quinta-feira, 27 de maio de 2010
OS FILMES DA MINHA VIDA (20)
«O CORREIO DO INFERNO»
FICHA TÉCNICA
Título original : «Rawhide»
Origem : E. U. A.
Género : western
Realização : Henry Hathaway
Ano de estreia : 1951
Guião : Dudley Nichols
Fotografia (p/b) : Milton Krasner
Música : Sol Kaplan
Montagem : Robert Simpson
Produção : Samuel G. Engel
Distribuição : 20th. Century-Fox
Duração : 86 minutos
FICHA ARTÍSTICA
Tyrone Power …………………………………. Tom Owens
Susan Hayward ………………………………. Vinnie Holt
Hugh Marlowe ………………………………... Rafe Zimmerman
Dean Jagger …………………………………… Yancy
Edgar Buchanan …………………………….. Sam Todd
Jack Elam ……………………………………….. Tevis
George Tobias ……………………………….. Gratz
Jeff Corey ……………………………………… Luke Davis
James Millican ………………………………. Tex Squires
Judy Ann Dunn ………………………………. Callie
SINOPSE
Está-se numa estação de muda da companhia de diligências Overland Mail em Rawhide Pass, no sudoeste dos Estados Unidos. O velho Sam, responsável pelo funcionamento do posto, incita o seu jovem e descontraído colaborador Tom Owens (filho do director da transportadora) a mostrar um pouco mais de zelo no desempenho das suas novas funções.
A chegada do primeiro veículo do dia interrompe o inútil discurso do ancião. No momento do reembarque dos passageiros ocorre um incidente : Vinnie Holt e Callie, a sua sobrinha de tenra idade, são forçadas a interromper a viagem e a permanecer na estação de muda, pelo facto do regulamento da companhia proibir o transporte de crianças em situação de perigo. Ora, esse perigo fora assinalado aos funcionários da Overland Mail por uma patrulha militar, que os informara da presença na região de quatro perigosos bandoleiros evadidos da prisão estatal de Huntsville.
A diligência parte, perante a indignação de Vinnie. Pouco depois, surge na estação um inesperado visitante, que se apresenta como representante da autoridade. Mas que, num momento de distração dos ocupantes do posto, saca das armas e lhes revela a sua verdadeira identidade e as suas intenções : ele é Rafe Zimmerman, o chefe dos evadidos do presídio de Huntsville e está ali (na companhia dos restantes forajidos, que, entretanto, manifestam a sua presença) para pilhar a diligência que transporta um importante carregamento de ouro da Califórnia para a Casa da Moeda de Nova Iorque.
Sam, que tenta resistir aos fora-da-lei, é impiedosamente abatido a tiro. A criança, Tom e Vinnie (que se fazem passar por uma família) são fechados à chave numa dependência da estação, até ao momento do projectado assalto. Depois de terem falhado uma tentativa de fuga, os prisioneiros da quadrilha resignam-se a esperar pelo desfecho da aventura, que, desconfiam eles, acabará com o seu assassínio.
Um dos bandidos, o lúbrico Tevis, não pára de molestar Vinnie. Zimmerman quer interromper o assédio à jovem e é abatido pelo seu cúmplice, que parece mais interessado na cativa do que no ouro. Tom Owens, que se encontra no exterior para recepcionar a diligência que se aproxima, logra apoderar-se de uma arma e troca alguns tiros com Tevis. Este acaba, contudo, por submeter o seu rival, ao visar a pequena e irrequieta Callie, que se ausentara da estação num momento de distração da tia. O cruel Tevis prepara-se para abater Tom, quando se ouve o estampido de dois disparos, que o prostam. Com uma carabina de cano fumegante nas mãos, Vinnie acabara por resolver aquela desesperada situação.
A diligência da Overland imobiliza-se, finalmente, diante da estação de muda. Interpelado pelo cocheiro sobre o que se passa, Tom Owens responde laconicamente : «Estou aprendendo a minha profissão !».
O MEU COMENTÁRIO
Desde 1941, ano da rodagem de «O Escravo da Montanha» (obra menor da sua filmografia), que Henry Hathaway não se relacionava com o cinema western. Dez anos volvidos, o cineasta reata com o género para nos oferecer este originalíssimo «O Correio do Inferno», que tem a particularidade de introduzir receitas próprias do ‘film noir’ numa época e num quadro inesperados : fins do século XIX, no Faroeste dos salteadores de diligências.
E o curioso é que o resultado foi excelente; a tal ponto que Hathaway acabou (talvez involuntariamente) por fazer desta fita de baixo orçamento –cuja acção se limita ao tosco interior de uma estação de muda da mala-posta e ao seu largo fronteiro- um dos clássicos do cinema hollywoodiano da década de 50. Ao sucesso da fita não terá sido alheio o extraordinário desempenho do ‘staff’ artístico reunido pelos produtores, incluindo o par vedeta da película, naturalmente, mas também o de todos os actores secundários. É impossível, aliás, fazer referência a «O Correio do Inferno», sem salientar o inesquecível trabalho de Jack Elam no papel do bandoleiro psicopata, que assedia sexualmente a bela Susan Hayward.
O ‘suspense’ emanante do guião redigido por Dudley Nichols (convertido em soberbas imagens a preto e branco pelo competente Milton Krasner, director de fotografia) agarra literalmente o espectador e evolui num ‘crescendo’ de violência até atingir o seu paroxismo, com a morte do sádico pistoleiro acima referido. Morte essa, que determina o ‘happy end’ da história narrada e que acaba por libertar o cinéfilo da sua própria angústia. «O Correio do Inferno» é, pois, um grande western, que se distingue do essencial da produção do género pela singularidade do seu entrecho e pelo excepcional trabalho (repito) realizado por todos aqueles –técnicos e actores- que participaram na sua feitura.
Esta fita tem, igualmente, um agradável lado didáctico que me apraz registar aqui : graças ao comentário que acompanha o seu genérico, ficamos a saber que as diligências de fins do século XIX que percorriam o Oeste dos ‘states’ –puxadas, preferencialmente, por três parelhas de resistentes mulas- levavam (antes de serem destronadas pela ferrovia) 25 dias para cobrir a distância entre as cidades de San Francisco (Califórnia) e de Saint Louis (Missouri). E que a integralidade dessa longa, cansativa e algo perigosa viagem custava 200 dólares-ouro ! Com refeições incluídas…
-Quen é que disse que não se aprende nada nos westerns ?
(M.M.S.)
Um dos cartazes originais desta preciosa fita de Henry Hathaway
Tyrone Power e Susan Hayward, o par vedeta de «O Correio do Inferno»
Os mesmos actores, aqui numa cena romântica
O saudoso Jack Elam, o mau da fita
Uma cópia DVD desta película (que já foi editada nos E.U.A.) está há muito prometida aos cinéfilos francófonos. Eu até já a encomendei, para substituir a minha velha e desgastada gravação VHS. Mas o atraso do seu lançamento persiste em manter-se...
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