segunda-feira, 27 de junho de 2016

CINÉ-SAUDOSISMO (48)



A nossa memória cinematográfica não é só feita de filmes grandiosos ou premiados e louvados pela crítica. Nela também cabem filmezinhos de fraco orçamento, simples, sem 'stars' e que passaram literalmente ao lado dos projectores da fama. E, no que me diz respeito, acho que alguns deles merecem que os lembremos como um momento fugaz e feliz das nossas vidas. Aqui há dias, topei com este cartaz belga de uma fita que, por cá, foi intitulada «ROMANCE DE UM JOGADOR» («The Gambler from Natchez») e lembrei-me de o incluir na lista de 'Cine-Saudosismo'. Realizado por Henry Levin e estreado em 1954, esta fita colorida, produzida pela companhia 20th. Century Fox, era um misto de western e de aventuras de espadachins, cuja acção decorria na primeira metade do século XIX no sul dos Estados Unidos e a bordo de um 'riverboat' do Mississippi; um desses casinos flutuantes onde (segundo diz a tradição) se apostava forte no jogo do póquer, perdendo-se e/ou ganhando-se fortunas num ápice. No cartaz desta película figuram os nomes de Dale Robertson (um bom actor, mas que nunca logrou alcançar o estatuto de vedeta), Debra Paget (que chegou a ser uma das mais belas e cobiçadas mulheres da Meca do Cinema, mas que aqui ainda tentava afirmar-se) e mais dois ou três comediantes de talento, mas que raramente mereceram o interesse da imprensa especializada de Hollywood. Nomeio, excepcionalmente, o actor afro-americano Woody Strode, que, em 1960, foi a figura nuclear de «O Sargento Negro», um dos melhores filmes de mestre John Ford. A história contada é a de um oficial da cavalaria dos Estados Unidos, que, depois de ter passado uns anos no Texas ao serviço do exército, regressa a Nova Orleães, de onde é originário. No caminho conhece um capitão de navios e sua filha, que o informam sobre o assassínio de seu pai -um respeitado jogador profissional- e lhe asseguram guarida e protecção quando ele inicia uma guerra pessoal contra os criminosos. Exuberante, romântico, movimentado (como se exige deste género de filmes), «ROMANCE DE UM JOGADOR» encantou a minha juventude; que ansiava por momentos exóticos como este, capazes de desfazer (nem que fosse por apenas umas horas) o cinzentismo de um Portugal sem encanto e, naquele tempo (anos 50 do século passado), sem grandes esperanças de mudança... Consegui adquirir uma boa cópia deste filme em Espanha; país onde a fita (editada em DVD, sem legendagem em língua portuguesa) se intitula «El Jugador de Natchez».

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