segunda-feira, 31 de outubro de 2011

OS FILMES DA MINHA VIDA (83)


«MARABUNTA»

FICHA TÉCNICA
Título original : «The Naked Jungle»
Origem : E. U. A.
Género : Aventuras
Realização : Byron Haskin
Ano de estreia : 1954
Guião : Phil Yordan e Ranald MacDougall
Fotografia (c) : Ernest Laszlo
Música : Daniele Amfitheatrof
Montagem : Everett Douglas
Produção : George Pal e Frank Freeman Jr.
Distribuição : Paramount Pictures
Duração : 95 minutos

FICHA ARTÍSTICA
Charlton Heston ………………………………………… Christopher Leiningen
Eleanor Parker ……………………………………………. Joanna
William Conrad ……………………………………………. o comissário
Abraham Sofaer …………………………………………. Incacha
John Dierkes ……………………………………………….. Grüber
Norma Calderon …………………………………………… Zala
Romo Vincent ……………………………………………….. o capitão do vapor
Douglas Fowley ………………………………………… .. o curandeiro
Leonard Strong …………………………………………... Kutina
John Mansfield …………………………………………... o capataz

SINOPSE
Está-se em 1901, em plena selva amazónica. Uma bela e elegante mulher, que acaba de chegar à América do sul, proveniente da cidade de Nova Orleães, tenta, sem resultado, obter informações detalhadas sobre o seu próprio marido : um certo Christopher Leiningen, homem com quem casara por procuração e que nunca vira pessoalmente.
Já na sua presença, Joanna compreende que Leiningen é um ser complexo e orgulhoso; mas, também, um homem empreendedor, dotado de uma extraordinária capacidade de trabalho e de uma grande coragem física. A recém-chegada apercebe-se, do mesmo modo, que aquele que desposara havia conseguido desbravar vastos territórios de floresta virgem e lograr fundar ali -naquela recôndita e hostil região da Amazónia- um autêntico império, do qual é, praticamente, o senhor absoluto.
As relações do casal degradam-se logo desde o primeiro encontro e agrvam-se particularmente quando o despeitado Christopher toma conhecimento de que Joanna casara com ele em segundas núpcias. Após uma violentíssima altercação, Leiningen impõe o regresso de Joanna aos Estados Unidos. A partida da esposa repudiada é, porém, adiada, quando um agente do governo local vem advertir Christopher –que é produtor de cacau- da eminência de uma catástrofe. Com efeito, toda a região se encontra sob a ameaça de uma invasão de terríveis formigas vermelhas, fenómeno raríssimo a que os indígenas chamam marabunta !
A marabunta –pesadelo vivo, que cobre uma área de 30 quilómetros de comprimento por 3 de largura- provoca a desolação por onde alastra, devorando aldeias, plantações e até os homens que tentam opor-se à sua inexorável passagem.
O desastre que se aproxima não é, no entanto, suficientemente dissuasivo para fazer recuar homens da têmpera de Christopher Leiningen. Coadjuvado pela mulher que precipitadamente rejeitara (mas que entendera, ela, que num momento de perigo extremo o lugar certo de uma esposa é junto do marido), o orgulhoso proprietário de terras e de homens acabará –na sua titânica e desesperada luta contra as minúsculas formigas- por ver desaparecer o fruto dos esforços desenvolvidos durante anos e anos de labor. Mas, no combate de vida ou de morte que ele sustentou contra o seu assombroso inimigo, Leiningen descobriu, surpreendido, o amor e a força de ânimo de Joanna. A sua abnegada e corajosa mulher !

O MEU COMENTÁRIO
Embora este filme tenha outras qualidades, a verdade, porém, é que se «Marabunta» perdurou na memória dos cinéfilos foi, essencialmente, graças às extraordinárias sequências que puseram em movimento milhões de formigas. O desfile compacto e avassalador dessa bicharada é, aqui, de tal modo impressionante, de tal maneira convincente, que Walon Green chegou a utilizar certas imagens desta espectacular produção da Paramount para as integrar no seu mui famoso e didáctico documentário «Insectos e Homens».
O argumento de «Marabunta» foi sugerido a Philip Yordan e a Ranald MacDougall –os guionistas da fita- pelo livro «Leiningen Versus the Ants», da autoria de Carl Stephenson. Incompreensivelmente votada ao ostracismo pelos programadores dos canais de televisão, principais consumidores de antigas fitas norte-americanas, «Marabunta» é, no entanto e como já referi, uma película deveras interessante, mesmo na ausência das vorazes formigas vermelhas que lhe deram fama. Tomemos, como exemplo flagrante, o dramático face a face entre as principais personagens deste filme de Byron Haskin –Christopher Leiningen, um ser tirânico e excessivamente orgulhoso, e Joanna, uma mulher belíssima, culta, inteligente e decidida- que permanece como um dos grandes momentos de amor ardente do cinema hollywoodiano da época. Cena que tem por protagonistas os excelentes e já consagrados actores Charlton Heston e Eleonor Parker.
Considerada, a justo título, a melhor realização de Haskin, esta película evidencio-se, claramente, pela carga erótica que marca as relações entre as já referidas personagens e que atinge o seu paroxismo naquela cena em que Christopher, embriagado, cede momentaneamente à sua recalcada e devorante paixão, para beijar violentamente e pela primeira vez, a mulher que ele tanto deseja e que, ao mesmo tempo, o seu retrógrado conceito da moral obriga a repudiar.
Rodagem mista, onde as necessárias sequências de estúdio alternam, de maneira feliz, com belas estampas (em glorioso TechniColor) captadas no quadro exuberante da selva sul-americana, este excelente filme de paixão e de aventuras que é «Marabunta», impõe-se, também, pelas portentosas imagens que ofereceu aos espectadores de há meio século, ávidos de exotismo, ‘luxo’ que, em meados do século XX, só a magia do cinema lhes podia proporcionar.
Em Portugal, já existe, felizmente, cópia desta fita em formato DVD. Sendo, assim, possível -aos cinéfilos lusos da nova geração- descobrir a mais emblemática película da filmografia de Byron Haskin.

(M.M.S.)


Cartaz francês


Eleonor Parker (que neste filme interpreta o papel de Joanna) foi, além de uma notável actriz, uma das mais encantadoras estrelas da Hollywood dos 'Anos de Ouro'. Ainda está entre nós, contando 90 anos de idade


Cartaz alemão


Joanna (Eleonor Parker), uma elegante citadina da costa leste dos Estados Unidos, sente-se deslocada nas selvas da América do sul; muito por culpa do marido (com quem casou por procuração), que é um ser excessivamente orgulhoso e tirânico


A revista francesa (hoje extinta) «Mon Film», novelizou esta espectacular fita de aventuras de Byron Haskin


Eleonor Parker (Joanna) e Christopher Leiningen (Heston) vivem, nesta cena, um dos episódios mais dramáticos -e também mais eróticos- do filme


Cartaz espanhol


Material publicitário italiano. Esta fita de Haskin chama-se, no país de Fellini, «Furia Bianca»


De pé, numa primitiva canoa, está Leiningen; que olha para apaisagem circundante na esperança de detectar a presença do seu mortal inimigo : a marabunta


Outro cartaz norte-americano


Charlton Heston e Eleonor Parker divertem-se (manipulando um revólver) durante uma interrupção das filmagens


Christopher Leiningen (Charlton Heston) e os seus homens descobrem o cadáver de uma das vítimas da imparável marabunta...


Capa de cassete VHS editada nos 'states'

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