domingo, 30 de outubro de 2016

UMA HISTÓRIA (PERVERTIDA) DE CANUDOS


Mas que raio de país, este onde vivemos ! Depois das novelas ligadas aos exames universitários do 'engenheiro' Sócrates e da pseudo-licenciatura do 'doutor' Relvas, eis que, uma vez mais, nos vemos confrontados com notícias idênticas, referentes, desta vez, a vigarices com os diplomas de dois membros do governo de António Costa. Eu, que vivi muito tempo num outro mundo, onde as pessoas não se afirmam pelos canudos que têm, mas sim pelo seu saber, pelas suas reais competências, fico pasmado com tamanha parvoíce. Sim, eu vivi num país -com décadas de avanço (tecnológico e social) sobre o nosso- em que ninguém se preocupa com tão deprimentes detalhes. País onde a exibição de um canudo, e só isso, não serve (de maneira alguma) para se aceder a cargos de alta responsabilidade no governo e/ou em grupos económicos estatais ou privados. Poderia citar muitos casos para confirmar o que digo; mas apenas referirei o de certo senhor ministro (PS) de um dos governos Mitterrand, que, apesar de 'só ser' um ferroviário, sem quaisquer diplomas universitários, desempenhou o cargo que ocupou com uma competência avisada, rara e por todos reconhecida. É por essa razão que, quando vejo certos papagaios da política, a atirarem-se ao osso dos não-diplomados sinto arrepios e vontade de os ver submetidos a um examezinho da antiga 4ª classe de instrução primária. Só por causa de certas coisas... E quanto à ridícula exigência para que o actual 1º ministro dê «uma explicação ao país» sobre o assunto, quero dizer a certo senhor deputado do PSD, que o país se está completamente nas tintas para esses esclarecimentos. Porque o que o povo quer é saber porque razão -num país europeu que é, pelo menos, tão rico como os demais- Portugal continua a ser um país atrasado e com quase 3 milhões de pobres. Isso sim é que é importante ! É evidente que eu não sou insensível às mentiras daqueles 'responsáveis', que vingam na vida socorrendo-se de atributos que não têm, caindo na esparrela das aldrabices. Demonstrando, assim, que são espertos, mas que não são inteligentes. Porque se o fossem tinham meditado naquele rifão que diz : «Apanha-se mais facilmente um mentiroso do que um coxo». Quanto ao resto, não vejo problema no facto de uma pessoa ocupar um alto cargo sem ter concluído um curso superior. O importante é que essa pessoa seja competente e não um arrivista caído de para-quedas num cargo de destaque e ali fique sentado ao colinho de alguém influente, que arranja tachos para os amigos e/ou para os camaradas da política. O que é, em Portugal, situação corrente. E isso é que é crime ! Isto dito, é bom que se entenda que não me move qualquer sentimento de animosidade contra os licenciados. Não faltava mais nada ! O país necessita das suas capacidades, das suas competências. E eu até sei que, apesar do que para aí se diz, eles não são tantos quanto se pretende. O futuro da nossa terra depende do nível de escolaridade dos seus filhos e da educação que cada um deles recebe nas diferentes escolas. Universidades incluídas.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

FAREJANDO A PRESA

Esta sugestiva tela do artista Barry Eisenach mostra-nos uma matilha de lobos seguindo os traços de uma manada de ruminantes. É inverno e alcançá-los é sinal de barriga cheia de carne fresca por uns tempos... O talentoso Eisenach intitulou este seu trabalho «Caribou Sighted».

ANGRA, A DESEJADA

Angra do Heroísmo -na costa sul da ilha Terceira- ao cair da tarde... Casamento perfeito entre o casario da sua frente marítima e as águas calmas do oceano Atlântico.


terça-feira, 25 de outubro de 2016

DE FÉRIAS, NO 'PARAÍSO TERRESTRE'


O incremento turístico das Caraíbas sofreu uma nítida melhoria (no pós-guerra) com os voos regulares da Pan American e de outras companhias aéreas. Que puseram essas ilhas a curtas horas de viagem da costa leste dos Estados Unidos. Um mundo diferente, exótico, à mão de semear (como soi dizer-se) de um grupo de turistas privilegiados. As viagens maciças vieram mais tarde, com partidas diárias de cruzeiros, a partir de Miami e de outros portos da Florida. Hoje, os mais recônditos arquipélagos do mar das Antilhas já são destinos corriqueiros para as famílias da classe média-baixa dos Estados Unidos e do Canadá... E, com isso, aquelas ilhas paradisíacas encontraram no turismo uma fonte de receita inesperada, que salvou as suas populações da pobreza a que estavam votadas. A imagem é a de um bonito cartaz, mostrando um 'clipper' da Panam (companhia hoje desaparecida) sobrevoando o 'paraíso terrestre'; fórmula utilizada pelos primeiros europeus que ali aportaram nas caravelas de Colombo.

