sexta-feira, 11 de junho de 2010
OS FILMES QUE EU VI (OU REVI) ESTA SEMANA :
«DOCE NOVEMBRO» (tv)
Gostei muito desta recente versão de «Love Story», já que foi ao clássico de Arthur Hiller (realizado em 1970) que logo associei este emocionante filme de Pat O’Connor. A bonita Charlize Theron interpreta -com tacto e sensibilidade- o papel de Sarah, uma cidadã de San Francisco que esconde os estigmas deixados por uma doença incurável atrás de uma atitude de moça despassarada e sexualmente desinibida. Até que Nelson (Keanu Reeves), um publicitário obsecado pela carreira e pelo dinheiro, entra na sua vida e se rende, incondicionalmente, ao seu jogo e ao seu charme… Classifico esta fita (que eu, confesso humildemente, desconhecia em absoluto) com quatro merecidas estrelas.
«2012, O JUÍZO FINAL» (dvd)
Este filme apocalíptico, apresentado na capa do DVD como sendo «um épico cristão», aborreceu-me soberanamente. Fui forçado a vê-lo em três vezes, porque me provocou uma inabitual sonolência. Sobre o tema (mais do que gasto) do fim do mundo, toda a gente já viu melhor, muito melhor. Trata-se, muito sinceramente, de uma película fraquinha e dispensável. Continuo sem perceber porque é que se persiste na edição dvd de coisitas destas e se deixam de lado aquelas obras-primas por que todos esperamos…
«FOGO DOS TRÓPICOS» (tv)
Fita menor da filmografia de Robert Aldrich, que a realizou no ano de 1957. Menor, apesar da reputação do cineasta e da presença no elenco de três actores consagrados e muito apreciado pelos cinéfilos do tempo : Robert Mitchum, Rita Hayworth e Jack Lemon. O entrecho desenvolve-se em torno da actividade de Félix e de Tony, companheiros e proprietários de um barco que faz contrabando ali para as bandas das Caraíbas. A sua amizade cessa, bruscamente, com a chegada às suas vidas da bela, perturbante e misteriosa Irene (uma apátrida) e transmuta-se numa rivalidade violenta. Filme mediano, sem grande fôlego, mas susceptível de, ainda assim, prender a atenção dos nostálgicos do cinema da ‘época de ouro’ hollywoodiana.
«SEGNORE E SEGNORI» * (dvd)
Esta película é, sem dúvida, uma das comédias mais engraçadas e mais corrosivas do realizador Pietro Germi. A acção tem por quadro uma cidade italiana de província (Trevise, na qual a saída do filme provocou um escândalo), onde um grupo de amigos da burguesia local se diverte à valentona, muitas vezes a expensas deles próprios. Os actores desta fita (dividida em três ‘sketchs’ distintos) são todos eles profissionais de excelência, embora sejam pouco conhecidos do público português, à excepção de Virna Lisi. Já conhecia esta fita (que um jornal transalpino disse ser um «ritratto di una Italia ipocrita del dopoguerra») premiada em Cannes -em 1966- com a Palma de Ouro. E gozei imenso com o visionamento do DVD que mandei vir de França, onde esta e outras obras de Germi foram agora editadas.
«O HOMEM DA MARATONA» (tv)
Formidável ‘thriller’ de 1976 com realização de John Schlesinger. O filme é estrelado (passe o brasileirismo) por grandes actores, de entre os quais sobressaiem Dustin Hoffman e Laurence Olivier. A história, que é, por vezes, difícil de seguir, ilustra o afrontamento entre um estudante novaiorquino, judeu e maratonista amador, e um médico nazi, antigo dentista num campo de concentração. Este último deixa o Uruguai, onde se havia refugiado depois do colapso do regime hitleriano e onde vivia sob uma falsa identidade, para se aventurar na cidade dos arranha-céus, onde ele pensa negociar uma grande quantidade de diamantes, produto das suas rapinas. Suspense e arrepios garantidos, oferecidos por uma película que é já considerada um clássico dos anos 70. Visto (pela segunda ou terceira vez) num dos canais do cabo/satélite da nossa televisão.
«IL FERROVIERE» * (dvd)
Drama de Pietro Germi centrado na vida da família de um ferroviário italiano de meados do século passado. A personagem centrale da fita -um homem que cai nas garras do alcoolismo, na sequência de problemas domésticos e profissionais- é interpretada pelo próprio realizador, que aqui tem um desempenho sem falhas. Uma das outras figuras conhecidas desta película é Sylva Koscina, uma actriz originária da ex-Jugoslávia, que se tornou popular em Portugal há meio século, pelos papéis que desempenhou em fitas ambientadas na Antiguidade clássica e/ou na mitologia romana. Alguma imprensa viu, nesta obra de Germi «a prova das incontestáveis preocupações do seu realizador e das qualidades do coração que o animam». Gostei deste filme que ainda não conhecia e que agora me foi dado ver, graças à edição de uma cópia DVD comercializada em França, ao mesmo tempo que «Segnore e Signori» e «Un Maledetto Imbroglio», do mesmo autor.
