segunda-feira, 23 de outubro de 2017
TRAGÉDIA ESPANHOLA
Esta sugestiva ilustração mostra-nos dois caças Polikarpov I-15 (de origem soviética e ostentando, aqui, as marcas da República Espanhola) perseguindo dois Junkers Ju-52 3m (de origem germânica e mostrando as insígnias da aviação dita nacionalista). Este combate mortal entre dois irreconciliáveis adversários, ocorreu -entre 1936 e 1939- no país vizinho. Essa luta sem quartel resultou na vitória dos rebeldes e na instauração de um regime autoritário e feroz, que durou até 1975, ano da morte de Francisco Franco Bahamonde, o general-ditador. A imagem revela, igualmente, o carácter internacional desse conflito mortífero e destruidor, que pôs a Espanha de pantanas. A intervenção dos já referidos Soviéticos e Alemães, mas também de Italianos, de Portugueses e de gente de muitas outras nacionalidades (sobretudo recrutada para as famosas Brigadas Internacionais) deu um ar de mundialização ao conflito e foi o prelúdio de uma guerra generalizada de ainda maior dimensão. Que, curiosamente (ou talvez não), começou na Europa, no próprio ano em que terminou a tragédia espanhola; na qual pereceram centenas de milhar de pessoas, militares e civis...
CINEMA NA 'LABUTES' DE OUTROS TEMPOS
Estes edifícios foram, durante muito tempo, as duas mais importante salas de cinema da cidade de Setúbal : o Casino Setubalense e o Grande Salão Recreio do Povo. Curiosamente, ficavam ambas situadas na Avenida Luída Todi, quase em frente uma da outra. Conheci esses cinemas (e frequentei-os) na segunda metade dos anos 50 do passado século, quando já se encontravam em preocupante estado de vetustez e proporcionavam à sua clientela um conforto duvidoso. Estavam especializadas, nesses já recuados tempos, na projecção de filmes de cariz popular, essencialmente fitas de aventuras e dramas com enredo ao alcance da compreensão do 'povão' (e, na minha boca, este termo não é pejorativo) que assiduamente as frequentava; e que era daqueles que manifestava ruidosamente os seus sentimentos em relação ao que via na pantalha. Apesar daqueles tempos serem difíceis, tenho muitas saudades deles. Pudera ! Eram tempos de juventude e despreocupação, para mim; que, com 13/14 anos de idade, ainda era incapaz de vislumbrar efeitos da política ditatorial nos rostos da gente que, comigo, partilhava a plateia (ou até a geral) dos ditos cinemas setubalenses. E que as aventuras esplanadas nos seus ecrãs, eram um derivativo para poderem esquecer as dificuldades da vida; que, bastas vezes, expressavam situações de pobreza franciscana. Não sei se as referidas casas de espectáculo ainda funcionam (acho que não), mas recordarei, para sempre, as horas de puro prazer que elas me proporcionaram...
domingo, 22 de outubro de 2017
O TARRO
Este recipiente, inteiramente fabricado com cortiça pelos camponeses do Alentejo, é o tarro; cujas características térmicas são excelentes e que foram comprovadas por séculos de uso. Infelizmente, estes objectos -nos quais se conservavam alimentos secos e molhados, já não têm utilização prática, pois foram substituídos por modernices coloridas, em plástico. Mas, também, porque já não fazem falta no campo. Onde acabou o trabalho escravo, de sol a sol, e as ceifas já não são o que foram. Agora, os tarros são vendidos nas feiras de artesanato, como meras recordações de outros tempos, de outras vidas...
PUBLICIDADE DE OUTROS TEMPOS (6)
Eis aqui alguns cartazes publicitários promovendo serviços, artigos e/ou produtos nacionais. Algumas das marcas aqui referidas sobreviveram ao tempo e à concorrência estrangeira. Mas este 'post' apenas se preocupa com o lado artístico (ou curioso) de cada um desses 'reclames' (como então eram chamados) e com o facto dos mesmo poderem despertar recordações, quiçá adormecidas, na memória de algumas pessoas que por aqui vão passando... Nada mais do que isso.
