terça-feira, 29 de dezembro de 2009
OS FILMES DA MINHA VIDA (8)
«A HISTÓRIA DE GLENN MILLER»
FICHA TÉCNICA
Título original : «The Glenn Miller Story»
Origem : E. U. A.
Género : Biografia/Musical
Realização : Anthony Mann
Ano de estreia : 1954
Guião : Valentine Davies e Oscar Brodney
Fotografia (c) : William Daniels
Música : Glenn Miller e Henry Mancini
Montagem : Russell Schoengarth
Produção : Aaron Rosenberg
Distribuição : Universal International
Duração : 116 minutos
FICHA ARTÍSTICA
James Stewart ……………………………....… Glenn Miller
June Allyson …………………………………….…. Helen Burger Miller
Charles Drake ………………………………….…. Don Haynes
Henry ‘Harry’ Morgan ……………………. Chummy
George Tobias ……………………………………. Si Schreibman
Barton McLane …………………..………………. general Arnold
Sig Rumann …………….…………………………….. Kranz
Irving Bacon ……………….….…………. …. Sr. Miller
Kathleen Lockhart ………………………... Sra. Miller
James Bell ……………………………….……..…… Burger
Dayton Lummis………………………..……………..coronel Spaulding
Marion Ross……………………..……………………..Polly Haynes
SINOPSE
Por volta de 1925, em San Francisco, o jovem trombonetista Glenn Miller aspira encontrar um emprego estável no seio de uma das diferentes orquestras que animam as noites dessa grande urbe californiana. A oportunidade acaba por surgir, quando Bem Pollack o integra no seu já afamado conjunto musical. Esse emprego espevita de tal modo o orgulho de Glenn, que, pela primeira vez na vida, este se sente com coragem para declarar o seu amor a Helen, uma ex-colega da universidade.
No decorrer de uma tournée a Nova Iorque com a orquestra de Pollack, o jovem músico casa com Helen, acabando por comunicar à jovem esposa o seu entusiasmo pelo jazz. E, quando esse entusiasmo se transmuta em paixão, é a sua companheira quem incita o trombonetista a prosseguir os seus estudos musicais e o ajuda a realizar o sonho de formar a sua própria orquestra.
A estreia da ‘Glenn Miller Orchestra’ não se faz, porém, sob os melhores auspícios. Uma série de incidentes vem sabotar os esforços do jovem músico, que não consegue vencer os obstáculos do seu quotidiano profissional. Ao mesmo tempo, e para agravar tão precária situação, Helen perde o bebé que o casal ansiosamente esperava.
É, finalmente, graças à dedicada ajuda de Si Schreibman, um amigo, que a situação muda e que a sorte vai começar a sorrir a Miller. E os sucessos manifestam-se com maior frequência, quando o músico acaba por encontrar aquela harmonia, aquela sonoridade perfeita que, havia anos, o obsecavam. A popularidade de Miller tornou-se um fenómeno nacional e a sua formação musical passa a ser considerada pelo público como a melhor orquestra de dança de toda a América do norte.
Mas no momento em que o sucesso de Miller atinge o auge, os Estados Unidos são arrastados para o turbilhão da Segunda Guerra Mundial. E Glenn Miller abandona, então, o conchego do lar e a sua fortuna (complemento natural do seu sucesso) para cumprir aquilo a que ele chama o seu dever de americano, alistando-se como voluntário na Força Aérea.
Os arranjos ‘swing’ que Miller faz das tradicionais marchas militares, valem-lhe um acréscimo de notoriedade junto dos soldados em campanha e, também, inúmeras solicitações para animar espectáculos. Em Dezembro de 1944, Glenn Miller aceita o convite para abrilhantar uma grande festa em Paris e divertir, com a sua orquestra, os muitos milhares de G.I’s estacionados em França. A 15 desse mês, Glenn, que até então se encontrava em Inglaterra, embarca para a apelativa ‘Cidade-Luz’ num pequeno avião militar. Mas o aparelho nunca chegou a França, por se ter despenhado acidentalmente (ao que se presume) nas revoltas águas do mar da Mancha…
O MEU COMENTÁRIO
Apesar de todos os êxitos obtidos pelo duo Anthony Mann-James Stewart (que rodaram juntos vários filmes, inclusivamente uma inesquecível série de westerns), esta é, talvez, a película mais popular criada por essa excepcional parelha de profissionais do cinema. Produzida pela companhia Universal, «A História de Glenn Miller» dispôs de um orçamento bastante modesto, facto que não impediu este filme de gerar lucros da ordem dos 8 milhões de dólares. O que para a época não era nada mau. James Stewart, que, desde o fim da guerra, instaurara um sistema de ‘cachet’ baseado numa percentagem das receitas de bilheteira, deverá ter esfregado as mãos de contente, ao constatar, uma vez mais, que essa fórmula (que faria escola) era aquela que melhor compensava o trabalho dos actores.
O grande sucesso deste filme assentou, basicamente, na predilecção de milhões de espectadores pelo ‘swing’ e no carisma de Glenn Miller, tragicamente desaparecido (10 anos antes da estreia desta película, que lhe rende homenagem), quando ele se encontrava no apogeu da sua carreira artística.
«A História de Glenn Miller» é, pois, uma biografia romanceada (ao jeito de Hollywood) da vida e obra do popular músico. É uma fita na qual Anthony Mann evitou cair (com uma certa habilidade, diga-se de passagem) no melodrama lacrimejante, graças a uma judiciosa utilização das melhores composições do artista; que acabaram por servir de contraponto à tensão dramática que, por vezes, se manifesta no desenrolar do filme. É o que acontece, por exemplo, na fase final da fita, quando o espectador toma conhecimento da morte trágica de Miller, ocorrida na sequência de um desastre aéreo. Ao relatar esse nefasto acontecimento, que é –obviamente- de natureza a suscitar a tristeza do público, Mann temperou-o com uma nota alacre, ao inserir simultaneamente na banda sonora um dos mais famosos trechos musicais do ‘rei do swing’, o trepidante «Little Brown Jug».
Refira-se que, apesar de ter sido dobrado por Joe Yukl (um profissional competentíssimo) nas sequências em que toca, James Stewart nunca nos parece ridículo. Isso, porque o actor exigiu que lhe fossem ministradas algumas lições de trombone, antes de se lançar neste trabalho de interpretação, de modo a poder manipular correctamente o instrumento.
A principal protagonista feminina desta excelente obra de Anthony Mann é a simpática June Allyson. Esta popular estrela de Hollywood era casada com o conhecido actor Dick Powell; que, pelo facto de June ter sido a esposa de Stewart em vários filmes, tinha por hábito anunciar, ironicamente, a chegada do popular Jimmy (nas recepções e espectáculos em que participavam) deste modo : «Aí vem o marido da minha mulher» !
Note-se ainda, e para finalizar estas linhas, a participação neste filme de alguns dos melhores e mais afamados ‘jazzmen’ dos anos 50 : Louis Armstrong, Ben Pollack, Gene Kruppa e muitos outros, que, em «A História de Glenn Miller», interpretam as suas próprias personagens.
(M.M.S.)
James Stewart (à direita) interpretando o papel do compositor e chefe de orquestra Glenn Miller
June Allyson e James Stewart são as vedetas do filme que conta (de maneira romanceada) as vidas de Helen e de Glenn Miller
Fotografia do verdadeiro Glenn Miller executando uma das suas famosas melodias, que tanto sucesso alcançaram nos Estados Unidos e na Europa...
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