«ROMANCE DE UM JOGADOR» (dvd)
Há muito que desejava ver esta fita de série B, realizada em 1954 por Henry Levin. Filme ambientado na Nova Orleães de meados do século XIX e no mundo do jogo. O herói desta movimentada e colorida aventura é o pouco conhecido actor Dale Robertson, que aqui partilha o vedetariado com a belíssima e admirada Debra Paget, no papel de uma deliciosa criatura. Outra cara conhecida (a posteriori) é a do gigante Woody Strode, que, em 1960, seria o inesquecível sargento negro de uma das melhores obras de John Ford. Confesso que passei 85 agradáveis minutos na companhia desta película produzida pela companhia 20th. Century-Fox, cuja qualidade se situa muito acima das suas congéneres da época. Concedo a «The Gambler from Natchez» três merecidas estrelinhas. O meu DVD -com cópia impecável- foi adquirido em Espanha e não propõe outras línguas de opção, para além do inglês e do castelhano.
«O BARÃO DA SERRA» (dvd)
Embora o tema deste western -realizado em 1958 por James B. Clark- seja bastante original, isso não faz dele uma obra-prima do género. «Sierra Baron» (título original da fita em apreço) nem sequer chega a ser um bom filme do Oeste. A acção desenrola-se numa Califórnia de meados do século XIX, quando ali chegam numerosos contingentes de colonos ‘anglos’; emigrantes que cobiçam as úbera terras da região e começam a por em questão os direitos estabelecidos dos ‘haciendados’ (rancheiros de origem ibérica) que assentam em doações de propriedades feitas nos séculos precedentes pelos reis de Espanha. A interpretação é fraquinha, especialmente a de Brian Keith -o actor principal- e as inverossimilhanças muitas. Não direi que é totalmente dispensável, mas vale (quase só) pela sua raridade. O DVD, comprado em Espanha, não é de uma qualidade elogiável.
«O ÚLTIMO CERCO» (dvd)
Película com realização de Rudolph Maté, cineasta que tem na sua obra alguns westerns de excelente factura, bem melhores que este que agora (re)vimos um tanto desiludidos. A fita conta-nos a história de dois espiões do exército confederado que (disfarçados de vendedores de banha da cobra ou produto similar) logram apoderar-se de uma metralhadora Gatling destinada às tropas unionistas. As vedetas desta série B são o inexpressivo Van Johnson e a bela (e mais talentosa) Joanne Dru. O mau da fita é Richard Boone, que aqui comete a infâmia de vender a mortífera metralhadora aos pele-vermelhas. «O Último Cerco» não trouxe (e isso vê-se logo) nada de novo ao cinema do género, salvo a terrífica arma de destruição maciça acima referenciada; arma que acabará, naturalmente, por voltar às origens, quer dizer às mãos dos soldados azuis do exército de Lincoln. A cópia que eu tive o ensejo de visionar faz parte de uma série de westerns dos anos 50 recentemente editada em Espanha sobre suporte DVD.
«HONRA QUE MATA» (tv)
Simpática fita policial realizada no início dos anos 50 por William Dieterle. À cabeça do elenco foram colocados William Holden, Edmond O’Brien e Alexis Smith. A história contada é a da luta de um funcionário judicial impoluto contra a corrupção e contra o grande banditismo; e da ajuda que, nessa sua cruzada, ele vai receber por parte de um jornalista corajoso e dedicado à causa pública. Nada de realmente galvanizante, mas, apesar de tudo, interessante e atractivo. Sobretudo para quem se interessa pelo ‘film noir’ em particular e pela produção hollywoodiana da época no seu todo. O que é o meu caso, já se percebeu.
«O IMPÉRIO DO GADO» (dvd)
Pequena fita de cowboys realizada em 1957 por Charles Marquis Warren, que conta a história de um chefe de pista e ex-presidiário, que logra vingar-se (moralmente) daqueles que o perseguiram e lhe roubaram tudo : a dignidade, os amigos e até a mulher que ele amava. Nada de excepcional no panorama dos westerns já editados em DVD. Em Espanha entenda-se, porque por aqui o género é pura e simplesmente ignorado, incluindo os grandes clássicos. O herói da fita é Joel McCrea, um dos mais populares actores hollywoodianos dos anos 40/50 do século passado.
«PASSAGEIRO 57» (tv)
Um terrorista sanguinário (Bruce Payne) tem a triste ideia de desviar um avião da companhia no seio da qual o herói da fita -um perito em porradaria da grossa- exerce o cargo de chefe dos serviços de segurança (Wesley Snipes). O inevitável acontece : o filho da mãe do pirata do ar e todos os seus apaniguados são massacrados durante uma refrega, que se prolonga pelos mais de 90 minutos de duração desta película; que foi realizada em 1992 por Kevin Hooks, para gozo, exclusivo, dos apreciadores incondicionais do cinema dito de acção...
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