PARIS DE FRANÇA
Este é o brasão de armas da cidade de Paris, capital da República Francesa. Que resumiremos assim, em linguagem não erudita, pois dessa percebem os heraldistas : o escudo apresenta as cores tradicionais da cidade -azul e vermelha- sendo que a primeira está semeada de flores de lis (ouro). Na parte inferior do dito está representada uma nave de prata, vogando sobre águas agitadas de mesma cor. Exterior do escudo : coroa mural (ouro) de cinco torres. Ramos (frutados) de carvalho e de louro. Em baixo, listel com a frase latina «Fluctuat Nec Mergitur», que se pode traduzir por 'sacudida (pelas ondas) mas não afunda', numa referência à nave, que aqui representa a cidade. Sob o listel figuram três condecoração concedidas à cidade : a Ordem da Libertação, a Legião de Honra e a Cruz de Guerra (1914-1918) com palma. Referimos, ainda, que as cores azul e vermelha são as de Paris desde a Idade Média. As flores de lis, símbolo da realeza, são apanágio de todas as 'boas cidades de França'; foram abolidas durante as épocas napoleónica e revolucionária e regressaram mais tarde aos brasões de grandes cidades. A nave e a divisa também são de origem antiquíssima e foram introduzidas no brasão há séculos; pertenceram, primitivamente, à importante corporação dos barqueiros do Sena, que teve, outrora, grande importância na vida económica e social de Paris.
HISTORIETA VERÍDICA
Em Portugal, a chamada dinastia Filipina foi constituída por três soberanos espanhóis, todos eles de nome Filipe. Que por cá reinaram de 1580 até 1640, ano da restauração da nossa independência e da ascensão ao trono de Portugal de D. João IV. Foram eles Filipe II (filho de Carlos V e de Isabel de Portugal) e os seus descendentes directos e sucessores Filipe III e Filipe IV. Figuras que, na nossa História, ficaram registadas, como é sabido, com os nomes de Filipe I, Filipe II e Filipe III. O que, talvez, muita gente não saiba é que o último dos Filipe que cingiu a coroa portuguesa (Filipe IV, ou III, como se preferir) era um homem algo vaidoso, que, em vida, escolheu ele próprio o cognome de «o Grande». Ora com a perda do trono de Portugal e do território nacional, o soberano ressentiu-se. Mas um dos seus cortesãos, o 7º duque de Medinaceli, don Luis Antonio de la Cerda y Dávila (1607-1671) teve esta extraordinária e bajuladora saída : «Passa-se com Sua Majestade o que se passa com os buracos, quanto mais terra perdem 'más grandes' são». Notas : a História de Espanha também chama ao derradeiro dos 'nossos' Filipes «o Rei Planeta». O retrato aqui anexado de Filipe IV/III é da autoria de Velásquez (que, curiosamente, era de ascendência portuguesa) e pertence às colecções da National Gallery, de Londres.
sábado, 21 de outubro de 2017
FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (68)
Esta fotografia foi tirada em Junho de 1909 na costa noroeste da ilha das Flores, nos Açores; logo após o naufrágio do paquete britânico «Slavonia» (ocorrido no dia 10 desse mesmo mês e ano), que ostentava as cores da prestigiosa companhia Cunard Line. O navio em questão partira de Nova Iorque com destino a Trieste (porto do Adriático), transportando, a bordo, uma tripulação de 225 membros e 597 passageiros. A sua rota normal passava 160 km a norte da ilha do Corvo, mas foi modificada quando os passageiros de 1ª classe solicitaram insistentemente ao capitão do navio para que lhes fosse permitido avistar, de perto, algumas ilhas do arquipélago português. Tendo acedido a esse pedido, o capitão do «Slavonia» dirigiu-se para a ilha das Flores. Onde, devido à fraca visibilidade, provocada por espesso nevoeiro, o navio foi violentamente encalhar nos rochedos de Baixa Rasa. Os socorros foram solicitados rapidamente (parece que foi do «Slavonia» em perdição que foram emitidos os primeiros sinais SOS da História da Navegação) e permitiram a célere chegada ao lugar do desastre dos navios germânicos «Prinzess Irene» e «Batavia», assim como várias embarcações de pesca açorianas, que acabaram por resgatar, sã e salva, toda a gente. Quanto ao «Slavonia» (que foi o maior de todos os navios perdidos naquelas paragens) desapareceu completamente da paisagem, depois da acção dos homens e das forças naturais. Mas foi, apenas, mais um entre o milhar de navios que, ao que se diz, por ali -pelos Açores- naufragaram desde o século XVI.
(Se quiser informação mais detalhada sobre o «Slavonia» e o seu naufrágio, consulte o meu outro blogue ALERNAVIOS).
