terça-feira, 30 de junho de 2015
PIMENTOS ASSADOS
Depois de assados e devidamente limpos de peles e de sementes, convenientemente adubados de azeite e vinagre e temperados com alhos (cortados bem fininhos), aos quais se juntarão uma pitada de sal e uns orégãos, eis aqui o acompanhamento ideal para as desejadas sardinhas assadas. Que vão estar no seu melhor dentro de poucas semanas.
segunda-feira, 29 de junho de 2015
FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (43)
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Esta fotografia -tirada por volta de 1900- mostra um grupo de trabalhadores belgas, anichados como ratos, num elevador que os levará até às entranhas da terra; que os conduzirá até às profundezas das medonhas minas de carvão, onde o seu insano labor se prolongava, nessa época, durante horas intermináveis. É impossível olhar para esta foto, sem pensar na descrição feita por Emílio Zola -no seu imortal romance «Germinal»- sobre as miseráveis condições de vida dos mineiros desses primeiros tempos da Era Industrial. Durante a qual os seres humanos eram tratados como bichos e sobreviviam (nem sempre) com os magros tostões do seu infame salário. Essas animalescas condições de existência tiveram, no entanto, pontos positivos : descambaram na consciencialização das massas e na recusa -por parte do proletariado- do seu estatuto de quase escravos. Datam também desse tempo a criação das primeiras caixas mútuas de solidariedade operária, o desenvolvimento de sindicatos e de muitas outras organizações que pugnavam pela dignificação dos trabalhadores. Operários que exigiam deixar a sua condição de animais de carga, sem direitos, para ganharem poder reivindicativo. Hoje, com o agravamento da chamada crise e com o flagelo do desemprego daí resultante, algunss patrões (vergonhosamente apoiados por políticos sem escrúpulos e/ou sem sensibilidade social) parecem querer voltar a tempos passados, impondo regras que marcariam um autêntico retrocesso na História da Civilização. Mas desiluda-se essa gente e todos aqueles que pensam ter ganho a partida. Ninguém se resignará com a situação presente, como também ninguém aceitará que meia dúzia de 'comedores' continuem a acumular milhões ganhos com o esforço de colectividades inteiras. Estou em crer, ou melhor, estou convencido que o tal fadinho do tempo volta para trás está, por estas bandas, definitivamente ultrapassado. E condenado.
sexta-feira, 26 de junho de 2015
COM O POVO HELÉNICO, SEMPRE !
Essa coisa a que chamam Comunidade Europeia (à qual Soares aderiu, sem que o povo português tenha sido previamente consultado), aliada ao F.M.I. e, por via de consequência ao grande capital internacional, está a fazer a vida negra ao povo grego; exercendo sobre ele uma chantagem vergonhosa, inaudita, que diz tudo sobre as práticas do mundo do dinheiro e do poder que a ele está aliado. Durante anos a fio, a C.E. 'ofereceu' rios de carcanhol aos governos e partidos políticos corruptos da Grécia, sem que isso tenha levantado problemas. Mas, agora, como os gregos se livraram desses vampiros e elegeram (segundo as regras vigentes da democracia) um partido de esquerda, que quer resolver o problema da dívida, sem que tal implique sacrifícios insuportáveis para as classes populares helénicas, não há nada para ninguém. Porque a dona da Europa e os seus apaniguados preferem -àqueles que pretendem passar, em primeiro lugar, os interesses do povo- os lambe-botas, os sabujos, os vende-pátrias. Que, todavia, continuam a aumentar a dívida externa dos respectivos países. Aqui ficam estas linhas, este desabafo, para me solidarizar com a nação grega. Para a qual eu desejo -em todas as circunstâncias- as maiores felicidades do mundo. Quanto à 'Europa do euro', pode ir abaixo já amanhã. Porque ela já não é portadora de esperanças. Porque ela já não serve para nada, a não ser para espezinhar os mais modestos dos seus membros.
TUDO VER, TUDO SABER. COM QUE INCONFESSÁVEIS FINS ?
