«O poder não muda as pessoas. Só revela quem elas são verdadeiramente».
(José Mujica, presidente em exercício da República do Uruguai)
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
FUI COLHER UMA ROMÃ...
MAIS UM ATENTADO À ECONOMIA LUSA
////////// Com a extinção dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo -que funcionavam desde os anos 40 do passado século- o (des)governo que temos (que, recordo, se impôs aos Portugueses com promessas falaciosas, que nunca teve a intenção de cumprir) atirou abaixo o que nos restava de uma indústria secular, que começou nos primórdios da nacionalidade; e que se desenvolveu, muito especialmente, no reinado de el-rei D. Dinis (o tal «plantador de naus a haver», como lhe chamou Pessoa) e na época das Grandes Descobertas geográficas. Para além de por cobro, pois, a uma actividade tradicional (e rendosa, se bem gerida), o governo Portas/Passos atira para o desemprego mais de 600 operários e técnicos da acima referida empresa. E, segundo Luís Ceia, presidente da Associação Empresarial de Viana do Castelo, «mata 4 000 postos de trabalho na região». Isto, porque, como é sabido, muitas empresas do Norte, prestadoras de serviços e fornecedoras de bens aos ENVC, estão condenadas a desaparecer e a despedir, por via disso, um número considerável de colaboradores. Enfim, a desgraça continua, já que os senhoritos de Lisboa -que nós próprios pagamos e a quem garantimos tachos- continuam a privilegiar interesses alheios aos do nosso país e aos do nosso povo. Parece que os estaleiros em questão vão ser entregues a uma empresa privada (que depois de ter prosperado, essencialmente, à custa de obras públicas, parece ter agora grandes problemas de tesouraria), que vai alugar as instalações fabris por tuta e meia : 7 milhões de euros, por um período que se estende para lá de 2030 ! Parece que a dita empresa vai necessitar de 400 operários especializados; que ela, infalivelmente, acabará por recrutar entre os novos despedidos -gente de grande competência profissional- que a firma assim premiada pelo (des)governo terá ali disponível e à mão de semear. Resta saber, é quanto é que os homens da construção naval vianense (agora despedidos) vão perder do ponto de vista salarial e social... Enquanto esta escandaleira se desenrola à frente dos nossos olhos, os senhores Portas e quejandos continuam, impantes, a c... postas de pescada em tudo o que é canal de TV. Numa atitude de falta de vergonha desconcertante. Mas, quando é que nós nos vemos livres, definitivamente, desta turba de irresponsáveis, que, tal como os seus predecessores, anda a arruinar Portugal ?
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
«AMICI MIEI», FINALMENTE !
Procuro uma cópia DVD deste filme -realizado por Mario Monicelli em 1976- há muitos, muitos anos. Finalmente, aí está ela numa bem-vinda edição da FNAC. Infelizmente, sem versão legendada em língua portuguesa. Recordo-me de ter visto «Amici Miei», uma única vez, na TV francesa, há mais de 1/4 de século. Mas guardei uma recordação inapagável desta fita, que é -sem a sombra de uma dúvida- uma das grandes películas de Monicelli e uma das comédias mais engraçadas do cinema italiano. «Amici Miei» conta-nos a história de 4 amigos (originários da burguesia italiana, residindo em Florença), que passam os seus tempos livres a divertirem-se como as crianças travessas, que talvez tenham sido. O problema é que o 'quatuor' em questão é formado por cinquentões, que já deveriam ter juízo. Imperdível ! A interpretação é memorável, visto ter sido assegurada por actores com o profissionalismo e com o prestígio de Ugo Tognazzi, Philippe Noiret, Gastone Moschin, Adolfo Celi, Bernard Blier e Duílio del Prete, entre outros. Esta fita, que em francês se intitula «Mes Chers Amis» (a versão que eu vi), está à venda desde início do corrente mês e eu espero adquiri-la muito brevemente. Para matar saudades e para rir um pouco; esperando esquecer a crise que por aqui grassa... e desgraça.
SAUDADE DAS ILHAS
ILHAS DE BRUMA
Ainda sinto os pés no terreiro
Em que meus avós bailhavam o pezinho,
A bela aurora e a sapateia
É que nas veias corre-me basalto negro
E na lembrança vulcões e terramotos.
Por isso é que eu sou das ilhas de bruma
Onde as gaivotas vão beijar a terra
Por isso é que eu sou das ilhas de bruma
Onde as gaivotas vão beijar a terra.
