sábado, 5 de junho de 2010
OS FILMES QUE EU VI (OU REVI) ESTA SEMANA :
«A.I. - INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL» (tv)
Fita de ficção-científica realizada em 2001 por Steven Spielberg. Num futuro próximo homens e robots povoam a Terra. Um destes últimos, David, é adoptado por um casal, que acaba por abandoná-lo devido à rivalidade que se instala entre ele e o seu 'irmão' humano. Mais bem feito do que entusiasmante, mas, ainda assim, o filme apresenta-se com o ferrete da qualidade conferida por Spielberg a tudo o que faz. Os papéis principais desta película foram confiados pela produção a Haley Joel Osment, William Hurt, Jude Law e Frances O'Connor. Visto (e gravado) no canal Hollywood.
«INIMIGOS PÚBLICOS» (tv)
Michael Mann socorreu-se da leitura de um livro de Bryan Burrough, sobre a vida do gangster John Dillinger, para realizar o último dos seus filmes. Que se pode (e deve) considerar um trabalho bem feito, direi mesmo esmerado. Até porque «Inimigos Públicos» recria habilmente a ‘carreira’ do famoso fora-da-lei (mas também a sua vida sentimental com Billie Frechette), assim como a atmosfera dos ‘states’ nos tempos difíceis da Grande Depressão. Ao encarnar com convicção (e algo mais) a figura de Dillinger, Johnny Depp somou mais um êxito à sua brilhante filmografia. Gostaria de ter ido ver esta película numa sala de cinema. Mas o facto de viver numa aldeia isolada do Alentejo profundo (apreciada pela paz e sossego que proporciona aos seus habitantes) dissuadiu-me de percorrer os 130 km (ida e volta) do cinema mais próximo que a programou e de oferecer a mim próprio esse prazer reservado aos citadinos. Enfim, inconvenientes da interioridade…
«A MARCA DO VINGADOR» (tv)
Vi este western -realizado em 1966 por Bernard McEveety- há muitos anos (também na televisão, em França) e não senti por ele nada de excitante, nessa altura. Tornei a vê-lo agora, no canal Hollywood e de maneira mais atenta, e alterei sensivelmente a minha opinião. Afinal «A Marca do Vingador» até tem alguma qualidade cinematográfica. Conta-nos a história de um homem que abandona a mulher para fazer fortuna e que regressa ao fim de 11 anos, para a encontrar comprometida com o banqueiro local, com um dos homens que o marcaram a ferro rubro como a um vulgar animal e o espoliaram do fruto do seu labor. Numa escala de cinco, este filmezinho, com o atlético Chuck Connors, merece bem 2 estrelas.
«UM TÁXI PARA TOBRUK» (dvd)
É um clássico do cinema francês que agora me apeteceu tornar a ver, para me inteirar da qualidade de uma cópia (sobre suporte dvd) que adquiri em Espanha. Trata-se de um filme de guerra realizado por Denys de la Pattellière e com a contribuição do mais apreciado dialoguista de sempre do cinema gaulês : Michel Audiard. Com um elenco de luxo, constituído por Lino Ventura, Hardy Krüger, Charles Aznavour, Maurice Biraud e German Cobos, «Um Táxi para Tobruk» conta-nos a odisseia de um comando francês (do exército britânico) e do seu prisioneiro alemão, através do deserto escaldante do norte de África. Mas o filme oferece muito mais do que isso… Um regalo para o espectador, tanto mais que a acima referida cópia foi restaurada e apresenta uma excelente qualidade de imagem. Único senão : não é possível vê-la em versão original pura, visto o editor se ter lembrado de impor essa versão com a legendagem em castelhano. Que pena…
«ENTRE DUAS LÁGRIMAS» (tv)
Melodrama realizado em 1952 por William Wyler e protagonizado pelo dueto de luxo constituído pelos actores Lawrence Olivier e Jennifer Jones. A fita (produzida em 1952 pela Paramount) conta-nos a história de Carrie, uma provincial, que sonha fazer carreira em Chicago. E que, após um primeiro desaire profissional, pede ajuda a um viajante, que a tenta seduzir pagando-lhe um jantar no Fitzgerald’s, o restaurante mais ‘chic’ e mais caro da cidade. É aí que Carrie vai travar conhecimento com um homem mais velho do que ela, mas que a vai conquistar com a sua elegância, com a sua educação e com o seu cavalheirismo. O problema é que esse homem -George Hurstwood- é casado e tem família. Facto que não o impede de renunciar à sua vida socialmente estável para seguir Carrie, que pretende triunfar no mundo do music-hall novaiorquino. A história não acabará bem (como previsto) e fez correr rios de lágrimas aos espectadores do tempo, sobretudo às senhoras, que adoravam este género de espectáculo; que nós consideramos, hoje, algo deprimente. Nota final : o enredo desta fita foi extraído de um romance de Theodore Dreyser intitulado «Sister Carrie».