Segundo denúncias (confirmadíssimas) publicadas no 'site' Wikileaks, e depois de escândalo similar que envolveu a chanceler alemã, os três últimos presidentes da República Francesa foram espiados pelos serviços secretos dos Estados Unidos da América. Mas que raio de moral é a do governo dos 'states', para se permitir violar, assim, a intimidade dos seus próprios amigos e aliados ? -E já agora, aqui fica a pergunta : quem controla todos os actos da vida dos cidadãos (do mundo inteiro) e está a por em causa o seu direito à privacidade e à liberdade ? -Responda quem souber...
SOBRE O PAPEL EDUCATIVO DA TV
FABULOSO ALOUETTE III
Fabricado em França pela firma Sud-Aviation (hoje extinta), o Alouette III foi, sem sombra de dúvidas, o melhor helicóptero ligeiro do seu tempo e um dos aparelhos de asas giratórias mais famoso de sempre. Exportado para o mundo inteiro (foi adquirido por 70 países), este fabuloso engenho teve uso intenso na Força Aérea Portuguesa, que o utilizou nas três frentes da Guerra Colonial; onde os seus serviços se revelaram de uma utilidade verdadeiramente extraordinária (para os desígnios das forças armadas da ditadura), enquanto plataforma de transporte militar, heli-canhão, engenho de evacuação sanitária e de observação, etc, etc. O Alouette III S.A. 316 tornou-se operacional em 1960. Pode receber a bordo uma tripulação de 2 homens e 5 passageiros. Está equipado com um motor Turbomeca de 880 hp, que lhe permite voar à velocidade de cruzeiro de 185 km/h e dispor de um alcance de 540 quilómetros. O peso autorizado à descolagem é de 2 200 kg e o seu tecto máximo é de 3 200 metros. Após 55 anos de actividade, esta 'cotovia' ainda tem centenas de exemplares em serviço, dos mais de 2 000 S.A. 316 que foram construídos. Em Portugal tornou-se um helicóptero mítico, que também participou em missões de salvamento marítimo, na luta contra incêndios florestais, na instrução de pilotos e muitas outras. As imagens anexadas mostram um Alouette III da marinha de guerra da Dinamarca e um outro da F.A.P., em serviço na Guiné, durante a guerra sustentada pelas tropas portuguesas contra os guerrilheiros do P.A.I.G.C.. Curiosidade : mercê de diversas fusões, a Sud-Aviation passou a integrar, a partir de 1970, o grupo Aérospatiale e faz parte, desde o ano 2000, do consórcio europeu EADS.
quinta-feira, 25 de junho de 2015
CINE-SAUDOSISMO (16)
«KANAL», de Andrzej Wajda (1957), foi, com toda a certeza, um dos primeiros filmes 'Made in Poland' que me foram dados ver. A história passa-se em 1944, na fase final da chamada insurreição de Varsóvia. Um grupo de resistentes antinazis tenta, desesperadamente, escapar à sanha da soldadesca alemã, pronta a lançar um assalto final que deverá dizimá-los. Cansados de esperar por uma hipotética ajuda do exército soviético, que estaciona nas margens do Vístula, os 'partizans' lançam-se numa fuga aflitiva através dos esgotos da capital polaca. Armadinha da qual nem só um deles escapará com vida. De um realismo chocante, esta película é já um clássico do cinema europeu. E uma fita de visionamento obrigatório. Filmado a preto e branco e com uma duração de 97 minutos, este filme contou com a participação artística de Teresa Izewska, Tadeusz Janczar, Wienczyslaw Glinski e Emil Karewicz. Pena é que os editores de vídeo deste país (mas não só) esqueçam ou desprezem obras deste quilate («KANAL» foi galardoado em Cannes com o Prémio Especial do Júri), que -a meu ver- deveriam ser mostradas logo nas escolas. Porque é, assim, que se desperta a atenção e o gosto dos jovens pelo bom cinema e é assim, com a exibição de filmes como este, que se desperta a sua curiosidade por temas históricos, que é bom, que é útil não olvidar.
