quinta-feira, 30 de junho de 2016
LIDO NUM JORNAL DO DIA : O HOMEM QUE VENDE VENTO
Diz uma notícia da nossa imprensa de hoje, que um cidadão ucraniano imigrado no nosso país há 16 anos, começou a comercializar -com algum êxito- umas latinhas com... «ar abençoado de Fátima». A 3 euros a latinha contendo o tal fluído, que 'a priori' se supõe ser milagroso. O recipiente, decorado com imagens pias da imaculada e da sua basílica é, sobretudo, vendido aos turistas que visitam o santuário da Cova de Iria, tanto nacionais como estrangeiros. Curiosamente, o estanqueamento da lata deve ser dos melhores, já que o 'artista' que vende vento, lhe atribui uma validade «de 99 anos». Nem mais, nem menos. Escreve o «Jornal de Notícias» que, de futuro, é intenção do homem de Kiev vender «ar de Lisboa» e de outros lugares emblemáticos da nossa terra. Onde os turistas afluem... Parece, também, que o inventivo Serghei -é assim que se chama o vendedor de vento- gostaria de fazer um contrato com a direcção do Benfica, para poder comercializar o ar (glorioso, sem dúvida) do estádio da Luz. Não sei o que disso pensará o presidente Vieira. O que eu sei, é que, com a sua ideia e com a ingenuidade da malta que por cá vive e que por cá passa, o astuto e empreendedor ucraniano está farto de marcar golos ! Só uma coisa me espanta : é que o encarregado dos negócios do santuário de Fátima (certamente obsecado pelo velho e estafado trato da cera) não tivesse pensado no comércio do ar, antes do sujeito das Ucrânias... Desperte homem !!!
quarta-feira, 29 de junho de 2016
MAUS 'SOUVENIRS' DO PASSADO
Hoje, graças a meios de detecção sofisticados, não é raro achar relíquias de tempos idos. Nomeadamente engenhos de guerra usados nos dois conflitos generalizados que devastaram o mundo e a Europa. Tendo residido muitos anos em França e trabalhado no exterior, eu próprio assisti, de longe, está bem de ver, à exumação de coisas que nunca esperei observar; como, por exemplo, um enorme torpedo aéreo -com uns 3 metros de comprimento- achado (enterrado) numa margem do rio Sena, a escassos quilómetros da cidade do Havre. Uma zona estratégica, que as tropas alemãs ocuparam nos anos 40 do passado século e que foi muito devastada pela aviação dos Aliados. A fotografia que aqui apresento à vossa curiosidade, é recente e provém da Noruega. Em cujas águas costeiras foi recentemente encontrada esta carcaça de um caça da aviação hitleriana : um Focke-Wulf Fw-190. Impressionante, não é verdade ?
Esta é uma maqueta perfeita do supracitado avião de guerra. Que não ostenta na respectiva cauda a famigerada cruz gamada, pelo facto da sua representação ser proibida em muitos países da Europa.
Esta é uma maqueta perfeita do supracitado avião de guerra. Que não ostenta na respectiva cauda a famigerada cruz gamada, pelo facto da sua representação ser proibida em muitos países da Europa.
FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (61)
Esta fotografia foi tirada em 1886, quando a monarquia ainda vigorava no nosso país e el-rei D. Luís se encontrava à frente dos destinos de Portugal. Por pouco tempo, aliás, visto ter falecido em 1889, com apenas 50 anos de idade. A foto mostra-nos a princesa D. Amélia de Orleães acompanhada pelo seu noivo D. Carlos de Bragança, filho primogénito e herdeiro do supracitado monarca. Os príncipes casaram nesse mesmo ano de 1886 e o mínimo que hoje se pode dizer deles é que não formaram um casal feliz. Pois, como é sabido, o reinado de D. Carlos foi marcado por violência política extrema, que culminou -no dia 1º de Fevereiro de 1908- com a sua morte e com a do príncipe herdeiro, sob as balas de carbonários afectos à causa republicana; que acabaria por triunfar a 5 de Outubro de 1910. O rei D. Manuel II (que sucedera a D. Carlos) seria deposto e, tal como sua mãe, a acima referida D. Amélia -uma princesa de França nascida em Twickenham, na Inglaterra- tomaria o caminho do exílio imposto pelo novo regime. Em 1941, depois da Segunda Guerra Mundial ter terminado na Europa, o ditador Oliveira Salazar autorizou a última rainha de Portugal a visitar o nosso país, o que a antiga rainha fez, durante uma emocionante viagem a vários lugares do seu antigo reino. Apesar de autorizada a permanecer em Portugal, D. Amélia regressou a França, onde veio a falecer em 1951, em Versalhes. Os seus despojos foram, mais tarde, transladados para Lisboa e foram a sepultar -com pompa e circunstância- no panteão dos Braganças em São Vicente de Fora. Onde já se encontravam os restos mortais de seu real esposo, assassinado (com seu filho mais velho, o príncipe Luís Filipe) no Terreiro do Passo quatro décadas atrás.
