quarta-feira, 30 de setembro de 2015

DESAPARECEU O HOMEM, FICOU O MITO

Foi há precisamente 60 anos -no dia 30 de Setembro de 1955- que morreu o actor norte-americano James Dean. Que, durante décadas, continuou a ser a figura lendária e referencial de muitas gerações de cinéfilos e de uma certa juventude rebelde e inquieta.  Para tanto, bastou a sua morte, trágica e inesperada, ao volante de um Porshe 550 'Spyder' e a lembrança da sua participação em três filme que marcaram a História do Cinema hollywoodiano da sua época : «A Leste do Paraíso» (Elia Kazan, 1954), «A Fúria de Viver» (Nicholas Ray, 1955) e «Gigante» (George Stevens, 1955). Todos produzidos e distribuídos pela companhia Warner Bros.. Apaixonado por automóveis desportivos e pela velocidade, James Dean ia, aquando do acidente que o vitimou, a caminho de uma corrida a disputar em Salinas. No desastre (um face a face com outro veiculo) ocorrido num troço da actual Estrada 46, na Califórnia, também ficou ferido, com alguma gravidade, Rolf Wutherich, o mecânico alemão que acompanhava o actor. Curioso é saber que James Dean fora multado pela polícia (por excesso de velocidade) pouco antes do seu acidente mortal e que fora protagonista de uma recente campanha da Prevenção Rodoviária, apelando os automobilistas para o uso moderado das suas viaturas.

ASSIM VAI O MUNDO...

A Rússia propôs ao Ocidente (e muito especialmente aos Estados Unidos da América) uma aliança -que teria uma componente militar e que integraria igualmente a China e o Irão- para acabar rapidamente com os crimes do autodenominado Estado Islâmico e com a guerra na Síria. E cujo tratado também teria em consideração a retirada, a termo, da contestada figura de Bashar Al- Assad. Parece (ao que diz a imprensa de hoje) que a proposta de Putin foi liminarmente rejeitada... E, assim, o inaudito conflito sírio continuará a desenrolar-se, com o cortejo de horrores que se conhece e do qual a fuga de centenas de milhar de refugiados para a Europa é, para nós, a face mais visível. Mas não a mais atroz. No terreno, só o exército regular sírio e os Curdos fazem face às hordas fanatizadas de jihadistas e às suas pretensões de dominar o mundo; o Próximo Oriente para já e o resto para mais tarde. Eu não compreendo a atitude de Obama perante tal situação. O que é que ele pretende ? - O que querem o homem e o governo que são, em parte, responsáveis pela agravação de um conflito que ajudaram a gerar, fornecendo, aqui há uns anitos atrás, apoios militares (com o fornecimento de armas e de munições) a todos os adversários de Al-Assad, inclusivamente aos radicais do referido E.I. ? -Não percebo... Tanto mais que os Russos -que têm uma base naval na Síria- vão continuar a oferecer (como contrapartida) às forças armadas sírias um apoio militar importante e continuado. Também estou em crer que a má vontade dos americanos nada tem a ver com a falta de democracia que tenha reinado na Síria. Porque isso é incompatível com a atitude dos 'states' perante situações extremas, como, por exemplo, a da Arábia Saudita. O país das decapitações públicas, das gravíssimas descriminações sexistas, das prisões e execuções por delito de opinião, etc. Mas que, apesar disso e de muito mais, os EUA continuam a proteger e a apoiar sem o mínimo escrúpulo. -Como é ?


No domingo passado, os eleitores catalães decidiram dar uma maioria de assentos no parlamento regional ('Generalitat') aos partidos independentistas. Mas esses eleitores também foram mais numerosos a dizer não à separação com Espanha. Então em que ficamos ? -Haverá assim tanta legitimidade para os eufóricos festejos dos separatistas e justificação para o delírio de gritos de vitória e de bandeiras nacionalistas que agitaram Barcelona nestes últimos dias ? -Eu cá tenho muitas dúvidas ! E sem ser rajoyista (longe disso), confesso que até fiquei aliviado com o resultado indefinido de uma eleição que, oficialmente, não era referendária em matéria de desvinculação da região autonómica da Catalunha do resto do território nacional. E fiquei aliviado, porque a pretendida separação de alguns abre a porta a instabilidades perigosas e de semelhante natureza no reino vizinho; mas não só. Os divisionistas de toda a Europa só estão à espera de um sinal, de uma oportunidade (que poderia ter sido dada pela Catalunha), para iniciarem uma série de acções similares e esquartejar ainda mais o continente europeu. Com o lote de conflitos que daí adviriam e as desgraças que se adivinham. Não ! Eu não sou adepto de uma Espanha esfrangalhada, nem de uns Açores desligados da mãe-pátria, nem de uma Córsega ou de uma Bretanha separadas do resto da França, nem de uma Itália nortenha que rompa com o resto da península da bota. Porque acho que os problemas que possam subsistir entre governos centrais e poderes regionais se podem resolver através da discussão democrática e civilizada. E não assim, com atitudes extremistas e prejudiciais aos interesses dos povos. Que têm tudo a perder no jogo das aventuras de cariz nacionalista. É a minha opinião...