«FANNY E ELVIS» (tv)
Deliciosa comédia inglesa realizada por Kay Mellor em 1999. Conta-nos as atribulações de Kate, uma quarentona, que, num mesmo dia, se confronta com inúmeros problemas : o seu ginecologista fala-lhe da urgência de ter um filho, se quer realmente deixar descendência, o livro que ela se esforça por acabar tem problemas com a editora e o marido abandona o domicílio conjugal, para ir viver com a mulher de Dave; um machista notório, a quem ela danifica um explêndido Jaguar... Humor e sentimentos entrelaçam-se nesta fita que eu vi por puro acaso. Mas da qual gostei sem reservas... Boas actuações de Kerry Fox, a figura central desta comédia, e dos outros actores do elenco : Ray Winstone, etc.
«O ÚLTIMO MOICANO» (dvd)
Realizada em 1992 por Michael Mann, esta última adaptação fílmica do famoso romamce homónimo de Fenimore Cooper é, sem dúvida, a melhor de sempre. As aventuras de Olho de Falcão e da sua família ameríndia estão aqui perfeitamente reconstituídas, graças aos meios financeiros importantes disponibilizados pela Warner Bros., mas, também, a muito saber técnico e ao trabalho de um lote de actores de excepcional categoria, encabeçado por Daniel Day Lewis. A reconstituição dos combates entre tropas coloniais britânicas e francesas ou entre Hurons e ‘Casacas Vermelhas’ é perfeita. Como são perfeitas as cenas mais intimistas, que projectam o amor do herói indianizado pela bela Cora Munro (Madeleine Stowe), jovem aristocrata inglesa. Outro dos trunfos deste grandioso espectáculo é a música (belíssima, lancinante e ganhadora de um Golden Globe), cuja autoria é atribuída, conjuntamente, a Trevor Jones e Randy Edelman. O DVD que eu agora visionei (depois de ter visto o filme no cinema, no ano da sua estreia mundial) é de origem francesa; sem legendagem portuguesa. Mas uma edição desta película também já está, há muito, a ser comercializada no nosso país. A qualidade de imagem é impecável e ganha ser vista e apreciada no maior ecrã de televisão possível.
«OFFSIDE» * (tv)
É um filme iraniano de Jafar Panahi, realizador contestatário, que conheceu as prisões do seu país, por ter ousado oferecer-nos fitas que, como esta, denunciam as taras de um regime dominado pelo radicalismo religioso e pelo sexismo que daí advém. «Offside» conta-nos a história de um grupo de adolescentes e de mulheres jovens, que recorrem a todos os truques para poderem assistir a um desafio importante da selecção iraniana de futebol. Atitude que determina a sua prisão, já que a entrada dos estádios está vedada às pessoas do sexo feminino… Este filme (premiado em 2006 com o Urso de Prata do Festival de Berlim) diz mais sobre a condição feminina no país de Ahmadinejad, do que um longo artigo de jornal. Daí a importância de o ter visto, graças à programação -sempre interessante- do canal cultural franco-alemão Arte. Não citarei os nomes dos actores principais (alguns deles excelentes), pelo facto deles serem perfeitos desconhecidos na Europa.
