quarta-feira, 28 de abril de 2010
O CINEMA QUE EU VIA QUANDO ERA ADOLESCENTE
Quando eu era rapazote e vivia no Barreiro, ia semanalmente ao cinema. Às vezes até (excepcionalmente) duas ou três vezes. Os filmes que eu via eram projectados nas salas do Cinema Ginásio (vulgo cinema da Cuf), do Teatro-Cine Barreirense ou do Cinema Teatro dos Ferroviários, também chamado República pela população local. Havia ainda -na então chamada «Vila-Operária»- dois outros recintos onde era possível ver filmes, mas só na época estival : as esplanadas do Luso F. C. e dos Galitos da Telha; esta última situada na Quinta da Lomba, um bairro da periferia. O Barreiro também tinha, nessa altura, um reputado Cine-Clube, mas o dito (como aliás todos os seus congéneres do tempo) só funcionava ocasionalmente e com uma programação muito elitista. O que não era (nem é), naturalmente, um defeito.
Guardo boas recordações cinéfilas de todas estes recintos consagrados à difusão do meu espectáculo preferido. Que é também, ainda hoje, o passatempo de eleição de muitos milhões de pessoas no mundo inteiro.
Quando eu era miúdo, a ida ao cinema era sempre precedida por uma visita aos cartazes que promoviam os filmes a exibir nas diferentes salas. Depois de uma inspecção visual e interessada dos ditos, é que se fazia a escolha e se tentava arranjar a ‘massa’ necessária para os bilhetes. Que, quando eu tinha entre 13 e 18 anos de idade, custavam nos cinemas do Barreiro 3$50 (os mais baratos) ou 6$00, se se optava por um balcão do Cinema Ginásio, a melhor e mais confortável sala da localidade.
Tenho saudade desse tempo (pudera ! Era jovem) e do ambiente que se vivia em torno desse ritual, hoje desaparecido, de ir ao sonoro…
Para o recordar, aqui deixo os cartazes de um grande filme, que eu vi em finais desses longínquios anos 50 : «Ouvem-se Tambores ao Longe».
O filme em questão fora realizado em 1939 por John Ford (foi até a sua primeira fita colorida), mas, quinze anos após a sua estreia mundial, ainda era exibido nos cinemas de bairro ou em primeira parte das famosas e muito apreciadas sessões duplas. Que incluíam uma película recente, precedida de uma ‘velharia’. Que, em muitas ocasiões, superava em qualidade o filme vedeta do espectáculo.
A propósito desta saga fordiana -cuja acção decorre na América do norte aquando das guerras pela independência- lembramos que cópias dela, em DVD, já foram editadas em praticamente todos os países da Europa. Mas, em Portugal, nada feito ! Aguarda-se ainda que alguém ligado à indústria videográfica e que perceba alguma coisa de cinema se digne oferecer esse prazer aos desprezados cinéfilos deste país. Eu possuo, felizmente, três cópias do filme : as editadas em França («Sur la Piste des Mohawks»), em Espanha («Corazones Indomables») e no Brasil «Ao Rufar dos Tambores».
As 4 reproduções de cartazes acima apresentados são oferecidas aos cinéfilos que adquirem o excelente DVD editado no país vizinho. Que, infelizmente, só é acessível a quem domina a língua castelhana ou às pessoas que falam inglês
Guardo boas recordações cinéfilas de todas estes recintos consagrados à difusão do meu espectáculo preferido. Que é também, ainda hoje, o passatempo de eleição de muitos milhões de pessoas no mundo inteiro.
Quando eu era miúdo, a ida ao cinema era sempre precedida por uma visita aos cartazes que promoviam os filmes a exibir nas diferentes salas. Depois de uma inspecção visual e interessada dos ditos, é que se fazia a escolha e se tentava arranjar a ‘massa’ necessária para os bilhetes. Que, quando eu tinha entre 13 e 18 anos de idade, custavam nos cinemas do Barreiro 3$50 (os mais baratos) ou 6$00, se se optava por um balcão do Cinema Ginásio, a melhor e mais confortável sala da localidade.