A campanha eleitoral (para as legislativas) aproxima-se do fim. Segundo a imprensa e as suas sondagens diárias, a vitória da coligação PAF é quase certa. Mas a verdade, porém, só se conhecerá no domingo, dia 4 de Outubro, ao fecho das urnas. Tenho assistido a tanta coisa bizarra no decorrer destas últimas semanas, que não ficaria admirado se tivesse havido manipulação dos números e a escolha dos Portugueses viesse contrariar as ditas consultas de jornais e institutos de previsão. Mas a coisa mais extraordinária que eu vi no género e até hoje, foi a do frente a frente entre o ainda primeiro-ministro e o seu adversário do PS. Que, muito 'democraticamente', foi transmitido, em simultâneo, pelos três mais importantes canais de sinal aberto da nossa TV (RTP1, SIC e TVI), enquanto os debates com ou entre os outros candidatos foram relegados para canais de televisão pagos e, por causa disso, seguidos por uma minoria de futuros eleitores. Uma nojeira, batota suja, que só por si daria azo -num país normal- à invalidação dos futuros resultados. E o que é ainda mais fantástico, a meu ver, é que a maior parte dos nossos jornalistas e comentadores políticos até achou esta discriminação normal... Ou pelo menos, calou o bico. Bolas, estamos bem servidos !!!

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

UM CLÁSSICO NA VOZ SAUDOSA (E CALOROSA) DE FRANCISCO ALVES

«Aquarela do Brasil» -porventura a canção brasileira mais conhecida e amada de sempre- é, como todos sabem, da autoria do genial Ary Barroso; que a compôs numa noite de tempestade e... de insónia. Data de 1939, mas tornou-se um sucesso mundial, após a difusão do filme «Saludos Amigos», de Walt Disney (1942). Francisco Alves (1898-1952), um carioca filho de emigrantes portugueses foi o primeiro cançonetista a gravá-la em disco. Depois dele houve Carmen Miranda, Frank Sinatra, António Carlos Jobim, Bing Crosby, Elis Regina, Harry Belafonte, Paul Anka, Gal Costa, João Gilberto, Simone, Dionne Warwick, Ney Matogrosso, Plácido Domingo, Martinho da Vila, Daniela Mercury, Erasmo Carlos, Toquinho e muitas dezenas de outros artistas de renome. Vamos convidá-los a ouvir a primeira versão, interpretada pelo já referido Francisco Alves; um artista hoje quase esquecido, mas que foi uma das vozes mais apreciadas do Brasil nas décadas de 30 e 40 do século passado. Faleceu cedo, com 54 anos de idade, em consequência de um desastre de automóvel.

Para escutar, carregue aqui :

https://www.youtube.com/watch?v=yyhPL2Q_Bog

sábado, 26 de setembro de 2015

'BÁHN MI'

A 'Báhn Mi' é uma sanduiche vietnamita composta por uma pequena 'baguette' de pão de trigo com recheio variado : de carne assada, almôndegas, molhos de especiarias, cebola, pimentos, alface, coentros e tudo o mais que se queira lá colocar. Até há, actualmente, versões com sardinhas de conservas, com camarões ou simplesmente vegetarianas. Esta sanduíche foi introduzida pelos franceses na Indochina, nos tempos coloniais. Depois, popularizou-se durante a ocupação norte-americana de Saigão e de outras regiões do sul do país. Hoje é um clássico da gastronomia vietnamita, que se implantou, com sucesso, nos Estados Unidos e em países onde a chamada 'comida rápida' tem milhões de adeptos. Já provei. É muito saborosa e agradável, sobretudo para quem não teme o exotismo de certos ingredientes, nomeadamente dos molhos.