O AMOLA-TESOURAS
Calcorreavam, outrora, as ruas e ruelas das vilas e aldeias de Portugal, amolando tesouras, facas e navalhas, concertando guarda-chuvas e executando outros pequenos trabalhos. Isto, num tempo em que os objectos ainda não se atiravam fora com a leviandade que é usual nos nossos dias. A sua chegada aos povoados era anunciada pelo silvo característico de uma flauta de Pã, cujas notas ainda ressoam nos meus ouvidos. Era o amola-tesouras, um trabalhador ambulante de anos passados, que a modernidade condenou ao desemprego e ao esquecimento. A recordação, no entanto, perdura. Até que as pessoas da minha geração desapareçam...
PEREGRINAÇÃO
Romeiro da Europa medieval. As vieiras dizem-nos que se trata de um peregrino que caminha para a Galiza, para Compostela, onde vai prestar homenagem e/ou solicitar uma graça a São Tiago Maior. Localizada nos confins ocidentais do Velho Mundo, a cidade de Santiago de Compostela -que é, hoje, capital de uma das regiões autónomas de Espanha- continua a atrair inúmeros visitantes nacionais e estrangeiros. O que faz das peregrinações e do turismo religioso a mais importante de todas as indústrias locais. Estive lá, pela primeira vez, o ano passado e entrei na catedral. Mas a visita foi tão rápida, que não deu, verdadeiramente, para descobrir outros aspectos da cidade. Que eu achei, talvez por causa do nevoeiro que então a envolvia, fria, feia, tristonha. Mas, intimamente, estou convencido de que essa histórica e monumental cidade da Ibéria tem encantos que eu não pude descobrir. Talvez que, numa próxima oportunidade, me seja concedida essa mercê...
PERGUNTA DE FORMIGA
A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS
RAPARIGA
Cresce comigo o boi com que me vão trocar
Amarraram-me às costas, a tábua Eylekessa
Filha de Tembo
organizo o milho
Trago nas pernas as pulseira pesadas
Dos dias que passaram...
Sou do clã do boi —
Dos meus ancestrais ficou-me a paciência
O sono profundo do deserto,
a falta de limite...
Da mistura do boi e da árvore
a efervescência
o desejo
a intranqüilidade
a proximidade
do mar
Filha de Huco
Com a sua primeira esposa
Uma vaca sagrada,
concedeu-me
o favor das suas tetas úberes
** Ana Paula Tavares - Poetisa, historiadora e pesquisadora angolana. Nasceu em Lubango (província de Huíla) em 1952. «Ritos de Passagem» foi o seu primeiro livro de poesia **
quarta-feira, 24 de junho de 2015
CAMPO MAIOR EM FESTA
2015 é ano de Festas do Povo em Campo Maior. Manifestação que decorrerá daqui a dois meses, entre os dias 22 e 30 de Agosto. Excelente oportunidade para o forasteiro visitar essa vila do Norte Alentejano, situada na raia luso-espanhola, cujos festejos são (como é hábito) consagrados às flores, numa feeria de papel raramente vista. Campo Maior também é conhecida pelos seus petiscos, pelos seus vinhos e pelos seus cafés, razões maiores para que ninguém lá falte.
ESPIGUEIROS
A PRECE DOS INVETERADOS BEBERRÕES
Este cartaz (que se pretende humorístico) é, pura e simplesmente, uma incitação à bebedeira. Apesar de utilizar a sigla de uma conhecida marca francesa de bebidas espirituosas, eu duvido que o dito tenha sido realizado pelos serviços de promoção comercial da marca Ricard. Até porque os técnicos publicitários que o compõem sabem, de antemão, que tal campanha seria altamente nociva para a imagem da conhecida firma e, quiçá, sujeita a pesada multa. Para mim, esta Prece do Ricard (porventura a bebida alcoólica mais vendida em França) é obra de um engraçadinho, que quis, assim, ganhar protagonismo junto dos seus amigos e companheiros de copos. O pastis Ricard é, como as marcas rivais, uma bebida perigosa, se ingerida em excesso. Tem uma graduação alcoólica de 45º e é capaz, naturalmente, de por a andar de gatas -depois de 3 ou 4 copos- o mais empedernido dos bebedores. Aqui deixo a tradução integral deste verdadeiro apelo à copofonia :
A PRECE DO RICARD
Nosso Ricard que estás fresquinho
Que a tua garrafa seja santificada
Que a tua vontade seja feita
No terraço, como ao balcão
Dá-nos hoje
O nosso copo quotidiano
Perdoa as nossas bebedeiras
Assim como nós perdoamos
Àqueles que bebem Casa (*)
Sujeita-nos à tentação
E livra-nos da sede
'Amen (**) ton verre !'