4L, A MAIS POPULAR DAS VIATURAS
Não foi -longe disso- a mais bela das viaturas de turismo pensadas e construídas pela indústria automóvel francesa. Mas foi, sem dúvida, a mais popular de todas elas, a par da Citroën 2cv ou da R5. Para isso concorreram o seu baixo preço, a sua frugalidade, a sua rusticidade, a sua polivalência, a sua facilidade de condução e outras mais qualidades reconhecidas pelos seus felizes utilizadores. A essas virtudes, acrescia o facto de oferecer 4/5 lugares; o que fazia da Renault 4L uma verdadeira viatura familiar. Lembro-me que, quando cheguei a França, em Janeiro de 1965, este modelo de base das fábricas Renault custava o equivalente a cinco meses de trabalho de um operário especializado. Pouca coisa, se comparado aos caríssimos carros de hoje. O sucesso da Renault 4L também se espelha no número de carros vendidos -mais de 8 000 000 de exemplares- saídos das fábricas de 28 países de vários continentes. A sua produção prolongou-se por 30 anos, de 1961 até 1992. Aqui na minha terra do Norte Alentejano, é ainda frequente cruzarmos ou seguirmos esta excelente viatura, que já é uma lenda da História do Automóvel.
O mui original Renault 4 'Plein-Air' visava uma clientela sofisticada, que via neste carro o veículo ideal para passar umas agradáveis férias de Verão.
O mui original Renault 4 'Plein-Air' visava uma clientela sofisticada, que via neste carro o veículo ideal para passar umas agradáveis férias de Verão.
MAS QUE HISTÓRIA !...
Data de 1707 a integração 'de facto' da Escócia no Reino Unido. Depois de consumada, finalmente, a união dos dois parlamentos e das duas coroas. Desde então, o mais setentrional dos 'países' da Grã-Bretanha tem fornecido fortes contingentes militares aos exércitos de Sua Majestade; que se bateram -com a bravura que se lhes conhece- em todas as terras conquistadas pelo Império, desde a vasta Índia até às insignificantes ilhas Falkland, passando pela portentosa África austral. Os militares que a imagem reproduz são 1 oficial (à esquerda) e 4 soldados de um regimento dos 'Highlanders', que se bateram pelo rei Jorge III de Inglaterra, durante a guerra pela independência dos Estados Unidos da América; que decorreu entre 1775 e 1783. Com o 'Brexit' -que deixou o nosso mundo 'de pantanas'- a Escócia encara, para breve, a possibilidade de um referendo que lhe permitirá optar pela Europa Comunitária (pela permanência na qual ela votou maioritariamente) em desfavor do Reino Unido. Reino Unido que poderá perder, assim, parte consistente do seu território e de uma população de qualidade. Em todos os domínios; na área militar, como em tantas outras... -Terão as pessoas responsáveis por esta situação, medido toda a importância dos seus actos e do imbróglio que criaram ? Permitam-me duvidar.
