segunda-feira, 31 de outubro de 2011

OS FILMES DA MINHA VIDA (83)


«MARABUNTA»

FICHA TÉCNICA
Título original : «The Naked Jungle»
Origem : E. U. A.
Género : Aventuras
Realização : Byron Haskin
Ano de estreia : 1954
Guião : Phil Yordan e Ranald MacDougall
Fotografia (c) : Ernest Laszlo
Música : Daniele Amfitheatrof
Montagem : Everett Douglas
Produção : George Pal e Frank Freeman Jr.
Distribuição : Paramount Pictures
Duração : 95 minutos

FICHA ARTÍSTICA
Charlton Heston ………………………………………… Christopher Leiningen
Eleanor Parker ……………………………………………. Joanna
William Conrad ……………………………………………. o comissário
Abraham Sofaer …………………………………………. Incacha
John Dierkes ……………………………………………….. Grüber
Norma Calderon …………………………………………… Zala
Romo Vincent ……………………………………………….. o capitão do vapor
Douglas Fowley ………………………………………… .. o curandeiro
Leonard Strong …………………………………………... Kutina
John Mansfield …………………………………………... o capataz

SINOPSE
Está-se em 1901, em plena selva amazónica. Uma bela e elegante mulher, que acaba de chegar à América do sul, proveniente da cidade de Nova Orleães, tenta, sem resultado, obter informações detalhadas sobre o seu próprio marido : um certo Christopher Leiningen, homem com quem casara por procuração e que nunca vira pessoalmente.
Já na sua presença, Joanna compreende que Leiningen é um ser complexo e orgulhoso; mas, também, um homem empreendedor, dotado de uma extraordinária capacidade de trabalho e de uma grande coragem física. A recém-chegada apercebe-se, do mesmo modo, que aquele que desposara havia conseguido desbravar vastos territórios de floresta virgem e lograr fundar ali -naquela recôndita e hostil região da Amazónia- um autêntico império, do qual é, praticamente, o senhor absoluto.
As relações do casal degradam-se logo desde o primeiro encontro e agrvam-se particularmente quando o despeitado Christopher toma conhecimento de que Joanna casara com ele em segundas núpcias. Após uma violentíssima altercação, Leiningen impõe o regresso de Joanna aos Estados Unidos. A partida da esposa repudiada é, porém, adiada, quando um agente do governo local vem advertir Christopher –que é produtor de cacau- da eminência de uma catástrofe. Com efeito, toda a região se encontra sob a ameaça de uma invasão de terríveis formigas vermelhas, fenómeno raríssimo a que os indígenas chamam marabunta !
A marabunta –pesadelo vivo, que cobre uma área de 30 quilómetros de comprimento por 3 de largura- provoca a desolação por onde alastra, devorando aldeias, plantações e até os homens que tentam opor-se à sua inexorável passagem.
O desastre que se aproxima não é, no entanto, suficientemente dissuasivo para fazer recuar homens da têmpera de Christopher Leiningen. Coadjuvado pela mulher que precipitadamente rejeitara (mas que entendera, ela, que num momento de perigo extremo o lugar certo de uma esposa é junto do marido), o orgulhoso proprietário de terras e de homens acabará –na sua titânica e desesperada luta contra as minúsculas formigas- por ver desaparecer o fruto dos esforços desenvolvidos durante anos e anos de labor. Mas, no combate de vida ou de morte que ele sustentou contra o seu assombroso inimigo, Leiningen descobriu, surpreendido, o amor e a força de ânimo de Joanna. A sua abnegada e corajosa mulher !

