quarta-feira, 5 de outubro de 2011

CONHECEM A SALICÓRNIA ?


Há 10 anos (mais ou menos) provei a salicórnia pela primeira vez em França e repeti a experiência, num restaurante de Rouen, aqui há umas semanas atrás, comendo uma salada que integrava alguns troços desse vegetal. A salicórnia (também chamada cacherlo no nosso país) já entrou nos hábitos alimentares dos Franceses há algum tempo, embora o seu consumo continue a ser marginal. A salicórnia é uma planta da família das 'Chenopodiaceae', da qual se conhecem cerca de trinta espécies distintas. É uma planta anual, carnuda e, naturalmente, comestível, que cresce nos solos ricos em sal, predominantemente nas costas marítimas, junto às salinas, sapais e outras zonas temporaria ou permanentemente encharcadas pelas águas do mar. Em França, a salicórnia é degustada fresca, em saladas e omeletes, ou comida depois de conservada em vinagre, à maneira dos famosos 'cornichons' (pepininhos). Curiosamente, em França, já há muitas décadas que se lhe encontrou uma outra aplicação (extraculinária), que consiste em integrar a salicórnia na composição de sabões, pois esta planta é rica em soda vegetal. O comércio da salicórnia ainda não tem, porém, grande expressão económica, sendo vendida nalguns mercados e peixarias. Em Portugal, país onde as virtudes desta planta começam agora a manifestar-se, há apenas um produtor conhecido, na região da Figueira da Foz. A salicórnia não é, por consequência, fácil de encontrar e adquirir. A planta já foi, porém, alvo de estudos sérios. O Dr. Miguel Boeiro, por exemplo, referiu, ne revista «Saúde Actual», que «para além das abundantes vitaminas, proteínas, ácidos gordos e sais biológicos altamente assimiláveis e vitais para o equilíbrio alimentar, a salicórnia é especialmente recomendável para os hipertensos, uma vez que pode ser um vantajoso substituto do sal das cozinhas». Parecida com o espargo, a salicórnia é habitualmente colhida no fim da Primavera, antes de endurecer e de se tornar fibrosa. O seu preço médio é -em Portugal- da ordem dos 20 euros por quilo. No Brasil, onde também lhe chamam 'espargo do mar', a salicórnia é alvo das atenções dos industriais, que detectaram nesta planta halófita qualidades para ser transformada em biocarburante. E até já estimaram que 1 hectare de salicórnia pode fornecer cerca de 1 000 litros de biodiesel por safra. Mas isso não é novidade, pois na Arábia Saudita (em Ras al-Zawr) e no México (em Sonora) já há algum tempo que funcionam projectos-pilotos. O que é curioso, tratando-se de dois grandes produtores de petróleo...

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