sábado, 17 de julho de 2010
OS FILMES DA MINHA VIDA (29)
«DESFORRA APACHE»
FICHA TÉCNICA
Título original : «Chato’s Land»
Origem : G. B./Espanha/E. U. A.
Género : western
Realização : Michael Winner
Ano de estreia : 1971
Guião : Gerald Wilson
Fotografia (c) : Robert Paynter
Música : Jerry Fielding
Montagem : Freddie Wilson
Produção : Michael Winner
Distribuição : United Artists
Duração : 110 minutos
FICHA ARTÍSTICA
Charles Bronson ………………………………………….………. Pardon Chato
Jack Palance …………………………… ..…………………..…… Quincey Whitmore
Richard Basehart ……………………………………………..... Nye Buell
James Whitmore ……………………………… ..…………..… Joshua Everett
Simon Oakland …………………………………………..…….…. Jubal Hooker
Richard Jordan …………….…………………..………………… Earl Hooker
Ralph Waite ……………………………………….………………… Elias Hooker
Victor French ………………………………………….……….... Martin Hall
William Watson ………………………… ….……….………..… Harvey Lensing
Rodd McMillian ……………………………………… ……….…. Gavin Mallechie
SINOPSE
Ano de 1873, no território do Novo México. O mestiço Pardon Chato, que parara em Arillo para se desalterar e para se repousar, mata em estado de legítima defesa o xerife racista e provocador desse pequeno povoado.
Para lhe dar caça e castigá-lo, Quincey Whitmore –um ex-capitão do exército sulista e veterano das campanhas contra Cochise- mobiliza uma dúzia de voluntários, todos movidos pelo mesmo ódio exacerbado contra os Apaches.
A vindicativa milícia de Arillo (guiada por um batedor Yaqui) acaba por encontrar a pista do fugitivo, que conduz a uma área do território na qual Chato se move como peixe na água e de onde lhe é possível seguir, passo a passo, a progressão da coluna que o persegue.
Depois de ter brincado com os brancos ao jogo do gato e do rato (para tanto até deixara, voluntariamente, atrás de si indícios flagrantes da sua passagem), o mestiço acaba por desinteressar-se da sorte dos improvisados justiceiros.
Estes acabam, no entanto, por localizar o esconderijo do invisível Pardon Chato e, na sua ausência, matam-lhe o irmão e violam-lhe a companheira. Depois de ter descoberto o hediondo crime cometido pela milícia de Arillo, a pretensa presa vai metamorfosear-se num autêntico e implacável caçador, que extermina, um por um, impiedosamente, todos os seus inimigos.
O MEU COMENTÁRIO
Denunciado pela sua extrema violência –como já o fora «O Homem da Lei», que Winner realizara no ano precedente- «Desforra Apache» foi, igualmente, muito criticado pelo seu maniqueísmo; já que, desde as primeiras imagens, fica nitidamente estabelecido quem são os bons e quem são os naus da fita, quem é nobre e quem é ignóbil, quem deve sobreviver à aventura que começa e quem nela merece soçobrar. Tal como nos ‘serials’ dos longínquos anos 30 e 40 !
Apesar desses aspectos aparentemente negativos, esta película do cineasta londrino Michael Winner propõe-nos –talvez como uma natural contrapartida- uma óptima reflexão sobre as contradições da justiça expeditiva e incontrolada, assim como um raciocínio justo sobre o racismo primário evidenciado pelos colonizadores brancos do Faroeste. Racismo patente, aliás, em muitas cenas e diálogos do filme, nomeadamente no propósito de uma das personagens que diz, referindo-se à terra que pisa (e que é a terra-mãe dos Apaches), mais ou menos isto : «sem os índios, isto seria realmente um belo país».
Mas «Desforra Apache» é, quanto a mim (e não só, já que ao ter escolhido «Chato’s Land» para título original do filme em apreço a produtora me conforta nessa opinião), mais uma película sobre a inviolabilidade da terra, do que, propriamente, sobre a aventura dos homens. É assim, e por essa razão, que Pardon Chato, que vive com a terra em perfeita comunhão, que faz parte integrante da natureza do Novo México, que coabita harmoniosamente com todos os outros elementos que a compõem –desertos, rochedos e nascentes, cactos, serpentes e pumas, etc- consegue impor-se aos seus adversários, que ali, naquele lugar e naquele tempo, constituem um corpo espúrio, do qual é conveniente e urgente desembaraçar-se.
Charles Bronson, que neste filme pronuncia, apenas, meia dúzia de ininteligíveis frases (presumo que em dialecto dos Apaches) confere à personagem que encarna –o atlético e enigmático Pardon Chato- uma grande veracidade. O resto da trupe de actores demonstra também grande profissionalismo e cada um dos actores assume com rigor o papel que lhe foi dado a interpretar.
Está também de parabéns a equipa técnica reunida por Michael Winner, que conseguiu transformar o sul de Espanha, onde o essencial desta fita foi rodado, num muito credível território do Novo México. A ilusão é, desta vez, perfeita !
Afinal, «Desforra Apache» é um excelente filme E as acusações de violência imputadas ao seu realizador, encontram justificação no facto de ser o sudoeste dos Estados Unidos desse tempo uma das regiões mais selvagens do planeta. Uma terra onde os homens se afrontavam numa guerra feroz, sem quartel. Os pele-vermelhas para se manterem na terra ancestral e nela preservarem o seu original modo de vida; e os brancos para ali imporem um modelo de sociedade que só a eles convinha.
(M.M.S.)
O cineasta Michael Winner e o actor Charles Bronson repousam-se num intervalo das filmagens
Preparando a caça ao homem...
Debaixo do fogo cerrado de Pardon Chato, o mestiço...
Observando o inimigo...
Envergando o seu uniforme de antigo oficial confederado, Jack Palace é um dos maus da fita
Cartaz francês deste controverso filme de Michael Winner
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