sábado, 23 de setembro de 2017

O FEITO NÁUTICO DE DIOGO BOTELHO

Diogo Botelho -que alguns qualificam como simples aventureiro- foi, na realidade, um experimentado piloto português do século XVI (ignora-se o ano do seu nascimento), que, nessa qualidade, fez várias viagens ao Oriente, ao leme das naus da chamada Carreira da Índia. Pouco mais se sabe sobre a sua vida de marinheiro-soldado e das outras tarefas que ele terá desempenhado ao serviço do rei de Portugal. A sua fama adveio-lhe do facto de, em 1535, ter feito uma difícil viagem transoceânica -da Índia a Portugal- para dar a D. João III a notícia de que Nuno da Cunha (então governador da Índia) estava a construir a fortaleza de Diu. Nada de notável se teria achado nisso, se a tal viagem não tivesse sido feita numa ligeira fusta(*), embarcação muito pouco adequada para realizar tal cometimento. Diogo Botelho faleceu em 1549, em lugar e circunstâncias que desconhecemos.


(*) A fusta era um pequeno navio de propulsão mista. Estava, geralmente, equipada com um único mastro, armando uma pouco dimensionada vela latina e/ou redonda e dispunha de remos para poder vencer as calmarias, muito frequentes nos mares do Oriente. Onde a lusa gente a utilizou prioritariamente. Era, portanto, um navio em nada apetrechado para transpor obstáculos como o de passar o tormentoso cabo da Boa Esperança e, entre outros mais, navegar durante semanas e meses nas agitadas águas do oceano Atlântico. É evidente, pois, que nessas condições, só a experiência acumulada -naquela rota- pelos marinheiros de Portugal e uma grande coragem física e mental podiam concorrer para o sucesso da missão de Diogo Botelho. Um dos muitos heróis esquecidos da singular odisseia das Descobertas.

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