sábado, 1 de maio de 2010

OS FILMES QUE EU VI (OU REVI) ESTA SEMANA :



«INVICTUS» (sala)

Belíssimo filme de Clint Eastwood, que nos conta um episódio verídico da vida de Nelson Mandela, quando este já acedera à chefia suprema da nação sul-africana. Após 27 anos passados nas cadeias do ‘apartheid’, o líder do ANC sabe que o seu país só terá futuro, se ele e o seu governo conseguirem unir os diferentes grupos étnicos em volta de um projecto de vida apaziguador. A realização na África austral (em 1995) do Campeonato do Mundo de Râguebi, vai fornecer a Mandela a ocasião esperada de ver brancos e negros unidos sob a mesma bandeira e alimentando a esperança de ver os ‘Springbox’ -a selecção nacional- vencer tão cobiçado troféu. Excelentes desempenhos de Morgan Freeman (que, embora não apresente grandes parecenças físicas com Mandela, encarnou a figura do líder sul-africano de maneira muito convicente) e de Matt Damon (no papel de François Pienaar, o capitão dos ‘Springbox’), assim como de todos os actores secundários. Confesso que há muito tempo não saía de uma sala de cinema tão reconfortado e tão bem disposto pelo que acabara de ver no ecrã. C’est tout dire… Vi o filme no Cine-Teatro de Nisa.



«GRAN TORINO» (tv)

Por pura coincidência, trata-se de outra obra de Eastwood; que, neste filme realizado em 2008, também representa o principal papel da fita. O papel de um cidadão norte-americano de origem polaca, veterano da guerra da Coreia, viúvo… e racista irascível. O que lhe põe problemas com a sua vizinhança, praticamente toda ela constituída por emigrantes oriundos do sudeste asiático. Curiosamente, a atitude deste americano da classe média, imbuído daquela pretensa superioridade que caracteriza os indivíduos do seu meio, vai mudar a partir do instante em que o miúdo da casa ao lado tenta roubar (por incitação de um gangue juvenil) o mais precioso dos bens que ele possui : um magnífico automóvel Ford Gran Torino. O filme é um olhar sobre a nova sociedade ‘ianque’, que, a partir da década de 70 (do século passado, obviamente), se descaracterizou um tanto com a chegada maciça de refugiados vindos dos confins do mundo; É também uma obra sobre a possibilidade de se viver em harmonia, se cada homem ou cada mulher se quiser dar ao trabalho de ‘perceber’ o outro e respeitar a sua história e as suas tradições. Vi «Gran Torino» num dos canais Lusomundo.



«O CANGACEIRO» (dvd)

Há uma eternidade que eu desejava ver este filme de Lima Barreto, premiado no Festival de Cannes em 1953. «O Cangaceiro» foi a primeira película a dar visibilidade internacional ao cinema brasileiro; daí, a minha curiosidade, que foi agora satisfeita graças à edição -em França- de uma bela cópia da fita, devidamente remasterizada. Gostei ! –Gostei muito, por exemplo, da bela fotografia a preto e branco da autoria de Chick Fowle, um técnico de imagem estrangeiro contratado pela produtora Vera Cruz. E, finalmente, da totalidade desta primeira e inspiradora fita sobre o cangaço, onde o capitão Galdino (Milton Ribeiro) e os seus ‘cabras’ evocam personagens reais (tais como Lampião, António Silvino, etc) que puseram em polvorosa, durante anos a fio, os sertões de Pernambuco e estados limítrofes. Uma das canções da película , a famosa «Olé Muié Rendeira», acompanhou o sucesso de «O Cangaceiro» e tornou-se até uma melodia clássica do folclore nordestino. Os actores são, em geral, bons. É precisamente o caso de Alberto Ruschel, o malogradoTeodoro, herói deste curioso western da caatinga. Filme que, na realidade, foi inteiramente rodado (em exteriores) no estado de São Paulo.



«LEMON TREE» * (dvd)

Tinha lido e ouvido críticas elogiosas sobre este filme (creio que inédito em Portugal) realizado em 2008 por Eran Riklis, um cineasta israelita. Assim, não pude resistir à tentação de adquirir (em França) a caixinha onde a sua cópia dvd faz companhia a uma outra obra de Riklis : «The Syrian Bride» (2004). Que verei em breve e que aqui comentarei oportunamente. «Lemon Tree» conta-nos a história de Salma, uma camponesa palestiniana, proprietária de um pomar de limoeiros, que vai travar uma luta desigual com a justiça israelita para tentar salvar as árvores que o pai lhe deixara em herança; limoeiros esses que a autoridade judaica mandou cortar, para garantir a segurança de um dos seus ministros, que se lembrou de construir uma casa num terreno contíguo ao pomar da discórdia… Gostei muito desta fita, sensível e tremendamente humana, que se desenrola numa terra onde a segurança do estado de Israel é pretexto, desde 1948 (data da sua fundação), para atropelar tudo e todos.



«RASTO SANGRENTO» (tv)

É uma película representativa do ‘film noir’, aquele excelente cinema policial que floresceu na Hollywood dos anos 40 e 50 do século passado e cuja 'atmosfera' conquistou os cinéfilos do mundo inteiro. Com interpretações convincentes de William Holden e de Nancy Olson, o par vedeta, mas também de Barry Fitzgerald, de Lyle Bettger (o mau da fita) e de Jan Sterling, «Union Station» (t.o.) tem a assinatura de Rudolph Mate, um cineasta com obras de valor na sua vasta filmografia. Mate conta-nos, neste filme de 1950, uma história de rapto que se gorou (acabando por descambar em violência), graças à perspicácia de uma secretária e à competência e à audácia de um detective em serviço numa estação ferroviária. Lugar onde se desenrola o essencial da acção. Já tinha visto este filme (há muitos anos) num dos canais da televisão gaulesa, onde foi programado com o título local de «Midi Gare Centrale». Lembrei-me que era um bom filme e, por isso, gravei esta preciosidade. Está actualmente em exibição no canal Hollywood.



«LAST OF THE DOGMEN» * (dvd)

Desconheço o nome atribuído em Portugal a esta película (se é que foi comercializada no nosso país) que, no Brasil, se intitula «O Último dos Bravos». Daí eu a identificar pelo seu título original. É um movimentado filme de aventuras, cuja acção tem por quadro as majestosas montanhas do Colorado. Os heróis são um guia (com problemas existenciais, depois da morte acidental da sua mulher) e uma arqueóloga e professora universitária, cujos papéis são muito bem interpretados por Tom Berenger e por Barbara Hershey, respectivamente. O par vai descobrir, num vale inacessível, uma comunidade de índios Cheyennes, descendentes de alguns sobreviventes das guerras inter-étnicas que ensanguentaram o Oeste americano nos finais do século XIX. Talvez pelo facto de eu me interessar pela História do Faroeste (a verdadeira), achei este filme fascinante e instrutivo. O realizador desta fita datada de 1995 é Tab Murphy, um director hábil (como aqui ficou demonstrado), mas que eu confesso não conhecer lá muito bem. O dvd que visualizei chegou-me de França, país onde o filme (que eu já vira numa sala no estrangeiro) se chama «Le Dernier Cheyenne».

(os filmes cujo título está assinalado com asterisco -*- são aqueles que nunca tiveram honras de exibição em Portugal ou que eu, muito simplesmente, ignoro como se chamam no nosso país)

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