domingo, 23 de maio de 2010

OS FILMES QUE EU VI (OU REVI) ESTA SEMANA :


«PASSAGEM PARA A ÍNDIA» (dvd)

Este delicioso filme de David Lean veio coroar, em 1985, uma inacreditável série de sucessos do grande cineasta; a saber : «A Ponte do Rio Kwai», «Lawrence da Arábia», «Doutor Jivago» e a «Filha de Ryan». Esta película exemplar conta-nos a história de duas damas da alta burguesia inglesa de finais do século XIX, que descobrem a Índia -pérola do Império Britânico- e a sociedade colonial aí instalada. Sociedade extremamente fechada e racista, que mantém à distância a população indígena, incluindo os seus elementos mais insignes. Brilhante demonstração do ‘savoir-faire’ de Lean, que é, incontestavelmente, um dos melhores realizadores de cinema de todos os tempos. Os actores (entre os quais brilha o saudoso sir Alec Guiness) distinguem-se pelo seu profissionalismo, pela verdade e sensibilidade que souberam emprestar às personagens que encarnaram. O DVD que me permitiu rever esta grande obra -inspirada num romance de E.M.Forster- foi comprado em França (embora sendo ‘made in G.B.) e é de qualidade impecável.


«ENCONTRO ACIDENTAL» (tv)

Trata-se de um filme realizado em 1999 por Sydney Pollack, que nos conta o encontro de duas pessoas, cujas vidas nunca se teriam cruzado em circunstâncias normais : um detective da polícia (Ford) e uma congressista (Kristin Scott Thomas) em plena campanha eleitoral. Na sequência de uma catástrofe aérea, o polícia descobre que a sua mulher era amante do marido da segunda. O facto de ambos terem morrido tragicamente, aproxima os viúvos. Um misto de raiva e de irresistível atracção vai ajudá-los a superar uma situação que ameaça destruí-los. Bom filme que eu já tinha visto no cinema, no ano da sua estreia em França. Foi agora exibido pelo canal Hollywood.


«OS CAVALEIROS TEUTÓNICOS» (dvd.gr)

Esta reconstituição histórica -apontada como uma das melhores películas do cineasta Alecsander Ford- relata a luta dos senhores feudais polacos do século XV contra a ordem militar-religiosa dos Cavaleiros Teutónicos, que ocupou o país até à batalha decisiva de Grunwald, travada em Julho de 1410. O argumento do filme foi inspirado pelas páginas de um romance de Henryk Sienkiewicz, escritor mais conhecido por ser o autor de «Quo Vadis». Parece que este filme (datado de 1960) foi exibido nas nossas salas de cinema em 1964. Eu conheço-o de uma passagem por um canal francês de televisão e da gravação que fiz da fita nessa altura. Trata-se de uma película de longuíssima duração (a rondar as 3 horas), mas que não é fastidiosa, visto estar tecnicamente bem feita. As cenas de acção (nomeadamente as cenas de batalha, realizadas com o concurso do exército polaco) estão convenientemente reconstituídas, sendo bastante credíveis. Apeteceu-me agora rever o filme -uma raridade- que muitos críticos teimam em considerar uma sequela (de inferior qualidade) do clássico soviético «Alexandre Newsky».


«LITTLE BIG SOLDIER» * (DVD)

É uma produção chinesa (de Hong Kong) realizada por Ding Sheng, nome que dirá concerteza alguma coisa aos conhecedores e apreciadores do cinema de acção asiático. Embora não seja particularmente o meu caso, confesso que apreciei a qualidade técnica e a coreografia desta fita que tem por herói um soldado chim de há 2 000 anos, mais preocupado com a sua própria sobrevivência e com o resgate que ele conta obter pela libertação de um príncipe-general capturado, do que a gloríola militar e outras balelas. O actor que aqui encarna o espertalhão em questão, não é outro senão Jackie Chan, o sempre jovem e famoso mestre de artes marciais. Confesso, uma vez mais, a minha suspresa perante a habilidade dos estúdios chineses. Que, ao que me parece, além de dominarem sem problemas a arte do espectáculo cinematográfico, também dispõem dos capitais avultados exigidos por produções do gabarito de «Little Big Soldier».


«JODHAA AKBAR» * (dvd)

Esta luxuosa produção indiana é, segundo me foi dito, uma versão moderna de «Prestígio Real» («Aar»), a famosa fita de mesma origem, que encantou o público português da segunda metade da década de 50. Do século passado, obviamente. Os cenários são sumptuosos, a música é uma maravilha e os actores são, todos eles, experientes e credíveis, a fazer jus ao que de melhor se tem e se faz em Bollywood. A história contada (com provável fundo histórico) é a de um casamento estabelecido entre dois príncipes de religiões diferentes. Matrimónio pouco natural, mas imposto por uma situação política particular e de interesse para dois estados vizinhos e até então rivais. As figuras principais são Akbar (o príncipe muçulmano) e Jodhaa (a noiva hindú), que aqui são encarnadas por dois belos actores, que nós adivinhamos facilmente serem estrelas do cinema indiano e asiático. Único senão (embora de monta) do DVD, que eu comprei em Lisboa numa loja de artigos indianos gerida por um inesperado e simpático gerente cinéfilo : as legendagem de opção é (seja qual for o idioma escolhido) uma catástrofe. E, para ser franco, praticamente incompreensível. Presumo que as traduções tenham sido realizadas por um computador, que em matéria de línguas merece nota zero !


«JOHNNY GUITAR» (tv)

Esta obra-prima do cinema western (e não só) foi exibida no segundo canal da RTP2, após uma ausência de 14 anos do pequeno ecrã. Daí eu ter decidido gravá-la, embora já tenha na minha colecção de clássicos três belíssimas cópias deste filme de culto. Missão falhada, pelo facto de eu ter programado o filme, sem contar com os mais de 20 minutos da instrutiva entrevista feita por Inês de Medeiros (há já vários anos, obviamente) a João Bénard da Costa, o saudoso director da nossa Cinemateca. Isto dito, foi com deleitoso prazer que revi (pela vigésima ou trigésima vez) esta inolvidável fita de Nicholas Ray, onde se enfrentam Vienna (Joan Crawford) e Emma (Mercedes McCambridge) numa luta de ciúmes e de morte. Seria inútil dizer algo mais sobre este western diferente, insólito, que marcou várias gerações de cinéfilos. Do mundo inteiro. Apenas uma nota para realçar a belíssima e inolvidável partitura da autoria de Victor Young. Que a mim me continua a causar arrepios…

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