CINE-SAUDOSISMO (31)

A película «O COSTA DO CASTELO» foi (e continua a ser) uma das comédias mais engraçadas da cinematografia nacional. É aquele filme que -apesar de ter sido estreado em 1943, já lá vão 72 anos- todos os portugueses viram e tornaram a ver. Graças a reposições, a programações regulares dos diferentes canais de televisão ou a gravações videográficas, alugadas e/ou vendidas aos colecionadores e a outros cinéfilos. Realizado por Arthur Duarte, para a Tóbis Portuguesa, este engraçado filme contou (na interpretação dos principais papéis) com as participações de António Silva (um comediante ímpar, genial), Milú, Curado Ribeiro, Maria Matos, Maria Olguim, Óscar Acúrsio, Teresa Casal, Manuel Santos Carvalho, João Silva, Luís de Campos, Hermínia Silva, etc. A acção decorre em Lisboa e nos arrabaldes da capital e conta-nos a história de um fidalgote, que se apaixona por uma moça do povo; que, por ser órfã e jovem de parcos recursos, vive na modesta pensão dos seus padrinhos. Pois é aí, nessa humilde hospedaria do bairro do Castelo, que o tal brasonado se apresenta, um dia, para alugar um quarto; com o secreto intento de se aproximar da bela e de conquistá-la pelo que ele aparenta ser e não pela sua elevada condição social e camuflada fortuna. Depois, a história prossegue numa sequência de episódios cómico-dramáticos, até ao seu apoteótico desfecho. Que só podia ser feliz e culminar com o casamento do 'príncipe' com a 'cinderela' de ocasião. Assim contado, o filme até poderá parecer chato e previsível. O que, na realidade não acontece, pois trata-se, como já foi referido, de uma agradável e palpitante comédia, cheia de peripécias surpreendentes, abordadas pelas figuras do elenco com um profissionalismo digno de ser, mais uma vez, referenciado e aplaudido. «O COSTA DO CASTELO» é, pois, um dos grandes títulos da comédia portuguesa e da justamente chamada Época de Ouro do nosso cinema. Filme do qual, só não temos assim tantas saudades, porque, para o vermos (uma vez mais e entre tantas outras), basta colher da estante o respectivo DVD, introduzi-lo no leitor de videogramas e carregar no botão 'play'.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

BAGDAD : PRÓSPERA OUTRORA, CAÓTICA E PERIGOSA HOJE

A ilustração mostra uma reconstituição da Bagdad do século IX. Da era cristã, está bem de ver. Nesse tempo, os seus habitantes -e a quase generalidade da população do mundo islâmico- consideravam-na a maior, a mais evoluída e a mais próspera cidade do universo. Situada sobre o curso do rio Tigre (que lhe proporciona frescura e riqueza), esta metrópole árabe tem origens anteriores às da conquista muçulmana do território iraquiano. Bagdad foi, antes das chamadas guerras do Golfo -que lhe causaram danos visíveis e de valor incalculável- umas das mais importantes urbes do Próximo Oriente. A ocupação militar estrangeira, a guerra civil e a instabilidade política fizeram dela uma das mais perigosas cidades do mundo...

NOVO LIVRO DAS EDIÇÕES SEXTANTE

Na revista «Visão» desta semana, há um artigo que nos apresenta um livro intitulado «O Último dos Colonos - Entre Um e Outro Mar», da autoria de João Afonso dos Santos; que é irmão do saudoso Zeca, o mais famoso e apreciado de todos os nossos cantautores. Mas o tema principal do livro (ao que compreendi) não é essa figura inesquecível -criador, de temas como os «Vampiros» e de muitas outras canções de intervenção e de consciencialização- mas a da experiência vivida (e nunca antes contada) pelos seus pais e uma sua irmã num horrível campo de concentração de Timor, onde, depois da conquista da ilha (em 1942) pelas tropas nipónicas, foram internados os portugueses do território e onde esses nossos compatriotas foram -na 'boa' tradição do Japão imperial- tratados como animais. Onde a fome, os maus tratos e as humilhações mataram quase uma centena deles. Isso, sem contar com o extermínio de perto de 50 000 nativos, ou seja uns 10% da população timorense. O tema interessa-me, pelo facto de tratar de um assunto muito pouco conhecido da nossa História colonial e também porque o meu pai (que, se fosse vivo, teria agora 92 anos de idade) pertenceu a uma unidade de elite do exército português -os Sapadores de Assalto, formados ao combate, em Tancos, pelos então tenentes Kaúlza de Arriaga e Silvério Marques- que foi especialmente treinada para efectuar, com as tropas britânicas, um desembarque em terras de Timor. E que nunca chegou a concretizar-se pelo facto de, entretanto, o império japonês ter capitulado. Depois do lançamento das bombas atómicas sobre Hiroxima e Nagasáqui, que ali causaram, como é sabido, horrível mortandade. Tenho a intenção de comprar o livro, lançado pela editora Sextante e que sairá já no próximo dia 30 do mês em curso.