Se no falar, trago a dolência das ondas
O olhar é a doçura das lagoas
É que trago a ternura das hortênsias
No coração a ardência das caldeiras.
Trago o roxo, a saudade, esta amargura
Só o vento ecoa mundos na lonjura
Mas trago o mar imenso no meu peito
E tanto verde a indicar-me a esperança.
É que nas veias corre-me basalto negro
No coração a ardência das caldeiras
O mar imenso me enche a alma
Tenho verde, tanto verde, tanta esperança.
(Letra e música: Manuel Medeiros Ferreira)
domingo, 24 de novembro de 2013
O FUTEBOL NAS ARTES
Esta belíssima tela, é obra do insigne pintor brasileiro Cândido Portinari (1903-1962). Intitula-se «O Futebol» e mostra um grupo de meninos, de uma região rural, que se entrega á alegria de um jogo que virou indústria nacional. Indústria que 'fabricou' alguns dos heróis populares mais conhecidos e amados do Brasil moderno. Tais como Pelé, Garrincha, Gilmar, Zico, Tostão, Sócrates, Ronaldo, Neymar e muitas centenas de outros mais. Bem se pode dizer que esta obra de Portinari -o mestre pintor paulista- é uma homenagem a todos esses jogadores; que, todos eles, ou quase, começaram a dar os primeiros pontapés na bola, em peladas como esta que a pintura do artista tão bem ilustra.
O FADO DA DÉCADA
«PRINCESA PROMETIDA»
Há um véu no meu olhar
Que a brilhar dá que pensar
Nos mistérios da beleza;
Espelho meu, que aconteceu
Do que é teu e do que é meu
Já não temos a certeza
A moldura deste espelho
Espelho feito de oiro velho
Tem os traços duma flor
Muitas vezes foi partido
Prometido e proibido
Aos encantos do amor
Espelho meu diz a verdade
Da idade da saudade
À mulher envelhecida
Segue em frente na memória
Mata a glória dessa história
Da princesa prometida
Com letra da própria Aldina Duarte -que o canta magistralmente- este fado é, para mim, o Fado da Década. E digo isto com o máximo respeito por tudo o que de belo se fez no domínio de uma canção que agora é mais do que uma coisa nossa e que passou a pertencer ao Património Imaterial da Humanidade. Gostos não se discutem. Aceitam-se e contrapõem-se a outros, que não nos pertencem, mas que também têm o direito de ser defendidos. A música de «Princesa Prometida» (fado que faz parte do álbum 'Mulheres ao Espelho') é o triplicado de José Marques 'Piscaralete' - Pode ouvir-se facilmente no you tube e em vários 'sites' da Internet consagrados ao fado. Mas o melhor, é mesmo comprar o respectivo CD. A artista agradece, com toda a certeza, e a indústria nacional também.
sábado, 23 de novembro de 2013
UM ILUSTRE DESCONHECIDO
De costas voltadas para a imensidão do oceano Pacífico, numa atitude assumida de conquista das terras californianas que descobriu (para o rei de Espanha), João Rodrigues Cabrilho está personificado nesta estátua que domina a baía de San Diego, o mais importante porto militar da costa oeste dos Estados Unidos da América. Onde qualquer miúdo das escolas o conhece e pode resumir as suas façanhas. Contrariamente àquilo que acontece no nosso país, sua pátria, onde este insigne navegador do século XVI é praticamente desconhecido. De miúdos e de graúdos... Curiosidade : uma outra estátua foi erguida em honra de João Rodrigues Cabrilho em San Pedro Bay, no porto de Los Angeles.
O ASSALTO CONTINUA...
O assalto ao bolso dos Portugueses continua. E vai agravar-se, já no início do próximo ano, mercê da infame cumplicidade -com os senhores Portas e Passos Coelho- de toda a direita parlamentar. Direita que acabou de votar mais cortes nos ordenados dos funcionários públicos e nas reformas dos pensionistas do Estado. Isto, enquanto os banqueiros (que se encontram entre os verdadeiros culpados da crise) continuam a ser poupados pela mansuetude do desgoverno que temos. Simplesmente escandaloso e indigno ! Tenho um familiar próximo, aposentado da função pública, a quem foi surripiada (só neste mês de Novembro) a quantia de 1 000 euros em descontos. O que é, sem dúvida, um 'privilégio', visto haver por aí gentinha que fez, no mesmíssimo período, descontos superiores ao da soma que efectivamente recebeu... Será isto justo ? Será isto legal ? Será que o empobrecimento geral das populações contribui para o desenvolvimento do nosso país ? -Eu cá tenho sérias dúvidas sobre isso. Entretanto, sem o dinheiro dos fregueses para assegurar a sua continuidade, o comércio vai definhando e as lojas encerram portas. Assim como as fábricas que alimentam o sector. As empresas vão à falência, aos milhares, mandando para o desemprego legiões de trabalhadores. E o clima de contestação das pessoas vai aumentando. Aqui há dois ou três dias atrás foram as forças policiais do país (também elas na agonia) que manifestaram a sua hostilidade à política de sacrifícios continuados imposta pele troika e pelos seus leais servidores. Os militares ameaçam, também eles, participar numa próxima manifestação. E se isto acabar por dar bronca da grossa ? Quem vai assumir responsabilidades ? A pergunta fica no ar. Enquanto o assalto continua...
