sexta-feira, 13 de novembro de 2009

AEROPORTO DE LISBOA, ANOS 50



A aviação comercial desenvolveu-se com particular sucesso no imediato pós-guerra, com a transformação e utilização de aparelhos de grande porte; que, durante o segundo conflito generalizado, haviam servido aos beligerantes como aviões de bombardeio e/ou de transporte de tropas. Foi o que aconteceu, entre outros, com o Junkers Ju-52, o SIAI Marchetti 75, o Douglas DC-3 «Dakota», os Boeing 307 e 377 (derivados do B-17 e B-29, respectivamente) e o Curtis C-46.
O aeroporto de Lisboa, sito no lugar da Portela de Sacavém, foi inaugurado em 1942 e melhorado depois da guerra, com o intuito de oferecer à capital portuguesa uma estrutura condigna, que colocasse a nossa maior cidade ao nível das grandes metrópoles da Europa, onde o avião comercial já começava, embora timidamente, a ser uma alternativa (só para as elites) aos transportes terrestres.
Lembro-me que, em meados dos anos 50, o nosso aeroporto internacional se tornou um atractivo turístico para os lisboetas e para a gente da zona periférica da capital, que ali afluíam, sobretudo aos domingos, só para ver os aviões. Que, naturalmente, deixavam maravilhados os basbaques do tempo, sem condições económicas, já se vê, para utilizar o transporte aéreo e viajar para fora das nossas fronteiras.
Ia-se, pois, ao aeroporto para ver os aviões, como se ia ao Jardim Zoológico para ver os símios da Aldeia dos Macacos ou à Feira Popular para experimentar as sensações oferecidas pelos acrobatas do Poço da Morte e para saborear umas farturas acompanhadas por um cálice de anis escarchado ou um copito de ginjinha.
Morador no Barreiro, eu ainda me lembro dessas visitas (quando eu era criança) à Portela, para ver as formas aerodinâmicas dos diferentes aparelhos e o roncar dos seus potentes motores de pistons. Eram aviões que provinham de Paris, de Londres, de Madrid, dos Açores, cidades e terras então exóticas, que nos faziam, naturalmente, sonhar com viagens maravilhosas; viagens que só muitos anos mais tarde é que todos nós pudemos realizar, mercê da mudança de regime político, da elevação do nosso nível de vida e da baixa de preços do transporte aéreo.
Recordo-me que o meu avião preferido desse tempo era o elegante quadrimotor Lockheed L-749 «Constellation», o famoso ‘Connie’, que aqui nos começou a chegar com as cores da T.W.A. e, mais tarde, com os emblemas de muitas outras companhias.
Eu fui uma daquelas pessoas que só teve a oportunidade de voar tardiamente. O meu baptismo de voo data de Janeiro de 1976, quando eu já tinha 30 anos de idade. Recordo-me que o primeiro avião que utilizei foi um Douglas DC-9 da companhia escandinava S.A.S. e que o voo decorreu entre Paris (Le Bourget) e Oslo (Fornebu), com escala em Copenhague. Depois disso já fiz mais uma centena de voos de avião e de helicóptero, sendo o mais longo de todos eles (quase 14 horas) uma tirada entre as cidades de Francforte (Alemanha) e Los Angeles (EUA), num aparelho Boeing 747-400 da Lufthansa.



cartaz publicitário da T.W.A. (anos 50) mostrando o seu mais moderno avião da época : o Lockheed L-749 «Constellation»


este desenho do «Costellation» mostra a elegância daquele que foi um dos mais belos aviões comerciais dos anos 50 do século XX


foi num Douglas DC-9 (idêntico ao da imagem) da companhia S.A.S., que eu fiz -em Janeiro de 1976- o meu baptismo de voo. Numa tirada Paris-Copenhague-Oslo

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