A família do popular e saudoso Zeca (o último, da esquerda para a direita), reunida depois da libertação dos pais e da irmã. O autor do livro é o primeiro a contar da esquerda. Esta fotografia faz parte da iconografia do livro citado. A foto de topo mostra um grupo de militares nipónicos da 2ª Guerra Mundial em terra ocupada. Que não é, forçosamente, a de Timor.

CRIME SEM CASTIGO

Terá sido este o iceberg que afundou o «Titanic» ? -Certos sinais tendem a acreditar essa tese e a apontá-lo como sendo o presumível assassino de tantas centenas de pessoas. Que, descuidadamente (não havia sido o seu navio considerado inafundável ?), vogavam para Nova Iorque ao encontro dos seus familiares, dos seus amigos, dos seus negócios ou (para os passageiros da 3ª classe, fartos de passar fome na Europa) de uma vida que deveria ser mais digna e mais desafogada. A falta de provas consistentes salvou esta montanha de gelo de ter sido pulverizada e transformada (pelos canhões de um poderoso cruzador) nuns milhões de hectolitros de banal água oceânica. Há assassinos assim, que, apesar dos seus hediondos crimes, sempre conseguem escapar a merecidos castigos...


Há, no entanto, quem diga ter provas da inocência do iceberg e que indique (sem gaguejar) que o verdadeiro responsável pela tragédia foi (o até aqui insuspeito) Godzila. A dúvida instala-se...

COISAS VIVIDAS

Uma das minhas antigas profissões e obrigações a ela ligadas, levaram-me, amiúde, a rumar ao norte da Europa (Escandinávia, Alemanha, Países-Baixos...) para ali ganhar a vida. Apesar dessas viagens implicarem alguns sacrifícios (como a momentânea perda de contacto físico com a família), foram, todas elas, inspiradoras e de grande importância na minha percepção do nosso mundo e no entendimento das gentes do nosso continente. Nada melhor para penetrar mentalidades e perceber hábitos, do que conviver, durante umas semanas ou alguns meses, com pessoas que, ao que se diz, são tão distintas dos meridionais que nós somos. Nada melhor para destruir mitos e/ou lendas sobre, por exemplo, a apregoada disciplina dos operários alemães (de gema), do que trabalhar com eles no mesmo espaço e vê-los, na ausência (momentânea ou demorada) das chefias, entregarem-se 'corajosamente' à prática do jogo da bola; até que, depois de um assobio de alerta, avisando da chegada iminente do capataz, os ditos operários modelo se apressam a regressar ao lugar de trabalho e à rigorosa labuta que os distingue de entre os demais. Nada melhor para perceber a fria seriedade de um sueco (ou de um norueguês), do que vê-lo, à quinta ou sexta-feira, fazer fila nos 'Monopolets', para se abastecer de álcoois e vê-lo, ao sábado, num lugar de diversão com a família, completamente 'encharcado' e sem saber de que terra é. Enfim, acaba-se, nessas ocasiões, por ficar a saber que aquela gente não é, no fundo, muito diferente da nossa... Gente que tem, indubitavelmente, outros costumes, mas que não é, na essência, melhor do que nós. Nós que, por vezes, também nos relaxamos no local de trabalho e que nunca deixamos de alinhar (era só o que nos faltava !) numas boas copaneiras. Finalmente o que nos distingue dessa gente das terras do frio, é eles viveram com mais direitos e com mais dinheiro nos bolsos. Porque, na terra deles, aqueles que estão comprometidos com a política não montaram esquemas de corrupção que, infalivelmente, os enriquece. Ao passo que por cá, os vampiros continuam a comer tudo e a não deixar nada.

