gosta mesmo muito de «falar de coisas e loisas», sobretudo de assuntos que o fascinam desde sempre. Tais como, por exemplo, o cinema, a História, a culinária, os aviões, os navios, o futebol, a Natureza, etc e tal. Portanto, não levem a mal os 'posts' que ele aqui vai despretensiosamente colocando. Mesmo se estiverem em total desacordo com as bocas que ele por cá deixa. Ele também não se zanga, porque acha que esse direito é todinho vosso. Ciao.

BIG TRAM

Não sei se por terem a mania das grandezas ou por qualquer outra esconsa razão, a verdade é que os ingleses foram os primeiros a adoptar -no seu serviço de transportes públicos- veículos de primeiro andar. Em matéria de autocarros, também os cá tivemos importados, precisamente, da industriosa Albion. Mas confesso que no que respeita os eléctricos, só conheço aqueles que circulam na Grã-Bretanha. O exemplar aqui apresentado foi introduzido na rede de transportes colectivos da cidade de Leeds no já longínquo ano de 1925. Assim como um número indeterminado de carros do mesmo tipo. E alguns deles ainda circulam...

'TEMPURA'

Parece que foram os Portugueses de há quatro séculos quem iniciou o povo nipónico na arte da 'tempura'. Especialidade culinária que eu muito aprecio, sobretudo quando o miolo da dita é constituído por camarões e vegetais. Curiosamente, é num restaurante chinês (de Badajoz) que eu degusto a melhor 'tempura' da região onde resido; fritos que eu gosto de acompanhar com um puré (picante) de malaguetas.

CINE-SAUDOSISMO (3)

O filme «O FRANCISCANO DE BOURGES» («Le Franciscain de Bourges») foi realizado em 1967 por Claude Autant-Lara. Que nele nos conta a histórica -verídica- de um religioso alemão, que os nazis compeliram a integrar o exército hitleriano de ocupação da França. Com uma formação em enfermagem o irmão Alfred Stanke é afectado à prisão de Bourges, uma cidadezinha da França interior, onde a Resistência se desdobra em actividades contra as forças ocupantes. As sevícias aplicadas aos patriotas  capturados (a maior parte deles prometida ao pelotão de execução) vão despertar a compaixão do franciscano; que lhes trata os ferimentos e lhes transmite esperança, após muitas desconfianças e hesitações por parte dos condenados franceses. Alfred logra sobreviver à guerra. Mas quando a Resistência local lhe propõe -reconhecidamente- que fique na região sob a sua protecção, este responde com um sorriso triste, apontando na direção das tropas hitlerianas em debandada : não; porque agora são eles que vão precisar da minha dedicação e da minha ajuda. Bonito filme (apesar de imagens chocantes), com um conteúdo humanista, que não mereceu, aquando da sua estreia, o bom acolhimento que indubitavelmente merecia. Com Hardy Kruger (no papel nuclear), Jean-Pierre Dorat e Gérard Berner. Curiosidade : o actor alemão Hardy Kruger, que rodou as cenas que lhe competiam nos lugares onde se desenrolou o drama narrado, recusou-se a receber o mínimo 'cachet' pela sua participação no filme.

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (23)

Esta imagem foi colhida por um repórter fotográfico que (há 62 anos) se encontrava num terreno próximo do aeroporto de Beirute. Em frente do qual encalhou, na madrugada de 22 de Dezembro de 1952, o paquete francês «Champollion», da frota da companhia Les Messageries Maritimes. Enganados pelo feixe de luz de um novo farol ali construído recentemente (e ainda não repertoriado nas suas cartas de navegação), os oficiais do navio gaulês foram enfeixar-se nuns rochedos situados (como mostra a fotografia) a escassa distância da costa. O «Champollion», que iria terminar em Beirute um 'Cruzeiro de Natal' promovido pelo seu armador, procedia de Port Said (Egipto), onde fizera escala, com 200 membros de equipagem e 111 passageiros, sendo 98 deles peregrinos com destino à Terra Santa. Devido a condições de tempo execráveis -com rajadas de vento forte e muita chuva- o paquete não pôde ser abordado pelas embarcações de grande porte, que apareceram no local do desastre, após terem sido lançados os primeiros SOS. Nessas circunstâncias e em desespero de causa, muitos dos náufragos lançaram-se às águas revoltas do Mediterrâneo, na tentativa de salvar as vidas. Devido à proximidade da terra firme, muitos deles conseguiram, desse modo, sobreviver. outros foram, finalmente, resgatados do navio em perdição (e que entretanto se partira ao meio) pela coragem inaudita de três irmãos libaneses -pertencentes aos Pilotos da Barra- que, com perigo para a própria vida, conseguiram aproximar a sua lancha do «Champollion». Houve, no entanto, 15 mortos a lamentar. A perda do paquete francês foi julgada em tribunal próprio e a tripulação (incluindo o seu capitão, que, como mandam as leis do mar, foi o último homem a abandonar o navio) foi ilibada de toda e qualquer culpa.