O MEU COMENTÁRIO
Embora este filme tenha outras qualidades, a verdade, porém, é que se «Marabunta» perdurou na memória dos cinéfilos foi, essencialmente, graças às extraordinárias sequências que puseram em movimento milhões de formigas. O desfile compacto e avassalador dessa bicharada é, aqui, de tal modo impressionante, de tal maneira convincente, que Walon Green chegou a utilizar certas imagens desta espectacular produção da Paramount para as integrar no seu mui famoso e didáctico documentário «Insectos e Homens».
O argumento de «Marabunta» foi sugerido a Philip Yordan e a Ranald MacDougall –os guionistas da fita- pelo livro «Leiningen Versus the Ants», da autoria de Carl Stephenson. Incompreensivelmente votada ao ostracismo pelos programadores dos canais de televisão, principais consumidores de antigas fitas norte-americanas, «Marabunta» é, no entanto e como já referi, uma película deveras interessante, mesmo na ausência das vorazes formigas vermelhas que lhe deram fama. Tomemos, como exemplo flagrante, o dramático face a face entre as principais personagens deste filme de Byron Haskin –Christopher Leiningen, um ser tirânico e excessivamente orgulhoso, e Joanna, uma mulher belíssima, culta, inteligente e decidida- que permanece como um dos grandes momentos de amor ardente do cinema hollywoodiano da época. Cena que tem por protagonistas os excelentes e já consagrados actores Charlton Heston e Eleonor Parker.
Considerada, a justo título, a melhor realização de Haskin, esta película evidencio-se, claramente, pela carga erótica que marca as relações entre as já referidas personagens e que atinge o seu paroxismo naquela cena em que Christopher, embriagado, cede momentaneamente à sua recalcada e devorante paixão, para beijar violentamente e pela primeira vez, a mulher que ele tanto deseja e que, ao mesmo tempo, o seu retrógrado conceito da moral obriga a repudiar.
Rodagem mista, onde as necessárias sequências de estúdio alternam, de maneira feliz, com belas estampas (em glorioso TechniColor) captadas no quadro exuberante da selva sul-americana, este excelente filme de paixão e de aventuras que é «Marabunta», impõe-se, também, pelas portentosas imagens que ofereceu aos espectadores de há meio século, ávidos de exotismo, ‘luxo’ que, em meados do século XX, só a magia do cinema lhes podia proporcionar.
Em Portugal, já existe, felizmente, cópia desta fita em formato DVD. Sendo, assim, possível -aos cinéfilos lusos da nova geração- descobrir a mais emblemática película da filmografia de Byron Haskin.

(M.M.S.)


Cartaz francês


Eleonor Parker (que neste filme interpreta o papel de Joanna) foi, além de uma notável actriz, uma das mais encantadoras estrelas da Hollywood dos 'Anos de Ouro'. Ainda está entre nós, contando 90 anos de idade


Cartaz alemão


Joanna (Eleonor Parker), uma elegante citadina da costa leste dos Estados Unidos, sente-se deslocada nas selvas da América do sul; muito por culpa do marido (com quem casou por procuração), que é um ser excessivamente orgulhoso e tirânico


A revista francesa (hoje extinta) «Mon Film», novelizou esta espectacular fita de aventuras de Byron Haskin


Eleonor Parker (Joanna) e Christopher Leiningen (Heston) vivem, nesta cena, um dos episódios mais dramáticos -e também mais eróticos- do filme


Cartaz espanhol


Material publicitário italiano. Esta fita de Haskin chama-se, no país de Fellini, «Furia Bianca»


De pé, numa primitiva canoa, está Leiningen; que olha para apaisagem circundante na esperança de detectar a presença do seu mortal inimigo : a marabunta


Outro cartaz norte-americano


Charlton Heston e Eleonor Parker divertem-se (manipulando um revólver) durante uma interrupção das filmagens


Christopher Leiningen (Charlton Heston) e os seus homens descobrem o cadáver de uma das vítimas da imparável marabunta...


