quinta-feira, 24 de agosto de 2017

TÚMULO DE EL-REI D. DINIS, NO MOSTEIRO DE ODIVELAS


Esta arca funerária esteve, num primeiro tempo, colocada no centro da igreja do mosteiro de Odivelas, igualmente chamado de São Dinis ou de São Bernardo; edifício que o 'rei-poeta' mandou construir em finais do século XIII. Foi, posteriormente, dali removida, pelo facto de tapar -às religiosas da respectiva comunidade- a vista para o altar-mor e de impedir as freiras bernardas de assistir condignamente às missas. Depois do terramoto de 1755 -que tantos estragos causou na capital do Reino e fora dela- o jazigo (que sofreu danos importantes, devido à queda, sobre ele, da abóbada da igreja) foi transferido para o lugar onde, ainda hoje, se encontra : a capela do Evangelho. A reparação da arca tumular foi executada, no século XIX, por iniciativa da rainha D. Estefânia (esposa de D. Pedro V), mas o dito restauro esteve longe de reunir consensos entre os peritos. Segundo Borges de Figueiredo, na sua mui apreciada monografia «O Mosteiro de Odivelas», a reparação foi um verdadeiro atentado à estética. Já que «fizeram ao rei D. Dinis uma cabeça em gesso, com uma barba muito penteada e frisada, mãos e pés de gesso também...». O que resta do túmulo original e é verdadeiramente digno de apreço, são as suas paredes, que, essas sim, são as primitivas e «reveladoras do altíssimo gosto arquitectónico da época». Outra curiosidade que diz respeito a este jazigo e à personagem que nele repousa, o também chamado 'rei-lavrador' é a seguinte : a arca foi aberta em 1938 -em pleno regime salazarista- sob a égide da Direcção-Geral dos Monumentos Nacionais. Segundo o historiador José Mattoso, «viram que estava ainda com bocados de pele, tinha a dentição completa, a barba e o cabelo ruivos». Não se fizeram, nessa altura, ao cadáver daquele soberano que, para referir um dito popular, «fez tudo quanto quis», estudos aprofundados de ADN, pelo facto de, nessa primeira metade do século XX, nem se sonhar, sequer, com a possibilidade de isso poder ser possível; pois a estrutura da molécula ADN só foi descoberta em 1953 e dos exames periciais só terem ocorrido muitos anos depois.


D. Dinis (1261-1325) - foi trovador e mulherengo, mas, sobretudo, um bom administrador... Foi o sexto rei da dinastia de Borgonha e de Portugal. Era filho de D. Afonso III e de Beatriz de Castela. Foi casado com Isabel de Aragão, a chamada Rainha Santa.

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