sexta-feira, 20 de novembro de 2009

LEITURAS À LAREIRA


Nos anos 40 do século passado, a Livraria Barateira vendia fascículos (como o da imagem) com contos e récitas de inspiração popular. Além da ficção, apareciam também biografias de santos e de heróis da História. Nossa e alheia. Nesses recuados tempos não havia televisão no nosso país e os receptores de rádio eram ainda um privilégio dos portugueses mais endinheirados. Na província, durante o Inverno, à volta da lareira, esses fascículos eram lidos em voz alta por alguém que soubesse fazê-o (o analfabetismo atingia, então, mais de 50 % da população portuguesa) e estivesse disposto a satisfazer a curiosidade da família. Recordo-me que na minha aldeia, em casa dos meus maiores -já na década de 50- essa tarefa incumbia ao meu avô paterno. Um homem -são e inteiro- que me deixou muitíssimas saudades.

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