Tenho saudade desse tempo (pudera ! Era jovem) e do ambiente que se vivia em torno desse ritual, hoje desaparecido, de ir ao sonoro…
Para o recordar, aqui deixo os cartazes de um grande filme, que eu vi em finais desses longínquios anos 50 : «Ouvem-se Tambores ao Longe».
O filme em questão fora realizado em 1939 por John Ford (foi até a sua primeira fita colorida), mas, quinze anos após a sua estreia mundial, ainda era exibido nos cinemas de bairro ou em primeira parte das famosas e muito apreciadas sessões duplas. Que incluíam uma película recente, precedida de uma ‘velharia’. Que, em muitas ocasiões, superava em qualidade o filme vedeta do espectáculo.
A propósito desta saga fordiana -cuja acção decorre na América do norte aquando das guerras pela independência- lembramos que cópias dela, em DVD, já foram editadas em praticamente todos os países da Europa. Mas, em Portugal, nada feito ! Aguarda-se ainda que alguém ligado à indústria videográfica e que perceba alguma coisa de cinema se digne oferecer esse prazer aos desprezados cinéfilos deste país. Eu possuo, felizmente, três cópias do filme : as editadas em França («Sur la Piste des Mohawks»), em Espanha («Corazones Indomables») e no Brasil «Ao Rufar dos Tambores».
As 4 reproduções de cartazes acima apresentados são oferecidas aos cinéfilos que adquirem o excelente DVD editado no país vizinho. Que, infelizmente, só é acessível a quem domina a língua castelhana ou às pessoas que falam inglês
PORTUGAL DE TEMPOS IDOS
segunda-feira, 26 de abril de 2010
UM SENHOR FADISTA
Ricardo Ribeiro é um dos fadistas da última geração que eu mais admiro. Pela sua postura e pelo poderoso timbre da sua voz, que empresta ao fado uma nova sonoridade. A semana passada comprei o seu álbum (CD) intitulado «Porta do Coração», que contém 16 preciosos fados. Designar um favorito é extremamente difícil, mas eu diria, ainda assim, que o meu preferido é «Fama de Alfama (Bairro Afamado)», que o Ricardo escolheu, aliás, para cantar no excelente documentário «Fados», realizado por Carlos Saura
'LES ÉCLAIREURS'
Este farol foi construído numa das regiões mais isoladas do planeta : uma ilhota do canal Beagle, na Patagónia (Argentina). A cidade de Ushuaia -a mais meridional do mundo- não fica muito distante destas plagas. O nome de consonância francesa dado a este farol -Les Éclaireurs- explica-se pelo facto do arquipélago ao qual pertence a ilhota onde ele foi funciona (desde 1920) ter sido explorada por navegadores e geógrafos franceses do século XIX
ANEDOTA ???
'peanuts'
O presidente de um dos nossos municípios pôs a concurso a construção de uma ponte, obra de grande utilidade para o seu concelho.
Recebeu propostas de três empreiteiros : um espanhol, um alemão e um português.
O primeiro, o espanhol, propôs-se executar a obra por um montante (garantido e sem derrapagens) de 3 milhões de Euros e explicou-lhe que 1/3 dessa soma representava o valor do material a utilizar, que outro 1/3 era o preço da mão-de-obra que ele iria empregar e que o restante dinheiro corresponderia ao lucro que ele contava tirar pela realização desse seu trabalho.
O segundo empreiteiro, o alemão, apresentou um orçamento de 6 milhões de Euros, oferecendo uma garantia de vida da estrutura de 100 anos.
Mas foi o terceiro empreiteiro, o português, quem ganhou o concurso, depois de ter feito verbalmente ao edil uma oferta irrecusável : levo-lhe 9 milhões. 3 são para mim, 3 são para si e os 3 milhões são para o espanhol, que fará a ponte em regime de empreitada !
