sexta-feira, 18 de maio de 2018
EPISÓDIOS ESQUECIDOS DA NOSSA HISTÓRIA : A TRAIÇÃO DE D. MÉCIA
D. Mécia López de Haro foi uma fidalga natural da Biscaia, onde nasceu por volta de 1215. Era neta bastarda do rei de Leão Afonso IX e, assim, aparentada ao Fundador da Nacionalidade, D. Afonso Henriques. Casaram-na, com apenas 12 anos de idade, com um certo Álvaro Peres de Castro, cavaleiro da Reconquista, que ganhou fama de bravura nas lutas travadas contra os sarracenos. Mas que a deixou viúva ainda jovem. D. Mécia desposou, em 1240 (ou ano próximo) o rei de Portugal D. Sancho II, que por ela se embeiçou. Soberano que, como é sabido, foi apeado do trono por seu irmão D. Afonso III, o Bolonhês, após uma guerra civil que este último ganhou, com a cumplicidade de parte da nobreza portuguesa e a implicação directa do papa Inocêncio IV e dos eclesiásticos nacionais; que alinharam naquela que foi (tanto quanto pensamos ter sido) uma das maiores ignomínias da História Medieval portuguesa. Na queda do seu real esposo também participou activamente esta D. Mécia, que -na opinião de credíveis historiadores- terá co-organizado o seu próprio rapto, contribuindo, dessa forma, para minar o moral e a autoridade de D. Sancho II, aquando da sua luta para guardar a coroa que por direito lhe pertencia. Essa fuga fez-se posteriormente à anulação papal do seu casamento (pela bula 'Sua nobis') e na sequência da deposição do rei pela Santa Sé. O autor conhecido desse acto de lesa-majestade, dessa vilania, foi um fiel apoiante da causa do Bolonhês -Raimundo Viegas de Portocarreiro- que, socorrendo-se de uma hoste colocada sob as ordens de Martim Gil de Soverosa, investiu o paço de Coimbra (onde então parava a corte) e subtraiu a rainha à intimidade do rei. E que a foi (com a sua provável cumplicidade) colocá-la no castelo de Ourém (considerado, então, inexpugnável), que resistiu a todos os assaltos das forças reais. Como é sabido e como já acima foi referido, el-rei acabaria por perder a guerra contra tão poderosos inimigos e por refugiar-se em Toledo; onde faleceu, doente e desiludido, no dia 4 de Janeiro de 1248. Quanto à sua traiçoeira mulher -que depois do passamento do esposo, passou a beneficiar da alta protecção do seu sucessor no trono de Portugal- acabou, também ela, por falecer em território do país vizinho. Morreu em Palência no ano de 1271, amaldiçoada pelo povo de Portugal; que a terá associado à lendária e detestada figura da Dama Pé-de-Cabra e que nunca lhe perdoou a aleivosia.
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