Capa de cassete VHS editada nos 'states'

A PALESTINA É MEMBRO DE PLENO DIREITO DA UNESCO


A Palestina é, oficialmente e desde hoje, membro de pleno direito da UNESCO, a organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Esta primeira vitória diplomática do povo palestiniano foi garantida -na sede parisiense da UNESCO- por uma maioria esmagadora de nações; entre as quais não se quis, infelizmente, incluir Portugal, que se absteve(*); talvez para não 'chatear' quem tem a pretensão de mandar no mundo. Entre os estados que votaram contra, figuram Israel (o opressor da Palestina), a Alemanha (que continua a apoiar incondicionalmente o estado judeu, por não conseguir vencer o sentimento de culpa pelos tais 6 milhões de vítimas do holocausto) e os Estados Unidos da América, culpados morais por tudo o que Israel fez (e continua a fazer) de mal ao povo árabe da Palestina. Por pura frustração e mesquinho espírito de vingança, os E.U.A. já ameaçaram retirar à UNESCO a sua valiosa contribuição financeira... Pergunta-se : será isto uma manifestação de democracia ?

(*) Paulo Portas, ministro dos Negócios Estrangeiros, desculpou-se pelo voto medricas de Portugal, dizendo que foi um voto 'europeu'. É pura mentira : a França votou a favor da integração da Palestina na UNESCO. E não foi um único país da C.E. a tomar essa atitude digna de uma democracia

OS DVD's DE «QUANTEZ, A CIDADE PERDIDA» E DE «AMIZADE SANGRENTA» ESTÃO A CHEGAR !

Há já muito tempo que os westernófilos aguardam que as cópias de certos filmes do seu género preferido cheguem, finalmente, ao mercado da venda directa. Eu, por exemplo, espero (há anos...) pela edição de vários DVD's, entre os quais se contam : «Quantez, a Cidade Perdida» («Quantez»), uma fita realizada em 1957 por Harry Keller e protagonizada pelos actores Fred MacMurray, Dorothy Malone e John Gavin; e «Amizade Sangrenta» («Seven Ways from Sundown»), filme igualmente dirigido por Keller, em 1960, com Audie Murphy, Barry Sullivan e John McIntire nos principais papéis. Ora estes dois filmes vão ser editados em França, em simultâneo com mais alguns títulos interessantes, por uma firma -a Sidonis Productions- que tem demonstrado, ao longo destes últimos anos, um particular interesse pelos westerns de qualidade. Por isso, bem haja !


Esta fita desperta-me uma curiosidade especial, pelo facto de nunca a ter visto...


Desta, tenho uma velha e usada cópia registada na TV para suporte VHS e, posteriormente, transferida para DVD

(As cópias destas películas -com imagem e som restaurados- serão postas à venda, em França, no próximo dia 24 de Novembro. E só serão acessíveis aos anglófonos e francófonos)

AS VERDADES (SEMPRE ACTUAIS) DO POETA ALEIXO


Há tantos burros mandando
Em homens de inteligência
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência

ESCÂNDALOS E MAIS ESCÂNDALOS


A imprensa portuguesa denuncia, todos os dias, casos de monumentais vigarices, que conduzem ao enriquecimento ilícito de certos cidadãos deste país, geralmente ligados à política nacional ou local. Antigos pobrezinhos que, por cada 'golpe de génio', vão acrescentando ao seu património (todo ele de origem duvidosa) mais uns milhões...


Todos esses chicos-espertos são conhecidos do público, da gente modesta, agora alvo da fúria anti-social do Governo, que a expreme como um limão. Até à última gota da sua essência...


E o povo, desesperado por uma política de austeridade (que, na realidade, não atinge todos os Portugueses), olha espantado e escandalizado para a justiça que temos (mas que não merecemos), que deixa impune os milhares de canalhas que por aí vão prosperando à custa de roubos inqualificáveis e pelos quais não recebem castigo...

