segunda-feira, 12 de junho de 2017

QUANDO O REI DE PORTUGAL MOROU NUMA BARRACA

A Real Barraca da Ajuda foi um 'palacete' construído em madeira naquela zona alta da cidade de Lisboa, que foi poupada pelo devastador sismo de 1755. Esse drama foi tão letal e traumatizante, que o próprio rei (D. José I), a sua família e a sua corte recusaram, a partir de então, ficar alojados em construções de pedra e cal. Com medo da sua eventual destruição pelas réplicas do terramoto de 1º de Novembro e das suas trágicas consequências. A chamada Real Barraca da Ajuda (também designada Paço de Madeira) foi residência oficial dos reis de Portugal até 11 de Novembro de 1794 (durante quase 30 anos), dia em a dita foi devorada por violento incêndio (que começou nas cozinhas) e que consumiu o edifício e grande parte do seu inestimável recheio. Depois do sinistro, a rainha Dona Maria I -filha e herdeira de D. José-  passou, desde logo, a residir no palácio de Queluz, ao mesmo tempo que o príncipe regente, D. João, aprovava os planos e autorizava a construção do novo Paço Real da Ajuda. Que seria edificado no sítio onde se erguera a Real Barraca. Enfim, quando se fala em 'barraca' é quase um logro, já que o Paço de Madeira -que foi desenhado pelo arquitecto italiano Giovanni Carlo Galli da Bibbiena- dispunha de todo o conforto e sumptuosidade (mobiliário de luxo, tapeçarias raras, pinturas de mestres, loiças exóticas e ourivesaria) para albergar monarcas europeus dignos desse nome.

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