«MONTE WALSH, UM HOMEM DIFÍCIL DE MORRER»
FICHA TÉCNICA
Título original : «Monte Walsh»
Origem : E . U. A.
Género : Western
Realização : William A. Fraker
Ano de estreia : 1970
Guião : L. Heller e D. Z. Goodman
Fotografia (c) : David M. Walsh
Música : John Barry
Montagem : R. Brockway, R. L. Wolfe, R. Daniels e G. Fowler Jr.
Produção : Hal Landers e Bobby Roberts
Distribuição : CCF-NG
Duração : 108 minutos
FICHA ARTÍSTICA
Lee Marvin …………………………………………….. Monte Walsh
Jeanne Moreau …………………………………….. Martine Bernard
Jack Palance ………………………………………….. Chet Rollins
Mitch Ryan …………………………………………….. Shorty Austin
Jim Davis ………………………………………………… Cal Brennan
Bear Hudkins …………………………………..…….. Sonny Jacobs
Raymond Guth …………………………………….…. Sunfish Perkins
John McKee ……………………………………….….. Peter Williams
Michael Conrad …………………………….……….. Dally Johnson
Bo Hopkins …………………………………………….. ‘Jumpin’ Joe Joslin
SINOPSE
Está-se no dealbar do século XX, numa das regiões de vocação ganadeira do oeste dos Estados Unidos. Três cowboys –Monte Walsh, Chet Rollins e Shorty Austin- chegam à pacata povoação de Harmony, para aí se aperceberem da ruína dos ranchos locais e da acaparação dos respectivos patrimónios pelos financeiros de Nova Iorque.
As ameaças de desemprego compelem Chet a trocar o ‘lasso’, apanágio da sua rude e aventurosa profissão, pelos laços do matrimónio e a desposar uma abastada viúva com comércio de ferragens em Harmony. Shorty, que se encontra implicado no incidente que causara a morte violenta de um representante da autoridade, vai, no que lhe diz respeito, comprometer-se irremediavelmente com um grupo de outros vaqueiros desempregados, que, para sobreviver, se dedica ao roubo de gado e a outras ilegais manigâncias. Dos três cowboys, só Monte Walsh se obstina, apesar da sua idade e da crise, em continuar ligado a uma actividade profissional que se adivinha condenada a desaparecer com a chegada do novo século e das suas práticas de racionalismo económico.
Nos seus muitos momentos de lazer, Monte Walsh, o velho cowboy, mata o tempo com a bebida e na companhia de Martine, uma francesa que vive (mal) dos seus ‘charmes’ em Harmony e que, tem planos para se fixar numa outra localidade da região, onde a passagem do caminho-de-ferro e o subsequente tráfego de passageiros lhe assegurarão (pensa ela) melhores proventos.
O tempo passa e a vida do cowboy e do homem que é Monte Walsh complica-se. Está ele a cogitar planos de vingança contra Shorty Austin, o antigo companheiro de trabaho –que, no decorrer de um assalto à mão armada, assassinara o seu íntimo amigo Chet Rollins- quando recebe a inesperada e dolorosa notícia da morte de Martine, a quem, dias antes, ele havia prometido casamento e havia iludido (e se iludira) com esperanças de uma vida melhor…
O MEU COMENTÁRIO
Os exteriores de «Monte Walsh, Um Homem Difícil de Morrer» foram filmados na região de Tucson (Arizona) por William A. Fraker, um professional de cinema que já se havia distinguido como técnico de imagem nos 'plateaux' de rodagem de êxitos como «A Semente do Diabo» (de Polonsky), «Bullit» (de Yates) ou «Os Maridos de Elisabeth» (de Logan) e que, nesse domínio, granjearia novos sucessos (já depois da realização deste western) com «Voando Sobre Um Ninho de Cucos» e com «Encontros Imediatos do Terceiro Grau», fitas dirigidas, respectivamente, por Milos Forman e por Steven Spielberg.
