De entre a mediocridade dos filmes propostos pelos canais de cinema (pagos) da nossa TV, lá surge, de quando em vez, algo de interessante e que destoa das fitas de pancadaria, com perseguições de automóveis e 10 mortos por segundo. Ontem vi um filme dinamarquês, que incluo nessa restrita lista de películas que, realmente, vale a pena ver. Intitula-se «Uma Guerra» («Krigen») e foi realizado por Tobias Lindholm, em 2016. O par de actores principais é constituído por Pilou Asbaek e por Tuva Novotny, nomes que, francamente, eu nunca tinha ouvido pronunciar. E é pena, porque são profissionais com mais qualidade do que algumas 'stars' de Hollywood que todos conhecem. A acção do filme em questão desenrola-se, simultaneamente, na Dinamarca, onde Maria Pedersen tenta, por vezes com dificuldade, educar os filhos na ausência prolongada do chefe de família : Claus, que é oficial do exército, com funções de comando, e que se encontra no Afeganistão, integrado numa unidade do exército do seu país que ali combate os talibans. As rotinas instalam-se, até que Claus comete (segundo a hierarquia) um erro durante um combate contra os radicais islâmicos. Erro do qual resultou a morte de 11 aldeões afegãos. O seu repatriamento, assim como o seu julgamento são decididos pelas autoridades militares e o tempo restante do filme passa-se num tribunal, onde o oficial do exército dinamarquês tenta safar-se (com o apoio e o afecto do clã familiar) de uma pesada pena de prisão. Passarei sobre os detalhes, para repetir que se trata de um excelente filme e que foi a boa escolha que eu ontem fiz para ocupar a minha 'soirée' televisiva. Mas, para além das considerações humanas que, obviamente, se podem fazer sobre a fita em questão, uma pergunta me ocorreu. : Porque razão é que um país como a Dinamarca (a mesma questão nos pode ocorrer em relação a Portugal) se deixou enlear numa guerra como aquelas ? -Só por pertencer à NATO ? -Que é (toda a gente o sabe) uma organização militar que funciona para defender os interesses e pontos de vista imperialistas dos EUA. O que eu acho é que, se esta grande potência quer realmente envolver-se (por razões de 'lidership' mundial) em todas as guerras que assolam o planeta, muito bem. Mas faça-o sozinho, sem que os seus parceiros da referida coligação militar tenham que pagar as favas das suas ambições hegemónicas. Quem deu o pontapé no vespeiro, sacuda agora a bicharada. Mais nada ! Enfim, há fitas que têm o mérito de nos abrir os olhos...
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