(Se quiser informação mais detalhada sobre o «Slavonia» e o seu naufrágio, consulte o meu outro blogue ALERNAVIOS).
FALECEU DANIELLE DARRIEUX
Faleceu em 18 de Outubro (há 3 dias) a actriz (e cançonetista) francesa Danielle Darrieux. Tinha 100 anos de idade e, segundo o seu companheiro, «ainda estava agarrada à vida»; apesar de já não andar e de ter cegado. Participou em 110 filmes, alguns dos quais se tornaram clássicos do cinema gaulês e europeu. Adieu Danielle...
OS PORTUGUESES NOS CONFINS DO MUNDO
A ilha Gough -que faz parte do arquipélago de Tristão da Cunha e que é, por consequência, território ultramarino do Reino Unido- recebeu esse seu nome de um capitão homónimo da marinha real britânica, que ali aportou no ano de 1732. Mas antes disso, era mencionada nos mapas com a designação de ilha de Gonçalo Álvares, que foi o primeiro navegador que a avistou, no ano de 1505. Álvares era um experimentado marinheiro (piloto ou capitão) de D. Manuel I, que, aquando do achamento daquela terra (situada nos confins do Atlântico sul, entre a África austral e as costas da América meridional), seguia para o Oriente, integrado na esquadra que levava para a Índia o seu primeiro vice-rei : D. Francisco de Almeida. Voluntariamente, ou por se ter desgarrado do resto da frota, Gonçalo Álvares rumou ao sul, até àquele desolado lugar «onde a água e até o vinho gelavam», como relatou. Para além deste episódio da sua carreira de marinheiro, pouco se conhece da sua vida, inclusivamente a sua data de nascimento e o nome da sua terra natal. Sabe-se, no entanto, que já estivera na grande aventuras das Descobertas, pois acompanhara Diogo Cão na sua segunda viagem às costas de África e que seguira Vasco da Gama até à Índia (na nau «São Gabriel»), na famosa viagem de 1498. Também não se ignora, que foi nomeado por el-rei, Piloto e Patrão-Mor da Índia, alto cargo administrativo, que lhe conferia a responsabilidade de coordenar todas as viagens com destino ao Oriente. Gonçalo Álvares terá falecido em 1521, tendo o seu cargo sido preenchido por outro notável navegador do tempo : João de Lisboa.
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
CINE-NOSTALGIA (81)
«SEMENTES DE VIOLÊNCIA» («Blackboard Jungle») foi realizado por Richard Brooks e estreou em 1955. Foi um retumbante sucesso de bilheteira, nomeadamente no nosso país, onde foi classificado para maiores de 18 anos. De modo que eu só pude ver este filme, pela primeira vez, num canal da TV francesa, em meados da década de 60. É verdade que, naquele tempo, esta fita, estava marcada por uma grande violência e que, apesar do seu desfecho moral, isso podia constituir um mau exemplo para os espectadores mais jovens. Enfim, foi o que ao tempo se pensou, se disse e se escreveu. Hoje, numa época em que o cinema -mesmo o que é feito para crianças- está eivado de cenas brutais, essa sua característica já não surpreenderia ninguém. Eu até revi o filme há relativamente pouco tempo e acho que os ditos episódios de violência envelheceram bastante e que só reflectem uma realidade temporalmente distante e, francamente, quase anódina. A sua realização, em meados do século passado foi, no entanto, reconheço-o, um acto de coragem e um ponto negativo (o da delinquência juvenil) na imagem de uma sociedade ianque idealizada. Outra nota importante a favor desta película, traduz-se no facto de «SEMENTES DE VIOLÊNCIA» ter sido pioneira na introdução da música rock no cinema e de ter imortalizado a trepidante canção «Rock Around the Clock», do inesquecível Bill Haley. Sinopse : Richard Dadier, recentemente desmobilizado das forças armadas, casado de fresco, encontra um emprego de professor de inglês na escola técnica de um bairro problemático da cidade. E rapidamente se apercebe da desordem e da violência que por lá reinam, causadas por um grupo de alunos insolentes em que ninguém tem mão. Diante do dilema confronto ou demissão, o jovem educador escolhe a via mais espinhosa; aquela que lhe vai valer agressões, difamações, chantagem e mesmo a incompreensão dos seus próprios colegas. Até o momento em que a sua persistência, coragem e lealdade ganham a admiração do resto da turma, que com ele acaba por colaborar na neutralização dos indesejáveis adolescentes. Como já disse, acho que esta fita de Brooks -que ostenta a chancela da M.G.M., foi filmada a preto e branco e tem 101 minutos de duração- envelheceu. Mas que merece ser vista ou revisitada, lá isso merece. Com Glenn Ford, Anne Francis, Louis Calhern, Margaret Hayes, Vic Morrow e com um Sidney Poitier muito jovem e em início de carreira.