Diante do desinteresse manifestado pelo público norte-americano por este western crepuscular que é «Monte Walsh, Um Homem Difícil de Morrer», Fraker declarou-se decepcionado, mas atribuíu a ele próprio as responsabilidades do fiasco comercial da fita, afirmando : «O filme é demasiado lento. Nesta minha estreia como realizador, reconheço que me preocupei demasiado com a autenticidade e com a sinceridade das personagens. Se me fosse possível recomeçar o filme, creio que teria sido mais espectacular, sem, no entanto, abdicar do necessário realismo».
Certa crítica cinematográfica dos E.U.A., convencida, porém, do valor e da veracidade desta primeira película dirigida por William A. Fraker, louvou a obra e saudou, como se deve, «a prometedora estreia de um novo realizador». Quanto aos europeus -amadores do género e já excedidos pelas momices e pela violência gratuita do 'western spaghetti'- reservaram à película em causa um melhor e mais franco acolhimento. «Monte Walsh, Um Homem Difícil de Morrer» beneficiou de algum êxito de projecção (mormento em Portugal) por ocasião da sua estreia. Os críticos da Europa também foram mais longe do que os seus colegas ianques na apreciação do filme e incensaram uma obra que, segundo um deles, «é uma pungente crónica da decadência dos cowboys (...) e o canto do cisne do velho Oeste».
Note-se que a firma Publivídeo lançou no nosso país (há uns bons pares de anos) a cassete VHS com a reprodução videográfica deste excelente trabalho de Fraker, que tirou grande proveito do desempenho, particularmente relevante, de actores como os já consagrados Lee Marvin e Jeanne Moreau.
Para mim, esta película é um dos grandes westerns dos anos 70 do século XX; mas não só ! Lamentável é o facto de ainda não existir, fora do mercado das línguas inglesa e castelhana, um DVD com cópia desta fita sensível e autêntica, inspirada num grande romance de Jack Schaefer; romance que -nos anos 80 do passado século- foi publicado em Portugal pelas edições Europa-América.
(M.M.S.)
DVD com cópia de «Monte Walsh, Um Homem Difícil de Morrer». Na Europa não existe cópia do filme com opções linguísticas para além do inglês ou do castelhano. Os westernófilos esperam que esta situação seja transitória e que, muito brevemente, apareça no mercado uma versão acessível a outros cinéfilos
No Oeste de finais do século XIX a profissão de cowboy estava longe de ser uma actividade romântica. Na realidade, por um salário diário de 1 dólar, só a exercia quem não sabia fazer mais nada. Na transição dos séculos XIX/XX, a situação agravou-se com a racionalização do comércio da carne e com a crise do emprego que essa política provocou. A foto é do filme que aqui apresento
Cartaz editado na Alemanha, país onde o western é, ainda hoje, muito apreciado
Monte Walsh (Lee Marvin), Cal Brennan (Jim Davis) e Chet Rollins (Jack Palance) numa cena da fita
Cartaz nipónico
Durante o longo e rigoroso inverno, num intervalo forçado da sua actividade de vaqueiros, Chet e Monte caçam lobos
Mais um cartaz norte-americano
Chet Rollins (Jack Palance) e Monte Walsh (Lee Marvin) eram os melhores amigos do Mundo. Assim, quando o primeiro é ignobilmente assassinado por um antigo companheiro, Monte não descança enquanto não castiga o criminoso pelas sua próprias mãos. Porque a lei bíblica que reclama 'olho por olho, dente por dente', também faz parte do código de honra do velho Oeste...
Cartaz belga
Martine Bernard (cujo papel é interpretado por Jeanne Moreau, 'star' do cinema gaulês) é, nesta fita de Fraker, uma mulher de vida (dita) fácil; que morrerá tísica e sem poder contrair matrimónio com Monte Walsh, como ficara combinado entre ambos
Cartaz espanhol, que contém grafia (voluntariamente) errada do nome do herói da fita
William A. Fraker, o realizador deste inesquecível western, é autor de uma outra longa metragem consagrada ao género : «The Legend of the Lone Ranger» (1981).
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