SÁPIDO E ACONCHEGADOR CALDO VERDE


Pouco importa se ele é ou não originário de terras minhotas, se deve ser servido com a tora ou permanecer inteiramente vegetariano... A verdade é que esta popular e modesta sopa de couves (que, por regra, deve ser servida quentinha) é um dos pratos preferidos dos Portugueses; que não tiveram acanhamento em integrá-lo na lista das 7 Maravilhas da Gastronomia nacional. Eu prefiro o caldo verde 'enfeitado'com umas rodelinhas de chouriço, enchido que lhe transmite um gostinho muito especial, muito agradável... O caldo verde ganhou, por outro lado, o estatuto de prato convivial, sendo servido em diversas ocasiões (tal como a francesíssima 'soupe à l'oignon') em ceias de muitos e alegres companheiros


A couve é a principal matéria prima do nosso saboroso e saudável caldo verde. Geralmente dá-se preferência à chamada couve galega, que se caracteriza pelo seu pé alto

domingo, 30 de outubro de 2011

OS WESTERNS COM ERROL FLYNN


Este garboso (e controverso) actor natural da Tasmânia -ilha onde nasceu em 1909- fez furor em Hollywood, sobretudo nas décadas de 40 e 50 do século passado. E todos os amadores de cinema da minha geração (mas não só) se lembram dos seus sucessos em fitas como «Capitão Blood», «A Carga da Brigada Ligeira», «O Príncipe e o Pobre», «As Aventuras de Robim dos Bosques» (que foi um dos maiores êxitos de sempre do cinema mundial), «Objectivo Burma», etc, etc. Mas Errol Flynn foi, igualmente, um brilhante actor de westerns, comportando a sua filmografia nada menos do que 8 títulos desse género muito particular de películas. Temos muito prazer em evocar, agora e aqui, todos os seus filmes ambientados no Oeste americano. Até porque, muitos deles, caíram no esquecimento, apesar de -praticamente- todos terem qualidade. Aqui fica, pois, a lista das 'coboiadas' deste inesquecível actor australiano, precocemente falecido no ano de 1959 :


1- «VIDA NOVA» («Dodge City», Michael Curtiz, 1939) - O primeiro de todos os westerns da filmografia de Flynn conta-nos uma história ligada à chegada dos caminhos-de-ferro ao território do Cansas e ao subsequente desenvolvimento da cidade de Dodge. Muita acção e também algum humor fazem desta fita um clássico do cinema do género...


2- «DUAS CAUSAS» («Virginia City», Michael Curtiz, 1940) - Duelo de espiões durante a guerra civil. Os combatentes da sombra (encarnados por Flynn e pela bela Mirian Hopkins) acabam por ultrapassar as rivalidades que os opõem, para viver um romance de amor. Isto no meio de aventuras inauditas, vividas durante um conflito fratricida...


3- «A CAMINHO DE SANTA FÉ» («Santa Fe Trail», Michael Curtiz, 1940) - Film cuja acção decorre no início da guerra de Secessão e que maltrata (ignobilmente) uma figura ímpar do abolicionismo, da luta contra a escravatura : John Brown. Figura histórica, cuja reabilitação ainda está para fazer...


4- «TODOS MORRERAM CALÇADOS» («They Died With Their Boots On»), Raoul Walsh, 1941) - Filme realizado à memória do 'general' George A. Custer, cuja sede de gloríola pessoal levou o 7º regimento de cavalaria do exército dos Estados Unidos à vexante e mortífera derrota de Little Big Horn. Frente a uma coligação formada por guerreiros Sioux, Cheyennes e Arapahos...


5- «SANTO ANTÓNIO, A CIDADE SEM LEI» («San Antonio», David Butler, 1945) - Esta é uma história de ladrões de gado que operam no Texas, na região de San Antonio; e a odisseia de Clay Hardin (figura encarnada por Flynn), que lhes vai declarar uma luta de vida ou de morte...


6- «SANGUE E PRATA» («Silver River», Raoul Walsh, 1948) - Neste filme, Flynn (que no início interpreta o papel de um oficial nortista) queima 1 milhão de dólares da União, para que o inimigo confederado não lhe deite a mão. Julgado e expulso do exército, o antigo capitão parte para o Oeste, onde vai enriquecer graças ao negócio do jogo e do álcool...


