segunda-feira, 10 de maio de 2010

OS FILMES QUE EU VI (OU REVI) ESTA SEMANA :


«DE PARIS COM AMOR» (sala)

Com guião inspirado numa história de Luc Besson, «De Paris com Amor» é um filme de acção no sentido pleno do termo, quer dizer com muitas perseguições, muitos tiros e muita pancadaria; coisas que, finalmente, só interessam a um público específico e do qual eu, francamente, não faço parte. A história é a de um secretário da embaixada norte-americana em Paris (Jonathan Rhys Meyers) que sonha fazer carreira nos serviços secretos. Esse seu desejo vai ser satisfeito, quando, finalmente, ele é incumbido de executar uma missão sob a orientação de um certo Max (John Travolta), agente da CIA ou organização similar. Os inimigos desta parelha de exterminadores implacáveis e (quase) invulnerável às balas, são, sucessivamente, os membros de um gang chinês de traficantes de droga e um grupo terrorista islamista, como não podia deixar de ser. Enfim, já não há pachorra -da minha parte- para aturar cinema deste quilate. Safa !



«THE SYRIAN BRIDE» * (dvd)

Película do realizador israelita Erin Riklis, que precedeu, na sua filmografia, «Lemon Tree», visto também en DVD na passada semana. Tal como essa preciosa fita (que eu aqui comentei), «The Syrian Bride» caracteriza-se pelo lado pungente e profundamente humano emprestado às suas personagens. A acção situa-se no planalto do Golan, porção do território sírio ocupado pelas tropas judaicas durante a guerra dos Seis Dias (1967) e anexado oficialmente em 1881, por decisão do parlamento israelida. Mona, filha de um resistente druzo à ocupação militar estrangeira e apoiante incondicional do falecido Hafez el-Assad vai casar com uma estrela da televisão de Damasco. Mas, devido ao estatuto especial dos habitantes do Golan (considerados, pelo ocupante, cidadãos de nacionalidade indeterminada), a sua partida do território será definitiva, já que os israelitas só lhe concederão o visto de saída. A triste despedida dos familiares da noiva (divididos por razões de violação dos costumes ancestrais) será, por outro lado, perturbada pelo excesso de burocracia e pela atitute ‘nhurra’ dos funcionários fronteiriços… Excelente filme, com actores de grande classe, sobre um tema inédito e apaixonante. Cinco estrelas !


«SELVAGEM É O VENTO» (tv)

Apreciado melodrama de George Cukor, datado de 1957. Revi-o no canal Hollywood, que é (a par da RTR Memória) o único que neste país se preocupa em exibir algum bom cinema americano da chamada Época de Ouro. A trama do filme, inspirada numa novela de Vittorio Nino Novarese, refere-se a Gino (Anthony Quinn ), um emigrante italiano que fez fortuna com a criação de ovinos no estado de Nevada. Viúvo de Rossana, uma sua compatriota, Gino decide voltar ao país natal para desposar Gioia (Magnani), a irmã mais nova da falecida. Mas, já nos ‘States’, a nova esposa do rico ovelheiro sente-se desprezada pelo marido, que evoca frequentemente (e, por vezes, até a despropósito) a sua vida passada com a virtuosa Rossana. E o inevitável acaba por acontecer : a exuberante Gioia acaba por cair nos braços de Bene, o bem-parecido e muito amado filho adoptivo de Gino. O escândalo e a violência rebentam com a descoberta do pecaminoso idílio e Gioia é escorraçada pelo marido atraiçoado. O bom senso acaba, no entanto, por prevalecer e Gino, que agora reconhece os seus próprios erros, está pronto a oferecer -a si próprio e a Gioia- uma nova oportunidade de vida. Filme simpático, com um trio de intérpretes principais já, então, com reputação feita. De realçar é, igualmente, a belíssima fotografia (a preto e branco) da autoria do também famoso Charles Lang Jr, que soube captar imagens fascinantes da vida selvagem da região onde decorreu a filmagem de exteriores. Gravei, porque adoro o cinema desta época e também pelo facto desta obra de Cukor ter sido esquecida pelos editores videográficos.