Parece-lhe anedota ? –Então como explica que certos zés-ninguém da nossa política tenham feito fortunas faraminosas em meia dúzia de anos, sem terem herdado 'massas' de uma tia rica ou acertado cinco números e duas estrelinhas no Euromilhões ? –Como os presidentes das câmaras municipais de B, de G, de O, etc, etc ? –E como justifica que o nosso país registe um dos mais fortes índices de corrupção da C. E. ?
domingo, 25 de abril de 2010
E O BENFICA SERÁ CAMPEÃO
Numa altura em que já ninguém tem dúvidas sobre o nome do clube que se sagrará campeão nacional de futebol da 1ª liga, aqui deixo uma imagem-símbolo : a de José Águas (figura de um Benfica ganhador), erguendo um dos troféus europeus conquistados pelo seu clube na década de 60 do século passado. Simpatizo com os encarnados da águia, mas confesso que ficaria contente se, este ano, o título maior do nosso futebol profissional fosse parar a Braga. Como prémio do esforço e do valor do Sporting local e, também, por uma questão de moral. Ou melhor pela falta dela, num campeonato pouco aliciante, sem surpresas, no qual o título está garantido, logo à partida, a um dos chamados três grandes. Ora bolas !
'WINGS'
Estes dois birreactores são aviões do tipo 'Alphajet' (de concepção franco-alemã) e pertencem à patrulha acrobática «Asas de Portugal», uma unidade muito especial da F.A.P.. Estes jactos são muito conhecidos na Europa por participarem, com alguma frequência, em festivais aéreos ao lado de formações congéneres estrangeiras. Estes 'Alphajets' são os herdeiros de uma saudosa patrulha de nome idêntico, que, aqui há uns anos atrás, actuava com meia dúzia de aparelhos Cessna T-37
Estes são F-104 'Starfighters' (construídos outrora pela firma Lockheed) da U.S.A.F.. Ilustram aqui a capa de uma caderneta de cromos editada numa das últimas décadas do século XX pelas pastilhas elásticas 'Piratas'
TESOUROS DA NOSSA DOÇARIA
Os famosos e deliciosos rebuçados de ovo de Portalegre -cuja receita também nos vem dos conventos- é uma das maravilhas do receituário doceiro do Alto Alentejo. É impensável visitar a cidade cantada por José Régio, sem de lá trazer uma latinha cheiinha destas pérolas douradas envolvidas nos seus característicos papelotes. Impensável e criminoso, porque ir a Portalegre sem provar isto será, talvez, como ir a Roma e não ver o Papa...
BARCOS DO TEJO
A FORÇA E A GRAÇA DE BOLLYWOOD
Com uma produção anual de 1 000 filmes, o cinema indiano é, sem sombra de dúvidas, o mais poderoso do mundo ! Apesar disso, as realizações de Bollywood -como se chama depreciativamente, no Ocidente, à indústria das imagens do país de Gandhi- são ainda por estas paragens ilustres desconhecidas. O que é uma pena, já que esta enorme produção oferece cada vez mais variedade e qualidade. Numa espécie de homenagem à Índia e ao seu cinema, aqui ficam estas linhas, a reprodução de dois cartazes e as fotografias (lindas) de quatro das suas estrelas :
Todos os Portugueses da minha geração se recordam ainda dessa preciosidade chamada «Prestígio Real», filme indiano que fez furor no nosso país em meados do século passado. Misto de gente exótica, de lindas paisagens e de palácios sumptuosos e, para além disso, com uma banda sonora recheada de música e de canções que agradaram ao ouvido dos nossos compatriotas, este filme de sucesso (que eu, infelizmente nunca cheguei a ver) foi realizado em 1952 por Meheboob Naushad. E foi o nosso primeiro contacto com o cinema vindo do Oriente
Aishwarya Rai (que é também cançonetista e modelo) é uma das grandes estrelas do cinema indiano. Já participou em várias produções fílmicas ocidentais