(*) Casa é outra marca de bebidas espirituosas, que fabrica e vende uma bebida anisada semelhante ao Ricard.
(**) Amen -palavra da liturgia católica que termina uma oração- é, em francês, homófona da forma verbal traz. Significando, pois e aqui, 'Amen ton verre' : traz o teu copo.
É por demais evidente que a ingestão excessiva de álcool é uma autêntica parvoíce e um verdadeiro atentado contra a saúde. Daí que seja meu dever advertir para o carácter pernicioso desta 'oração', elaborada por um espírito suicidário. Tenho dito !
A PRECE DO RICARD
Nosso Ricard que estás fresquinho
Que a tua garrafa seja santificada
Que a tua vontade seja feita
No terraço, como ao balcão
Dá-nos hoje
O nosso copo quotidiano
Perdoa as nossas bebedeiras
Assim como nós perdoamos
Àqueles que bebem Casa (*)
Sujeita-nos à tentação
E livra-nos da sede
'Amen (**) ton verre !'
(*) Casa é outra marca de bebidas espirituosas, que fabrica e vende uma bebida anisada semelhante ao Ricard.
(**) Amen -palavra da liturgia católica que termina uma oração- é, em francês, homófona da forma verbal traz. Significando, pois e aqui, 'Amen ton verre' : traz o teu copo.
É por demais evidente que a ingestão excessiva de álcool é uma autêntica parvoíce e um verdadeiro atentado contra a saúde. Daí que seja meu dever advertir para o carácter pernicioso desta 'oração', elaborada por um espírito suicidário. Tenho dito !
'O ESCURO'
Esta tela é obra de Domingos Vieira, alcunhado (por razões que eu desconheço) 'O Escuro'. O «Retrato de Dona Isabel de Moura», aqui apresentado, foi pintado por volta de 1635 e pertence, actualmente, ao espólio do nosso Museu de Arte Antiga. É uma das obras mais representativas de um artista que, no dizer de um dos seus críticos, é «a mais forte personalidade da pintura portuguesa do século XVII». Foi pintor régio; e foi perseguido pela Inquisição, por causa de uns trabalhos que executou na capela de Nossa Senhora do Rosário, hoje situada na freguesia do Monte da Caparica. Esteve em Espanha, onde conheceu e admirou a obra de El Greco, que muito o influenciou. Faleceu, provavelmente, em 1678.
O MUNDO REGRIDE...
Estas são duas vistas panorâmicas da cidade de Enna, na Sicília central. Alcandorada numa montanha que culmina a cerca de 1 000 metros de altitude, a dita situa-se praticamente no meio caminho de Palermo e de Catânia; caminho que eu tive o prazer de percorrer, já lá vão mais de 20 anos... Para ir ver o Etna. Isto passou-se num tempo em que as pessoas que (como eu) trabalhavam e produziam riquezas, podiam viajar, quase sem constrangimentos, através do mundo. Agora é a miséria que se vê, quando se tem uma reforma de sobrevivência. A crise que nos foi imposta por banqueiros e políticos tornou, outra vez, o mundo maior e fez das viagens, mais ou menos longínquas, um sonho inacessível. É de perguntar : Onde, nisto tudo, cabe o progresso ?