MEDRONHEIROS E MEDRONHOS

Frutos de um arbusto ('Arbutus unedo') das regiões mediterrânicas, os medronhos são utilizados quase exclusivamente -em Portugal- no fabrico de uma bebida destilada : a famosa aguardente medronheira. O Algarve é a zona do nosso país onde há mais tempo e em maiores quantidades ela se fabrica. Actualmente, e ao que me disseram, só não há quebras significativas na elaboração dessa bebida alcoólica (muito requisitada e por isso cara), porque os produtores algarvios importam medronhos de outras regiões do país. Nomeadamente da zona da serra da Estrela, onde os medronheiros também prosperam. Aqui na minha região (Alto Alentejo) também há medronheiros. Para já existem e desenvolvem-se dois deles no meu quintal; que todos os anos dão frutos. Mas eu sei de um sítio, localizado no concelho de Nisa, junto à fronteira espanhola (a uns 30 quilómetros de minha casa), onde eles proliferam. Não sei se alguém os aproveita para fazer aguardente. Duvido, pelo facto de já por lá ter passado no tempo da maturação dos frutos e nunca ter dado conta de gente a apanhar os ditos. O que é pena, mas normal numa terra que, geralmente, não aproveita esse verdadeiro dom da Natureza. Por aqui, é costume que toneladas de fruta murchem e/ou caiam das árvores em pura perda... Seremos nós portugueses assim tão ricos, para que tal aconteça ? -É uma pergunta que faço a mim próprio, sem encontrar resposta...

FAZ HOJE ANOS QUE...

...o navio baleeiro «Essex», de bandeira norte-americana, foi afundado no oceano Pacífico, ao largo das costas do Equador, por um cetáceo  (baleia ou cachalote ?) de 80 toneladas. Este insólito episódio -ocorrido no ano de 1820- foi contado, pela primeira vez por Nathaniel Philbrick (num livro de sua autoria intitulado «No Coração do Mar») e serviu de inspiração ao romancista Herman Melville para redigir a sua obra-prima : «Moby Dick». Refiro que o «Essex» era um sólido veleiro de 238 toneladas e que estava registado no porto de Nantuckett (estado de Massachusetts). ...se travou, em 1917, a primeira batalha de tanques da História. Com efeito, em França (nas proximidades da cidade de Cambrai), durante a Grande Guerra, cerca de 360 carros blindados do exército britânicos atacaram impetuosamente as posições do exército germânico e esmagaram tudo à sua passagem. Essa investida imparável, veio demonstrar que as próximas batalhas seriam ganhas com o concurso desses monstros de aço, que vieram revolucionar a 'arte da guerra' e dar uma nova dimensão ao horror dos conflitos armados.

MAIS DO QUE UMA COMÉDIA ENGRAÇADA, «O CHEF», É UM FILME INTERESSANTE

Foi-me dada, recentemente, o oportunidade de ver «O Chef» («Chef»), filme realizado (e interpretado) em 2014 por Jon Favreau. Que aqui trabalhou com Sofia Vergara, John Leguizamo, Scarlet Johansson, Oliver Platt, Bobby Cannavale, Dustin Hoffman, Emjay Anthony e Robert Downey Jr.; actores que encarnam as figuras principais desta história com guião também ele de Favreau. «O Chef» é uma fita que relata a história do chefe de cozinha de um grande restaurante de Los Angeles, que entra em conflito aberto com o crítico gastronómico de uma revista prestigiada e, ao mesmo tempo, com o seu patrão. Patrão que tenta dissuadi-lo de desafiar o tal escrevinhador, que pode, com as suas notas, desviar a clientela do restaurante e ditar a sua ruína. Face a essa situação, o 'chef' acaba por despedir-se e faz a opção -depois de muitas peripécias- de se lançar na venda ambulante (graças a um veículo que é colocado à sua disposição para o efeito) de sanduíches cubanas e de outros petiscos originários da maior ilha das Caraíbas. Negócio que lhe devolve a dignidade profissional e que -devido ao sucesso alcançado- resolve os graves problemas financeiros que lhe envenenavam a existência. Mas essa singular experiência, também lhe vai permitir reatar relações com a mulher da sua vida (cuja separação muito o perturba) e com o filho, um garoto outrora distante, com o qual ele vai estabelecer, pela primeira vez, uma relação de amor e de confiança. «O Chef» é, pois, uma película engraçada (divertida mesmo, por vezes), mas que também aborda -de maneira inteligente- os problemas da vida moderna, com a sua carga de dramas. Dramas muitas vezes causados pelo 'stress' de uma vida profissional intensa e da qual não sobra tempo para o amor, para a amizade, para viver o quotidiano de maneira mais harmoniosa. /////// Este filme (que recomendo) já tem cópias videográficas à venda no estrangeiro.

