sexta-feira, 12 de março de 2010

«ROSA DE HIROXIMA»


O meu amigo Bruno, com quem converso sempre com grande prazer, foi a primeira pessoa a falar-me deste belo e trágico poema de Vinicius de Moraes; que Ney Matogrosso cantou com música adaptada de Gerson Conrad. Gostei ! De tal modo, que aqui o deixo (o poema) como uma homenagem póstuma e tardia às muitas vítimas da tal flor de fogo que, em inícios de Agosto de 1945, abrasou Hiroxima. Desnecessariamente...

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atómica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada

(Sou perfeitamente insensível ao acordo ortográfico recentemente imposto -já que sem consulta prévia dos interessados- aos Portugueses. Continuarei a escrever as palavras tal qual me ensinaram na escola. Não irei é alterar, naturalmente, a grafia do português do Brasil usada, e muito bem, por Vinicius. Não faltava mais nada !)

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