domingo, 23 de maio de 2010
OS FILMES DA MINHA VIDA (18)
«QUEM VENTOS SEMEIA…»
FICHA TÉCNICA
Título original : «The Wonderful Country»
Origem : E. U. A.
Género : western
Realização : Robert Parrish
Ano de estreia : 1959
Guião : Robert Ardrey
Fotografia (c) : Floyd Crosby e Alec Phillips
Música : Alex North
Montagem : Michael Luciano
Produção : Chester Erskine
Distribuição : United Artists
Duração : 96 minutos
FICHA ARTÍSTICA
Robert Mitchum ------------------------------ Martin Brady
Julie London ---------------------------------- Ellen Colton
Gary Merrill ---------------------------------- major Colton
Pedro Armendariz ----------------------------- Cipriano Castro
Jack Oakie ------------------------------------ Travis Hight
Albert Dekker -------------------------------- capitão Rucker
Charles McGraw ------------------------------ Dr. Stovall
Victor Mendoza ------------------------------ general Castro
Tom Lea ……………………………………………………...………Pebbles
Mike Kellin ………………………………………………..………..Pancho Gil
SINOPSE
Martin Brady está refugiado no México, depois de ter abatido a tiro o assassino de seu pai. Com a cabeça a prémio na sua terra natal, Brady tornara-se pistoleiro profissional e colocara-se ao serviço da influente família Castro, que controla económica, política e militarmente toda a região fronteiriça do Rio Grande.
Enviado à pequena localidade texana de Puerto, para ali negociar a compra (clandestina) de um lote de armas, Brady cai acidentalmente do cavalo e parte uma perna. Imobilizado por dois longos meses, o pistoleiro vê-se impossibilitado de proteger convenientemente a mercadoria destinada aos irmãos Castro, que desaparece.
Em Puerto, Martin Brady é apresentado ao major Colton –que comanda a guarnição do forte Jefflin- e a sua esposa Ellen. Martin vai ceder, pouco a pouco, ao charme da distinta e sedutora mulher do oficial, que lhe incute no espírito a ideia da sua reabilitação e da sua reinserção na sociedade texana. A morte, porém, às suas mãos, de um cidadão norte-americano (que assassinara um dos seus amigos, o inofensivo Ludwig) vai comprometer esse projecto de regresso às origens.
Ainda debilitado fisicamente, Brady regressa ao México, para verificar que perdera ali a confiança dos seus amos, entretanto desavindos e empenhados numa luta de morte pela posse do poder. Essa nova situação acaba por encorajar o pistoleiro ‘gringo’ (sinceramente farto do seu turbulento passado) a regressar aos Estados Unidos. No caminho, Brady toma conhecimento da morte do major Colton, num combate contra as tribos apaches da fronteira.
A viuvez de Ellen dá a Martin esperanças de poder recomeçar uma nova vida junto da mulher que ele ama. Ao chegar à raia mexicano-texana, Brady abandona as armas –apanágio da sua condição de pistoleiro- junto ao cadávcer do seu belo e corajoso cavalo andaluz (Lágrimas), que não pudera sobreviver à violência de uma derradeira peleja. Martin Brady empreende, a pé, a travessia do Rio Grande, ao encontro do amor e da redenção…
O MEU COMENTÁRIO
Com argumento extraído do livro «The Wonderful Country», da autoria de Tom Lea (que era, na realidade, o próprio filho da personagem aqui encarnada por Robert Mitchum), este filme de Parrish é uma excelente obra sobre o retorno às origens e à dignidade perdida de um homem que a satisfação de uma vingança atirara para o exílio e para os caminhos ínvios do mercenarismo. «Quem Ventos Semeia…» é também, indubitavelmente, um dos mais belos westerns produzidos no final da década dos 50.
Robert Parrish, que confessou preferir «Quem Ventos Semeia…» a qualquer outra película da sua filmografia, trabalhou cerca de sete anos na preparação desta fita. E referiu que o resultado final (que, repetimos, é excelente) muito ficou a dever a esse longo período de gestação da película, que foi também um tempo de reflexão e de amadurecimento de ideias sobre a originalidade do tema que ela aborda. O realizador contou, durante esse largo espaço de tempo, com os conselhos do próprio Tom Lea, a quem Parrish acabaria por oferecer um pequeno papel de interpretação (o do barbeiro Pebbles) neste seu filme.
«Quem Ventos Semeia…» é um western melancólico, repleto de seres dotados de grande veracidade e de grande sensibilidade. O cineasta colocou, de toda evidência, o melhor de si próprio ao serviço desta belíssima obra. Pode mesmo afirmar-se que Parrish se empenhou de tal modo neste seu filme, que acabaria por transmitir o seu entusiamo ao resto da sua notável equipa técnica e, sobretudo, aos actores colocados sob a sua orientação. A começar por Robert Mitchum, que teve na figura do pária Martin Brady um dos mais relevantes papéis da sua longa e rica carreira.
Note-se, igualmente, a óptima participação do grande actor mexicano Pedro Armendariz, ao qual foi distribuído, nesta fita, o papel do implacável don Cipriano Castro, o governador que não hesita em mandar matar o seu próprio irmão –que detinha a autoridade militar no território controlado pela família- para poder consolidar o seu poder político e poder dar assim, livre curso às suas ambições desmedidas. E repare-se, também, na graciosa presença de Julie London, que aqui dá vida a Ellen Colton, uma mulher que vive um casamento sem amor, numa terra onde se aborrece, e que vê na reabilitação de Martin Brady –na qual ela se vai empenhar pessoalmente- a via da sua própria redenção.
Inteiramente rodado em território mexicano, «Quem Ventos Semeia…» oferece-nos imagens, em Technicolor, de uma qualidade verdadeiramente excepcional, captadas por uma câmara atrás da qual se revezaram Floyd Crosby e Alex Phillips. De grande classe é, ainda, a música do filme, da autoria de Alex North, um compositor que chegou a Hollywood pela mão de Elia Kazan e que ali fez uma carreira invejável.
(M.M.S.)
Martin Brady (Mitchum), de muletas, conversa com o seu amigo Ludwig
Capa do DVD com cópia do film editado em Espanha. Por (inaceitável) erro, o filme foi atribuído a... Burt Kennedy. Que, naturalmente, nada teve a ver com a realização de «Quem Ventos Semeia...»
Capa de um número da 'Colecção Cinema' (da Agência Portuguesa de Revistas) que, ao tempo da sua exibição em Portugal, publicou a novelização desta belíssima fita de Parrih
O cartaz que encima estas linhas consagradas a um dos FILMES DA MINHA VIDA é aquele que, em seu devido tempo, publicitou o filme na Bélgica. O filme foi exibido em França com o mesmíssimo título : «L'Aventurier du Rio Grande»
Outra observação : este, como muitos outros filmes de qualidade, continua a ser ignorado pelos editores de vídeo do nosso país. Porquê ?
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