TRISTES FALCÕES

Pouco depois de Barrack Obama ter chegado ao poder nos Estados Unidos da América, foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz. Coisa que muito pouca gente percebeu... Hoje, o primeiro presidente negro da nação mais poderosa do planeta está a 'fazer jus' a esse galardão, dizendo, num dos seus últimos discursos, que está decidido a desencadear uma guerra contra a Síria. Isso, à revelia do Congresso dos EUA e das decisões da ONU e da comunidade internacional. E também, segundo uma sondagem de opinião recente, à revelia do que realmente deseja 91% do povo americano; que já manifesta nas ruas. Que desilusão para todos aqueles que (como eu) se regozijaram com a eleição de um presidente afro-americano, que, iria (pensavam os seus apoiantes) resolver alguns dos problemas do mundo. Como, por exemplo, a questão palestiniana, as relações dos EUA com Cuba, o caso dos prisioneiros de Guantánamo, o direito à segurança social para todos no seu próprio país, etc, etc. Como nos enganámos ! O homem já fala como o seu predecessor -George W. Bush- que toda a gente considera, justificadamente, o pior presidente de toda a História dos 'states'. Que grande decepção ! Outra verdadeira desilusão é ver François Hollande (presidente da República Francesa) e Laurent Fabius, seu ministro dos Negócios Estrangeiros (homem que eu conheci pessoalmente, por ele ter sido 'maire' de Grand Quevilly, a pequena cidade normanda onde vivi muitos anos), aparecerem na TV alinhando-se com os falcões do outro lado do Atlântico e botando discursos bélicos inflamados a favor da intervenção militar na Síria. Como se em França também não houvesse problemas mais urgentes e importantes a resolver. Irra, que é demais ! Mas, neste imbróglio, será justo realçar a atitude sábia dos parlamentares britânicos que, surpreendentemente, mandaram David Cameron dar uma volta e ocupar-se dos assuntos que verdadeiramente lhe dizem respeito : governar o Reino Unido e deixar-se de aventuras.