segunda-feira, 27 de junho de 2016
PRAIAS DO ALENTEJO
REVISTAS DE TELEVISÃO
«TV» foi a primeira revista portuguesa com conteúdos totalmente consagrados à televisão e a incluir a programação da dita (que, então, tinha apenas um canal) para 7 dias. Fundada na primeira metade dos anos 60, pertencia à própria R.T.P. e, contrariamente ao que acontece com as suas congéneres de hoje (todas elas privadas), era uma publicação que respeitava a inteligência dos seus leitores. As três ou quatro similares que existem, actualmente, no mercado português, são de uma tristeza que aflige, centrando as suas atenções nos escândalos protagonizados pelo triste mundilho dos 'artistas' das telenovelas e noutras macacadas desse tipo. Também se preocupam em relatar, semana após semana, o desenrolar das tais telenovelas que o povão vai vendo. Enfim, enquanto leitura não interessam absolutamente a ninguém ! E como é que eu sei disso ? -Porque todas as semanas sou eu quem vai comprar a minha mãe (uma velhinha, nonagenária) a revista que a inteira sobre as vigarices da apresentadora A, sobre a porrada que actriz B leva do seu quarto marido, sobre a homossexualidade escondida do humorista C e aí por diante. A revista que compro à minha progenitora -que tem na TV uma das suas grandes distracções- custa 1,35 euro; mas, sinceramente, por aquilo que vale e que eu não posso deixar de observar, deveria ser de borla e as seus editores obrigados a pagar um imposto especial por excessiva produção de lixo.
ORA ESTA !
O alemão Conrad Adenauer e o francês Charles De Gaulle -duas figuras gradas e marcantes do mercado único europeu, que precedeu a criação da C. E.- devem estar a dar voltas nos seus túmulos com a 'evolução' desta organização. E com o golpe que agora lhe foi aplicado pelo Reino Unido. Uma nação cuja adesão o general nunca viu (diga-se de passagem) com bons olhos. Não por uma questão de rivalidade, mas de diferença de mentalidades e de inconciliável estratégia para o futuro.
AÇAFRÃO-DA-ÍNDIA
O Áçafrão-da-Índia (também chamado açafrão-da-terra, açafroa, gengibre amarelo, raiz-de-sol, turmérico ou curcuma) é uma planta do Oriente conhecida e utilizada, há muitos séculos, na culinária e/ou para fins curativos. De seu nome científico 'Curcuma longa', é uma planta herbácea da família do gengibre. Dos seus rizomas obtém-se (por moagem) um pó de cor amarelada, que se utiliza na composição do caril; que é um condimento muito aplicado nas cozinhas da Índia e da Indonésia, entre outras. O Açafrão-da-Índia tem acção anti-inflamatória e antioxidante, havendo quem veja nas suas virtudes medicinais um trunfo no tratamento da doença de Alzheimer, artroses e outras mais . Mas o seu reconhecimento enquanto planta medicamentosa não é recente, pois já o médico e botânico português Garcia de Orta o havia considerado -no século XVI- eficaz no tratamento da sarna e das doenças oculares. Uma coisa é certa : ainda estamos muito longe de conhecer todas as potencialidades desta planta exótica no domínio da medicina preventiva e curativa...
CINÉ-SAUDOSISMO (48)
A nossa memória cinematográfica não é só feita de filmes grandiosos ou premiados e louvados pela crítica. Nela também cabem filmezinhos de fraco orçamento, simples, sem 'stars' e que passaram literalmente ao lado dos projectores da fama. E, no que me diz respeito, acho que alguns deles merecem que os lembremos como um momento fugaz e feliz das nossas vidas. Aqui há dias, topei com este cartaz belga de uma fita que, por cá, foi intitulada «ROMANCE DE UM JOGADOR» («The Gambler from Natchez») e lembrei-me de o incluir na lista de 'Cine-Saudosismo'. Realizado por Henry Levin e estreado em 1954, esta fita colorida, produzida pela companhia 20th. Century Fox, era um misto de western e de aventuras de espadachins, cuja acção decorria na primeira metade do século XIX no sul dos Estados Unidos e a bordo de um 'riverboat' do Mississippi; um desses casinos flutuantes onde (segundo diz a tradição) se apostava forte no jogo do póquer, perdendo-se e/ou ganhando-se fortunas num ápice. No cartaz desta película figuram os nomes de Dale Robertson (um bom actor, mas que nunca logrou alcançar o estatuto de vedeta), Debra Paget (que chegou a ser uma das mais belas e