LÍNGUA PORTUGUESA

Sabia que à fêmea do javali se chama javalina ? -É verdade. E, em certas regiões, é comum chamar gironda a uma fêmea madura, já adiantada em anos. Aproveito a ocasião para vos mostrar aqui uma escultura (de autor estrangeiro) representando uma javalina com a sua prole. Na foto abaixo, pode ver-se uma outra fossando na companhia da filharada; que apresenta uma curiosa pelagem listada. Os leitões nascem entre Fevereiro e Abril, após uma gestação de 110 dias. Aqui, na minha região, é frequente cruzar-mo-nos  com varas de 5/10 animais; sobretudo de manhãzinha, quando eles procuram alimento nas imediações dos montados. São animais selvagens e perigosos, de modo que, na sua presença, todo o cuidado é pouco.


POR FAVOR, SEJAM RAZOÁVEIS !

Tenho lido na imprensa diária e na blogosfera, os muitos e exaltados comentários que suscitou a transferência do atleta olímpico Nelson Évora, do Benfica para o Sporting. E parece-me que estou a assistir às mesmas cenas de histeria clubística provocada pela saída de Jorge Jesus do clube da Luz. E, como adepto benfiquista que sou, fico chateado -e até envergonhado- com o radicalismo de alguns dos meus correlegionários. Se Nelson Évora encontrou noutro clube melhores condições para terminar a sua excepcional carreira, melhor para ele. E o facto desse clube ser o principal rival do Benfica não muda absolutamente nada. Nem no homem (que eu sempre achei simpático e aberto), nem no campeão, que brilhou, sobretudo, a título internacional e trouxe tantas alegrias para alimentar o ego dos portugueses. E que me perdoem os extremistas, para os quais tudo serve de pretexto para acender guerrilhas estéreis e que, na realidade, nem sequer dignificam a imagem do Benfica. Tenho dito !

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

O NOSSO MUNDO É BELO (90) : BULGÁRIA

OLHA «O PAPAGAIO» !

Esta é a capa de um exemplar da  'revista para miúdos' (nº 51) «O Papagaio», anunciando a futura publicação de uma história aos quadradinhos assinada por Hergé; a saber, «Tim-Tim na América». Quem não tem saudades disto ?

FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (63)

Esta fotografia (topo) data do dia 28 de Julho de 1938 e guarda -para a posteridade- o momento em que se procedeu ao bota-abaixo do paquete «Mauretania» (segundo do nome), encomendado pela recém-fundada companhia britânica Cunard White Star. Este soberbo navio (construído nos estaleiros Cammell Laird, de Birkenhead) foi, aliás, o primeiro da frota  dessa empresa de navegação que, anos mais tarde, passaria a ser conhecida, muito simplesmente, pelo designativo de Cunard Line. E que foi a mais prestigiosa companhia a operar no transporte transatlântico de passageiros. Este paquete (com mais de 35 mil toneladas de arqueação bruta e com 235 metros de comprimento) teve vida atribulada, já que, com a eclosão da 2ª Guerra Mundial, foi requisitado pela 'Royal Navy e utilizado -durante o conflito- como navio-hospital. Em 1947 regressou à vida civil e serviu (até 1962) nas linhas da América do norte, nomeadamente nas carreiras entre a Europa e Nova Iorque, e como navio de cruzeiros, navegando, sobretudo, no mar Mediterrâneo. Foi desmantelado em 1965 num estaleiro especializado da Escócia.