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
«WARUM MEIN VATER ?»
Ano de 1944 : após uma ocupação militar humilhante, que durou vários anos, a França foi libertada pelas tropas aliadas (sobretudo norte-americanas, canadianas e britânicas) que -a 6 de Junho- investiram vitoriosamente as praias da Normandia; e que, após violentos combates e o sacrifício de muitos milhares de mortos, fizeram recuar os exércitos nazis até aos confins da Alemanha. De uma Alemanha destruída por terríveis bombardeamentos aéreos e apanhada pela implacável tenaz formada pelas forças ocidentais supracitadas e pelos efectivos do temido Exército Vermelho do marechal Jukov. Que haveriam de conquistar Berlim (no dia 1º de Maio de 1945), a capital do 3º Reich. Depois deste introito, lembro-me que, afinal, do que eu queria falar neste 'post' (muito brevemente, como é óbvio), era de um dos dramas mais pungentes do pós-libertação da França : o da sorte reservada -pela generalidade dos franceses- às mulheres que praticaram aquilo a que eles chamavam, naqueles conturbados tempos, 'la collaboration allongée avec les boches'. Enfim, quero-me referir à violência histérica (e histórica) da qual foram alvo as mulheres que, durante a longa presença alemã, tiveram relações íntimas com os militares inimigos. Nesses dias agitados. essas mulheres (tivessem elas agido por amor, para assegurar a própria sobrevivência, para garantir o bem-estar dos seus em tempos de fome ou por razões menos justificáveis) foram objecto de brutalidades sem nome, por parte de gente que dizia agir patrioticamente e para devolver à França a honra perdida. Esse tempo foi, na realidade, uma época de atropelos à mais elementar justiça, que nunca foi vista nem achada aquando das torturas físicas e morais que foram infligidas às tais mulheres. Às vezes, por resistentes da última hora, cuja legitimidade assentava no simples facto de usaram uma braçadeira de um dos movimentos de partizans e de empunharem uma pistola. Naturalmente que não estou aqui a defender o colaboracionismo e a denegrir aqueles que nunca se vergaram à vontade dos ocupantes. Nem a estigmatizar os franceses em geral. Até porque actos desta natureza -que envolviam espancamentos, tosquiamentos, desfiles de mulheres nuas sobre as quais se lançavam injúrias e escarros, etc, etc- foram comuns a todos os países libertados da opressão nazi. Só estou aqui a dizer -com a frieza de alguém que observa os acontecimentos com um recuo de 70 anos- que esses 'linchamentos' na praça pública foram terríveis e causaram traumas -sobretudo nos filhos inocentes dessas uniões então consideradas pecaminosas e antipatrióticas- que perduram. Vem este meu palavreado a propósito de uma canção de Gérard Lenorman, que acabei de ouvir e da qual eu muito gosto, que se intitula «Warum Mein Vater ?». Cuja letra aqui deixo integralmente. Convém ainda dizer que o artista supracitado, nascido em 1945, é fruto da união (proibida) entre uma jovem francesa e um soldado alemão desconhecido. E que essa realidade marcou o cançonetista para toda a vida. Ao ponto de, com muita franqueza e com muita coragem intelectual, ele ter decidido romper o silêncio sobre as suas origens. Curiosidade : a fotografia anexada é da autoria do famoso repórter de guerra norte-americano Robert Capa e mostra uma mulher (aqui, por sinal, uma verdadeira colaboradora, militante de um partido pró-nazi) envolvida por uma multidão hostil. A foto em questão foi tirada em Agosto de 1945 e é conhecida pelo título «La Tondue de Chartres».
«WARUM MEIN VATER ?» (Pourquoi Mon Père ?)
En février quarante cinq, je suis né
Petit village de province, libéré
La jeune fille en crainte, délivrée
Jeté comme une lettre, un colis de promesses
Sans timbre et sans adresse!