A PRIMEIRA GRANDE VITÓRIA INTERNACIONAL DO BENFICA
O Sport Lisboa e Benfica comemorou, na passada semana -a 18 de Junho- a conquista do seu primeiro grande troféu internacional : a Taça Latina de 1950. Já lá vão 65 anos... Disputada, nesse ano, pelas equipas do 'glorioso', do Lazio de Roma, do Atlético de Madrid e do Bordéus, a finalíssima teve lugar no relvado do Estádio Nacional, entre os encarnados e os girondinos. E foi um dos desafios de futebol mais longos de toda a História do Futebol. Durou uns épicos 145 minutos e teve três prolongamentos, numa altura em que ainda não se recorria às grandes penalidades para desempatar os jogos. O Benfica acabou por vencer a formação francesa por 2-1, graças aos golos de Arsénio e de Julinho. Para lembrar o feito, aqui deixo uma fotografia da equipa vencedora, que, nesse memorável dia, foi constituída pelos seguintes atletas : Moreira, Félix, Fernandes, Contreiras, José da Costa, Jacinto e Bastos (de pé); e por Corona, Arsénio, Julinho, Rogério e Rosário (agachados).
...E mais estas.
...E mais estas.
terça-feira, 23 de junho de 2015
O CORRIDINHO ALGARVIO
Contrariamente ao que se pensa, o corridinho (algarvio) é uma dança de introdução relativamente recente na região mais meridional de Portugal continental, pois parece só ter chegado ao Algarve em meados do século XIX. O rodopiante corridinho é, ao que dizem os entendidos, originário da Europa central e foi inspirado por polcas e mazurcas, que eram danças de salão, então muito em voga por aquelas bandas. O corridinho ganhou novo ânimo naquela região portuguesa, com a chegada do acordeão, que por cá apareceu em finais do mesmo século, e que acabou por tornar-se um instrumento fundamental para 'balhar' o corridinho. O bonito desenho, que aqui vos deixo, para glorificar esta popular manifestação folclórica do sul, é da autoria de Mário Costa (1902-1975), que foi um dos grandes ilustradores portugueses do passado século. Infelizmente não encontrei fontes biográficas sobre este artista de valor incontestável. O que é pena...
Querem ver uma amostra do que é o corridinho do Algarve ?
Então visite este sítio do 'You tube' :
https://www.youtube.com/watch?v=DSqrC9JiBCE
Querem ver uma amostra do que é o corridinho do Algarve ?
Então visite este sítio do 'You tube' :
https://www.youtube.com/watch?v=DSqrC9JiBCE
SARDINHAS AO PREÇO DO LAVAGANTE... IRRA !
O preço de 1 sardinha (com um naco de pão) atingiu, este ano, nas Festas de Lisboa consagradas ao culto de Santo António, um preço exorbitante : 3 euros !!! E eu vi e ouvi, numa reportagem da televisão, uma peixeira da capital, afirmar (sem rir) que não se admiraria nada se, no pino do Verão, o popular peixote atingisse os 20 euros por quilo. Apesar da sardinha começar a escassear (e isso é um facto indesmentível), parece-me, no entanto, que há alguém que anda por aí a aproveitar-se do fascínio exercido na nossa gente por este clupeida. A mim, isto impressiona-me. Até porque ainda sou do tempo em que 1 kg desse peixe custava apenas uns tostões e que, apesar disso, nas famílias mais pobres da minha terra (mas não só), cada um deles era dividido por duas pessoas. Isto que agora se está a passar é quase ficção científica. Imaginar que 1 sardinha custaria, nos nossos dias, a bagatela de 600 escudos ! Assim, daqui a pouco, vale mais comer cherne, ou tamboril, que são mais baratos... e têm menos espinhas.
SÍMBOLO
Exóticas e belas são as célebres e multicolores cúpulas da catedral de São Basílio (o Bem-Aventurado), a mais visitada de todas as igrejas do Moscovo. Implantado na não menos famosa Praça Vermelha, este monumento -de meados do século XVI- é um dos símbolos da arquitectura tradicional russa e o verdadeiro emblema da sua cidade. Estando para a capital russa, como a Torre Eiffel está para Paris, como o Coliseu está para Roma, como o Pártenon está para Atenas ou como a Torre de Belém está para Lisboa.
segunda-feira, 22 de junho de 2015
COISAS CURIOSAS DE OUTROS TEMPOS
Aqui há muitas décadas atrás, as marcas de vinho do Porto não hesitavam prestar homenagem aos homens políticos do tempo, dando os respectivos nomes a alguns dos seus melhores produtos engarrafados. A casa Almeida Santhiago & Cº, por exemplo, honrava, assim, com este seu néctar, a venerável figura de Bernardino Machado (1851-1944), que foi, por duas vezes, presidente da República Portuguesa. Hoje, devido à impopularidade dos governantes, é impensável que tal coisa aconteça. Mas eu até acharia engraçado que se desse o nome de alguns figurões da política dos nossos dias a algumas garrafas... de vinagre ou de vinho martelado. Pois, no campo da reverência, é tudo o que essa gente merece. Não acham ?
