sábado, 10 de junho de 2017

CINE-SAUDOSISMO (65)


«A ESCONDIDA» («La Escondida») é um dos grandes clássicos do cinema mexicano. Este apaixonante filme -um melodrama com fundo histórico- foi realizado, em 1956, por Roberto Gavaldón e teve na representação dos principais papéis os inesquecíveis actores Maria Felix e Pedro Armendariz, para além de Andrés Soler, Arturo Martínez, Carlos Agostí, Jorge Martínez de Hoyos, Sara Guash e outros. Apresenta a chancela da produtora Alfa Films e foi distribuído internacionalmente pela Columbia Pictures. A acção decorre durante o período revolucionário (dito zapatista) de inícios do século XX, época que serviu de suporte temporal e temático a inúmeras (e boas) fitas do cinema que se fez a sul do rio Grande. O guião inspirou-se na novela homónima de Miguel N. Lira, que foi editada em 1947. E que descreve o ardente amor de Gabriela e Felipe, dois aldeões que planeiam casar-se e constituir família. Até que este último chama a si as responsabilidades de um crime -cometido pela namorada- e que, perseguido pela justiça, procura salvação juntando-se às hostes revolucionárias que contestam o governo ditatorial de Porfirio Diaz e a força dos generais que o apoiam. Nesse doloroso transe, Gabriela, com inesperado oportunismo, torna-se cortesã, amante escondida de um poderoso suporte do regime combatido por Felipe. Depois de muitas peripécias e de espectaculares cenas de combate -muito bem reproduzidas pela realização da fita e pela excelente fotografia colorida assinada pelo competente técnico de imagens Gabriel Figueroa- o filme chega ao fim (após 102 minutos de projecção) com uma reviravolta na história contada : Felipe, que, entretanto, se tornara num dos líderes da luta revolucionária, encontra Gabriela e perdoa-lhe os seus erros e pecados, depois de a convencer da justeza da causa que ele defende e que é a causa de todos os humilhados e ofendidos. Mas Gabriela só ganha a plena regeneração, depois de ter sido baleada mortalmente no assalto a um comboio... Lembro-me de -muito antes de ter visto esta fita- ter lido uma novelização de «A ESCONDIDA» num livrinho com o mesmo título e editado pela 'Colecção Cinema'; colecção então publicada, semanalmente, pela Agência Portuguesa de Revistas. Só anos depois, na televisão francesa, me foi dada a oportunidade de ver este 'dramalhão' que marcou a 'Época de Ouro' do cinema mexicano. Aqui há uns anos atrás descobri, de novo, este filme (em cópia DVD e versão original) nas prateleiras de um comerciante espanhol da especialidade. Comprei-o, baratinho, mas o meu entusiasmo esfriou quando me apercebi da fraca qualidade da imagem. Sei, no entanto, que existe uma versão remasterizada desta obra de Gavaldón; mas duvido (sem querer ser pessimista) que alguma vez ela por cá apareça nessas condições de visionamento e com versão legendada em português.

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