cobiçadas mulheres da Meca do Cinema, mas que aqui ainda tentava afirmar-se) e mais dois ou três comediantes de talento, mas que raramente mereceram o interesse da imprensa especializada de Hollywood. Nomeio, excepcionalmente, o actor afro-americano Woody Strode, que, em 1960, foi a figura nuclear de «O Sargento Negro», um dos melhores filmes de mestre John Ford. A história contada é a de um oficial da cavalaria dos Estados Unidos, que, depois de ter passado uns anos no Texas ao serviço do exército, regressa a Nova Orleães, de onde é originário. No caminho conhece um capitão de navios e sua filha, que o informam sobre o assassínio de seu pai -um respeitado jogador profissional- e lhe asseguram guarida e protecção quando ele inicia uma guerra pessoal contra os criminosos. Exuberante, romântico, movimentado (como se exige deste género de filmes), «ROMANCE DE UM JOGADOR» encantou a minha juventude; que ansiava por momentos exóticos como este, capazes de desfazer (nem que fosse por apenas umas horas) o cinzentismo de um Portugal sem encanto e, naquele tempo (anos 50 do século passado), sem grandes esperanças de mudança... Consegui adquirir uma boa cópia deste filme em Espanha; país onde a fita (editada em DVD, sem legendagem em língua portuguesa) se intitula «El Jugador de Natchez».
UM DOS MAIORES PORTOS DA EUROPA
Desde os recuados tempos da Liga Hanseática que Hamburgo é um dos mais importantes portos da Europa. Situado a um pouco mais de 100 quilómetros do mar, este porto é de acesso fácil graças às condições de boa navegabilidade que lhe são oferecidas pelo Elba. No século XIX, no tempo dos grandes veleiros, a concentração de navios já era ali a que testemunha esta fotografia retocada e colorida à mão. Foto que se pode facilmente ampliar com um clique do rato.
A LENDA DE SÃO MARTINHO
Este sugestivo painel de azulejos (tipicamente português) evoca a lenda de São Martinho. Nele vemos o fero guerreiro imperial que, numa passagem pelos Alpes, se deixou compadecer pela nudez de um mendigo tiritando de frio. E que tomou de sua espada, para retalhar o seu próprio manto e partilhá-lo com o indigente. Diz ainda a lenda que, satisfeito com a boa acção do futuro santo, Deus interrompeu milagrosamente o frio que reinava naquelas inóspitas montanhas, envolvendo-as num sol radioso e temperatura amena. Daí chamar-se Verão de São Martinho àqueles cálidos e reconfortantes dias, que precedem o duro Inverno. Martinho de Tours (cidade da qual ele foi bispo) nasceu numa região da actual Hungria por volta do ano 316. Martinho era filho de um dignitário do Império Romano e foi militar do dito. Até que se converteu ao cristianismo e optou por seguiu a vida religiosa. Ajudou, no século IV da nossa era, a converter a Gália e outras regiões ocidentais do Império, sendo -por essa sua notável acção missionária- santificado pela Igreja Católica. A sua morte ocorreu em 397.
WYOMING - O ESTADO DA IGUALDADE
Em 1999, na sequência de uma viagem turística que fiz aos Estados Unidos da América, durante a qual pude visitar a Califórnia, o Nevada, o Utah e o Arizona, sempre alimentei a esperança de, um dia, regressar ao Oeste desse país, para poder extasiar-me diante das belezas do Wyoming e dos estados que o circundam : Montana, Dacota do Sul, Nebrasca, Colorado, Utah (em parte já visitado) e Idaho. Infelizmente, o tempo passou sem que a oportunidade de voltar aos 'states' (pela terceira vez na minha vida) se apresentasse. Razões económicas e o envelhecimento físico do postulante a essa desejada viagem falaram mais alto... e pronto, o sonho desfez-se. Porquê esta região e não outra ? -Porque a dita é aquela que eu melhor conheço através dos livros e dos documentários que li e que tenho visto. Porque adoraria conhecer, 'de visu' e entre outros sítios mais, Yellowstone e o Grand Teton, a cidade de Cheyenne e o resto do condado de Laramie, as verdes pradarias dessa terra que foi, outrora, o paraíso dos cowboys, e conhecer, fora dos limites do 44º estado da União, Denver e o seu enquadramento de montanhas, o sítio onde se travou a batalha de Little Big Horn, Salt Lake City, a capital mórmon, a Black Hills National Forest e o memorial do Monte Rushmore, etc, etc. Enfim, talvez numa outra vida...