A OUTRA 'ILHA DA MADEIRA'

O descomunal Convento de Mafra (ou Palácio Nacional de Mafra, como está hoje classificado na lista dos Monumentos Nacionais) levou 13 anos a construir : de 1717, ano de lançamento da primeira pedra, até 1730, ano de consagração da Basílica, votada ao culto de Nossa Senhora e de Santo António. Durante a realização deste imponente edifício (que, como é sabido, engoliu toneladas de ouro do Brasil e muitos outros recursos públicos), 45 000 operários e artífices foram utilizados nas obras; para além de 7 000 guardas, que -em nome d'el-rei D. João V- protegeram o estaleiro e por lá asseguraram a ordem. Toda essa gente se alojou num gigantesco acampamento, que, por ser essencialmente constituído por barracas de ripas e tábuas, recebeu o irónico nome de 'ilha da Madeira'. Diz-se que dessa 'ilha' faziam parte inúmeras casas de pasto, boticas, uma ermida (também ela construída em madeira), 8 enfermarias e um número indeterminado de cozinhas. Havia também abarracamentos específicos para os referidos guardas e estábulos para as quase 650 juntas de bois requisitadas para executar os trabalhos mais pesados. Segundo informações do tempo, os fornos de cal que prolongavam a 'ilha da Madeira', eram tão numerosos, que se estendiam quase até Cascais... Presumimos que, com o final do gigantesco estaleiro, toda a 'ilha' foi desaparecendo, pouco a pouco, e os obreiros regressaram às suas terras de origem. A não ser que, muitos deles, tenham procurado na capital novos empregos e novas perspectivas de vida...


Este é o retrato do perdulário rei D. João V; cuja recordação sobreviveu na memória do povo português como a de um gastador imoderado dos dinheiros públicos e como a de um verdadeiro predador sexual; que não hesitou em fazer filhos a inúmeras mulheres. Mesmo àquelas que viviam sob a 'protecção divina', atrás das espessas paredes dos conventos...

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

FEITO HISTÓRICO E, PROVAVELMENTE, IRREPETÍVEL

Ontem, dia 22 de Setembro de 2015, no Allianz Arena de Munique, o Bayern jogou -para o campeonato alemão de futebol- com o Wolfsburg; que, ao intervalo, vencia a equipa bávara por 0-1. Na segunda parte, Josep Guardiola (técnico do clube da casa) mandou entrar no relvado o internacional polaco Robert Lewandowski; que cometeu a inacreditável proeza de marcar 5 golos ao adversário... em menos de 9 minutos !!! Estou convencido de que passarão muitos anos (talvez até muitas décadas), antes de outro atleta igualar esta extraordinária marca. Que, para já, vai ter direito a menção no «Livro dos Recordes».

UM PETISCO EXÓTICO : O 'SPRAT'

No norte e centro da Europa, os 'sprats' (peixinhos da família dos clupeídas) são particularmente apreciados pelas populações locais. Sobretudo como acompanhamento de umas cervejolas ou de uns copinhos de vodca. Mas não só... Podem degustar-se fritos (tal como os nossos populares 'jaquinzinhos'), ou fumados e de conserva, servidos em 'canapés' cuja apresentação pode ser bastante variada. De qualquer modo, os 'Sprattus sprattus' (como foram designados cientificamente por Lineu, desde 1758) são apreciadíssimos em todos os países ribeirinhos do mar Báltico (onde são muito abundantes), mas também na Escandinávia, nos Países-Baixos, na Grã-Bretanha, na Irlanda, etc. Mas, com essa designação de 'sprats', são também e por vezes, vendidos outras espécies de peixes miúdos aparentadas aos arenques e que recebem preparação idêntica, antes de serem consumidos. Em França (no norte, sobretudo, onde eu vivi), é fácil comprá-los avulso, fumados e em conserva, para serem degustados à hora tradicional do aperitivo. Momento convivial, arreigado nos hábitos da generalidade dos gauleses. Fonte importante de vitaminas (e de ácidos gordos como o Ómega 3), os 'sprats' raramente faltam nas mesas dos europeus do norte; como entradas deliciosas ou na composição de pratos principais. Em certos comércios de Lisboa (e, presumo, de outras grandes cidades do nosso país) é possível encontrar conservas de 'sprats'. Um pouco mais caras do que na origem, é certo, mas que dão para fazermos umas experiências gustativas com esses intrusos vindos do frio.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O ALENTEJO NO DIA DE SÃO MARTINHO (UMA OPÇÃO DE PASSEIO)

Já estamos a caminhar, a passos largos, para o Inverno e a cerca de mês e meio do Dia de São Martinho... Daquele dia em que, por antiquíssima tradição, se vai à adega provar o vinho novo. Esse ritual cumpre-se por todo o país, em particular no Alentejo, a minha região. Em certas terras da chamada 'Planície Heróica', fez-se desse dia consagrado ao referido santo uma verdadeira festa profana, à qual não faltam amigos, daqueles que só se encontram uma vez por ano. Situação que é propícia, sobretudo entre os mais velhos, à evocação, sem pieguices, de recordações, das 'coisas' vividas nos saudosos tempos da juventude... É o que ainda hoje acontece, por exemplo, em Vila de Frades, a tal terra que «já não tem abades, mas (que) tem adegas que são catedrais...». Este ano, tal como nos precedentes, esta vila alentejana espera por si. Para lhe oferecer os seus palhetes («que são brilharetes, que são de beber e chorar por mais». Vá pensando nisso e, no momento certo, dê por cá uma saltada, compadre.