Curiosidade : o presidente Bernardino Ribeiro foi destituído, duas vezes, por intervenções militares. A primeira delas, pelo golpe de Sidónio Pais. E a segunda pela revolução de 28 de Maio de 1926, que instituiu a ditadura e abriu as portas a Salazar e ao Estado Novo.
Curiosidade : o presidente Bernardino Ribeiro foi destituído, duas vezes, por intervenções militares. A primeira delas, pelo golpe de Sidónio Pais. E a segunda pela revolução de 28 de Maio de 1926, que instituiu a ditadura e abriu as portas a Salazar e ao Estado Novo.
FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (42)
Esta fotografia foi tirada -no dia 11 de Agosto de 1938- no campo de aviação Floyd Bennett, de Nova Iorque. Mostra um quadrimotor civil Focke-Wulf 200, baptizado «Brandenburg», que acabara de realizar um memorável voo intercontinental, sem escalas, com partida de Berlim. A distância percorrida, entre a capital alemã e a 'Cidade dos Arranha-Céus', foi de 6 437 km e o tempo de duração do voo ficou estabelecido em 24 h 55. Convém dizer, que o voo do avião germânico foi muito atribulado, tendo o aparelho e respectiva equipagem sido obrigados a afrontar rijos ventos contrários, que limitaram a velocidade do Focke-Wulf a uma média horária de 263 km. Ainda assim, ficou estabelecido um novo recorde do mundo. Dois dias mais tarde, o mesmo avião e a mesma tripulação empreenderam o regresso à Europa, encontrando condições de navegação próximas das ideais. Graças a ventos favoráveis, a viagem durou apenas 19 h 47, tendo a velocidade média passado para 330 km/hora. Este raide foi executado um ano antes da eclosão da 2ª Guerra Mundial e presume-se, que estes voos tenham servido para testar as capacidades do Fw-200, que, durante o conflito, foi transformado em avião de guerra. O 'Condor' foi, essencialmente, utilizado como patrulheiro marítimo de longo raio de acção. Alguns 'Condors' seriam abatidos, por aviões da R.A.F. ou do 'Coastal Command' ao largo da costa portuguesa...
sexta-feira, 19 de junho de 2015
O RAIDE
Fará brevemente 151 anos, que uma força de 22 soldados confederados entrou clandestinamente no Canadá, para, dali, lançar um ataque surpresa (e estrategicamente inconsequente) contra a cidade de St. Albans, no estado de Vermont. Este episódio -rigorosamente histórico- foi evocado no filme «A Ferro e Fogo» («The Raid»), realizado em 1954 por Hugo Fregonese e protagonizado por Van Heflin, Anne Bancroft, Richard Boone, Lee Marvin e Peter Graves. Nesta película -rodada como uma simples fita de aventuras- o ataque de 19 de Outubro de 1864 a St. Albans foi bastante adulterado, devido à necessidade (comercial) de contar, em paralelo, uma historieta de natureza romântica. Mas aqui fica o registo dessa ousada operação -realizada pelos 'Rebeldes'- 2 000 km atrás das linhas inimigas, feito que muito emocionou os dois partidos em contenda. Curiosamente, e numa falta de rigor inabitual, o livro «Hoje na História» (editado pelo History Channel) refere a data de hoje como sendo a do aniversário desse evento. Errado !
DISSE MARK TWAIN...