Ma mère s´est débrouillée comme elle pouvait
J´étais les suites d´un homme du passé
Ses petits emplois de bonne, suffisaient
C´était pas la misère
Mais les amis de ma mère,
J´en avais rien à faire
{Refrain)
Warum mein vater
Traîne dans mon cœur
Warum mein vater
Mon enfance pleure
Warum mein vater
Traîne dans mon cœur
Warum mein vater
Mon enfance meurt
Aujourd´hui j´ai un fils blond comme les blés
Le jeu des générations a gagné
Mais resurgissent les questions, oubliées
Auxquelles personne ne répond
Alors je me suis fait un nom
Que mes enfants porteront
{Refrain}
Warum mein vater
Traîne dans mon cœur
Warum mein vater
Mon enfance meure
Mon enfance meure.
«WARUM MEIN VATER ?» (Pourquoi Mon Père ?)
En février quarante cinq, je suis né
Petit village de province, libéré
La jeune fille en crainte, délivrée
Jeté comme une lettre, un colis de promesses
Sans timbre et sans adresse!
Ma mère s´est débrouillée comme elle pouvait
J´étais les suites d´un homme du passé
Ses petits emplois de bonne, suffisaient
C´était pas la misère
Mais les amis de ma mère,
J´en avais rien à faire
{Refrain)
Warum mein vater
Traîne dans mon cœur
Warum mein vater
Mon enfance pleure
Warum mein vater
Traîne dans mon cœur
Warum mein vater
Mon enfance meurt
Aujourd´hui j´ai un fils blond comme les blés
Le jeu des générations a gagné
Mais resurgissent les questions, oubliées
Auxquelles personne ne répond
Alors je me suis fait un nom
Que mes enfants porteront
{Refrain}
Warum mein vater
Traîne dans mon cœur
Warum mein vater
Mon enfance meure
Mon enfance meure.
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
SUÉCIA-PORTUGAL OU O DUELO ANUNCIADO ENTRE RONALDO E IBRAHIMOVIC
Assisti, ontem, através da televisão, ao embate futebolístico entre as selecções da Suécia e de Portugal, que teve lugar em Estocolmo. E, tal como milhões de Portugueses, deliciei-me com um 'match' equilibrado, mas francamente a correr melhor aos jogadores lusos; que não deixaram aos nórdicos a mínima possibilidade de vencer o desafio e de ganhar o direito de marcar presença no Mundial do Brasil, em 2014. Ambas as formações pugnaram para que brilhassem as suas duas superestrelas : Cristiano Ronaldo (do Real Madrid) e Zlatan Ibrahimovic (do Paris Saint Germain). Que cumpriram as promessas implicitamente feitas ao público, marcando todos os golos da partida. Que foram 'só' cinco ! Habituado a uma série de jogos medíocres, que a selecção das quinas disputou ultimamente contra formações que lhes eram inferiores, confesso que não estava à espera de tal brilharete. Ainda bem ! Até porque, para além de ter conquistado uma meta importante para o seu historial, os futebolistas nacionais também proporcionaram um espectáculo de grande qualidade técnica. Assim é que é bonito ! Assim é que eu gosto de futebol !
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
O ALENTEJO É BELO
Esta foto (de autor que eu desconheço) mostra uma das belíssimas praias de Vila Nova de Milfontes. No sítio preciso onde as águas doces do rio Mira se confundem com as águas salgadas do oceano Atlântico. Quem disse, quem pretendeu que o Alentejo é uma vasta e desolada charneca, abrasada pelo Sol, no caminho para a costa algarvia ? Certamente gente que desconhece tudo (ou quase) sobre a mais vasta região de Portugal. Que tem para oferecer -a todos aqueles que ousem lançar-se na sua descoberta- maravilhas naturais como esta e como outras, que se estendem da península de Tróia (no concelho de Grândola) até à fronteira do antigo reino mouro de Al Garb. O Alentejo (com os seus areais dourados e com o 'resto') é realmente uma maravilha; onde tudo -paisagens, monumentos, costumes, gastronomia- ainda está por descobrir. Sobretudo pelos nortenhos, que por aqui passam sem parar e sem olhar. Tal atitude faz-me lembrar, curiosamente, os Portugueses dos tempos das Grandes Descobertas, que acharam a África do Sul e que partiam dessa terra da África austral -a abarrotar de ouro e de diamantes- depois de aí fazerem aguada, para demandar as longínquas ilhas das especiarias. De onde muitos não regressariam. Séculos depois da descoberta das terras do cabo da Boa Esperança, outros aproveitariam o que os navegantes lusos desprezaram...
