sexta-feira, 25 de junho de 2010

OS FILMES DA MINHA VIDA (25)


«OS FILHOS DE DEUS»

FICHA TÉCNICA
Título original : «Brigham Young Frontiersman»
Origem : E. U. A.
Género : Épico
Realização : Henry Hathaway
Ano de estreia : 1940
Guião : Lamar Trotti
Fotografia (p/b) : Arthur C. Miller
Direcção musical : Alfred Newman
Montagem : Robert Bischoff
Produção : Darryl F. Zanuck
Distribuição : 20th. Century-Fox
Duração : 115 minutos

FICHA ARTÍSTICA
Tyrone Power ………………………………………….………. Jonathan Kent
Linda Darnell …………………………………….…..………… Zina Webb
Dean Jagger ………………………………………………...... Brigham Young
Brian Donlevy ………………………………………..……..… Angus Duncan
Jane Darwell …………………………………..………………. Eliza Kent
John Carradine …………….………………………...……… Porter Rockwell
Mary Astor ……………………………………………….….... Mary Ann Young
Vincent Price ………………………………………..…….….. Joseph Smith
Jean Rogers ………………………………………….…….…… Clara Young
Ann E. Todd ……………………………………………….……. Mary Kent

SINOPSE
Depois da morte violenta de Joseph Smith –fundador da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias- uma caravana de mormons abandona o intolerante estado do Illinois, onde os membros dessa recém-criada religião são tiranizados pela população local. O novo dirigente da comunidade é o pastor Brigham Young, um iluminado, que decide ir procurar nas plagas do Faroeste a terra prometida por Deus ao seu rebanho.
Na caravana, entre muita outra gente, segue a família de Jonathan Kent, que recolhera Zina, uma jovem que, embora sem afinidades com a religião perseguida, assistira ao assassínio de seu pai às mãos dos persecutores dos mormons.
A caravana percorre longas distâncias, transpondo com enormes dificuldades as barreiras físicas (altaneiras montanhas, torrentes caudalosas, etc) que a natureza colocou no seu caminho. Dezenas de emigrantes sucumbem às dificuldades da viagem e as suas humildes tumbas testemunham –à beira dos trilhos que os carroções vão abrindo- o sacrifício dos seguidores de Young.
Jonathan e Zina apaixonam-se um pelo outro. Mas o casamento de ambos é adiado, porque Brigham Young encarrega o seu jovem correligionário de executar uma missão da mais alta importância para a comunidade.
Entretanto, os viajantes detêm-se num imenso vale. Young apresenta essa terra aos membros da sua igreja como sendo aquela que o Criador reservara para os corajosos mormons e entrega à sua capacidade de realizar grandes cometimentos. Como, por exemplo, o de transformar aquele deserto nas abençoadas terras do leite e do mel referidas pela Bíblia.
Mas o tempo passa, sem que os fiéis de Young consigam sacar da terra prometida o seu sustento. E quando Jonathan regressa ao seio da comunidade é para constatar que os seus membros (incluindo Zina) morrem literalmente de fome, diante de campos de milho devastados por uma incontível praga de gafanhotos. Descrente, Jonathan segue o exemplo de muitos dos seus companheiros, que põem em causa à autoridade moral e religiosa de Brigham Young. Este retira-se para invocar Deus. E o milagre produz-se : milhares de gaivotas surgem do céu e abatem-se sobre os insectos para os devorar. As colheitas estão salvas ! Como preservada está a fé daqueles que, maravilhados, assistiram ao divinal prodígio.

O MEU COMENTÁRIO
Este filme de Henry Hathaway presta homenagem à comunidade mórmon (colonizadora e fundadora do estado do Utah) e ilustra de maneira ‘naïve’ a arriscada viagem –de milhares de quilómetros- que, em pleno século XIX, muitos dos seus membros empreenderam desde o leste dos Estados Unidos (onde eram o alvo de horríveis persecussões religiosas) até à longínqua região do Grande Lago Salgado.
«Os Filhos de Deus» é um dos títulos menos conhecidos da obra de Hathaway. Trata-se de uma odisseia, com fundo histórico, mas que se pode ver como o simples filme de acção que, afinal, também é. Embora sóbrios, os actores da fita são excelentes, a começar pelo par romântico formado por Tyrone Power e por Linda Darnell, cuja história de amor foi aqui voluntariamente secundarizada em proveito da aventura colectiva dos pioneiros. Note-se também a brilhante participação de Dean Jagger, que, nesta película, interpreta o papel de Young. Este categorizado profissional é uma das caras conhecidas do cinema western, por ter participado em muitos e bons filmes do género. Refiro, para memória, a sua presença no elenco de fitas como «Conquistadores» (Lang, 1941), «Núpcias Trágicas» (Walsh, 1947), «O Rebelde Orgulhoso» (Curtiz, 1958) ou, ainda, como no excelente e inesquecível western moderno «A Conspiração do Silêncio», realizado em 1955 por John Sturges.
Nota alta para a estupenda fotografia a preto e branco Arthur C. Miller, operador de câmara que averba aqui um considerável e merecido sucesso.
Lembro, para finalizar estas linhas, que a grande e histórica aventura dos pioneiros mormons foi abordada por outros cineastas hollywoodianos. Cito apenas a fita intitulada «A Caravana Perdida», dirigida por mestre John Ford em 1950. Fita que muitos críticos até consideram de qualidade superior a esta película de Henry Hathaway.

(M.M.S.)


Cartaz original. Repare-se que, como no primeiro suporte publicitário aqui apresentado, o adjectivo 'Frontiersman' desapareceu do título da fita


Em 1940, Tyrone Power (1913-1958) estava no auge da sua brilhante carreira. Note-se que não é ele que desempenha o papel de Brigham Young neste filme de Henry Hathaway. O papel do patriarca mormon foi distribuído a Dean Jagger, actor que, curiosamente, em 1972, abandonou a sua religião de origem para integrar a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Influenciado pela sua encarnação de Young ? -Talvez, não sei...


Capa de caixa da primeira cópia do filme comercializada nos E.U.A.. O adjectivo 'Frontiersman' está de regresso


O filme já tem, nalguns países (entre os quais o Brasil, onde esta obra de Hathaway se intitula «O Filho dos Deuses»), edição sobre suporte DVD

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