invitaminerva45: OS FILMES DA MINHA VIDA (80)

«O ÚLTIMO COMBOIO DE GUN HILL»

FICHA TÉCNICA
Título original : «Last Train from Gun Hill»
Origem : E. U. A.
Género : Western
Realização : John Sturges
Ano de estreia : 1959
Guião : James Poe
Fotografia (c) : Charles Lang Jr.
Música Dimitri Tiomkin
Montagem : Warren Lowe
Produção : Hal B. Wallis
Distribuição : Paramount Pictures
Duração : 94 minutos

FICHA ARTÍSTICA
Kirk Douglas …………………………………….. xerife Matt Morgan
Anthony Quinn …………………………………. Craig Belden
Carolyn Jones …………………………………… Linda
Earl Holliman …………………………………….. Rick Belden
Brad Dexter ………………………………………. Beero
Brian Hutton ………………………………………. Lee
Ziva Rodann ……………………………………….. Catherine Morgan
Bing Russell ………………………………………… Skag
Val Avery …………………………………………….. o barman
Walter Sande ……………………………………… xerife Bartlett

SINOPSE
A esposa (índia) do xerife de Pawnee, no Oklahoma, é violada e assassinada por dois desconhecidos, de passagem pela região. Graças a uma valiosa sela abandonada no local do crime, mas que ostenta referências dobre a identidade do seu proprietário, o xerife sabe que os carrascos da sua mulher são originários da cidade de Gun Hill.
É, pois, para ali que Matt Morgan (o polícia viúvo de Pawnee) se dirige, com o intuito de pedir explicações a Craig Belden, um dos seus antigos amigos, a quem pertence o precioso adorno de equitação. O primeiro contacto com Belden permite ao xerife compreender duas coisas : que o seu velho companheiro é o homem mais rico e influente de Gun Hill, onde pode contar com o apoio incondicional de quase toda a população; e que ele nunca lhe entregará o seu filho Rick, que se revela ser um dos criminosos procurados pela justiça.
Nesse transe, o xerife de Pawnee é obrigado a tomar as medidas radicais que as circunstâncias impõem. Depois da captura de Rick Belden e da sua detenção provisória num hotel da cidade, Matt dirige-se para a estação de Gun Hill, onde conta embarcar –com o seu prisioneiro- no último comboio da noite. É no cais de embarque que, depois da morte acidental do jovem detido, o poderoso Craig e o intransigente xerife de Pawnee se vão afrontar num trágico duelo de morte.

O MEU COMENTÁRIO
Gente houve que quis ver neste trabalho de John Sturges um plágio de «O Comboio das Três e Dez», soberbo western realizado em 1957 por Delmer Daves. Confesso que não compreendo lá muito bem porquê ! –Será pelo facto de, em ambas as fitas, a composição ferroviária (também presente nos títulos dos dois filmes) desempenhar um papel importante no desfecho das respectivas histórias ? –Ou porque determinada sequência, numa como noutra das fitas, mostra um prisioneiro (encarnado por Earl Holliman na obra de Sturges e por Glenn Ford no trabalho de Daves) sequestrado no quarto de um hotel, onde aguarda a sua transferência para a estação de caminhos-de-ferro ?
Apesar da similitude desses detalhes, não me parece que Sturges tenha copiado algo de essencial. O entrecho das histórias contadas é diferente, como diferente é o seu desfecho. Se aqui, no filme de John Sturges, o prisioneiro é abatido acidentalmente pelo amigo e cúmplice do crime que desencadeia a acção de «O Último Comboio de Gun Hill», já na fita de Delmer Daves as coisas se passam mais pacificamente, visto ter-se instalado uma certa cumplicidade entre as personagens protagonizadas por Van Heflin e por Glenn Ford. Com efeito, como todos se lembram, em «O Comboio das Três e Dez» o prisioneiro recusa categoricamente a intervenção armada dos seus apaniguados, por nutrir alguma simpatia pelo seu improvisado guarda e, também, por estar intimamente convencido de que poderá evadir-se, com alguma facilidade, do presídio de Yuma, onde este o conduz.
Isto dito, convém ainda salientar que «O Último Comboio de Gun Hill» está longe de possuir as qualidades que, geralmente, os cinéfilos reconhecem à acima referenciada fita de Daves. Trata-se, no entanto, de um filme cuja acção se segue agradavelmente e que em nada destoa na obra westerniana do seu autor. Uma obra caracterizada por uma grande eficácia técnica e narrativa, que granjeou à maioria das fitas que a constituem um sucesso popular merecido. Repare-se que a equipa técnica implicada na feitura desta película é, na sua quase totalidade, aquela que havia assegurado, dois anos antes, o êxito de «Duelo de Fogo», uma das obras mais importantes da filmografia de John Sturges. Alguns actores –Douglas e Holliman- haviam igualmente interpretado papéis de relevo nesse clássico do cinema do Oeste.
A propósito da participação, em «O Último Comboio de Gun Hill», dos seus dois principais intérpretes, escreveu Jacqueline Michel nas páginas do quotidiano «Le Parisien» o seguinte : «…Kirk Douglas e Anthony Quinn conferem às personagens que encarnam o seu magnetismo pessoal, reforçado pela sincera convicção de que Matt e Craig não são fantoches, mas pessoas de carácter inteligentemente pensados por um guionista que conhece os clássicos».
Não sei se o DVD com cópia deste estimável western já foi editado em Portugal. Lembro-me é que, aqui há uns bons anos atrás, uma cassete VHS foi comercializada no nosso país pela firma Actual Vídeo.

(M.M.S.)

Um dos cartazes utilizados em França na promoção da película «O Último Comboio de Gun Hill»

O xerife Matt Morgan (Kirk Douglas) da cidadezinha de Pawnee, no Oklahoma, tem à sua frente uma valiosa sela com adornos de prata; objecto que o vai colocar na pista dos violadores e assassinos de sua mulher