TANGERINAS

Está a chegar a época das tangerinas. Frutos sumarentos da família dos citrinos. A maior parte dos que estão a chegar aos nossos mercados, é originária de países onde a sua maturação é mais precoce. Não os acho de sabor excelente. Por isso resisto à tentação de comprá-los, antes  que amadureçam nas nossas árvores. Lá para Dezembro... Altura em que os ditos frutos nos oferecem o seu agradável e característico perfume e o seu sabor inconfundível. Tenho três tangerineiras no meu quintal e espero que sejam mais generosas do que no passado ano, em que a colheita foi fraca. Não as trato quimicamente, são perfeitamente biológicas; como o são, aliás, todas as outras árvores de fruto que plantei (ou ajudei a plantar) no referido espaço.

POIS É : HÁ TREINADORES E TREINADORES


O empate (1-1), consentido no seu campo, contra o Tondela (que esteve a vencer até aos derradeiros segundos de jogo), parece ter abalado as convicções dos adeptos dos 'leões', quanto ao valor e aos métodos do seu treinador. Técnico cuja arrogância e disparates parecem já não serem do inteiro agrado daqueles que, ainda aqui há uns meses atrás, o incensavam e acreditavam piamente naquela coisa extraordinária do «este ano queremos ganhar tudo». O Sporting já se encontra à distância de 5 pontos do Benfica. O que em si não é dramático. Porque esses pontos podem ser recuperáveis até ao fim do campeonato; como aliás o Benfica demonstrou no decorrer da época passada. O problema para o Sporting é que o senhor Jorge Jesus não valoriza o trabalho dos jogadores que tem e parece não ficar incomodado com as suas próprias ausências do banco. Porque é indisciplinado e desbocado. Em Portugal, mas também no estrangeiro, para que não restem dúvidas no que respeita a pretensa perseguição que lhe é movida pelos nossos homens do apito. Enfim, esta situação faz que haja já por aí muita gente que se regozije com os problemas do clube de Alvalade, porque essa gente se sentiu ofendida com o discurso, algo provocatório, de um indivíduo que até pode ser um bom técnico, mas que não tem aptidão para viver pacificamente com os outros. É pena, porque quem vai pagar as favas é mesmo o Sporting...

ONTEM FUI AO CINEMA...

Ontem fui ao cinema. Para ver o mais recente dos westerns em cartaz : «Os Sete Magníficos («The Magnificent Seven»), realizado em 2016 por Antoine Fuqua. É, naturalmente, um 'remake' do filme homónimo, que o estimável cineasta John Sturges dirigiu em 1960. Inspira-se no mesmo tema, embora haja diferenças de peso na escolha das personagens e na construção da fita. E é, sobretudo, uma película mais violenta. Muito mais violenta, com esta -a que ontem vi- a roçar as fronteiras do insuportável. Mas que dianho se está a passar com o cinema de Hollywwod, que parece já não ser capaz de produzir películas ditas de acção, sem que a brutalidade excessiva invada os ecrãs ? Confesso que não sei responder à pergunta. Só sei que películas desta natureza (que Tarantino não desdenharia assinar) não me incitam a sair do relativo conforto do meu lar para ir ao cinema. Tenho fome de outras coisas. Coisas que o cinema de acção norte-americano parece já não poder oferecer-me. O que é pena.

GULOSEIMA TOSCANA

Para além de ser uma monumental cidade da Toscânia (situada a escassa distância de Viareggio e de outras famosas praias do mar da Ligúria), Lucca é reputada pela sua excelente gastronomia. Dessa gastrononomia -e no domínio específico da pastelaria- é justo destacar a famosa 'torta coi becchi lucchese'; cuja 'pecaminosa' visão aqui vos deixo na fotografia anexada. A iguaria em causa é recheada com corintos, pinhões, cascas cristalizadas de citrinos, rum, etc. E é um verdadeiro regalo para se comer quente, morno ou frio.



Lucca em todo o seu explendor

ADORNOS

Estas crianças Caiapós (ou Kayapós) exibem, orgulhosamente os seus cocares e outros adornos tradicionais. Fazem parte de um grupo étnico da Amazónia brasileira, outrora numeroso. Hoje não serão mais do que uns 9 000, disseminados por várias regiões do interior do país. Os não-integrados vivem da caça, da colheita, da agricultura e, depois da sua mais frequente relação com o homem branco, da venda de artesanato e de óleo de castanha-do-pará; produto que é utilizado na indústria dos cosméticos. O mais conhecido de todos os Caiapós é o chefe Raoni, grande defensor do meio ambiente e do original modo de vida dos indígenas da floresta brasileira.