A ARTE DE MALUDA

Belíssima tela da pintora Maluda, que mostra o casario de Lisboa (com os seus telhados vermelhos), o Tejo e uma vista -em segundo plano- da Outra Banda, da cidade industrial do Barreiro. Que pena esta artista plástica (nascida em 1934, em Pangim, Goa), com uma qualidade e uma sensibilidade muito singulares, tenha desaparecido prematuramente, em 1999. Quando ainda tinha tanto para dar às artes portuguesas...

AH, BENFICA, BENFICA...

O Sport Lisboa e Benfica sofreu ontem, no Porto, uma derrota (por 1-0) num jogo de futebol que o clube da águia nunca deveria ter perdido. Sobretudo, que esse desaire (e apetece-me dizer desastre...) foi consumado a 3 ou 4 minutos do fim da partida. Já não é a primeira vez que, nestes últimos anos, o Benfica desilude os seus adeptos, pelo facto de não saber gerir os últimos instantes de desafios que teria sido muito importante vencer, ou pelo menos não perder. E que custaram títulos !. Pergunto-me : a que raio de fenómeno se deve tal atitude, que frisa o desleixo ? -Não sei. O que sei é que os pontos desperdiçados neste início de campeonato podem ter repercussões negativas nos objectivos do clube. Que apontam, naturalmente e entre outros, para a conquista do tri. É verdade que ainda há muitos 'matchs' para disputar, mas não ser perdulário, desde o início, dá muita confiança à equipa e aos torcedores. Ai lá isso é que dá !

PARALELISMOS DESPROPOSITADOS ?

Decorria o ano de 1945 e a 2ª Guerra Mundial aproximava-se do seu termo, com a derrota ineluctável do mais odiado de todos os regimes políticos engendrados na Europa : o do maquiavélico chanceler da Alemanha, Adolf Hitler. Os exércitos aliados já haviam investido território germânico e aproximavam-se de Berlim, capital do orgulhoso 3º Reich, que o Exército Vermelho haveria de conquistar nos primeiros dias do mês de Maio. Entretanto, e na vã tentativa de atrasar o avanço do inimigo, os nazis mobilizavam as suas últimas reservas. Como estes dois jovens da famigerada Juventude Hitleriana, que aqui são capturados por um membro do exército britânico, ou, mais exactamente, por um combatente das suas forças blindadas. Atente-se no ar atarantado e perdido dessas pobres criaturas e nas granadas antitanque (transportadas nas respectivas bicicletas), com as quais eles se preparavam para atacar os carros de combate do adversário. A arma a tiracolo do soldado inglês é uma espingarda de assalto alemã, também ela apreendida aos partidários do 'führer' de sinistra memória. A Alemanha de hoje já não necessita de recorrer aos canhões e a outras armas de destruição maciça para dominar e humilhar a Europa. Sem querer fazer comparações descabidas, apetece-me, no entanto, lembrar que a chanceler Angela Merkel e os seus apaniguados dispõem, agora, do euro e do poder económico para destruir nações inteiras e esfomear os respectivos povos. Até quando ? -É a questão que fica no ar...

ELEGANTE MÁQUINA

Esta elegantíssima aeronave é um aparelho Bombardier CRJ705, de construção canadiana. Que aqui voa com as cores da Jazz, empresa associada à Air Canada e que resultou da fusão de quatro companhias aéreas regionais. O CRJ705 é um avião de médio porte, que pode transportar, confortavelmente 78 passageiros. Voa comercialmente desde 2001. Está equipado com 2 'turbofan', que lhe permitem voar à velocidade de cruzeiro de 830 km/h. O seu tecto operacional autorizado é de 12 500 metros e o seu raio de acção de 2 250 km. A sua tripulação é constituída por 2 pilotos. Este avião é utilizado por várias companhias aéreas internacionais.