IR A NANTES E VER O ELEFANTE
Passei o último fim-de-semana na região de Nantes (no sul da Bretanha), onde vivem e trabalham a minha filha mais velha, o meu genro e dois dos meus netos. Netos que (como o tempo passa...) já vão a caminho dos 22 e dos 19 anos de idade. Foram uns dias bem passados, apesar das temperaturas serem inferiores de metade àquelas que se fazem sentir neste cantinho à beira mar plantado; que o Verão de São Martinho tem beneficiado com um tempo digno da mais formosa das Primaveras. Nantes, que é a quinta ou sexta cidade de França (no que respeita o número de habitantes), é uma urbe muito dinâmica, tanto do ponto de vista económico como cultural. A propósito desta sua última faceta, quero referenciar um espectáculo a que tive ocasião de assistir no domingo passado, assim como centenas de outras pessoas, ao qual os locais chamam 'o passeio do elefante'. Trata-se da saída de um enorme robot -representando um gigantesco paquiderme- que passeia no espaço outrora ocupado pelos famosos estaleiros navais da cidade. O 'bicho' faz parte de um projecto artístico verdadeiramente inédito, que se inspirou «nos mundos inventados por Júlio Verne (ficcionista natural da cidade), no universo mecânico de Leonardo da Vinci e na história industrial de Nantes». Na prática, trata-se de apresentar, à população local e aos turistas, a cidade de Nantes como «uma metrópole criativa de sonho e de fantasia». A máquina em questão -fruto da invenção dos membros de uma associação chamada 'Les Machines de Île de Nantes'- é realmente sensacional, visto pesar 45 toneladas e medir 12 metros de altura por 31 metros de comprimento por 8 metros de largura. E esta 'coisa' (que pode transportar 50 passageiros) move-se lindamente, ao mesmo tempo que solta urros e que rega os seus admiradores com intempestivos jactos de água vaporizada. Confesso que me entusiasmei como uma criança, o que pode parecer bizarro quando, na realidade, já me aproximo dos 70 anos de idade... Qualquer dia volto lá. Até porque a viagem aérea é assegurada regularmente, de Lisboa a Nantes, por uma companhia 'low cost', que pratica preços verdadeiramente incríveis. Mais baratos, em determinadas ocasiões, do que uma viagem de comboio entre a capital e a cidade do Porto.
PARA ONDE VAI ESTE PAÍS ?
Referiu-se, há pouco, a Rádio Renascença ao facto de Portugal não ter querido (ou não ter podido) candidatar-se à ajuda aos seus muitos milhares de desempregados atribuída por um fundo especial da C.E.; que, no passado ano, investiu 73 milhões de euros na assistência aos inactivos de 11 dos seus estados membros. Desconheço as razões que levaram o nosso país a desprezar essa ajuda. O que sei é aquilo que vem nos jornais e que aponta para meio milhão de portugueses que não recebem um tostão partido pelo meio, desde que perderam o emprego ou pouco depois dessa desgraça lhes ter entrado em casa. Facto que, a breve termo, levará muitos milhares de pessoas ao desespero, com as consequências imprevisíveis para a paz social que isso acarreta. Entretanto, os senhores ministros (só eles !) já começaram a ver luz ao fundo do túnel... Eu confesso que, até aqui e por muito que me esforce, não consigo vislumbrar o mais ténue clarão de mudança. Por essa razão continuo a não dar crédito aos senhoritos do governo, que aparecem na TV, impantes de orgulho, a anunciar a 'boa nova'. Acho mesmo que o melhor seria que essa gente desamparasse a loja e que deixasse, através de eleições mais do que justificadas, o nosso povo escolher gente mais qualificada (e menos subserviente à Troika) que relance a economia do país, através do acesso ao emprego, à produção e ao consumo interno. Porque de tretas está a 'malta' farta ! E o que ela quer, o que ela exige, é que o país seja dirigido por pessoas competentes, capazes de dar um rumo a esta velha nação. Que merece melhor, muito melhor !