O Wyoming -cujo nome significa, em língua Delaware, Terra de Vastas Planícies- entrou, oficialmente, na União a 10 de Julho de 1890. Chamam-lhe (merecidamente) o Estado da Igualdade, porque foi o primeiro de todos os 50 estados a reconhecer às mulheres o direito de voto. Com uma superfície de mais de 253 000 km2 (área equivalente a quase 3 vezes a de Portugal), é o 10º mais vasto dos Estados Unidos e um dos menos populosos, pois conta apenas com 564 000 habitantes (18 vezes menos que a do nosso país). As principais actividades económicas do Wyoming são a pecuária, a agricultura e a mineração. Nestas últimas décadas, o turismo tem vindo a crescer exponencialmente, graças à atracção exercida por uma Natureza belíssima e de qualidade excepcional (pois quase isenta de poluição), que tem nos parques nacionais de Yellowstone e de Grand Teton os seus expoentes máximos. A capital do estado é Cheyenne (fundada por pioneiros no século XIX), que conta com uma população de 60 000 almas. Esta cidade é, simultaneamente, sede do governo estatal e sede do condado de Laramie.
O Wyoming -cujo nome significa, em língua Delaware, Terra de Vastas Planícies- entrou, oficialmente, na União a 10 de Julho de 1890. Chamam-lhe (merecidamente) o Estado da Igualdade, porque foi o primeiro de todos os 50 estados a reconhecer às mulheres o direito de voto. Com uma superfície de mais de 253 000 km2 (área equivalente a quase 3 vezes a de Portugal), é o 10º mais vasto dos Estados Unidos e um dos menos populosos, pois conta apenas com 564 000 habitantes (18 vezes menos que a do nosso país). As principais actividades económicas do Wyoming são a pecuária, a agricultura e a mineração. Nestas últimas décadas, o turismo tem vindo a crescer exponencialmente, graças à atracção exercida por uma Natureza belíssima e de qualidade excepcional (pois quase isenta de poluição), que tem nos parques nacionais de Yellowstone e de Grand Teton os seus expoentes máximos. A capital do estado é Cheyenne (fundada por pioneiros no século XIX), que conta com uma população de 60 000 almas. Esta cidade é, simultaneamente, sede do governo estatal e sede do condado de Laramie.
A EXTRAVAGANTE MODA DOS 'RABOS DE PEIXE'
Embora não tenha sido uma tendência exclusivamente americana, a verdade é que a moda dos espampanantes automóveis com 'rabo de peixe' nasceu em terras do Tio Sam, ali para os lados de Detroit, onde então se concentrava o essencial da indústria automobilística estadunidense. Passava-se isso num tempo -décadas de 50/60 do século passado- onde, para além de ser um indispensável meio de locomoção, o automóvel individual também era uma espécie de cartão de visita, através do qual se afirmavam, sobretudo, os bem instalados na vida. A moda não durou muito, uma dúzia de anos se tanto, mas deixou uma marca visual que está longe de se desvanecer da mente das pessoas que têm a minha idade. Aqui mostro alguns exemplos desses veículos extraordinários, que, em França, ainda hoje são conhecidos pelo merecido epíteto de 'les belles américaines'. Em Portugal esses carrões eram raríssimos, consequência as taxas alfandegárias elevadas, do seu preço exorbitante e de um consumo de gasolina considerado devorador. Mas, curiosamente, lembro-me de haver no Barreiro da minha juventude 2 desses extraordinários veículos. Dois Chevrolet 'Impala', que destoavam no parque automóvel local -essencialmente constituído por 'carochas', por Taunus, por Fiat 600 e por outras modestas viaturas europeias- pelo seu tamanho e pela sua imponência. Lembro-me que um deles pertencia a um rico industrial de cordoaria e que o outro era propriedade de um negociante da Rua Miguel Pais... Velhos tempos, esses dos 'rabos de peixe' !