O DIA DA ESPINGARDA
As espingardas foram introduzidas no Japão -pelos Portugueses- em 1543. Essas armas de fogo, até então desconhecidas dos nipónicos, foram copiadas por um ferreiro autóctone (da ilha de Tanegashima), que, com o apoio técnico dos nossos compatriotas, reproduziu 300 exemplares num único ano. Imediatamente adoptadas pelos samurais (sobretudo pelos guerreiros da casta 'ashigaru', que combatiam a pé), as novas armas alteraram, radicalmente, a maneira dos japoneses fazerem a guerra, tornando-se as espingardas decisivas nos combates travados entre clãs. Na década de 70 do século XVI, já se travavam batalhas, nas quais participavam milhares de espingardeiros; e, nos anos finais dessa centúria, aquando da invasão da Coreia (1592-1598) pelo Japão, o exército imperial deste país já alinhava 1/4 dos seus efectivos (ou seja, 160 000 homens) armados com 'tanegashimas'. Tendo sido essas armas de fogo decisivas na conquista de Seul, que caiu 18 dias depois do famoso desembarque de Pusan. Enfim, as armas de fogo mudaram -de maneira indesmentível- a História militar do Japão e a dos seus vizinhos. Daí que, todos os anos, na ilha de Tanegashima, se comemore o 'Dia da Espingarda', para lembrar as circunstâncias em que uns homens barbudos, vindos do outro lado do mundo, ali a deixaram como herança.
BEBER SIM, MAS COM CONTA E MEDIDA
Nestes últimos anos, o consumo de álcool dos portugueses baixou substancialmente; passando de 14,4 litros anuais e por pessoa, para 12,9 litros, segundo dados recolhidos e comunicados pela Organização Mundial da Saúde. Ainda assim, os nossos níveis de consumo de bebidas alcoólicas restam elevados, sendo que, na Europa, só são ultrapassados pela Bieolorrússia (com 17,5 litros 'per capita'), Moldávia, Rússia, Roménia, Ucrânia, Andorra, Hungria, República Checa e Eslováquia. Na minha opinião, é necessário agir junto dos jovens (que consomem muito no nosso país, apesar de medidas dissuasivas tomadas nestes últimos tempos), para que estes maus hábitos de consumo baixem, duravelmente, para padrões normais. Beber um copo com os amigos pode ser um acto simpático, desde que não se chegue à bebedeira; que é, ao que me parece, uma parvoíce sem nome. E que anula todo o prazer proporcionado pela bebida. Por outro lado, é sabido, a tomada abusiva de bebidas alcoólicas é responsável, em Portugal, pela maioria dos acidentes rodoviários, por grande parte da violência doméstica e por outros flagelos que atormentam a nossa sociedade. Enfim, como diziam os franceses de aqui há umas duas décadas atrás : «1 verre ça va; 3 verres... bonjour les dégâts !».
Um destes basta !
Um destes basta !
OURO ENGARRAFADO OU SNOBISMO ?
Este vinho é o mais caro de todos os néctares (na categoria dos vinhos de mesa) produzidos em Portugal. O 'Barca Velha' -um tinto da região duriense- vende-se, nos grandes restaurantes deste país, por preços que começam nos 500 euros (a garrafa) e que sobem, sobem, sobem por aí arriba. Não sou conhecedor de vinhos, mas sei apreciá-los e sou capaz de distinguir um néctar (daqueles que fariam as delícias de Baco) de uma pinga ordinária. Mas, mesmo que eu fosse rico, nunca teria a coragem de adquirir um vinho que custasse o equivalente a um mês de sacrifícios, a um mês de labor, a um mês de salário de um operário. E se querem que vos conte um segredo, direi ainda (baixinho, para que ninguém nos ouça), que acho tal compra escandalosa, quase pornográfica.