ÁGUA CLARA DA CORRENTE...


Água clara da corrente,
Que vais tu a lamentar ?
São lembranças da nascente
Ou pressa de ir ter ao mar ?...

PARABÉNS CARLOS DO CARMO !

Carlos do Carmo recebeu ontem, na cidade de Las Vegas, o Grammy Latinos. Que lhe foi atribuído -por unanimidade- pelo júri da Academy of Recording Arts and Sciences. Prémio internacional que o consagra, definitivamente, como «um dos maiores fadistas do seu tempo e uma das mais emblemáticas vozes da música portuguesa». Bem feito ! Três vezes bem feito, para aqueles que fingindo ignorá-lo só revelam a sua pequenez  ! Parabéns Carlos do Carmo e obrigado por tudo aquilo que nos deu ao longo de uma carreira de décadas a prestigiar o seu povo e o seu país. Curiosamente, já ouvi cantar Carlos do Carmo ao vivo por três vezes. Uma delas foi na capital belga há muitos, muitos anos. O primeiro disco que eu comprei deste primoroso artista foi também o primeiro que ele gravou. Levou-mo a minha mãe para França em 1965, onde esse seu trabalho me ajudou a passar os primeiros anos de um exílio forçado e sofrido. Num tempo em que a famigerada PIDE me perseguiu por delito de opinião; como o fez, aliás, a muitos outros portugueses da minha geração. Desde então, sou fã de um fadista que renovou o fado e que muito contribuiu para que essa canção urbana, de Lisboa, fosse reconhecida no mundo inteiro. E se tornasse Património Imaterial da Humanidade.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS

/////////////// «HOMENS COM GRIPE»

Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
 Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer

*** António Lobo Antunes *** ///////////// Este prosador e poeta português (que também é médico) nasceu em Lisboa em 1942. É (justamente) considerado um dos grandes escritores lusos da segunda metade do século passado e da actualidade. Foi galardoado, em 2007, com o Prémio Camões e arrecadou várias outras honrarias (nacionais e estrangeiras), que reconhecem o valor da sua obra literária.

FALTAM PONTES, FALTAM BOAS VONTADES

Aqui há dias, falando sobre o muro de Berlim (e sobre a sua queda), o actual ocupante do trono de São Pedro disse esta verdade de La Palice : mais do que muros que dividem, a Humanidade necessita é de pontes que a unam. Enfim, disse mais ou menos isto. E eu pensei, curiosamente, em duas coisas : no muro vergonhoso, infame, que Israel ergueu para dividir a terra da Palestina e do qual pouco se fala, vá lá saber-se porquê ? E de uma modesta ponte lançada sobre a ribeira de Sor, nas proximidades da minha terra. Pensei nessa ponte erguida em 1930 (muitos anos antes de eu ter nascido) por um meu tio-avô -mestre José Alves- que facilitou a vida a muita gente que transitava -a pé ou a cavalo- entre a estação da Cunheira (no ramal de Cáceres) e algumas aldeias do distrito de Portalegre; que antes da existência dessa sólida obra de engenharia (concebida e construída -em pedra de alvenaria- por um simples pedreiro) se via obrigada a atravessar o Sor a vau ou a fazer um desvio de muitos quilómetros, quando o seu forte caudal impedia toda veleidade de passar para a outra margem. Sim, o Papa tem razão ! É muito mais útil (e fácil) construir pontes que aproximem os homens do que muros que os separem. Assim houvesse gente de boa vontade... Sobretudo entre aquela que manda no mundo.