UM ARTISTA GALEGO
Carlos Núñez -insigne músico viguês- é uma supervedeta em toda a terra galega e no universo celta. É considerado um dos responsáveis pelo ressurgimento e valorização da música tradicional de riba-Minho, que ele próprio executa, tocando -com reconhecida maestria- gaita de foles (na sua versão galega) e pífaro tradicional. Infelizmente, por cá é desconhecido; salvo de alguns portugueses (muito poucos) da zona fronteiriça, que teimam partilhar a mesma cultura... Parece que as ditaduras de Franco e de Salazar -que devido às suas afinidades anti-democráticas e à sua propensão para lixar os povos ibéricos- em vez de terem cerrado fileiras e aproximado as populações da velha Hispânia, afinal, ainda separaram mais esses seculares vizinhos. Inclusivamente os Portugueses das gentes da Galiza, com as quais nós partilhamos tanta coisa boa. Como a língua, por exemplo, que tem um tronco comum. Que pena ! Mas, isto dito (com bastante mágoa), saiba-se que não é tarde para descobrir este artista, através das suas músicas, ouvindo algumas delas no Youtube ou, melhor ainda, adquirindo os álbuns (em CD's) que ele já editou. Curiosamente, um deles -intitulado «Alborada do Brasil»- aproxima-o, mais do que qualquer outro, do mundo lusófono. Não esqueça de travar conhecimento com este singular músico, natural de uma terra-irmã, situada logo ali, do outro lado do rio.
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
TESOUROS DA ARTE RENASCENTISTA
De provável origem flamenga (há quem o diga nascido em Bruxelas), Jean Clouet (1480-1541) -pintor e miniaturista- trabalhou, sobretudo, em França, nomeadamente na corte de Francisco I; de quem pintou vários retratos. Sendo aquele que aqui nos interessa o mais famoso de todos eles. Encomendado pelo próprio rei (e hoje conservado no Museu do Louvre), este retrato é considerado uma das obras-primas da arte renascentista. É de modestas dimensões (96 cm por 74 cm) e foi pintado sobre madeira. Mostra-nos uma figura majestática, vestida com a magnificência própria do soberano de uma grande nação da Europa. Dizem os entendidos, que essa aura de grande senhor deveria servir para restabelecer o prestígio de um rei que acumulara, no decorrer de anos precedentes, alguns históricos insucessos; pois assistiu, despeitado, à investidura imperial do seu rival Carlos V; que o havia derrotado na batalha de Pavia, aprisionado e humilhado, impondo-lhe um vexatório cativeiro. E servir também para, de regresso ao seu país, assentar a sua autoridade e reaver prestígio junto dos seus próprios súbditos. O retrato pintado por Clouet pode, pois e nessas condições, considerar-se uma imagem política. Francisco I é representado nesta obra (executada por volta de 1530) diante de um luxuoso pano -onde aparecem os seus reais atributos- ostentando vestes bordadas a ouro e o rico colar da nobilíssima Ordem de São Miguel, da qual o soberano era grão-mestre. Na cabeça usa uma touca enfeitada com uma pluma branca de avestruz. Diz-se que esta obra tem alguns pontos comuns com uma outra tela pintada, anos antes, por Clouet e representando Carlos VII. Mas a comparação só me parece respeitar a postura. Já que, nesse seu anterior trabalho, o pintor vestiu-lhe roupagens de uma grande sobriedade, que contrastam de maneira flagrante com esta representação de Francisco I. Que é de uma sumptuosidade incomparável.
A ESSÊNCIA DOS NOSSOS POETAS
BILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim !
