segunda-feira, 15 de março de 2010

COMO NA NOSSA IDADE MÉDIA...


Na Arábia Saudita as execuções capitais (relativamente frequentes) são acessíveis à generalidade dos cidadãos e agenciadas com maior assiduidade para as sextas-feiras. Como é desejo confesso das autoridades judiciais desse país que tal castigo se torne exemplar, as ditas execuções têm por quadro habitual a proximidade das mesquitas e são realizadas à hora de maior afluência de fiéis. Muitas delas têm lugar uma praça de Gidá, porto do mar Vermelho onde desembarca um número considerável de peregrinos com destino a Meca, primeiro lugar santo do Islão.
O ritual dessas execuções é secular, rotineiro. O condenado aparece manietado e escoltado por vários guardas armados, que o obrigam a ajoelhar-se diante de um funcionário real, que lê de viva voz e pela última vez o relato do seu crime (ou dos seus crimes) e proclama, uma vez mais, a sentença de morte. Isto feito, o carrasco aproxima-se do sentenciado exibindo ostensivamente o instrumento do seu singular ofício : um afiadíssimo sabre de lâmina recurvada.
Um jogo cruel começa, então, entre o condenado à morte e o seu algoz. O verdugo faz cintilar (expondo-a ao sol) a folha da arma que empunha, encandeando, repetidamente, a sua futura vítima. O supliciado fecha instintivamente os olhos. É esse preciso momento que o carrasco profissional aproveita para lhe espicaçar uma das nádegas. E quando, sob o efeito da dor, o desgraçado ergue subitamente a cabeça, o sinistro e afiado sabre abate-se quase instantaneamente sobre ele, decapitando-o.
É ainda assim que, neste final da primeira década do terceiro milénio, se aplica a justiça no riquíssimo país dos senhores do deserto e do petróleo.
Diga-se, para finalizar estas linhas, que entre as muitas vítimas da pena de morte na Arábia Saudita 2/3 dos executados são cidadãos estrangeiros; que apenas representam 1/4 da população do país...


Gidá (Arábia Saudita) : por detrás desta imagem de modernidade, escondem-se práticas dignas da nossa Idade Média

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