AZEITE MAIS CARO

Produto básico da alimentação dos portugueses, o azeite (o genuíno, o  produzido com azeitonas das nossas oliveiras), está em risco de aumentar substancialmente de preço. É que este ano não foi -devido às execráveis condições climáticas, com ventos anormalmente violentos, com chuvadas fortes, com quedas de granizo, etc- dos mais favoráveis à produção de frutos e as quebras serão notáveis. Já ontem me pareceu -com a compra de uma garrafa do precioso óleo- que o comércio está a antecipar essa lógica e a vender azeite aos preços que seria normal pagarmos só lá para o ano. Somente depois de consumidas as reservas de anos passados. Isto é assim, o Zé Pagante tem as costas largas (e os bolsos cada dia que passa mais vazios) e lá vai aguentando (como diz o outro) os abusos dos grandes e dos poderosos. Que neste país, sem rei nem roque, continuam a ditar a lei do mais forte.

O AMX A-1A DA F.A.B.

Este é o mais moderno avião de combate da Força Aérea Brasileira. Chamam-lhe AMX A-1A e é o produto dos trabalhos desenvolvidos por um consórcio ítalo-brasileiro no domínio da aviação militar, que envolveu as firmas Aeritalia e a Embraer. O A-1A é um caça-bombardeiro, que entrou em serviço há mais de duas décadas (em 1989 precisamente) e que servirá na F.A.B., segundo as previsões, até 2030. Até à plena operacionalidade de todos os Saab JAS 39 'Gripen' encomendados à Suécia e que serão entregues até 2 024. A Força Aérea Brasileira opera 43 aparelhos da versão A-1A, para além de 10 unidades bilugar, designadas A-1B. O avião aqui representado (não na sua versão inicial, mas numa versão já modernizada) tem características transónicas e cumpre missões de interdição aérea, de apoio e de reconhecimento. Aqui ficam as suas principais características :

DIMENSÕES

Comprimento : 13,23 m;
Envergadura : 8,87 m;
Altura : 4,55 m;
Superfície alar : 21 m2.

PROPULSÃO E 'PERFORMANCES'

Motor : 1 turbofan Rolls-Royce 'Spey 807';
Potência : 49.1 kN;
Velocidade : 1 020 km/h;
Raio de acção : 3 330 km;
Tecto operacional máximo : 13 000 m.

ARMAMENTO TRANSPORTADO

1 canhão de 20 mm;
2 canhões de 30 mm;
2 mísseis ar-ar 'Sidewinder';
3 000 kg de bombas.

A fotografia abaixo, mostra uma imagem -algo folclórica- do seu substituto.


O AMIGÁVEL PORTUGAL-ARGENTINA DE ONTEM

Embora a vitória tenho sorrido à selecção de  Portugal, coisa que já não acontecia há décadas, o jogo ontem disputado em Manchester foi uma enorme decepção. Se alguma réstia de bom futebol houve, foi sempre do lado dos sul-americanos, que só não resolveram o jogo a seu favor muito por causa da participação segura do guarda-redes Beto e da infalibilidade do defesa Pepe. De resto, e da parte dos lusos, nada se viu que enchesse o olho. À excepção, naturalmente do golo marcado pelo jovem Raphael Guerreiro (jogador do Lorient), no derradeiro minuto de jogo. Este desafio também foi um logro (sobretudo para os espectadores que acudiram ao estádio de Old Trafford), porque pagaram para assistir ao tão proclamado embate Ronaldo-Messi, e nada viram. Primeiramente porque as duas estrelas tiveram uma participação apagada e, depois, porque essas vedetas foram retiradas do jogo (por comum acordo dos treinadores ?) na segunda parte do espectáculo. Enfim, este Portugal-Argentina foi um 'match' para esquecer. No que me respeita, até deu para dormitar...