Se me queres,enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
** Mário Quintana (1906-1994), poeta, jornalista e tradutor brasileiro, natural de Alegrete, Rio Grande do Sul. A sua obra poética, marcada pelo quotidiano (e pela ironia), valeu-lhe o epíteto de 'O Poeta das Coisas Simples'. O seu primeiro livro de poemas intitulou-se «A Rua dos Cataventos» e foi seguido de muitos outros **
As estátuas de bronze que ilustram este 'post' são da autoria de Francisco Stockinger e foram colocadas na Praça da Alfândega, em Porto Alegre. Representam os poetas Mário Quintana (sentado) e Drummond de Andrade (de pé).
SEDE DOS TEUS OLHOS
A GUERRA DO FOGO (QUE ESTAMOS A PERDER)
Segundo notícias vindas a lume (passe o termo) e divulgadas pela imprensa do dia, 540 000 hectares da floresta portuguesa (ocupando 5,5% do território nacional) foram, este ano, devorados pelos incêndios. E só este mês já terá ardido mais mata do que em qualquer ano da última década. Estes números são aterradores e só podem confirmar o que muita gente sabe : o nosso país está a ser alvo da acção terrorista de gente que ganha milhões com esta tragédia. Cujos prejuízos materiais já ascendem (na opinião de quem fez as contas) a mais de 1 000 milhões de euros só este ano. -E as vidas perdidas, terão um preço ? -E, em caso afirmativo, quanto terão custado ? Portugal está em guerra com um inimigo que existe, realmente, só que é tão pernicioso que não mostra o rosto, nem diz o seu nome. Tudo isto é perturbador e há que investigar quem tem beneficiado pecuniariamente com a desgraça dos portugueses. Também é necessário e urgente reorganizar o dispositivo de combate às chamas com gente e instituições insuspeitas, que não tiram o mínimo benefício da sua acção. Em Espanha, aqui ao lado, já está identificado um 'cartel dos incêndios' com alegadas ligações ao nosso país. Ali investiga-se, quer-se entender o que se está a passar. E por cá ? Espero, esperamos todos, que desta vez tenhamos aprendido a lição e façamos o necessário para que, em anos futuros, os dramas ligados aos fogos florestais sejam minimizados. Mas isso, é uma questão política, que pertence aos governos resolver. E não vale a pena andarem os partidos a atirar pedradas uns aos outros, porque, nesta matéria (como noutras, aliás) todos eles têm culpas no cartório. Porque têm posto os seus mesquinhos interesses e os de certas cliques que os apoiam à frente do que é verdadeiramente importante para Portugal e para os Portugueses.
'CHAMPIONS' : DESASTRE COMPLETO
Nenhuma das equipas portuguesas de futebol profissional logrou vencer o seu adversário na última jornada da 'Champions', a mais prestigiosa competição interclubes da UEFA. E algumas delas (o Benfica, por exemplo) até já estão, praticamente arredadas de um torneio que dá milhões, que proporciona visibilidade aos jogadores e que (e isso é o mais importante) confere prestígio. Enfim, são tempos de vacas magras... Que, num futuro próximo, até se podem agravar.
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
RECOMEÇARAM AS COMPETIÇÕES DA UEFA
Competições da UEFA : ontem, o F. C. Porto sofreu uma derrota na Alemanha, frente à formação do R. B. Leipzig (3-2), a equipa-sensação da Bundesliga. O 'match' foi bastante equilibrado e os tripeiros não têm que envergonhar-se da sua actuação; que foi boa e que nos ofereceu largos momentos de bom futebol. Hoje jogam o Benfica (na Luz, contra o Manchester United) e o Sporting (em campo alheio, contra a Juventus) e, a meu ver, as oportunidades de vitória para estas equipas portuguesas (que, actualmente, estão num patamar qualitativo inferior ao dos 'dragões') ainda me parecem mais remotas. A ver vamos...
-TURISMO OU INTROMISSÃO ?
