quinta-feira, 21 de setembro de 2017

CINE-NOSTALGIA (79)

«PIXOTE, A LEI DO MAIS FRACO» é um filme brasileiro realizado, em 1980, por Hector Babenco. Do elenco artístico fazem parte Fernando Ramos da Silva, Marília Pêra, Jorge Julião, Gilberto Moura, Zenildo Oliveira Santos, José Nilson dos Santos e Jardel Filho. Distribuído internacionalmente pela Columbia Pictures, tem fotografia a cores e uma duração de 125 minutos. Foi um dos grandes sucessos do cinema do país irmão das duas últimas décadas do século XX. É um filme duro (direi mesmo muito violento), sem concessões, que aborda o tema da delinquência infantil, que é uma constante (por falta de resolução dos graves problemas sociais que atormentam o país) nas ruas da cidade de São Paulo. A história contada é a de Pixote, um rapazito de condição miserável que, apanhado numa rusga, transita por casas de correcção, que são autênticas universidades do crime; onde ele -com os seus amigos Dito, Fumaça e Lilica, entre outros- descobre a droga, a violência (incluindo os homicídios cometidos a sangue frio e, por vezes por razões fúteis), o negócio do sexo, etc. «PIXOTE, A LEI DO MAIS FRACO» constituiu, aquando da sua estreia, um choque tremendo na Europa, que, despreocupadamente, ignorava o alto grau de criminalidade que invade -ainda hoje, pois não houve melhorias- as grandes urbes da América do Sul. E da qual os jovens de baixo extracto social são os protagonistas e as principais vítimas. Esta película foi rodada como se tratasse de um documentário (atroz), que exala uma indesmentível realidade, que abrande milhões de meninos e de meninas, que vivem num intolerável mundo de desesperança. Para reforçar essa ideia, basta dizer que o 'herói' da fita, Fernando Ramos da Silva (um amador recrutado pela produção num dos bairros miseráveis de São Paulo, a maior cidade do hemisfério sul). tinha 10/12 anos na altura da rodagem do filme e que, alguns anos mais tarde, quando contava 19 anos de vida, foi abatido mortalmente a tiro pela polícia, aquando de um ataque à mão armada falhado. Quem ainda não viu este filme brasileiro, unanimamente aplaudido e vencedor de vários prémios internacionais (em Locarno, em San Sebastian, em Nova Iorque, etc.), deveria vê-lo sem tardar.

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