sábado, 15 de novembro de 2014

O FERREIRO

Este painel de azulejos é da autoria de Luís Cruz Guerreiro, um artista alhosvedrense com obra feita e considerada. Para o comprovar, basta fazer uma visita ao seu atelier, onde ele expõe e vende parte da sua produção. A obra aqui mostrada intitula-se «O Ferreiro» e é uma homenagem do supracitado a esse artesão, hoje em vias de extinção, que é um misto de artista e de fabricante de coisas úteis. O meu pai (falecido há 6 anos) foi ferreiro na sua juventude. Natural de uma aldeia do Alentejo profundo, ele exerceu ali a sua nobre profissão, fabricando toda a espécie de objectos necessários ao trabalho rural executado pelos seus conterrâneos : machados para os tiradores de cortiça, enxadas e sachos para os hortelãos, foices para as ceifeiras, etc. E até artefactos mais complicados como, por exemplo, as noras, esses engenhos hidráulicos de origem árabe, que acabaram por ser substituídos -no decorrer do século passado- pelos motores e bombas de sucção, eléctricos ou a gasolina. Já não conheci o meu progenitor a exercer esse mester. Porque o meu pai -como tanta gente originária das aldeias de Portugal, onde a vida era rude e o trabalho pouco compensador- decidiu instalar-se nos finais dos anos 40 (era eu ainda uma criança de tenra idade) numa importante vila da chamada cintura industrial de Lisboa. Onde eu passei parte da minha meninice e toda a minha adolescência. É, pois e também, ao ferreiro que foi meu pai, que aqui deixo esta homenagem; que se estende, naturalmente, à generalidade dos filhos de Vulcano.

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (22)


Este horrível quadro foi fotografado em Março de 1968 por Ronald Haeberle, um militar do exército dos Estados Unidos, destacado para a guerra do Vietnam. Este 'cliché' foi reproduzido milhares de vezes, por todos os jornais do mundo. Mostra um caminho de acesso à aldeia vietnamita de My Lai repleto com cadáveres de mulheres, de crianças e de idosos, essencialmente. A 'proeza' foi cometida por elementos das forças armadas norte-americanas, pertencentes à Companhia Charlie, da 11ª Brigada de Infantaria, colocados sob o mando do tenente William Calley. Elementos que tomaram (segundo informações emanadas da hierarquia) os habitantes da aldeia por apoiantes activos da guerrilha Vietcong. Depois deste escândalo de grandes proporções -que ocorreu no dia 16 de Março de 1968 e que enojou o mundo inteiro, incluindo a população civil dos 'states'- um inquérito foi aberto para que, posteriormente, fossem julgados os responsáveis por uma carnificina, que vitimou, indiscriminadamente, centenas de pessoas indefesas. Duas dezenas de militares (incluindo um general) foram presentes a tribunal, mas só um deles foi considerado culpado pelos acontecimentos de My Lai, o 2º tenente William L. Calley. Que foi, numa primeira instância, condenado a prisão perpétua e que viu, dois dias mais tarde, essa pena ser substituída por uma pena alternativa de 3 anos e meio de prisão domiciliar nas instalações da base militar de Fort Benning, no estado da Geórgia. Facto que não dignificou a justiça militar do país do tio Sam. Comparada aos massacres perpetrados pelas tropas SS, durante a 2ª Guerra Mundial, em Oradour-sur-Glane (França) e em Lidice (Checoslováquia), esta carnificina -que foi precedida por violações de aldeãs e por outros actos bárbaros- lançou o descrédito total sobre a instituição militar americana e colocou a opinião pública nacional e internacional contra uma guerra horrorosa, que ainda duraria mais cinco anos. Calley, quanto a ele, sempre justificou o injustificável com a obrigação de cumprir ordens explícitas vindas de cima e que eram «para matar tudo o que se mexesse».

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

HOMENAGEM AO FLAMENCO E A MANITAS DE PLATA

Alma da terra andaluza, o flamenco -Património Imaterial da Humanidade- é, porventura, a música ibérica mais conhecida no mundo. Desconheço as razões que o expliquem, mas a verdade é que esta é uma das expressões artísticas que mais me prendem e que mais me comovem. Aqui fica um trecho interpretado por Manitas de Plata (e amigos), que foi um dos maiores guitarristas de flamenco de sempre. Também aqui deixo a minha homenagem a este cigano genial -admirado por Picasso- recentemente falecido.

Ouça aqui :


https://www.youtube.com/watch?v=fL78hjk7CM0

ESMERALDAS

Verdes, os astros no alto abrem-se em verdes chamas;/ Verdes, na verde mata, embalançam-se as ramas;/ E flores verdes no ar brandamente se movem;/ Chispam verdes fuzis riscando o céu sombrio;/ Em esmeraldas flui a água verde do rio,/ E do céu, todo verde, as esmeraldas chovem.../////// (Olavo Bilac, in «O Caçador de Esmeraldas»)

DISSE ERASMO DE ROTERDÃO

«Deus, o arquitecto do Universo, proibiu os homens de provar os frutos da árvore da ciência. Como se a ciência fosse um veneno para a felicidade...» ***