LIVROS QUE SE RECOMENDAM

Li os livros que formam a chamada 'Trilogia Indianista', de José de Alencar, ainda muito jovem...
Num tempo distante, em que os rapazes e as moças deste país que é o nosso ainda se dedicavam ao inexcedível prazer da leitura. «Ubirajara», que é o derradeiro opus dessa magnífica série literária dedicada ao índio brasileiro, fala-nos do 'Senhor da Lança', um guerreiro araguaia, que é aqui descrito e idealizado, por um Alencar desejoso de (através dos seus livros) realçar os primitivos povos da sua pátria, que, sem serem bons selvagens, também não eram, certamente, os animais ferozes descritos pelos primeiros colonizadores das selvas brasílicas.  A trama desta obra desenrola-se numa época anterior à chegada dos brancos; que segundo o referido autor desnaturaram o 'homo americanus' e projectaram dele uma imagem imerecida, desajustada da realidade. Como para, assim, tentarem camuflar os seus próprios pecados no  inexorável processo de (quase) extinção do ameríndio.
Aqui deixo um extracto de «Ubirajara» (cuja leitura recomendo vivamente), livro que está escrito numa prosa bela, ímpar, verdadeiramente digna de um dos maiores mestres da língua portuguesa :

«Do outro lado da campina assoma um guerreiro.
Tem na cabeça o canitar de plumas de tucano e no punho do tacape uma franja das mesmas penas.
É um guerreiro tocantim. De longe avistou Jaguarê e reconheceu o penacho vermelho dos araguaias.
As duas nações não estavam em guerra, mas sem quebra de fé pode um guerreiro cansado do longo repouso, oferecer a outro guerreiro combate leal...».

UM CARNAVAL ANTES DA HORA, COM REI MOMO E TUDO

Neste autêntico carnaval em que está transformada a campanha para as legislativas -e onde o rei momo se chama 'Pouca Vergonha'- prossegue o festival de promessas e de declarações inauditas, por parte de quem se agarra, desesperadamente, ao tacho. Hoje, por exemplo, na primeira página do jornal «I», pode ler-se (por cima de uma fotografia de um Passos Coelho sorridente) esta extraordinária declaração do ainda primeiro-ministro : «Eles (entenda-se, os seus adversários do PS) querem cortar as pensões mais baixas». Mas que falta de pudor ! Mas que maneira mais constrangedora de tomar os Portugueses por parvos ! Estará o homem a apostar no 'facto' da maioria esmagadora dos nossos compatriotas serem amnésicos ? Se calhar está mesmo...

domingo, 20 de setembro de 2015

CINE-SAUDOSISMO (30)

O filme de aventuras medievais «PRÍNCIPE VALENTE» («Prince Valiant») -produzido, em 1954, pela companhia 20th. Century Fox- foi directamente inspirado nas personagens dos álbuns de BD, criadas em 1937 por Harold R. Foster. Filmado em soberbo TechniColor e com uma duração de 100 minutos, esta fita com realização de Henry Hathaway, beneficiou amplamente da presença e do trabalho de alguns dos melhores actores da Hollywood daquele tempo : Robert Wagner, James Mason, Janet Leigh, Debra Paget, Sterling Hayden, Donald Crisp e Victor McLaglen, entre outros. Ambientado na corte do rei Artur, a história contada é a do herdeiro de um monarca da fria Escandinávia, que viu os seus direitos ao trono usurpados por um tirano; que, sabendo o seu rival com vida, vai envidar esforços para o suprimir. Isso, com a cumplicidade de um  cavaleiro da famosa Távola Redonda, cuja desmedida ambição o fez trair o seu juramento de cavaleiro e todos os pares da sua confraria. Embora favorizando a lenda, tal como a viu o já referido Hal Foster, este bonito filme (com guião de Dudley Nichols e com excelentes imagens de Lucien Ballard, que não podemos deixar de citar) mergulha-nos, surpreendentemente, numa Idade Média muito em conformidade com aquela dos cavaleiros andantes que todos nós idealizámos na nossa adolescência; graças, talvez, à leitura dos maravilhosos romances de 'sir' Walter Scott... Saudoso filme, cuja cópia já é possível adquirir (sobre suporte DVD ou 'Blu-ray') na maior parte dos países da Europa ocidental.

sábado, 19 de setembro de 2015

MAIS OLHOS DO QUE BARRIGA ?