«QUESTIONS POUR UN CHAMPION»
Este jogo televisivo (de cultura geral e de estratégia) completou na passada semana 25 anos de existência ! Longevidade que diz muito sobre o seu interesse junto do público francês e francófono, que o pode seguir, todos os dias, através dos canais France 3 e TV5 Monde. De referir, é que este concurso é animado pelo simpaticíssimo Julien Lepers (que para além de ser animador radiofónico e da TV, também é um reconhecido compositor e letrista de canções), que muito tem contribuído para o sucesso do jogo em questão. Eu vejo «Questions pour un Champion» quase todos os dias. Na verdade, cada vez que posso, porque esta emissão -que dura 1/2 hora- constitui, para mim, um autêntico momento de prazer. Sempre renovado... Por essa razão, aqui estou eu a festejar, à minha modesta maneira, o 25º aniversário de uma emissão inteligente, que, cada dia que passa, me reconcilia com a televisão. Que, por cá, com o seu exagero de novelas medíocres, de fastidiosas discussões sobre futebol, de politiquices e demais concursos para burros me enfastia. E me faz emigrar... para canais estrangeiros com qualidade. Aviso aos francófonos : optai pelo canal TV5 Monde, que oferece, sempre, uma programação de alta qualidade, constituída por material proveniente das tv's de França, da Bélgica e da Suíça de fala francesa e do Quebeque. Vereis quão diferente, para melhor, é o dito canal, se comparado com as coisitas propostas pela 'querida Júlia' e similares. Experimente !
terça-feira, 5 de novembro de 2013
PODE UMA MÁQUINA SER BELA ?
Observando as linhas finas e as cores vivas deste caça MiG 29 -pertencente a uma patrulha acrobática da aviação russa- eu direi que sim, que pode existir beleza num produto industrial de alta tecnologia. Mesmo se, infelizmente, o dito foi concebido para matar e para destruir... (Clicar na imagem para a ampliar).
A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS
Há Palavras que Nos Beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
*Alexandre O'Neil (1924-1986), in «No Reino da Dinamarca»*
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
EMIGREM !
Aquela tirada do actual primeiro-ministro, convidando os Portugueses a emigrarem tem dado os seus frutos. Vendo que nem o inconsequente político de Massamá acreditava no futuro do país, muitos milhares de Portugueses -sobretudo jovens diplomados- têm abandonado as suas terras, as suas famílias e os seus amigos, para tentar encontrar na estranja uma vida com a dignidade que aqui lhes é negada. E onde o seu futuro seja assegurado por um emprego, remunerado em função das suas habilitações e da sua vontade de trabalhar. Alguns deles já conseguiram atingir esses objectivos; e outros esperam agarrar, a curto prazo, a sua oportunidade. Uma coisa é certa, a maioria deles já não voltará a Portugal, terra madrasta onde foram estigmatizados por uma classe política incompetente e sem visão de futuro. Todo o sacrifício que o povo português fez para lhes assegurar uma formação (muito apreciada pelos seus novos patrões) não aproveitará ao país que os viu nascer e que os escorraçou, lançando-os nos difíceis caminhos do exílio. Está a acontecer, hoje, o que se viu nos anos 60 do passado século (odisseia que eu próprio vivi), só que com consequências porventura mais gravosas. Porque talvez tenha sido fácil substituir (nesse tempo) mão-de-obra desclassificada na sua generalidade, mas substituir os milhares de médicos, enfermeiros, engenheiros, arquitectos, jovens cientistas e outras pessoas com formação superior, será muito mais difícil. Só por isso, esta gente da política que vem, quotidianamente, largar larachas para a TV e para os jornais, merece o meu total desprezo. Felizmente que a História não guarda na memória figuras desta insignificância. Senão teria que marcá-las (e bem marcadas) com o ferrete da ignomínia.
COMO A CRISE É PESADA PARA OS RICOS
OLHA, UM OURIÇO-CACHEIRO !
Ontem de manhã, ao sair de minha casa, topei, inesperadamente, com um destes simpáticos bicharocos. O ouriço-cacheiro ('Erinaceus europaeus') estava no meio da calçada e colocou-se em posição de defesa (formando uma temível bola de espinhos), assim que deu pela minha presença. Como tenho imenso respeito pela fauna selvagem -que a vida moderna continua, inexoravelmente, a dizimar- tive o cuidado, antes de seguir o meu caminho, de o ajudar a afastar-se da rua; por onde circula um dos seus mais letais inimigos : o automóvel. Quando coisas destas me acontecem fico contente; tal como os meninos dos escuteiros a quem é dada a oportunidade de realizar a sua BA quotidiana. O mesmo já me aconteceu com cobras e lagartos. Que, geralmente, não gozam dos favores das populações, sejam elas urbanas ou rurais. Sem ser um fervente seguidor de São Francisco de Assis, sempre achei que há lugar na Terra para todos os seres da Criação. Afinal, alguns deles até já cá estavam antes de aparecer a espécie humana... Por isso, há que ter muito respeitinho por toda essa bicharada.