7- «MONTANA, TERRA PROIBIDA» («Montana», Ray Enright, 1950) - Rivalidades sangrentas no território de Montana, entre criadores de bovinos e proprietários de rebanhos de ovelhas. Uma história de amor vem pôr fim às disputas entre facções...


8- «ABNEGAÇÃO HERÓICA» («Rocky Mountain», William Keighley, 1950) - Película trágica e pouco convencional, esta fita de William Keighley situa-se nas Montanhas Rochosas e coloca, frente a frente, as hostes envolvidas na guerra civil (unionistas e confederados) e os pele-vermelhas, inimigos de todos os militares brancos...


Curiosamente, todos os westerns de Errol Flynn foram produzidos pelos estúdios dos famosos irmãos Warner


O sorriso sedutor de Errol Flynn, valeu a este actor australiano inúmeras fãs. No mundo inteiro


Capa de um 'fanzine' (da autoria do bloguista de serviço) inteiramente dedicado ao cinema western de Errol Flynn

ENCHIDOS : O CÉU E O INFERNO


Amostra de enchidos portugueses. O céu, porque são -a nível da qualidade das suas carnes e no que respeita o seu valor gustativo- do melhor que se faz em todo o mundo. O inferno, porque consumidos em excesso (como, geralmene, acontece no nosso país) se tornam um veneno; reconhecido pelos dietistas e outros especialistas do regime alimentar

SALINEIRAS


Como o testemunha esta já antiga fotografia, tempos houve em que os marnoteiros da ria de Aveiro (e não só desse espaço lagunar) utilizavam, essencialmente, mão-de-obra feminina no transporte do sal, das zonas de produção para os lugares de armazenamento. Esse trabalho rude era feito com o auxílio de canastras, que as corajosas mulheres da Aveiro e de outras localidades vizinhas levavam à cabeça...

JEAN BART, DE DUNKERQUE


Diz a legenda aposta sob esta gravura : «O capitão Jean Baert de Dunquerque (grafia arcaica do apelido do homenageado e do nome da cidade), o terror das frotas inimigas sobre o oceano». Jean Bart (1650-1702) foi, com efeito, um oficial da marinha (natural da cidade de Dunkerque), que serviu e se formou nas esquadras do almirante batavo De Ruyter, antes de receber 'carta de corso' do rei de França. A partir daí, obteve alguns espectaculares triunfos contra as frotas britânicas e holandesas

ANTÚRIOS


Estas plantas são originárias das Américas central e do sul, onde crescem de maneira espontânea nalguns lugares de clima húmido. As suas belíssimas flores são, geralmente, de cor vermelho vivo...


...mas também as há brancas ou cor-de-rosa, como este exemplar da espécie 'Flamingo Lily'. Os antúrios estão, actualmente, muito divulgados na Europa, como plantas (decorativas) de interior; mas também se dão bem nos jardins, se plantados no lugar próprio e receberem os cuidados adequados

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

OS FILMES DA MINHA VIDA (82)


«DUELO AO PÔR-DO-SOL»

FICHA TÉCNICA
Título original : «The Last Sunset»
Origem : E . U. A.
Género : Western
Realização : Robert Aldrich
Ano de estreia : 1961
Guião : Dalton Trumbo
Fotografia (c) : Ernest Laszlo
Música : Ernest Gold
Montagem : Edward Mann
Produção : Eugene Franke e Edward Lewis
Distribuição : Universal International
Duração : 112 minutos

FICHA ARTÍSTICA
Rock Hudson ……………………………………………. Dana Stribling
Kirk Douglas …………………………………………….. Brendan O’Malley
Dororhy Malone ……………………………………... Belle Breckenridge
Joseph Cotten ……………………………………..…. John Breckenridge
Carol Lynley ………………………………….…………. Missy Breckenridge
Neville Brand ……………………………….………….. Frank Hobbs
Regis Toomey ………………………………………….. Milton Wing
Rad Fulton …………………………………..……………. Julesberg Kid
Adam Williams ………………………………..……….. Bowman
Jack Elam ………………………………………………….. Ed Hobbs