NADA É ETERNO...

Este mapa mostra-nos os territórios conquistados e administrados pelo Império Romano. Aqui na sua máxima expansão. Territórios que se estendiam desde a actual Inglaterra até ao Egipto e da Ibéria até aos confins do mar Cáspio, Ásia adentro... Mas, tal como todos os impérios que o antecederam e que se lhe seguiram, Roma acabou por sofrer a mesma decadência, a mesma sorte; que foi a da desintegração e subsequente perda de hegemonia e de influência. Nada é eterno...



PESCANDO COM O AVÔ...

Esta adorável tela -da autoria do artista norte-americano Jack Sorenson- intitula-se «Fishing with Grandpa» e reproduz um momento de intimidade (e de grande felicidade, presume-se) entre uma criança e o seu avô. Bonito ! Curiosamente, este não é o único trabalho do referido pintor a explorar e a ilustrar tão afectuoso tema.

domingo, 23 de outubro de 2016

O NOSSO MUNDO É BELO (89) : BUTÃO

A PRIMEIRA VERSÃO DE «RAMBO» : MENOS SUPERFICIAL DO QUE SE JULGA

A imagem de topo mostra-nos Sylvester Stallone no papel de John Rambo, um antigo soldado do Vietnam, que vagueia pelos Estados Unidos, por onde arrasta os seus traumas de guerra e o seu desgosto pelo facto de, no seu país, terem desprezado a sua condição de ex-combatente; assim como a dos milhares de compatriotas seus, que sofreram na pele as agruras de uma guerra que, ingenuamente, eles julgaram poder vencer com os importantes meios disponibilizados pelos governos de Washington. Governos que desbarataram biliões de dólares, num longo conflito travado contra guerrilheiros de pé descalço e que se sustentavam com uma simples tigela de arroz por dia... Geralmente, a maioria dos filmes norte-americanos sobre a guerra no Vietnam (penso-o sinceramente) são fitas de propaganda, na qual os seus 'heróis' (uma espécie patética de 'supermen') ganham nas salas de cinema as batalhas perdidas no terreno. Seja na península indochinesa ou algures. É o caso, aliás, das sequelas de «A Fúria do Herói». Esta fita, porém, é mais honesta; pois, apesar da predominância da acção, também nos fala de coisas sérias. Como, por exemplo, logo no início do filme, do uso indiscriminado do famoso 'agente laranja', um produto químico de grande nocividade, lançado sobre o património florestal vietnamita com o intuito de desmatar zonas susceptíveis de esconder o inimigo. O desfecho dessa acção resultou num crime ecológico e humano de agigantada dimensão, pois, ainda hoje, no Vietnam, nascem bebés com malformações físicas e mentais devido ao uso daquele poderoso veneno. Mas o 'agente laranja' também provocou danos colaterais, ao atingir muitos militares dos Estados Unidos, aos quais provocou doenças do foro oncológico e morte prematura. Como aconteceu a um dos companheiros de Rambo... Reafirmo que, nem que seja só pela denúncia desse infame crime de guerra, vale a pena ver «A Fúria do Herói». Quanto aos outros filmes da série dos 'rambos', permito-me dizer que não interessam nem ao Camões. Que, por sinal, até terá andado lá para as bandas do Mekong uns quatro séculos antes da tropa estadunidense...



Capa de DVD brasileiro contendo cópia do filme referenciado. Fotografia mostrando um helicóptero da US Army largando o chamado 'agente laranja' sobre os restos de uma floresta vietnamita.

IMPRESSIONANTE !

Esta estranha embarcação não é -como terão pensado alguns dos leitores deste blogue- o famoso submarino amarelo dos Beatles. É, isso sim, um dos botes salva-vidas do maior paquete do mundo, o «Harmony of the Seas» : um navio construído e lançado à água pelos estaleiros navais de Saint Nazaire, França. Este bote do tipo CRV55 (com casco fabricado com materiais compósitos) desloca 44 toneladas (em plena carga) e mede 16,70 metros de comprimento por 5,60 metros de boca. Está equipado com 2 motores diesel com uma potência unitária de 70 cv, que lhe permitem navegar à velocidade máxima de 6 nós. Por incrível que pareça, este bote salva-vidas pode receber (em razoáveis condições de conforto) 370 pessoas. O que significa que, se estivesse dotado com apenas 4 destas modernas embarcações, o «Titanic» teria naufragado sem causar vítimas... Impressionante, não é verdade ?

sábado, 22 de outubro de 2016

POUPAR ?

