segunda-feira, 14 de setembro de 2015

TRABALHAR AINDA PODE SER RENTÁVEL

Nas décadas de 40 e 50 do passado século, o Ministério da Agricultura de Salazar incitava -nas suas campanhas de produção agrícola, ilustradas por este sugestivo cartaz- as pessoas (sobretudo as que viviam nas zonas rurais) a produzir mais bens de consumo familiar. O que os Portugueses, afinal, até já faziam, pelo facto de usufruírem de fracos rendimentos e, em consequência disso, os galinheiros, as malhadas de porcos, os pomares, os olivais e os batatais representarem uma maneira de sobreviver, num tempo em que as ajudas sociais e outros apoios estatais eram praticamente inexistentes. Confesso, muito sinceramente, que o ditador de Santa Comba nunca mereceu o meu respeito e ainda menos a minha simpatia; mas acho que, nos tempos que correm, é uma pena não ser imitado pelos (des)governantes que temos. É que, na sua acção, estes não têm incentivado o trabalho produtivo. E já não falo do trabalho produtivo no sector fabril (porque eles o destruíram e nós já não temos indústria que se veja), no sector das pescas (porque eles a arruinaram), etc. Refiro-me, tão somente e apenas, à agricultura de subsistência, porque o que é facto é nós termos caído tão baixo, que o cultivo de umas batatinhas, de umas couves, de uns tomates e a criação de uns galináceos e de uns coelhos, fariam os nossos conterrâneos (sobretudo os mais jovens) serem menos dependentes dos míseros tostões representados pelos subsídios de sobrevivência. Subsídios que há que manter, obviamente, até ao dia em que as pessoas possam aceder ao pleno emprego. Que, não sendo utópico, por aqui só é possível com outras políticas. Este palavreado tem a ver com o facto de eu lobrigar por aí tantos jovens (mas não só) desempregados, inactivos, desencorajados e ver, cá na minha terra, tantas hortas -outrora produtivas- ao abandono. O que me leva a crer, cinicamente, que, por cá, já ninguém quer dobrar a mola... Não quero ser profeta da desgraça, mas penso que se não mudarmos radicalmente de mentalidade e continuarmos a enveredar por este caminho, ele não nos conduzirá a lado algum.

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