SINOPSE
O xerife Dana Stribling persegue o aventureiro Brendan O’Malley muito para além da área de jurisdição do seu cargo oficial. O rancor pessoal que ele nutre pelo fugitivo leva-o a transpor a fronteira internacional do rio Grande e a persegui-lo em território mexicano.
Esse ódio pertinaz explica-se pelo facto de O’Malley ter abatido, durante um duelo desigual, o cunhado do polícia, depois de lhe ter seduzido a esposa : a própria irmã de Stribling, que preferiu não sobreviver ao escândalo, suicidando-se.
Os dois homens acabam por encontrar-se no rancho dos Breckenridge, uma família de nacionalidade norte-americana instalada no México. Como esses seus compatriotas têm problemas para encontrar os vaqueiros que os ajudem a conduzir aos Estados Unidos a manada de bovinos que ali pretendem vender, Stribling e O’Malley oferecem-lhe a sua colaboração. Para tanto, comprometem-se tacitamente a ajustar contas só no fim da viagem que vão empreender até Crazy Horse, uma localidade texana das margens do rio Bravo.
A rivalidade entre os dois homens reaviva-se, em torno de Belle Breckenridge, com quem O’Malley já mantivera uma relação íntima e da qual Stribling se enamorara, depois da morte violenta do seu marido.
O’Malley parece, porém, mais interessado pela pessoa de Missy, a juvenil herdeira dos Breckenridge, do que em reactivar a ligação sentimental de outrora. Preocupada com a atitude da adolescente, que, de toda evidência, se está a deixar enredar pelo ‘charme’ do aventureiro, Belle revela ao atónito Brendan que a mocinha é a sua própria filha…
Na hora do ajuste de contas, com Dana Stribling, o ainda chocado O’Malley é abatido pelo xerife durante um duelo que se desenrolara lealmente. Quando o vencedor se debruça, porém, sobre o corpo da vítima para se apoderar da sua arma, verifica –com natural estupefacção- que a pistola Derringer do seu rival não contém munições…

O MEU COMENTÁRIO
Robert Aldrich, a quem ficámos a dever alguns westerns de factura clássica («Vera Cruz», Quatro do Texas», etc) e uma obra como «Ulzana, o Perseguido», muito contestada pelo facto de contrariar frontalmente as regras de um género tradicionalmente avesso a ambiguidades, oferece-nos aqui uma fita que é, também, um melodrama.
«Duelo ao Pôr-do-Sol» é, com efeito, um filme simultaneamente comovente e perturbante, que se inscreve na linha dos westerns psicológicos de um tempo em que o género, tal como o cisne da lenda, já entoava o seu sofrido canto de morte.
O argumento desta película (que ousa aflorar os problemas difíceis do adultério, do incesto e do suicídio) deve-se a Dalton Trumbo –uma das vítimas do McCarthysmo, de volta a Hollywood após um longo período de ostracismo- que o adoptou de um romance da autoria de Howard Rigsby intitulado «Sundown at Crazy Horse». Trumbo referiu um dia, numa entrevista, que o filme e fizera «num estado de crise permanente». Isso, devido aos desentendimentos constantes observados no ‘plateau’ entre o realizador e Kirk Douglas, actor que co-financiou «Duelo ao Pôr-do-Sol» por intermédio da Bryna, a sua companhia produtora.
O próprio Aldrich referiu-se, também ele, à «situação insuportável» provocada por esses contínuos incidentes com Douglas, dizendo que foi extremamente penível trabalhar com alguém que era, ao mesmo tempo, «empregado e patrão» e, além disso, uma pessoa incrivelmente teimosa.
Apesar de todas as dificuldades da realização, o filme saiu com uma notável coesão narrativa, qualidade que proporcionou aos espectadores um visionamento dos mais agradáveis. As personagens –implicadas no jogo, tão humano, da sensualidade e da violência- têm a vitalidade e a veracidade que lhes facultou o saber profissional de um leque de actores muito sabedores da sua arte. E, quando afirmamos isto, não nos queremos apenas referir ao trio principal do elenco. Pensamos também na jovem Carol Linley e nos veteranos Joseph Cotten e Jack Elam (entre outros), que também eles, desempenharam os seus papéis com a força que lhes é peculiar.
Não se pode falar deste filme sem evocar –como um dos seus mais belos instantes- a cena de inesperada e nostálgica ternura em que Brendan O’Malley (Douglas) canta para a sua presumível filha Missy (Carol Linley) a bonita melodia «Pretty Little Girl in the Yellow Dress», composta e escrita por Dimitri Tiomkin e por Ned Washington, respectivamente.
A exemplo do que aconteceu com inúmeras outros filmes de qualidade, «Duelo ao Pôr-do-Sol» foi votado ao esquecimento pelos editores portugueses de DVD’s. Pergunta-se : até quando ?