Uma derrota claríssima sofrida pelo Sporting, esta semana, em casa, contra o Lokomotiv de Moscovo (1-3), deixa-nos elucidados sobre os intentos (ou veleidades ?) do seu treinador, Jorge de Jesus. Que, este ano, disse querer «ganhar tudo». Finalmente e ainda a propósito desse jogo, ficou-se a saber que o supracitado não faz o que quer na equipa; pois permitiu que o seu presidente (um simples administrativo do clube de Alvalade...) se intrometesse nas suas funções, exigindo o afastamento da equipa de um jogador com a classe de Carrillo. Penso que assim, os leões não vão lá. Nem no campeonato caseiro...

ESPECIALIDADE : BARBEIRO-CORNETEIRO

Quando, no navio, o barbeiro de bordo também é o corneteiro da guarnição, uma das tarefas acaba por sofrer os efeitos dessa curiosa dualidade. O corte de cabelo ficou a meio, mas o fígaro militar afiança (no cartaz afixado ao lado do espelho) «...que volta já». (Amplie a imagem com um clique do rato).

EFEMÉRIDE



Foi no dia 19 de Setembro de 1900 -há 115 anos, precisamente- que a famigerada 'Wild Bunch', co-chefiada por Robert L. Parker (aliás Butch Cassidy) e por Harry A. Longabaugh (aliás Sundance Kid), assaltou a agência do First National Bank de Winnemucca, uma isolada cidadezinha do Nevada. Foi, que se saiba, a primeira vez que este famoso duo de foras-da-lei 'trabalhou' em conjunto e que as atenções da polícia e da imprensa se voltaram para aquela que viria a ser uma das mais reputadas quadrilhas de malfeitores do Oeste americano : a segunda Quadrilha Selvagem (que herdou um epíteto usado, anos antes, pelo bando dos Doolin, também ele de triste memoria). Depois de uma bem sucedida série de assaltos a bancos e a composições ferroviárias e a outros transportes de fundos, as autoridades policiais dos EUA montaram um cerco apertado aos bandoleiros, o que motivou a fuga dos cabecilhas, Butch e Sundance (e da namorada deste, a professora Etta Place) para o estrangeiro. O trio -que vestia com refinada elegância e que dispunha de muito dinheiro- instalou-se, primeiramente, em Buenos Aires, onde ganhou a confiança e a simpatia das elites locais, chegando mesmo a privar com um diplomata norte-americano destacado na capital argentina. Mas, depois de terem comprado uma fazenda e de terem levado, naquele país, uma vida confortável, acabou-se o dinheiro... E, em 1906, voltaram àquilo que melhor sabiam fazer : roubar bancos. Mas essa aventurosa actividade não se mostrou ali, nos confins da América do Sul, mais fácil do que na sua terra natal e os dois homens (entretanto Etta, doente, regressara aos 'states') começaram a saltitar de país em país, transitando da Argentina para o Chile e do Perú para a Bolívia. A versão oficial do seu trágico fim diz-nos que os dois assaltantes gringos foram mortalmente abatidos a tiro, no dia 6 de Novembro de 1908, em San Vicente, num confronto com uma unidade do exército boliviano; chamada a detê-los, na sequência de um assalto perpetrado pela dupla Butch-Sundance contra a tesouraria de uma sociedade mineira. Mas a lenda (que contraria os factos) perdura : segundo versões mais ou menos fantasiosas, um deles, ou mesmo os dois, teria(m) saído vivo(s) do tiroteio e morrido algures nos Estados Unidos, muito anos mais tarde, sob a capa do anonimato. Em quem acreditar ? -Eu inclino-me mais para aversão oficial...

O cinema norte-americano (muito especialmente aquele que ostenta o carimbo 'made in Hollywood') consagrou numerosos filmes à saga destes perigosos bandidos do Faroeste. E, curiosamente, na sua quase generalidade, exalta os seus 'feitos' e 'virtudes', acabando por transformar banais malfeitores em heróis populares. Uma das mais célebres dessas películas é, sem dúvida, a obra de George Roy Hill, realizada em 1968 e intitulada «Dois Homens e um Destino» («Butch Cassidy and the Sundance Kid»). A dita fita foi protagonizada por Paul Newman (no papel de Butch), por Robert Redford (no de Sundance) e por Katharine Ross (no de Etta). Foi muito aplaudida, simultaneamente, pela crítica e pelo público. E, quase 50 anos após a sua estreia, esta fita produzida pela 20th. Century Fox, é já considerada um clássico do cinema western.


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

FANTÁSTICO FLAMENCO !


Flamenco : sem dúvida a mais lídima, a mais bonita e a mais sentida expressão da alma andaluza.

Para ver e ouvir, carregue aqui :

https://www.youtube.com/watch?v=XNhfV_53W7A