quinta-feira, 27 de outubro de 2011

VENDEDORES DE BANHA DA COBRA


Anos 50, numa rua de Lisboa : no nosso país sempre houve quem cultivasse a arte de enganar o pacóvio; que até parece apreciar os 'milagres' que lhe impingem. «Por sete mil e quinhentos e com um pente de tartaruga de presente, se levar duas caixinhas»...


Essa nossa muito especial propensão para acreditar em charlatães, vigaristas e quejandos é inata. Ontem comprávamos banha da cobra para curar todos os males, hoje adquirimos corno de rinoceronte e baba de caracol, desta feita para preservarmos a pujança sexual e para conservarmos uma cara sem rugas...


No século XIX, nos 'States', o povo, ainda iletrado, também se deixava ludibriar pelos 'doutores' que percorriam as zonas rurais com elixires que tudo curavam ou preveniam : as lombalgias, a queda do cabelo, as dores dentais, etc, etc. Só que, por vezes, esses tais vendedores de banha da cobra eram desmascrados e recebiam um castigo muito em moda nesse tempo : eram postos em pêlo, regados com alcatrão e cobertos com plumas de galináceos...


Este 'cura-tudo' prolifera pela África negra e não só. Por cá, neste cantinho à beira mar plantado, somos ainda milhões de simplórios a acreditar nos modernos vendedores de banha da cobra. Gente que agora se vale dos seus títulos universitários, da sua filiação partidária, que se diz políticos, advogados ou economistas, para vender falsas e estafadas esperanças a milhões de Portugueses. Que, crédulos por natureza, continuam a acreditar numa quadrilha de autênticos e inescrupulosos gatunos, ávidos de bens alheios, em particular de dinheiros públicos, e que sempre os defraudaram, acabando por levar o país à ruína... Todos os dias se descobrem (ou se desmascaram) novos figurões que não recuam diante nada, nem ninguém para açambarcar mais uns milhões. Um deles, que já foi alto dirigente de um dos maiores partidos nacionais e deputado da Assembleia da República, está agora formalmente acusado pelas autoridades brasileiras de ter cometido um crime de morte. Para extorquir umas massas a uma sua cliente -Será que (a exemplo de muitos outros) vai -também ele- escapar aos tribunais e à justiça ? -A mim já nada me surpreende...

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