Juhi Chawla, foi 'miss' Índia em 1984. Além de actriz de primeiro plano, é produtora e animadora de televisão
Admirada por milhões de indianos (e não só), Kajol -que pertence à quarta geração de uma dinastia de actrizes- é um dos grandes nomes do cinema asiático
Heroína de «Quem Quer Ser Um Milionário» (uma co-produção), Freida Pinto é, actualmente, um dos rostos mais visíveis do cinema indiano
Cartaz do filme «O Mártir» (título para o mercado internacional : «Mangal Pandey, The Rising»). O herói do filme indiano já não é apenas um guerreiro, como no cinema dos primórdios; é agora um homem que conhece a sua condição de colonizado e que se bate corajosa e conscientemente por uma Índia independente, livre do tirânico colonialismo britânico. O «Mártir», que beneficiou de meios financeiros e técnicos consideráveis, foi realizado por Ketan Mehta em 2005 e conta-nos um episódio verídico da Revolta dos Cipaios
Todos os Portugueses da minha geração se recordam ainda dessa preciosidade chamada «Prestígio Real», filme indiano que fez furor no nosso país em meados do século passado. Misto de gente exótica, de lindas paisagens e de palácios sumptuosos e, para além disso, com uma banda sonora recheada de música e de canções que agradaram ao ouvido dos nossos compatriotas, este filme de sucesso (que eu, infelizmente nunca cheguei a ver) foi realizado em 1952 por Meheboob Naushad. E foi o nosso primeiro contacto com o cinema vindo do Oriente
Aishwarya Rai (que é também cançonetista e modelo) é uma das grandes estrelas do cinema indiano. Já participou em várias produções fílmicas ocidentais
Juhi Chawla, foi 'miss' Índia em 1984. Além de actriz de primeiro plano, é produtora e animadora de televisão
Admirada por milhões de indianos (e não só), Kajol -que pertence à quarta geração de uma dinastia de actrizes- é um dos grandes nomes do cinema asiático
Heroína de «Quem Quer Ser Um Milionário» (uma co-produção), Freida Pinto é, actualmente, um dos rostos mais visíveis do cinema indiano
Cartaz do filme «O Mártir» (título para o mercado internacional : «Mangal Pandey, The Rising»). O herói do filme indiano já não é apenas um guerreiro, como no cinema dos primórdios; é agora um homem que conhece a sua condição de colonizado e que se bate corajosa e conscientemente por uma Índia independente, livre do tirânico colonialismo britânico. O «Mártir», que beneficiou de meios financeiros e técnicos consideráveis, foi realizado por Ketan Mehta em 2005 e conta-nos um episódio verídico da Revolta dos Cipaios
SALVÉ 25 DE ABRIL !
Apesar de todos os abusos,
Apesar de todos os erros,
Apesar de todas as injustiças,
E apesar até de todos os crimes
Cometidos em teu nome pelas bestas do costume,
(As que, também elas, vão hoje lançar foguetes,
Botar discursos de circunstância
E ajoujar-se de cravos vermelhos)
Para todo o sempre
Bendito sejas
Dia de esperanças
E da liberdade reencontrada.
Salvé 25 de Abril !
sábado, 24 de abril de 2010
CHOUCROUTE
A 'choucroute' é o pendente alsaciano do nosso cozido à portuguesa. É um prato farto, sápido e reconfortante, particularmente desejável para os almoços de inverno; estação do ano em que o nosso corpo reclama calorias e em que estas generosas coisas de farta-brutos sabem sempre melhor. A 'choucroute' faz-me lembrar, invariavelmente, as almoçaradas com os meus amigos Zé Júlio e Ramón na Walsheim : uma típica taverna alsaciana de Ruão, na agora distante Normandia, onde todos nós vivemos muitos anos. O Carlos Ramón ainda por lá ficou...