O agora chamado turismo de aventura está na moda, tem cada vez mais adeptos. Há, pois, mais agências a especializar-se nesse ramo específico e, cada dia, mais gente a visitar territórios nunca antes devassados pela indústria do lazer e pela sua numerosa e endinheirada clientela. Ir, hoje, passar a lua-de-mel numa palhota da recôndita terra dos pigmeus, pernoitar num mosteiro de lamas budistas do Tibete ou do Nepal, passar um fim-de-semana num ignoto recanto da floresta amazónica ou pisar (por 10 minutos que seja) os gelos polares e avistar os ursos brancos do Árctico tornou-se chique. E relatar a aventura -aos amigos de Nova Iorque e de Paris, num apartamento climatizado e diante de umas taças de champanhe- deve dar (perdoai o vernáculo) uma 'pica do caraças'. Confesso que eu, às vezes, também me dão essas ganas de ir ver coisas e de viver sensações que são muito pouco próprias do comum dos mortais. Mas, depois, ajuízo que esses hábitos não serão os mais recomendados num mundo que rapidamente se desagrega; porque não foi preparado para esse contacto, do qual a Natureza tem sempre qualquer coisa a perder. E digo, a mim mesmo : «deixa lá os esquimós (agora é mais fino chamar-lhes inuits), as mulheres-girafa do Triângulo de Ouro e os zulus tranquilos, porque eles já foram suficientemente desnaturados pelo contacto com o homem branco; ao ponto de terem perdido grande parte da sua identidade e do seu modo de vida original. Deixa lá a Grande Barreira de Coral, a Antárctida e as florestas da Nova Guiné no seu sítio, porque, por nossa exclusiva culpa, as ditas estão a viver os derradeiros dias do seu esplendor». E é por causa desses auto-conselhos (e também, reconheço, por falta de dinheiro para investir no turismo exótico) que eu me vou conformando e me deixando ficar por cá, pela parvalheira.
Na foto anexada a este texto, pode ver-se um helicóptero e um quebra-gelos russos. Que foram colocados ao serviço de um grupo de 'aventureiros' do turismo de luxo.
Na foto anexada a este texto, pode ver-se um helicóptero e um quebra-gelos russos. Que foram colocados ao serviço de um grupo de 'aventureiros' do turismo de luxo.
AÇORES, GENUÍNA TERRA PORTUGUESA
Na imagem de topo : recordações licorosas de São Miguel. Que combinam o artesanato com os sabores das 'Ilhas de Bruma'. Tenho saudades dos Açores; que eu gostaria de conhecer mais para além das ilhas do grupo oriental... Essas terras dispersas pelo vasto oceano Atlântico são, na verdade, originais e maravilhosos pedaços de Portugal, que todos os continentais (e compatriotas espalhados pelo mundo) deveriam esforçar-se por conhecer. Para melhor poderem amar a pátria portuguesa no seu todo.
FOTOGRAFIAS COM HISTÓRIA (67)
Estas mortíferas bombas vão ser carregadas no quadrimotor Boeing B-29 'Superfortress'(*), que se vê em segundo plano. Avião que, mais tarde, as lançará sobre alvos estratégicos (bases militares, centros industriais, vias de comunicação, etc) do chamado Império do Sol Nascente. A fotografia anexada foi tirada -em Novembro de 1944- num dos aeródromos construídos na ilha de Saipan, após a sua conquista pelos 'marines' em meados de Julho desse mesmo ano. Saipan é uma ilha do arquipélago das Marianas (no Pacífico) que recebeu a primeira visita dos europeus (dos espanhóis) no século XVI. Depois de ter sido uma colónia da Alemanha, perdeu esse estatuto em 1914, passando, nesse ano (por decisão da Liga das Nações), a ficar sob a alçada do Japão; que aproveitou a ocasião para a fortificar e guarnecê-la com 30 000 homens do seu exército. Conquistada pelos norte-americanos, no decorrer de combates sangrentos, esta longínqua ilha serviu de trampolim (nos derradeiros 12 meses da Segunda Guerra Mundial) para os ataques aéreos contra os nipónicos. É, desde então, administrada pelos Estados Unidos da América.
(*) O B-29 foi o mais portentoso avião usado durante o segundo conflito generalizado. Era rápido, tinha um longo raio de acção e podia carregar uma tonelagem de bombas verdadeiramente impressionante. Foi o vector das bombas atómicas que destruíram Hiroxima e Nagasáqui. Alguns dos exemplares que sobreviveram à guerra, foram transformados em aviões comerciais de grande capacidade; e acabaram, desse modo, por também constituir uma etapa importante na evolução da aviação comercial.
(*) O B-29 foi o mais portentoso avião usado durante o segundo conflito generalizado. Era rápido, tinha um longo raio de acção e podia carregar uma tonelagem de bombas verdadeiramente impressionante. Foi o vector das bombas atómicas que destruíram Hiroxima e Nagasáqui. Alguns dos exemplares que sobreviveram à guerra, foram transformados em aviões comerciais de grande capacidade; e acabaram, desse modo, por também constituir uma etapa importante na evolução da aviação comercial.