«O CAVALO DE DUAS PERNAS» (tv)
Desconcertante. Por vezes cruel e chocante. Samira Makhmalbaf, a realizadora iraniana deste filme, conta-nos a relação que se estabelece entre duas crianças afegãs deficientes. Uma delas, que perdeu as pernas por causa de uma mina, é rica e dominadora. A outra, atrasada mental, é miserável e aceita (pelo salário diário de 1 dólar) servir de cavalo e de alvo a todos os caprichos do seu amo. Mas, o tempo de convívio imposto, acaba por ensinar -a ambos- quão complicada seria as suas vidas sem a complementaridade que o outro lhe oferece. Vi esta película na tv, num dos canais da zon.
«O LEITOR» (tv)
Por detrás deste título anódino esconde-se um dos melhores filmes que eu vi nestes nestes últimos tempos. «O Leitor» («The Reader») foi realizado em 2008 por Stephen Daldry e conta-nos a história de amor vivida por um adolescente alemão e por uma mulher que -durante a 2ª Guerra Mundial- fora arregimentada pelas SS e colocada, como guarda, num campo de extermínio de prisioneiros judeus. O papel principal desta película -o de Hanna, uma mulher que gostava que lhe lessem romances- foi entregue a Kate Winslet, que o desempenhou com uma veracidade digna dos mais rasgados elogios. Além de nos mergulhar numa das páginas mais dramáticas da História da Europa do século XX, «O Leitor» é também um filme sobre a compaixão que um homem bem formado oferece a uma alemã banal, que o odioso regime hitleriano acabou por transformar numa criminosa de guerra. Criminosa que é, ao mesmo tempo, também uma vítima do nazismo, embora diferente daquelas que o cinema habitualmente nos mostra… Cinco estrelas para este drama que não deixou, certamente, ninguém indiferente.
«A ÚLTIMA NOITE DO TITANIC» (dvd.gr)
Esta película de Roy Baker (datada de 1959) é uma das várias que o cinema consagrou ao maior e mais pungente drama da História marítima : o naufrágio do «Titanic», que ocorreu nas águas frígidas do Atlântico norte, na noite de 14 de Abril de 1912. Esta película de origem britânica não tem, naturalmente, nem a grandiosidade, nem a qualidade técnico-artística do filme que James Cameron nos ofereceu em 1997 sobre o mesmo tema, mas é, ainda assim, uma obra interessante, que retrata de maneira quase documental o destino trágico das 2 200 pessoas que participaram na viagem inaugural do malogrado paquete da companhia White Star. O ‘casting’ é, todo ele, excelente, a começar pelo actor Kenneth More, que aqui interpreta o papel de imediato do pretensamente inafundável «Titanic». Este filme já foi editado em DVD no Brasil (onde se intitula «Somente Deus por Testemunha») com legendagem em língua portuguesa; mas a cópia de «A Night to Remember» que eu agora tive vontade de voltar a ver provém de uma gravação efectuada (inicialmente sobre fita VHS) num canal francês de televisão por cabo.
«O CAVALEIRO TEMPLÁRIO» (dvd)
Fruto de uma cooperação que envolveu todos os países nórdicos, para além dos EUA, Reino Unido, Alemanha e Suiça, este filme merece ser conhecido por diversas razões : uma delas é por estar muitíssimo bem feito. Outra, é por ter reunido um lote de actores que, passe o facto de não serem conhecidos do nosso público (salvo Bibi Andersson), tem qualidade. A acção desenvolve-se, durante a Idade Média, na Suécia e na Terra Santa. E conta-nos a história de Arn Magnusson e de Cecília Algotsdotter, dois jovens que se amam e concebem um filho antes do casamento; que não puderam contrair por razões de rivalidade política entre as suas famílias. Por esse 'crime', a donzela é condenada a enterrar-se num convento durante 20 anos e o seu amante é obrigado a servir, por igual período, na defesa de Jerusalém, integrado na ordem dos Templários... Gostei o suficiente para recomendar esta fita a todos aqueles cinéfilos que gostam de reconstituições históricas grandiosas. Curiosamente, o DVD está à venda nos armazéns de uma conhecida marca de supermercados por um preço irrisório : menos de 2 Euros !
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