Este veículo francês -um Simca 'Chambord'- foi um dos raros automóveis europeus a obter algum sucesso com um modelo 'rabo de peixe'. Foi exportado para o Brasil, onde chegou a ser montado sob licença.
Este veículo francês -um Simca 'Chambord'- foi um dos raros automóveis europeus a obter algum sucesso com um modelo 'rabo de peixe'. Foi exportado para o Brasil, onde chegou a ser montado sob licença.
domingo, 26 de junho de 2016
NA INTIMIDADE DE FLORBELA, A POETISA
Caravelas
Cheguei a meio da vida já cansada
De tanto caminhar! Já me perdi!
Dum estranho país que nunca vi
Sou neste mundo imenso a exilada.
Tanto tenho aprendido e não sei nada.
E as torres de marfim que construí
Em trágica loucura as destruí
Por minhas próprias mãos de malfadada!
Se eu sempre fui assim este Mar-Morto,
Mar sem marés, sem vagas e sem porto
Onde velas de sonhos se rasgaram.
Caravelas doiradas a bailar...
Ai, quem me dera as que eu deitei ao Mar!
As que eu lancei à vida, e não voltaram!..
(Florbela Espanca, in «O Livro de Sóror Saudade», 1923)
ESPANHA NOS ARES
Este avião Mirage IIIE pertence à aviação militar espanhola. Cujas insígnias ou marcas de identificação, são constituídas pelas 'cocardes', que são os círculos contendo as cores da bandeira nacional (apostas nas asas e na fuselagem desta aeronave) e por uma cruz de Santo André roxa sobre fundo branco; que aqui figura no leme de direcção. Senhora de vastos territórios na Europa continental e em África (Ceuta e Melilla), mas também de dois arquipélagos importantes, situados no Mediterrâneo e no Atlântico, o país vizinho dispõe -para sua defesa- de uma moderna e 'performante' força aérea; que se juntou aos efectivos da NATO em 1982. O aparelho militar aqui apresentado já está tecnologicamente ultrapassado e contrasta com os modernos aviões que, hoje, equipam o 'Ejército del Aire'.
IR PARA A GUERRA,,, DE BICICLETA
Esta fotografia (retocada e colorida à mão) data de inícios do século XX e mostra 3 soldados britânicos, pertencentes a uma unidade ciclista. Foi tirada durante a 2ª Guerra dos Boers, que ocorreu entre 1899 e 1902. Desse conflito (que sucedeu a outro, também ele travado na África austral uns 20 anos antes, entre os mesmos protagonistas) resultou a integração das repúblicas do Transval e do Estado Livre de Orange (fundadas por colonos de origem neerlandesa) na União Sul-Africana, então criada pelos britânicos e mantida sob a sua exclusiva autoridade.
A PROPÓSITO (OU DESPROPÓSITO) DO JOGO PORTUGAL-CROÁCIA
Vi ontem (na televisão) o jogo entre as selecções de futebol da Croácia e de Portugal. E achei-o chatíssimo. Também penso que este primeiro triunfo -no Europeu de França- da antigamente chamada selecção das quinas, não nos deu indícios encorajadores para o futuro dos nossos jogadores naquela competição patrocinada pela UEFA. Se o futebol passou a ser só isto, um jogo de calculismos aritméticos e nada mais, então vai deixar de me interessar. Totalmente ! Estou-me marimbando para o patriotismo foleiro que alimenta isto e que se alimenta disto. Ontem liguei a TV uns 5 minutos antes do confronto e passei a outra coisa (um filme de grande espectáculo) imediatamente após o seu desfecho. Começo a estar farto das parvoíces dos 'jornalistas' televisivos, que passam dias e dias de microfone em punho, solicitando comentários e opiniões a tudo o que é cão e gato. E juro que, até ao término da competição em curso, só verei (porque gosto do chamado desporto-rei) mais dois ou três jogos. Jogos que possam trazer ao espectador que eu sou alguma emoção... algum futebol. Porque, afinal, o que até agora tenho visto, tem-me deixado completamente desiludido. Isto dito e ainda em relação ao Portugal-Croácia, quero saudar o único grande momento do jogo : a acção do jovem e promissor Renato Sanches, que conduziu ao redentor golo de Quaresma, marcado no 27º minuto do prolongamento.