ANTIGOS OFÍCIOS
//////////
Barqueiro : a fotografia (bastante antiga) mostra um desses rudes homens do Douro, que -nas suas características barcas à vela- asseguravam o transporte de passageiros, de mercadorias e até de gado entre as duas margens do rio. Esta tarefa exigia força e destreza e era, por essas razões, reservada aos homens mais vigorosos e mais conhecedores das manhas de um curso de água ainda bravio e, por vezes, muito traiçoeiro.
Vendedor ambulante de bebidas frescas : os homens e as mulheres que exerciam este mester calcorreavam as ruas de Lisboa (e de outras urbes) nos tórridos meses de estio. Propunham, geralmente, aos seus clientes água fresca e capilé. Esta última bebida era um xarope de avenca, que, diluído em água fresquinha, era muito desalterante e muito saboroso. Desapareceu, quase completamente, para deixar espaço aos refrigerantes industriais.
Bagageiro da TAP : num tempo em que, no continente, só o aeroporto de Lisboa tinha alguma expressão internacional, os bagageiros da TAP (que, geralmente eram citadinos, vivendo na capital ou nos seus subúrbios) asseguravam o transporte de malas, maletas, pacotes e outros volumes, da sala de registo de bagagens directamente para o porão das aeronaves. Isto num tempo em que os aviões comerciais ainda estavam equipados com motores de hélice e que os controlos de segurança não existiam.
Sapateiro : curiosamente, chamam-se 'sapateiros', nos dias de hoje, ás pessoas que são profissionalmente incompetentes ou que exercem -sem brio- os respectivos ofícios. O que constitui uma tremenda injustiça para com estes profissionais do passado, que executavam todo o seu trabalho (árduo e de desempenho difícil) à mão; praticamente sem o auxílio de maquinaria. Tive um tio que era sapateiro e, desde menino, me dei conta, ao observá-lo, de que o seu trabalho exigia rigor e competência. Enfim, precisamente o contrário da reputação que, por pura imbecilidade, foi feita aos profissionais do ramo.
Vendedor ambulante de bebidas frescas : os homens e as mulheres que exerciam este mester calcorreavam as ruas de Lisboa (e de outras urbes) nos tórridos meses de estio. Propunham, geralmente, aos seus clientes água fresca e capilé. Esta última bebida era um xarope de avenca, que, diluído em água fresquinha, era muito desalterante e muito saboroso. Desapareceu, quase completamente, para deixar espaço aos refrigerantes industriais.
Bagageiro da TAP : num tempo em que, no continente, só o aeroporto de Lisboa tinha alguma expressão internacional, os bagageiros da TAP (que, geralmente eram citadinos, vivendo na capital ou nos seus subúrbios) asseguravam o transporte de malas, maletas, pacotes e outros volumes, da sala de registo de bagagens directamente para o porão das aeronaves. Isto num tempo em que os aviões comerciais ainda estavam equipados com motores de hélice e que os controlos de segurança não existiam.
Sapateiro : curiosamente, chamam-se 'sapateiros', nos dias de hoje, ás pessoas que são profissionalmente incompetentes ou que exercem -sem brio- os respectivos ofícios. O que constitui uma tremenda injustiça para com estes profissionais do passado, que executavam todo o seu trabalho (árduo e de desempenho difícil) à mão; praticamente sem o auxílio de maquinaria. Tive um tio que era sapateiro e, desde menino, me dei conta, ao observá-lo, de que o seu trabalho exigia rigor e competência. Enfim, precisamente o contrário da reputação que, por pura imbecilidade, foi feita aos profissionais do ramo.
«QUEM COMPRA, LEVA MAIS CALOR PR'A CASA»...
Estamos em plena época das castanhas (e da água-pé, com o São Martinho à porta) e, nas ruas das nossas vilas e cidades, já se fazem ouvir os pregões (cada vez mais tímidos, é certo) dos seus vendedores : «Quem quer quentes e boas ?». Sortilégio de uma estação, já fresquinha, que anuncia os rigores de um Inverno que se avizinha...
SÃO MAIS DO QUE AS MÃES ! E CUSTAM-NOS COURO E CABELO...