A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS
FADO DA PROSTITUTA DA RUA DE SANTO ANTÓNIO DA GLÓRIA
Minha nau com dois corvinhos
Meu mosteiro à beira mar
Acordeão de ceguinhos
Agulha de marear
Minha promessa de cera
Meu poente sobre o rio
Oh minha folhinha de hera
Pesponto do casario
Minha santa Filomena
Meu fio de ouro quebrado
Minha rolinha de empena
Afago de namorado
Minha andorinha de loiça
Pendurada da janela
Oh meu sorriso de moça
Minha lágrima de vela
Meus seiinhos de mulher
Cornichos de Satanás
Se me derem a escolher
Vida ou morte tanto faz
* António Lobo Antunes *
SOLDADO QUE VAIS P'RÁ GUERRA...
Este antigo postal bilingue mostra um soldado português da arma de engenharia com o seu uniforme de gala. Atrás dele pode observar-se um carro de apoio (de tracção animal), ostentando algumas das ferramentas utilizadas por este especialista na frente europeia da guerra de 1914-18. Guerra que para os militares portugueses só começou em 1917
JIMMY STEWART
Este magnífico desenho (da autoria de um certo Peter William) representa o actor James Stewart no filme «Winchester 73», realizado em 1950 por Anthony Mann. Foi o primeiro western desta grande 'star', que se tornaria numa das figuras mais carismáticas do género. O filme foi exibido, há dias, por um dos raros canais da nossa televisão que ainda nos vai presenteando com alguns clássicos do cinema norte-americano da chamada 'Época de Ouro' : o canal Hollywood
PARA SONHAR E DESCONTRAIR
VÃO SEMEAR BATATAS |...
Anos 40/50 do século XX : temendo que a fome tomasse -neste país que é (em princípio) o nosso- proporções ainda mais gravosas, o Ministério da Economia da ditadura mandou imprimir e distribuir este cartaz aos milhares. Cartaz que incitava os portugueses a cultivar batatas. A sugestão foi aceite e o produto alimentar promovido tornou-se, desde logo e em substituição do pão, a base da alimentação da maioria dos Portugueses; facto que permitiu a Salazar, pouco depois, apoiar-se em estatísticas para afirmar (triunfalmente !) num dos seus discursos, que os nossos compatriotas «já comiam mais batatas». O que era verdade. O que ele omitiu de dizer ao povo é que, enquanto aumentava o consumo desse precioso tubérculo, diminuía, em Portugal, o consumo de carne... Enfim, habilidades de políticos. Habilidades que se transmitiram aos figurões que agora nos desgovernam. Àqueles que, contrariamente ao Tonho de Santa Comba, trazem a palavra DEMOCRACIA constantemente na boca. Gravada numa cassete, como é sabido, em 25 de Abril de 1974. Faz amanhã 36 anos certinhos.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
MARIA DO MAR
A ARTE DE ROB GONSALVES
Rob Gonsalves é um pintor canadiano (nascido na cidade de Toronto, em 1959) cuja obra se insere numa corrente artística à qual os seus membros deram o nome de Surrealismo Mágico. Para aqueles que ainda não conhecem este extraordinário pintor do nosso tempo, aqui deixamos a reprodução de três das suas telas. Para ver... e sonhar !
«Deluged»
«Carved in Stone»
«Bedtime Aviation»
«Deluged»
«Carved in Stone»
«Bedtime Aviation»
COLUCHE DISSE...
quarta-feira, 21 de abril de 2010
«OS CHOURIÇOS SÃO TODOS PARA ASSAR»
Este curioso título foi atribuído ao seu primeiro livro por um novel autor português (enfim, novo para mim) chamado Ricardo Adolfo. Ouvi-o interessado em recente entrevista televisiva e ficou-me o apetite pelos tais enchidos grelhados... O livro em questão será, pois, uma das minhas próximas aquisições livrescas. Depois de o ter lido, talvez fale aqui do dito e cá deixe as minhas impressões sobre este escritor; que vive nos Países Baixos e que já publicou mais dois livros, ambos com títulos tão sugestivos como o daquele com que se estreou no mundo das letras : «Antes galdéria do que normal e remediada» e «Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas». Talvez faça isso, embora saiba bem que o que direi sobre o assunto não interessa a ninguém. E eu ralado...
