segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
SANTA JOANA PRINCESA
Este doce olhar num rosto tão triste, é o da princesa Joana, filha do irrequieto rei D. Afonso V e irmã do Príncipe Perfeito. O mano quis casá-la com Ricardo III de Inglaterra; mas, às honras e ao luxo da corte de Londres, Santa Joana Princesa preferiu o recolhimento do convento de Jesus em Aveiro, onde viveu longos anos, até que a morte a levou no dia 12 de Maio de 1490. Ali está sepultada -num belíssimo túmulo de mármore com embutidos policromados- aquela que foi beatificada, em finais do século XVII, pelo papa Inocêncio XII e declarada, em 1965, Padroeira principal da cidade e da diocese de Aveiro pelo papa Paulo VI. O retrato da princesa que acima reproduzimos data da segunda metada do século XV, sendo, pois, da autoria de um artista contemporâneo de santa Joana. Está exposto no Museu de Aveiro, instituição que merece uma longa e atenta visita. Para um melhor conhecimento desta figura singular da nossa História, recomendamos a leitura do excelente livro de João Gonçalves Gaspar «A Princesa Santa Joana e a sua Época», cuja capa também aqui vos deixamos.
Como aqui vos deixamos este bonito e curto texto -de autor não identificado- sobre o passamento de santa Joana, que colhemos (imaginem !) das páginas do nosso livro da 3ª classe de instrução primária :
«Naquele mês de Maio, os jardins e o pomar do mosteiro de Jesus, em Aveiro, estavam floridos e verdejantes como nunca se vira.
Muitas plantas tinham sido dispostas e regadas carinhosamente pelas mãos da princesa Santa Joana, que nesse mosteiro vivia.
O melhor recreio da filha de D. Afonso V era deixar a sua cela e passear com as outras freiras à sombra daquelas árvores e no meio daquelas flores.
Chegara, porém, o fim da Santa Princesa. Todos os sinos das igrejas dobravam a finados, e no mosteiro ia um choro alto, porque ela deixara de viver.
Preparam-lhe o túmulo no coro da igreja e organizaram o cortejo funerário desde a cela, passando pelos jardins, para que a vissem pela última vez as plantas que ela estimara tanto.
Deu-se então um caso maravilhoso ! À passagem do enterro, começaram a murchar todas as ervas e a desfolhar-se as flores. As folhas e os frutos novos secaram nas árvores e foram caindo tristemente sobre o caixão.
Ninguém pôde conter as lágrimas, ao ver que a própria natureza tomava parte no sentimento que, pela morte da Santa, encheu a corte e o reino de Portugal».
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