sábado, 20 de março de 2010

«...E OUTRAS CHINEZISSES»


Esta é a cópia fiel do 'reclamo' mandado imprimir e publicar, por volta de 1918, pelo senhor Manuel Ferreira, Comerciante, Regedor e Homem dos Sete Ofícios da vila de Sertã.

O texto foi integralmente transcrito do número referente a Janeiro de 1978 da excelente «Revista da Armada», à qual pedimos desculpa por esta bem intencionada usurpação (*).

«Manuel Ferreira, surgião, rigedor, comerciante e agente de enterros. Respeitosamente informa as senhoras e cavalheiros que tira dentes sem esperar um minuto, apelica cataplasmas e salapismos a baixo preço e vixas a 20 réis cada, garantidas.
Vende pelumas, cordas, corta calos, janetes, aços partidos, tosquia burros uma vez por mez, e trata das unhas ao ano. Amolla facas e tizoiras, apitos a 10 réis, castiçais, fregideiras e outros instrumentos musicais a preços reduzidos. Ensina gramática e discursos de maneiras finas, acim como cathecysmo e oretographia, canto e danças, jogos de sociedade e bordados. Perfumes de todas as qualidades. Como os tempos vão maus, pesso licença para dizer que comessei também a vender galinhas, lans, porcos e outra criassão.
Camisolas, lenços, ratueiras, enchadas, pás, pregos, tejolos, carnes, chourissos e outras ferramentas de jardim e lavoira, cigarros, pitrol, augardente e outros materiais inflamáveis. Hortaliças, frutas, músicas, lavatórios, pedras de amolar, sementes e loiças e manteiga de vaca de porco.
Tenho um grande çurtimento de tapetes, cervejas, velas e phosphoros, e outras conservas como tintas, sabão, vinagre, compro e vendo trapos e ferros velhos, chumbo e latão.
Ovos frescos meus, paçaros de canto como mochos, jumentos, piruns, grilos e deposito de vinhos da minha lavra.
Tualhas, cubertores e todas as qualidades de roupas. Ensino jiografia, aritmética, jimnástica e outras chinezisses».
E esta. Heim ?

(*) Dei-me agora conta de que este curioso texto –que apresenta, sim senhor, muitos erros de português, mas confere ao seu autor um inegável sentido do empreendedorismo, além de muitíssima graça- já foi publicado por muitos outros blogs. Alguns deles citam fontes diferentes da minha e referem datas de publicação do prospecto que se estendem de 1891 até 1929. Onde está a verdade ? –Eu cá não sei. Limito-me a «vender o peixe ao preço que o comprei» e a deixar o texto tal como o encontrei. Que, por sugestão minha, até já havia sido publicado pelo jornal portalegrense «Fonte Nova», no dia 14 de Abril de 2001. Numa altura em que não havia ainda esta coisa maravilhosa da Internet.

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