«XAILE ENCARNADO»
XAILE ENCARNADO
Eu tenho um xaile encarnado
É uma lembrança tua
Tem um segredo bordado
Que às vezes eu trago à rua
Tem as marcas de uma vida
Que a vida marca no rosto
Mas ganha uma nova vida
Nas noites que o trago posto
Já foi lençol e bandeira
Vela de barco também
Tem marcas da vida inteira
Mas dizem que me cai bem
Se pensas que me perdi
Nalgum destino traçado
P'ra veres que não esqueci
Eu ponho o xaile encarnado
Este bonito poema é da autoria de João Monge. Faz parte do reportório de Aldina Duarte, que o cantou com música do «Fado da Adiça» (atribuída a Armandinho). Está entre as bonitas cantigas que Aldina -uma das minhas fadistas preferidas- gravou no seu segundo CD, intitulado «Crua».
OS FILMES DA MINHA VIDA (15)
«BALA SEM DESTINO»
FICHA TÉCNICA
Título original : «No Name on the bullet»
Origem : E. U. A.
Género : Western
Realização : Jack Arnold
Ano de estreia : 1959
Guião : Gene L. Coon
Fotografia (c) : Harold Lipstein
Música : Herman Stein
Montagem : Frank Gross
Produção : Howard Christie e Jack Arnold
Distribuição : Universal International
Duração : 77 minutos
FICHA ARTÍSTICA
Audie Murphy ------------------------- John Gant
Joan Evans ---------------------------- Ann
Charles Drake ------------------------- Dr. Luke Canfield
R. G. Armstrong ------------------------ Asa Canfield
Karl Swenson --------------------------- Earl Stricker
Willis Bouchey -------------------------- o xerife
Whit Bissell ---------------------------- Thad Pierce
Jerry Paris ----------------------------- Miller
Edgar Stehli ……………………………..……---….. o juiz Benson
Simon Scott ……………………………………………..Reeger
SINOPSE
A chegada de John Gant a Lordsburg provoca o pânico entre os habitantes desta modesta localidade do sudoeste dos Estados Unidos. E o caso não é para menos, já que é notório que esse temido pistoleiro profissional se deslocara ali com a intenção de matar alguém…
A atitude flegmática de Gant –que não revela a identidade da sua futura vítima- desencadeia um clima de desconfiança entre os cidadãos de Lordsburg, que acaba por traduzir-se no suicídio do banqueiro local e num tiroteio que ocasiona a morte de várias outras pessoas da terra.
Neste clima de medo e de extrema confusão, só o doutor Luke Canfield –com quem o pistoleiro simpatizara- mantém o sangue-frio necessário para poder continuar a exercer, normalmente, a sua actividade profissional. E a assistir clinicamente o seu futuro sogro –o juiz Benson- cuja doença incurável se encontra na fase terminal.
Acontece, porém, que é este antigo magistrado que Gant deverá liquidar. Após uma tentativa de sua filha (a namorada do Dr. Canfield) para impedir a intervenção do pistoleiro e salvar o juiz, é o médico quem acaba por afrontar o assassino, fracturando-lhe um braço com o arremesso certeiro de um simples martelo de ferreiro. O juiz Benson acaba, todavia, por não sobreviver ao seu encontro com John Gant, sucumbindo a uma crise cardíaca…
O MEU COMENTÁRIO
Excelente western de série B ! Realizado por Jack Arnold –um especialista do cinema fantástico e de ficção científica- «Bala sem Destino» caracteriza-se pela originalidade do seu entrecho e, também, pela interpretação de qualidade oferecida por alguns dos actores contratados pela Universal para protagonizarem as figuras principais da fita. A começar por Audie Murphy, que, aqui, está perfeitamente à vontade no papel do imperturbável e inquietante pistoleiro Gant; que, com a sua simples presença, logra aterrorizar toda a população de uma cidadezinha do Oeste.