Aqui há 2 ou 3 dias atrás ouvi o primeiro-ministro alvitrar, na Assembleia da República, que no seu gabinete se haviam poupado somas inferiores de 35% às dispendidas pelo gabinete do seu socrático antecessor. E o homem afirmou isto com aquele ar impante que todos lhe conhecem. Como se este detalhe (longe de estar provado) fosse algo de extraordinário e susceptível de salvar a Pátria. A verdade, porém, é que o chefe do governo tem uma corte de dezenas e dezenas de funcionários às suas ordens, que custam (segundo jornais que nunca foram desmentidos) aos contribuintes que nós somos, qualquer coisita como 134 000 euros mensais. No gabinete de Passos, só assessores são 10, mais uma legião de adjuntos. Técnicos especialistas são 4, mais 1 coordenadora, mais 13 técnicos administrativos e mais 9 técnicos de apoio auxiliar. E motoristas são, segundo a última contagem, uma dúzia. Todos a usufruírem de chorudos emolumentos, que nada têm a ver com os magros salários recebidos pelos operários que produzem riqueza. Estes números não são de minha invenção. Foram apurados pela imprensa e têm circulado na Net. Com nomes e somas auferidas por cada um dos servidores de Sua Mediocridade. Só gostaria de relembrar uma coisa : no tempo de Marcelo Caetano, derradeiro presidente do conselho da ditadura -quando Portugal vivia um dos momentos mais complicados da sua História contemporânea, com 3 guerras coloniais para gerir- o gabinete do sucessor de Salazar funcionava com 5 elementos. Que incluía o próprio chefe do governo. Está tudo dito. Ou melhor, não está ! Porque eu gostaria que me contassem, esmiuçadamente, o dia-a-dia de um 1º ministro com tanta gente à volta dele. Confesso que gostaria que me explicassem o que é que o homem realmente faz... Além, naturalmente, de botar discursos sem conteúdo, que ofendem a inteligência dos Portugueses e que já não convencem ninguém.
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
AS METAMORFOSES DA PANTERA NEGRA : DE LEÃO AFRICANO A ÁGUIA EUROPEIA
Esta foi uma das equipas de júniores (espero não me enganar) do Sporting Clube de Lourenço Marques (Moçambique) em finais dos anos 50. Um dos jogadores agachados (o 4º a contar da esquerda para a direita) chama-se Eusébio Ferreira da Silva e, nesse tempo, ainda não podia imaginar que viria a ser uma das maiores 'stars' do futebol mundial. Ao serviço do Benfica e da selacção portuguesa de futebol.
A NEGLIGÊNCIA E A POBREZA MATAM NO NOSSO PAÍS
A notícia dos jornais que, hoje, mais me comoveu e indignou foi -sem dúvida alguma- a que fez referência à morte de um menino de 8 anos, filho de pais romenos a viver no Algarve. A criança regressou da escola com sinais reveladores (segundo a sua própria mãe, que é formada em farmácia) de estar a sofrer de apendicite aguda. Conduzida ao Hospital do Barlavento, o apressado diagnóstico aí feito foi de que ela estaria desidratada (!), de nada valendo as súplicas da mãe do menino, que informou o médico de serviço das suas suspeitas e que lhe solicitou um exame mais aprofundado. Mandado para casa, sem o recurso ao exame que o bom senso impunha, o menino foi conduzido, sempre pelos pais, ao Hospital de Portimão; onde também nada foi feito para detectar a causa do mal de que ele padecia. Em desespero de causa, os pais (actualmente desempregados, como tanta gente neste país) conduziram o seu menino a uma clínica particular, onde os exames feitos ao paciente revelaram que o diagnóstico maternal estava correctíssimo. Mas essa clínica recusou-se fazer a operação cirúrgica que urgentemente se impunha, porque os pais do menino não tinham os 2 000 euros para a custear. Chamado o INEM, a criança foi, então, conduzida de helicóptero para um estabelecimento hospitalar de Lisboa, onde veio a falecer. Pelo facto de, entretanto, o seu estado se ter agravado, por ser demasiado tarde... E eu pergunto-me : que raio de país é este que nos estão a querer impingir, onde se deixa morrer uma criança de 8 anos, por evidente negligência dos médicos e porque os pais não têm o dinheiro exigido para o socorrer na hora ? Será isto a antevisão do que nos espera, de um país que alguns querem dominado pela saúde privada, em que só os ricos se poderão salvar ? Será isto conforme à letra da Constituição da República Portuguesa, lei fundamental que consagra o direito de todos à saúde, que os senhoritos do desgoverno que temos querem virar do avesso ? Espero que os Portugueses estejam alerta, que pensem no que se passou com esta infeliz criança e que denunciem este tipo de situações, que teima em repetir-se no nosso país.
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