COBRAS E LIVROS
Esta semana andei a esvaziar a minha cave, onde uma cobra (vinda da Natureza circundante e que lhe pertence) terá entrado sem ter sido convidada. Parece que, por aqui, neste recanto do Alentejo profundo, os répteis e outra bicharada não fazem cerimónia e invadem, quando lhes dá na real gana, as casas onde intrusos como eu se instalaram. Como se o mundo lhes pertencesse em exclusivo. Quero dizer que, apesar dos seus estimados 130 centímetros de comprimento e razoável grossura, acabei por não avistar o bicho; que presumo ter feito, apenas, à dita cave, uma visita exploratória em busca de ratos que por ali não havia. E que, feito isso, de lá se raspou mais discretamente do que para lá entrara. Acabei, no entanto, por achar na cave um determinado número de coisas interessantes, nomeadamente um livrinho que vou reler nestes próximos dias. Trata-se de «Bancarrota», uma das controversas obras de Tomás da Fonseca (pai do também escritor Branquinho da Fonseca), uma figura excepcional da nossa cultura e da nossa vida pública, que viveu entre 1877 e 1968. Natural de Mortágua (no distrito de Viseu), Tomás da Fonseca estudou teologia no seminário de Coimbra, mas cedo se incompatibilizou com a Igreja; ao mesmo tempo que começou a desposar as ideias e causas que, em Portugal, lutavam contra o obscurantismo clerical. Passou, assim, a apoiar o partido republicano e a tomar parte activa nas rijas lutas que acabaram por assegurar a derrocada da monarquia. Durante os primeiros tempos do novo regime, Fonseca chegou a ser chefe de gabinete do governo de Teófilo Braga e, em 1916, foi eleito senador pelo distrito de Viseu. Também foi um enérgico opositor ao regime ditatorial de Sidónio Pais. A par dessa sua actividade política, Tomás da Fonseca fundou revistas e jornais, com os quais colaborou intensamente, e escreveu livros que, como o já citado, levantaram enorme polémica. Durante o Estado Novo as coisas agravaram-se para Tomás da Fonseca. Entre muitas das suas públicas intervenções contra o regime salazarista, ressalve-se a denúncia da abertura e funcionamento do desumano campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde. Essa sua corajosa atitude, pagou-a o escritor com a apreensão de livros e com prisão levada a cabo por iniciativa da polícia política do regime : a tenebrosa PIDE. O livro «Bancarrota», que agora reencontrei, esteve proibido durante os anos negros do salazarismo. A edição que possuo foi editada no Brasil em 1962 e é, segundo as palavras do autor, «um exame à escrita das agências divinas». Vale a pena ler ! Isto dito, acho estranho e lamentável que uma figura intelectual da envergadura de Tomás da Fonseca tenha sido completamente esquecida no nosso país. E também acho que já é tempo da nação portuguesa prestar a homenagem que deve a este livre pensador...
sábado, 25 de junho de 2016
ÍDOLOS DOS ESTÁDIOS
Duas figuras lendárias do futebol mundial, cumprimentando-se -com um sorriso nos lábios- durante um jogo entre as selecções de Portugal e do Brasil. Gente desta não precisa de apresentações; mas, ainda assim, aqui quero deixar registados os seus nomes : Edson Arantes do Nascimento (aliás Pelé) e Eusébio da Silva Ferreira (já falecido).
CÃO DE GUERRA
Nesta fotografia dos anos 70 (encontrada num 'site' inglês), podemos observar dois soldados do exército colonial português -pertencentes à 4ª companhia de Caçadores Especiais, então destacada em Angola- utilizando uma metralhadora Madsen. Mas o que é curioso, o que é estranho neste documento, não é nada disso; mas, isso sim, a passividade do cão que vemos placidamente sentado (à esquerda e em baixo) junto ao tripé da ruidosa arma. -Será que também ele recebeu treino militar ?
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