Audie Murphy, um texano que acedeu à celebridade por ter sido o combatente norte-americano mais condecorado da Segunda Guerra Mundial, tornou-se actor mercê dessa fama granjeada nos campos de batalha europeus. Murphy especializou-se, sobretudo, no cinema western de segunda zona. E se foi um profissional pouco apreciado pelos críticos e outros intelectuais ligados à indústria do cinema, a verdade é que ele adquiriu, ao longo dos anos e dos filmes em que participou, o apreço das plateias populares do mundo inteiro.
Da vasta filmografia de Audie Murphy sobressaiem, no entanto, algumas obras em que ele interpretou papéis de qualidade unanimamente reconhecida. Além do da figura do pistoleiro John Gant deste «Bala sem Destino, estamos a pensar, muito particularmente, na sua interpretação da personagem de Henry Flemming, soldado bisonho do exército nortista, que cede ao pânico aquando do seu baptismo de fogo, antes de se comportar com a galhardia de um herói exemplar, no filme «Sob a Bandeira da Coragem» (Huston, 1951); e pensamos também, naturalmente, no seu desempenho da figura de Cash Zachary, o irmão racista de «O Passado não Perdoa» (Huston, 1959). Lembramos que Audie Murphy pereceu em Maio de 1971 num desatre de avião e que os seus restos mortais foram sepultados –com as honras militares que eram devidas ao antigo e medalhado combatente- no Cemitério Nacional de Arlington.
Referentemente a Jack Arnold, lembramos que da sua filmografia consta, a par da película que aqui nos ocupa, a conhecida e celebrada fita «O Sentenciado», que é, talvez, a sua melhor realização de sempre. Trata-se de um conto filosófico, no qual nos é narrada a extraordinária aventura de um homem irradiado, cujo tamanho vai progressivamente reduzir-se até atingir dimensões microscópicas. Um filme belíssimo, que já faz parte da antologia do cinema fantástico.
(M.M.S.)
Audie Murphy numa das cenas finais deste bom western
Capa do DVD com cópia do filme editado nos E. U. A.
Cartaz belga do filme «Bala sem Destino»
terça-feira, 20 de abril de 2010
FOTO DE GRUPO
A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS
A ENJEITADINHA
-De que choras tu, anjinho ?
«Tenho fome e tenho frio !»
-E só por este caminho
Como a ave que caiu
Ainda implume do ninho !...
-A tua mãe já não vive ?
«Nunca a vi em minha vida;
Andei sempre assim perdida,
E mãe por certo não tive !»
- És mais feliz do que eu,
Que tive mãe e... morreu !
*** João de Deus ***
FLOR (AVE) DO PARAÍSO
A vistosa estrelícia é chamada 'ave do paraíso' em França. Pelo facto das suas flores se assemelharem a certos pássaros tropicais, assim designados pela exuberância da sua plumagem. É abundante na ilha da Madeira, onde a amenidade do clima favoriza a sua cultura. Como, aliás, a de muitas outras plantas exóticas. A já célebre Festa das Flores teve lugar no passado domingo nas ruas e avenidas do Funchal. Naquelas mesmas vias que, há somente umas semanas atrás, a lama e os destroços invadiram com as consequências que são do conhecimento geral. O povo da 'Pérola do Atlântico', fazendo jus à sua reputação de coragem, voltou a dar à capital da ilha (e não só) o rosto lavado e bonito que nós nos habituámos a ver e a admirar. Um grande aplauso para os madeirenses e para todos aqueles (portugueses e estrangeiros) que os ajudaram a repor as coisas nos seus devidos lugares e a voltar à normalidade.
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