AS ADUFEIRAS
OURO VERMELHO
A especiaria mais cara do mundo é o açafrão legítimo, proveniente de uma planta ('Crocus sativus') da família das iridáceas, que é cultivada há mais de 3 000 anos. Oriunda, ao que parece, do Mediterrâneo oriental e de regiões vizinhas do hoje chamado Próximo Oriente, a dita, foi introduzida na Península Ibérica, pelos conquistadores árabes, no século IX. Aclimatou-se tão bem por cá, que Espanha é, nos nossos dias, um dos maiores produtores conhecidos; embora ainda se classifique muito longe do Irão, que detém 90% da produção e comercialização mundiais. A antiga Pérsia exporta, aliás, muito açafrão para o país vizinho, onde este produto chega a custar 5 000 euros o kg. Mas, devido à sua preciosidade, o açafrão é vendido aos gramas e negoceia-se, assim, à razão de 9 ou 10 euros. Prática que duplica o seu preço. Outros produtores de açafrão são (para além dos já referidos países) Marrocos, a Turquia e a Índia. O açafrão (especiaria) é unicamente constituído pelos pistilos da flor do crocus, delicadamente colhidos à mão. É necessário processar cerca de 150 000 flores para obter um quilograma de produto. Daí a sua raridade e o seu preço. É utilizado (para dar gosto e cor) em culinária, nomeadamente em receitas de arroz, como a paella, o prato emblemático da da Espanha mediterrânica. Devido ao seu preço elevado, é muitas vezes substituído na cozinha pela curcuma, uma especiaria oriental muito mais barata. O açafrão também é usado (desde há séculos) em tinturaria e para fins medicinais.
SAUDOSO CREIRO
O Creiro, próxima do Portinho da Arrábida, é uma das mais belas praias da península de Setúbal. Uma maravilha da Natureza debruçada sobre as águas, invariavelmente límpidas e calmas, daquele trecho da nossa costa atlântica. Lembro-me de por ali haver -na montanha que protege o areal- uma nascente de água, um fiozinho de água, que matava a sede aos campistas que, já lá vão 60 longos anos, por ali instalavam as suas tendas (sem requerer qualquer espécie de autorização), e aos veraneantes de domingo. Gente que ainda respeitava o lugar e que caprichava em mantê-lo limpo; tal como o havia encontrado ao chegar. Isto acontecia, obviamente, antes da avassaladora invasão turística, antes da pretensa civilização do «consome e deita fora»...
terça-feira, 17 de outubro de 2017
UM ILUSTRE DESCONHECIDO : HENRY BRANDON
Este actor nunca chegou a atingir o estrelato. Na Hollywood dos anos 50 e 60 do passado século, onde trabalhou, limitou-se a interpretar papéis secundários, onde costeou as grandes 'stars' do momento; como John Wayne, Gary Cooper, Burt Lancaster, James Stewart ou Richard Widmark. Recordo-me de alguns dos seus filmes como, por exemplo, «A Desaparecida», de John Ford (1956), onde ele encarnou a figura de Scar, um chefe de guerra Comanche; como «Terra Bruta», também realizado pelo mestre do cinema western, onde ele interpretou o papel de um outro guerreiro Comanche denominado Quanah Parker; e lembro-me, finalmente, de «Vera Cruz», fita de Robert Aldrich (1961), onde o actor em questão dava corpo e voz a um oficial europeu (o capitão Danette) destacado na corte imperial de Maximiliano. Este actor, de origem alemã (nasceu em Berlim em 1912), usava o pseudónimo de Henry Brandon, mas o seu verdadeiro nome era Heinrich von Kleinbech. Faleceu em 1990 e foi um daqueles obscuros 'faire-valoir' das estrelas; que, sem o seu trabalho e o dos seus pares, nunca poderiam elevar-se no firmamento da chamada Meca do Cinema.
Acima : o autor no papel de Quanah Parker (figura histórica) em «Terra Bruta».
Aqui : Henry Brandon, à esquerda, ao lado de Gary Cooper. (in «Vera Cruz»).
A fotografia de topo pertence à obra-prima de Ford (e do cinema western) «A Desaparecida».
Acima : o autor no papel de Quanah Parker (figura histórica) em «Terra Bruta».
Aqui : Henry Brandon, à esquerda, ao lado de Gary Cooper. (in «Vera Cruz»).
A fotografia de topo pertence à obra-prima de Ford (e do cinema western) «A Desaparecida».
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