terça-feira, 2 de março de 2010

LEMBRANDO ANTONIO MOLINA


Foi a 18 de Março de 1992 que faleceu em Madrid o cidadão Antonio Molina de Hoces Castillo Hidalgo, um dos expoentes máximos da canção espanhola do século XX. Natural da cidade de Málaga, onde nasceu em 1928 no seio de uma família extremamente pobre, Antonio Molina era senhor de uma voz poderosa, inimitável, inconfundível..
Conhecedor dos seus dotes vocais, Molina cedo tentou a sua sorte na capital de Espanha. Ali conheceu o famoso maestro Lazaga que, impressionado com os seus dotes, lhe administrou gratuitamente lições de canto e o incitou a participar num concurso patrocinado por Radio España, destinado a descobrir novos talentos. Apesar de Antonio Molina ter vencido facilmente esse certame e de ter gravado um primeiro disco em 1949, a sua carreira de intérprete de flamencos e coplas só começaria verdadeiramente em meados da década dos 50, depois do ‘cantaor’ malaguenho ter protagonizado o seu primeiro filme de longa metragem, uma fita que se intitulou «El Pescador de Coplas».
As duas canções que ele interpretou nessa película começaram a ouvir-se, então, em todas estações de rádio do seu país e Antonio Molina acedeu, finalmente, à fama. A sua celebridade acabaria por alastrar a toda a América hispânica, onde Molina adquiriu, de imediato, o estatuto de estrela de primeira grandeza. Um novo filme datado de 1956, intitulado «La Hija de Juan Simón»,confirmaria os seus dotes vocais e a sua indesmentível classe. Uma canção desta fita (aliás com o mesmo título) bateu, nesse ano, todos os recordes de vendas de discos no país vizinho. Infelizmente, o grande artista que foi Antonio Molina não soube poupar-se fisicamente, doseando os seus esforços. Em meados dos anos 60, o seu altíssimo e prolongado falsete -que o público tanto apreciava e admirava- começou a atenuar-se e a voz do ‘cantaor’ malaguenho a dar os primeiros sinais de fadiga. A sua carreira prosseguiria , no entanto, durante vinte anos mais. Do seu vasto e variado reportório destacam-se dúzias de êxitos, que toda a Espanha trauteou. «Cuna de Coplas», «Cante y Toros», «Esa Voz es una Mina», «Siete Caballos de Espuma», «Puente de Santa Isabel», «El Limonero», «El Cristo de los Faroles», «Campanas de San Lorenzo», «Soy Minero», «Café de Chinitas» e a já referida «La Hija de Juan Simón» foram, somente e apenas, algumas das suas mais famosas canções.
Antonio Molina, a quem os clínicos proibiram determinantemente de cantar em 1989, finou-se em Madrid, como já acima se referiu, no dia 18 de Março de 1992, em consequência de uma fibrose pulmonar. Já lá vão, pois, quase dezoito anos que ele nos deixou, mas os milhões de fãs que ainda conserva na sua «Espanha querida», nas Américas e noutras regiões do planeta Terra mantêm viva a chama da recordação desse cantador de excepção, que um dia se extraiu, corajosamente, da miséria engendrada pela guerra civil para -com a sua voz de ouro- ascender ao merecidíssimo estatuto de estrela. E para nos encantar, até ao fim dos tempos…

Para memória dos vivos, aqui deixamos a letra (dramática) de um dos seus maiores sucessos :

«LA HIJA DE JUAN SIMÓN»

Cuando acabé mi condena
Vivi muy solo y perdido
Ella se murió de pena y yo
Que la causa he sido, sé que murió siendo buena
Ella se murió de pena y yo
Que la causa he sido, sé que murió siendo buena

La enterraron por la tarde
A la hija de Juan Simón
Y era Simón en el pueblo
Y era Simón en el pueblo ay
El único enterraor

El mismo a su propia hija
Al cementerio llevó
Y el mismo cavó la fosa
Y el mismo cavó la fosa, murmurando una oración

Y como en una mano llevaba la pala
Y en el ombro el azadón
Sus amigos le preguntan
Y todos le preguntaban ay
De donde vienes Juan Simón

Soy enterraor y vengo
Soy enterraor y vengo
Soy enterraor y vengo ay
De enterrar mi corazón


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