«A SOLIDÃO» (tv)

Recompensado com vários prémios prestigiosos -nomeadamente com três ‘Goyas’- este filme de Jaime Rosales é uma excelente crónica de vida de duas mulheres espanholas confrontadas com o sofrimento e com a solidão : Adela, que deixara (com Miguelito, o seu filho de tenra idade) uma aldeia do País Basco para tentar a sua sorte em Madrid; e Antónia, proprietária de um mini-mercado na capital e com problemas de convivência com as suas filhas, divididas por interesses mesquinhos, suscitados pela venda do apartamento da mãe. Obra intimista (mas não chata), «A Solidão» foi um grande êxito da crítica hispânica e internacional, mas que não logrou alcançar o mesmo sucesso junto do público. O que é pena, porque se trata de um filme de superior qualidade, que soube tratar -com inteligência e com tacto- alguns problemas típicos das sociedades europeias do nosso tempo. Vi-o, na televisão, num dos canais Lusomundo.


«AQUELA LOURA» (dvd)

Obra-prima da cinematografia de Jacques Becker (que a realizou em 1952, com o título original de «Casque d’Or»), este filme é servido por um elenco de grande qualidade, do qual emerge, naturalmente, o trio formado por Simone Signoret, Serge Reggiani e Claude Dauphin. A acção decorre num arrabalde de Paris, onde actua uma quadrilha de ‘coupe-jarrets’ e de proxenetas chefiados por Félix Leca. Na sequência de um encontro fortuito num baile, o marceneiro Manda e Marie apaixonam-se perdidamente um pelo outro, o que suscita uma crise violenta de ciúmes em Roland Belle-Gueule, o ‘protector’ da rapariga. A disputa entre os dois homens acaba numa troca de navalhadas e com a morte do ex-amante de Marie. Traído por Leca (que, também ele, cobiça a beldade loura), Manda é preso pela polícia e condenado à morte na guilhotina. Marie assiste, com o coração despedaçado, ao suplício do seu apaixonado da janela de uma casa próxima do local da execução… Há quem considere esta fita de Becker uma das mais belas obras do cinema francês de sempre. E eu creio que não há exagero no propósito. Comprei a cópia DVD recentemente, para que substituísse na minha cinemateca particular uma cassete VHS com muitos anos de vida e muito afectada pelo tempo. E, sinceramente, não estou arrependido, porque a qualidade do suporte vídeo agora adquirido é, simplesmente, bestial !



«ANJOS E DEMÓNIOS» (dvd)

Livremente inspirado no romance homónimo de Dan Brown, este «Anjos e Demónios» é um bom policial, cuja acção decorre, essencialmente, na Cidade do Vaticano e na Roma circundante. Trata-se para o professor Robert Langdon, o perito em simbologia que já havia inquirido no polémico «O Código da Vinci», de penetrar na ‘entourage’ do Papa (recentemente falecido) e de prevenir uma série de crimes contra a vida de quatro cardeais; crimes perpetrados pelos ‘Illuminati’, uma seita religiosa que contesta violentamente a política da Santa Sé. Para o ajudar na sua espinhosa missão, Langdon (outra vez encarnado pelo excelente actor Tom Hanks) vai contar com a ajuda de uma bonita cientista do CERN e com a participação activa da famosa Guarda Suíça. Que aqui pôs de lado as tradicionais alabardas para empunhar modernas e mortíferas pistolas Glock. Acho que este film de Ron Howard (estreado nas salas portuguesas em 2009) correspondeu perfeitamente às expectativas da maioria dos espectadores, oferecendo-lhe um produto bem acabado, recheado de bons momentos de suspense e de acção, muitos deles desenrolados no cenário macabro das catacumbas do Vaticano.

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