Segundo estudos hoje publicados na nossa imprensa diária, 59% dos Portugueses ainda consegue fazer poupanças. O que é extraordinário, considerando a singeleza dos nossos salários e a miséria das nossas pensões de reforma. Dizem os mesmos estudos (feitos sob a égide do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros) que 14,5% dos que poupam, guardam esse aforro «em casa ou na carteira». É precisamente o meu caso, pois acho que não vale a pena ir depositar no banco os 10 ou 15 euros que, no fim do mês, consigo economizar... Serão estes estudos estatísticos feitos para nos convencer de que a crise acabou ? -Não sei. O que eu sei é que, também por aí se diz e escreve (na base de outras análises pelo menos tão sérias quanto esta), que os Portugueses continuam a empobrecer e que, muito em breve, nós nos encontraremos entre os povos mais pobres do continente europeu. E é isso que me preocupa e que me entristece. O resto até pode ser pura propaganda ou, mais prosaicamente falando, areia atirada aos olhos dos incautos. Que ainda acreditam, coitados, na existência do Pai Natal.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

GALGOS DE MARES E OCEANOS

Construídos até inícios do século XX, os 'clippers' foram os navios mais rápidos da sua época. E não digo de todos os tempos, porque alguns dos seus recordes foram batidos, há poucas décadas atrás, por veleiros desportivos modernos, concebidos propositadamente para superarem as 'performances' daqueles verdadeiros lebréus dos mares. Eram, por outro lado, navios de bela estampa, como aqui fica demonstrado pelo 'clipper' que a ilustração documenta.

A PONTE DE TRAJANO, EM CHAVES

A ponte romana que, em Chaves, atravessa (como aqui se vê) o rio Tâmega e que também é conhecida pelo nome de Ponte de Trajano, foi construída nas primeiras décadas da Era Cristã. Foi realizada com granito da região e é constituída por 18 arcos concêntricos, sendo que só 16 deles são, actualmente, visíveis. Fez parte do eixo viário que ligava Bracara Augusta (a Braga dos nossos dias) a Asturica Augusta (a Astorga de hoje), que eram dois dos municípios mais importantes do Império Romano no noroeste da Hispânia. Diz-se que nas obras desta ponte participaram, como auxiliares da mão-de-obra local, muitos soldados da VII Legião (Legio VII Gemina Felix), que por ali estacionou. O município de Aquae Flaviae (Chaves) foi, quanto a ele, instituído no ano de 79, quando imperava em Roma Tito Flávio Vespasiano. Chaves -no distrito de Vila Real- é (com toda a certeza) uma das mais atraentes cidades do norte de Portugal. A merecer uma visita demorada e atenta.

CARACÓIS DA BORGONHA

Este bicho é um caracol de Borgonha; cuja captura está -em França- devidamente regulamentada. A espécie 'Helix pomatia' (nome científico, que lhe foi dado por Lineu no século XVIII) esteve em risco de desaparecer naquele país, facto que determinou a sua protecção desde 1979. A sua apanha na Natureza (pelos locais e ainda sob reserva) só é permitida entre os dias 1 de Julho e 31 de Março e desde que a concha (seu esqueleto externo) supere um diâmetro de 3 cm. Emblema da gastronomia francesa, os 'escargots à la bourguignone' são caríssimos, quando servidos às mesas dos restaurantes. A sua raridade obrigou à importação do estrangeiro, acontecendo que grande parte dos caracóis desta espécie que, actualmente, se vendem em França, vêm da Europa de leste, nomeadamente da Polónia e da Hungria. Servem-se, geralmente, com uma 'persillade', pasta constituída por manteiga, alho e salsa, que derrete na concha depois de uma breve passagem pelo forno. São uma delícia ! Podem ser (para as bolsas como a minha, de menores recursos) substituídos por caracoletas comuns.