(M.M.S.)


Cartaz francês


Foto promocional da película. Da esquerda para a direita : Kirk Douglas (no papel de Brendan O'Malley), Carol Linley (encarnando Missy), Dorothy Malone (que é, na fita, Belle Breckenbridge) e Rock Hudson (que dá corpo e voz ao xerife Stribling)


Capa do DVD comercializado em França, país onde o filme tomou o curioso título de «El Perdido»; o mesmo que lhe foi dado na Alemanha


A família norte-americana dos Breckenbridge possui um rancho no México; que definha em razão dos vícios de John (Joseph Cotten) : o álcool e o jogo das cartas


Cartaz alemão


Joseph Cotten, que representa um papel secundário nesta fita de Aldrich -o do rancheiro John Breckenridge- foi, na realidade, um dos grandes actores do seu tempo. Proveniente dos palcos, pertenceu à famosa trupe do Mercury Theatre de Orson Welles; que o dirigiu, aliás, no inesquecível filme «O Mundo a Seus Pés» («Citizen Kane»). Mas, muitas outras prestigiosas películas figuram na sua vasta filmografia, entre os quais se contam os westerns «Duelo ao Sol», «Entre Dois Juramentos», «Fronteiras Humanas», «A Marca do Ódio», etc


Depois de uma longa perseguição, o aventureiro Brendan O'Malley (Kirk Douglas) e o xerife Dana Stribling (Rock Hudson) encontram-se, finalmente. Mas, vão adiar a hora do ajuste de contas, para poderem auxiliar a família Brekenridge a conduzir o seu gado a uma localidade do sul do Texas


Cartaz britânico anunciando a projecção de «Duelo ao Pôr-do-Sol» numa sala de Londres


O'Malley (Douglas) e Sribling (Hudson) salvam a pele de Breckenridge (Cotten), que, uma vez mais, se envolveu numa litigiosa partida de póquer


Cartaz argentino


A caminho do Texas : o xerife Stribling (Hudson) começa a interessar-se pela pessoa de Belle Breckenridge (Malone), com quem dança numa das raras cenas românticas desta fita


Missy (Carol Linley) está apaixonada por O'Malley (Douglas), que é, presumivelmente, o seu pai biológico. Verdade ou mentira de Belle Breckenridge (Dorothy Malone), que quer proteger a filha da influência devastadora de um quebra-corações ?


Cartaz australiano


Cena final deste emocionante e pouco convencional western. Na imagem vemos Missy (Linley) abraçada ao cadáver de O'Malley (Douglas), enquanto o par formado por Stribling (Hudson) e Belle (Malone) se retira do lugar do inaudito duelo


Capa do DVD editado no Brasil, país onde este filme se intitula «O Último Pôr-do-Sol»