domingo, 2 de outubro de 2011
OS FILMES DA MINHA VIDA (75)
«VAGABUNDOS SELVAGENS»
FICHA TÉCNICA
Título original : «Wild Rovers»
Origem : E. U. A.
Género : Western
Realização : Blake Edwards
Ano de estreia : 1971
Guião : Blake Edwards
Fotografia (c) : Philip Lathrop
Música : Jerry Goldsmith
Montagem : John F. Burnett
Produção : B. Edwards e K. Wales
Distribuição : Metro Goldwyn-Mayer
Duração : 132 minutos
FICHA ARTÍSTICA
William Holden ………………………………………. Ross Bodine
Ryan O’Neal ………………………………………….… Frank Post
Karl Malden ……………………………………………. Walter Buckman
Lynn Carlin ……………………………………………… Sada Billings
Tom Skerritt …………………………………………. John Buckman
Joe Don Baker………………………………………… Paul Buckman
James Olson …………………………………………… Joe Billings
Leora Dana ……………………………………………… Nell Buckman
Moses Gun ………………………………………………. Ben
Victor French ……………………………………….. o xerife
Rachel Roberts ……………………………………... Maybell
Sam Gilman …………………………………….………. Hansen
SINOPSE
Para fugirem à rotina do seu dia-a-dia, o quinquagenário Ross Bodine e o jovem Frank Post, vaqueiros ao serviço da poderosa família Buckman, decidem pilhar o banco local e fugir para o México, onde pensam ter uma existência mais divertida, menos insípida.
Depois de consumado o golpe e na posse de 36 000 dólares –uma soma colossal para a época e para o lugar- os dois homens cavalgam para sul, levando no seu encalço, além do xerife do condado e dos seus subordinados, o velho Buckman (que assume o crime dos seus cowboys como uma afronta pessoal) e alguns antigos colegas dos foragidos.
Mas, na fronteira do estado, os agentes da autoridade renunciam à perseguição, invocando uma lei que não lhes permite actuar fora da área de jurisdição do xerife. Desde logo, só os filhos do velho e ofendido rancheiro Walter Buckman e alguns vaqueiros mais exímios no manuseamento das armas de fogo continuam a mover, obstinadamente, a caça a Bodine e a Post.
Entretanto, a sorte abandonara os fugitivos. No botequim de uma pequena localidade do percurso, o mais novo dos assaltantes cede à sua doentia paixão pelo jogo do póquer e é mortalmente ferido por um parceiro de mesa; e Ross Bodine, que se atrasara na sua fuga para dar assistência ao seu infortunado companheiro, acaba por ser alcançado pelos seus perseguidores e abatido a tiro, sem a mínima condescendência…
O MEU COMENTÁRIO
Com um nome que o público associa, não sem razão, à realização de comédias (nomeadamente às da série da «Pantera Cor-de-Rosa»), Blake Edwards não era, no entanto, em 1971 (ano de produção da sua fita «Vagabundos Selvagens»), um neófito em matéria de cinema western. Deviam-se-lhe já, com efeito, os guiões de duas películas com acção passada no Oeste selvagem : «Panhandle» e «Stampede», que Lesley Selander -um dos áses hollywoodianos do western de série B- dirigira em 1948 e 1949, respectivamente.
De «Vagabundos Selvagens» diria amargamente Blake Edwards o seguinte : «Nunca tentei conscientemente fazer ou exprimir algo de diferente, até que um dia resolvi escrever esta tragédia sobre dois vaqueiros que assaltam um banco e, que por isso, são implacavelmente perseguidos. Fiz depois, a partir dessa história, uma película subtilíssima. Mas James Aubrey, que entretanto acedera à direcção da M.G.M., destruiu o filme, amputando-o de mais de 40 minutos, modificando o fim previsto e alterando inúmeras outras coisas sobre a relação entre as personagens. Isso serviu-me de lição e levou-me a formular exigências de completa autonomia sobre os filmes que, desde então, tenho realizado».
Apesar da amargura e do desencanto evedenciados neste discurso de Blake Edwards, e também do insucesso comercial da fita em apreço, convém dizer que, ainda assim, «Vagabundos Selvagens» é uma película original, inteligentemente construída e trespassada de lances de grande emoção e de irónico realismo. As suas personagens já nada têm a ver, naturalmente, com os heróis sem medo e sem mácula dos westerns produzidos algumas décadas atrás. São personagens do cinema do tempo -mais humanas, mais vulneráveis e mais credíveis- que se interrogam sobre a precaridade das suas existências e se revoltam contra um quotidiano difícil e sem perpectivas de mudança.
Note-se que a fraca receptividade por parte do grande público e a insensibilidade de certa crítica em relação a este filme não contagiou, felizmente, aquela categoria (muito restrita, é certo) de espectadores que associa cinefilia e estudo da História do Oeste. Esses, não regatearam aplausos a uma fita que, a exemplo de outras produções da mesma época, se distinguiu por uma maior autenticidade das situações e que se ilusta, igualmente, por uma maior veracidade no propósito dos seus protagonistas.
Isto dito, saliento as muito boas prestações interpretativas do veterano actor William Holden e do jovem Ryan O'Neal; este a gozar, ainda e plenamente, dos efeitos ligados ao recente sucesso obtido com «Love Story». Notáveis são, também, as espectaculares imagens de exteriores colhidas pela câmara de Philip Lanthrop -um autêntico artista- em várias e muito fotogénicas regiões dos estados do Colorado e do Arizona.
Outra coisa que quero salientar em relação a «Vagabundos Selvagens», é a recente comercialização, no nosso país, de um DVD com cópia do dito filme. O DVD foi editado pela Cine Digital, é de qualidade excelente e está à venda nas boas casas da especialidade.
(M.M.S.)
Blake Edwards, autor da engraçada película «A Pantera Cor-de-Rosa» e de outras comédias sofisticadas. Em 1971, ninguém esperava que ele oferecesse ao público um western tão poderoso e tão emocionante como «Vagabundos Selvagens»
Cartaz francês
Frank Post (Ryan O'Neal) e o seu inseparável companheiro Ross Bodine (William Holden) eram dois pacatos vaqueiros. Agora são forajidos com contas a prestar à justiça...
Um dos grandes trunfos desta fita de Blake Edwards é, sem dúvida, a magnífica fotografia colorida da autoria de Philip Lathrop
Cartaz espanhol
O cowboy Bodine (William Holden), agora rico, delicia-se com os prazeres da carne...
Recorte de uma revista francesa de televisão, anunciando a programação de «Vagabundos Selvagens»
Este foi um dos cartazes que promoveu a película na Alemanha; onde ela recebeu o curioso título de «Missouri» !
Este é o excelente DVD editado em Portugal (no mês de Setembro de 2011) pela Cine Digital
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