NAUFRÁGIO
Em finais do passado mês de Maio, uma maré excepcional (precedida por violento temporal) pôs a descoberto, na praia do Rostro -situada na Costa da Morte, Galiza- os despojos de um navio português, que ali encalhara no dia 23 de Dezembro de 1927. Esse navio de bandeira portuguesa era o «Silva Gouveia» (primeiro do nome), que pertencia à frota da Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, Lda, casa armadora fundada pelo empreendedor Alfredo da Silva. Aqui deixo uma imagem desses destroços, tal como a publicou a imprensa espanhola e um excelente perfil do navio perdido, da autoria do consagrado artista português Luís Filipe Silva; a quem eu peço, desde já, desculpa pela usurpação bem intencionada (e desinteressada) deste seu trabalho. Se quiser saber algo mais sobre este cargueiro luso e sobre 1 500 outras embarcações de todos os tipos e de todas as nacionalidades, fica convidado a visitar o meu outro blogue, ALERNAVIOS.
quinta-feira, 18 de junho de 2015
FRONTEIRA
Impressionante foto aérea da foz do rio Bidassoa, que separa a França de Espanha do lado do Atlântico. Em primeiro plano, pode ver-se o casario de Hondarribia, onde foi instalado a pista do aeroporto de San Sebastián. Que se vê no campo mediano da fotografia. Ao fundo podemos observar a cidade francesa de Hendaye, que eu conheço razoavelmente bem, por lá ter passado e pernoitado dezenas de vezes.. Repare-se também, sobre o rio, a ponte que serve de fronteira terrestre entre as duas nações e por onde transitaram, durante muitas décadas, milhões de emigrantes portugueses no seu ineterrupto vai e vem entre o país de acolhimento e a sua terra de origem. Hoje, a maioria desses compatriotas utiliza uma ponte de autoestrada, situada à montante, num lugar denominado La Béhobie. Onde o tráfego automóvel é mais fluído. (Amplie a imagem com um clique do rato).
CR7, NOME DE GALÁXIA
Há pouco mais de 20 anos, este menino pobre da ilha da Madeira não podia sequer imaginar que, um dia, ele seria o futebolista mais bem pago do planeta. Nem que a sua fama -universal- levaria um grupo de astro-físicos a dar um dos seus designativos -o de CR7- a uma galáxia recentemente descoberta Desfruta do momento Ronaldo ! Porque a vida é isso : apenas um instante...
AFINAL, O QUE É TERRORISMO ?
Segundo o jornal britânico «The Guardian» (um diário de referência, que se publica há quase 200 anos), os serviços médicos da CIA -uma das centrais de espionagem dos Estados Unidos- terão violado as suas próprias leis, ao colocarem elementos seus a assistir a sessões de tortura e a aconselhar os operacionais da casa «sobre a resistência física e psicológica das pessoas interrogadas». Lamentável !!! -Afinal, porque não se assimilam actos infames desta natureza -indignos da espécie humana- ao terrorismo mundial, que tão justificadamente se condena e se combate ? A notícia foi publicada anteontem no acima referido periódico inglês.
OS HOSPITALÁRIOS NO ALTO ALENTEJO
Os guerreiros aqui representados pertenceram às duas principais ordens militar-religiosas da época medieval : os Templários e os Hospitalários. Na península Ibérica, nos recuados tempos da Reconquista cristã, estes homens de armas integraram as milícias mais aguerridas na luta contra o ocupante árabe. Os reis de Portugal, por exemplo, recorreram muitas vezes à sua preciosa ajuda para conquistar castelos e territórios; e, em recompensa pelos serviços prestados, doaram-lhes vastas áreas do país, que eles se comprometiam a administrar e a defender dos ataques da moirama. Os cavaleiros Hospitalários de São João de Jerusalém (com um representante aqui, todo de negro vestido) chegaram à minha região por volta de 1194, no reinado de D. Sancho I. Monarca que lhes ofereceu as chamadas Terras de Guidintesta, exigindo-lhe que construíssem um castelo em Belver, para fortalecer a linha de defesa do Tejo. Isso feito, os Hospitalários por ali se mantiveram até 1356, ano em que a sua sede passou a funcionar no mosteiro fortificado de Flor da Rosa, perto da vila do Crato. Esse mosteiro (situado a 18 km da minha residência) foi fundado pelo grão-mestre D. Álvaro Gonçalves Pereira, pai do condestável dos exércitos de D. João I e grande vencedor de Aljubarrota. Os Hospitalários -instituição que foi criada, enquanto ordem militar, em 1099- chamam-se, hoje, Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta (vulgo Ordem de Malta) e continuam a manter uma relação privilegiada com a minha região.
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